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seu micro com o mundo... (14)
Os BBSs
Depois
de um intervalo interneteiro, a série
continua, agora falando sobre os Bulletin Board Systems (BBSs). Em seguida,
voltaremos a falar de Internet.
Os BBSs podem ser definidos como
sistemas de quadro de avisos por computador. Só que essa definição
formal pouco significa. Na verdade, os BBSs são sistemas instalados
em computadores comuns, compostos pelo programa controlador das comunicações,
e um ou mais modems ligados às linhas telefônicas, para permitir
essas comunicações.
De sua residência ou de seus
escritórios, usuários de computadores que também possuam
modems podem se conectar aos BBSs e, usando programas de comunicação
em ambiente DOS ou Windows, iniciar conversas on-line com outros usuários,
fazer download (cópia para seu computador) de arquivos disponíveis
nos BBSs e até fazer uploads (transferir programas para os BBSs).
Em outras palavras, os BBSs são
provedores de comunicações e troca de dados entre seus usuários.
O primeiro BBS do mundo foi o BBS Chicago, criado em 1978 por Ward Christensen,
que desejava tornar seu microcomputador disponível para seus amigos,
quando não o estivesse usando para outras finalidades, sem custos.
Expansão - No Brasil,
o primeiro BBS foi inaugurado em 29 de abril de 1984: foi o BBS do Pinto,
criado no Rio de Janeiro por Paulo Sérgio Pinto, então usando
um computador TRS-80 Model I, um modem manual e software criado pelo próprio
sysop (sysop é o operador do sistema, geralmente o proprietário
do BBS ou seu preposto). Dois meses depois, em 06 de junho, Sylvain Rothstein
e Henrique Pechman criaram o Forum-80, com operação 24 horas
ao dia, usando modem automático. Ambos já estão desativados,
em razão das outras atividades profissionais de seus fundadores
(BBS era então apenas um hobby, só recentemente começou
a ser organizado empresarialmente...)
Os BBSs começaram a se espalhar
em 1989, quando os poucos sysops então existentes passaram a formar
redes de comunicações entre si, com maior alcance que até
então: o sistema começou a se tornar interessante para os
usuários, que ganhavam a possibilidade de trocar mensagens com colegas
de cidades distantes.
No início desta década,
começaram a aparecer os BBSs com duas ou mais linhas telefônicas
e até com filiais em outras cidades. A popularização
do CD-ROM permitiu incrementar a disponibilização de programas
para os usuários sem a necessidade de ampliações importantes
nos winchesters para acomodar as bases de dados.
Surgiram redes latino-americanas
e mundiais (como a FidoNet, que chegou à América do Sul em
1986 através de um BBS argentino).
Para recuperar os investimentos em
equipamentos e nas próprias taxas telefônicas para comunicação
em redes, os BBSs começaram a cobrar pequenas taxas dos usuários.
Surgiram também os BBSs empresariais e especializados.
No primeiro caso, criados por empresas
para comunicação com fornecedores, funcionários e
clientes atuais ou potenciais. No caso dos BBSs especializados, agrupando
categorias profissionais ou grupos de interesse (BBSs de informação
jurídica, odontológica, médica, psicológica,
ou dedicados a troca de informações culturais, desportivas,
até mesmo imagens pornográficas).
Alguns BBSs são abertos (ainda
que o usuário seja convidado a se cadastrar depois, para poder usufruir
plenamente dos benefícios oferecidos), enquanto outros são
fechados por senha e não têm qualquer divulgação,
destinando-se a grupos restritos de usuários (ligações
entre clubes ou associações e seus afiliados, entre escolas
e
seus alunos etc.). Empresas como a Rhodia, por exemplo, distribuem aos
jornalistas disquetes com programas de acesso adaptados, e passam a permitir
que os meios de comunicação tenham informações
atualizadas dessa empresa, através de seus press-releases.
Serviços - Além
dos usos já inferidos pelo exposto acima, os BBSs podem criar áreas
de mensagens sobre temas específicos, acessáveis por todos
os usuários. Neste caso, o sysop funciona como moderador, controlando
para que não haja “desvios de rota” (mensagens sem relação
direta com cada tema tratado, ou usuários inconvenientes e/ou bagunceiros,
que precisam ser retirados do sistema). São as teleconferências,
que permitem aos usuários debaterem temas que lhes interessem, colocando
mensagens que serão lidas por todos os outros interessados.
O e-mail ou correio eletrônico
consiste numa espécie de caixa postal eletrônica, em que o
usuário pode receber as mensagens a ele destinadas (mas não
as destinadas a outras pessoas). Da mesma forma, o usuário pode
enviar mensagens para as caixas postais eletrônicas de outras pessoas
que usem esse BBS ou um BBS que se conecte regularmente a ele (lembre-se:
o sysop sempre pode ler as mensagens, inclusive alguns usam esse “poder”
para evitar que seus BBSs sejam usados para fins ilegais). Os usuários
também podem enviar mensagens ao próprio sysop.
BBSs que possuem mais de uma linha
de dados podem permitir que os usuários conversem entre si on line.
É possível a um usuário saber que outros usuários
estão conectados e enviar mensagens on line a eles, geralmente curtas,
ou participarem de conversas (chat) multiusuários (em que o que
cada usuário teclar aparece em sua tela precedido de sua identificação
e simultaneamente aparece nas telas dos outros participantes. Há
sistemas mais sofisticados, em que se pode abrir na tela uma janela para
cada usuário, mantendo conversação simultânea
em todas as linhas.
Em lugar da troca de mensagens, a
modalidade mais usada na Baixada Santista é a da cópia (download)
de arquivos disponibilizados pelo sysop, para desespero destes operadores,
que precisam estar sempre buscando novos programas freeware ou shareware
(de uso livre ou restrito a um período de avaliação)
para manter a atenção dos usuários.
Colaboram nesta série o
Renato “Snake” Ferreira Ribeiro, da Snake
BBS, e o Christian Rodrigues Barbosa, da Blue Eagle Consulting, encarregado
da estruturação de A
Tribuna como provedora Internet. |