FEBEANET
Curto-circuito no governo
Completa-se o golpe anunciado
cinco meses antes...
Se consome
eletricidade, o cidadão é multado, tem a eletricidade cortada
por não ter cumprido a meta de racionamento de energia necessária
para reduzir os danos causados pela imbecilidade do governo. Se não
consome energia elétrica, prejudicando seu trabalho e seu lazer,
como bom respeitador das leis, atendendo à necesidade de colaborar
para que o Brasil não tenha sua crise energética agravada,
o cidadão é punido por um (des)governo que tem o descaramento
de propor (como noticiado no Jornal da Globo (Rede Globo de Televisão)
na madrugada de 17/10/2001) o aumento das tarifas de energia elétrica
em pelo menos 6%, em razão da queda na receita das concessionárias
do sistema elétrico nacional.
Quando Novo Milênio
fez em 5/2001 os primeiros comentários sobre os absurdos que estão
ocorrendo no Brasil, no artigo Raios! Apagaram
o governo!, já incluía no bestialógico federal
o sexto ítem, premonitório: "... quanto mais o consumidor
economiza, mais caro paga..."
Sexta
besteira - convencer o consumidor a economizar energia. Todo brasileiro
sabe que as empresas distribuidoras de energia elétrica dependem
do consumo de eletricidade para obter fluxo positivo de caixa. Se as pessoas
economizam eletricidade, as distribuidoras de energia começam a
chorar, pois a receita cai e aí não dá para suportar
os custos, vão ter problemas de caixa, prejuízo. Rapidinho,
o governo corre a acudi-las, lascando um aumento na tarifa de energia elétrica.
Ou seja, quanto mais o consumidor economiza, mais caro paga. |
Confirmando as previsões de
cinco meses antes, agora em 10/2001 está na mesa do presidente da
República o estudo que promove um aumento extra de 6% nas tarifas
de energia elétrica, para cobrir o prejuízo causado às
empresas pelo racionamento. Completa-se o curto-circuito e, como de costume,
quem leva o choque é o cidadão, desrespeitado em seus direitos
constitucionais como consumidor dos serviços elétricos, pobre
boi a caminho do abatedouro...
Pois as concessionárias de
eletricidade estão no melhor dos mundos: por estranha falha nos
contratos de concessão, não são obrigadas a investir
- embora recolham do contribuinte - recursos na melhoria do sistema elétrico.
Têm o monopólio do serviço em suas regiões de
atuação, e nem correm risco de falência, pois se a
receita cai o governo as autoriza a esfolar o consumidor mais um pouco.
Negligência - Nem adianta
argumentar com um (des)governo que tem tamanha cara-de-pau, mostrando por
exemplo que o prejuízo - caso realmente tenha ocorrido e não
possa ser suportado pelas empresas, da mesma forma que as demais empresas
nacionais estão suportando prejuízos e até falindo
por conta do racionamento - deveria ser coberto pelas empresas governamentais
de geração de energia, que não foram capazes de investir
em geração e linhas de distribuição no tempo
certo para evitar o racionamento. E, nessas geradoras, quem não
tomou a decisão de investir deveria no mínimo responder civil
e criminalmente por sua imperícia e imprudência. Ou negligência
(ainda não há provas suficientes que permitam considerar
alternativas de dano causado propositalmente ao País).
Em um país com governo mais
sério, o ministro da pasta correspondente renuncia (em casos extremados,
em que a autoridade não suporta conviver com a vergonha de sua incompetência
e os danos que causou ao país, às vezes até se suicida).
No Brasil, chama-se o parente para compor uma comissão, devidamente
comissionada, e debate-se a maneira mais vantajosa de conduzir o rebanho
ao abatedouro...
Isonomia - Diante de mais
esse ataque ao bolso do cidadão, cabe perguntar se os trabalhadores
que perderam os empregos devido ao racionamento, as empresas que tiveram
seus custos elevados ou deixaram de produzir e comercializar seus produtos
em razão da crise, e todas as outras vítimas diretas ou indiretas
do racionamento de energia, podem contar com um reembolso do governo que
compense completamente a queda em sua receita, da mesma forma que o solicitado
pelas concessionárias de energia elétrica.
Em tese, aliás, deveria bastar
apenas a formalização por escrito do pedido ao governo, sem
ao menos apresentar provas convincentes à sociedade da extensão
do prejuízo obtido...
Bem, o apagão do governo
nacional já estava inscrito desde 5/2001 no Festival de Besteiras
que Assola a Internet (Febeanet). A novidade
de agora apenas serve para reforçar a inscrição. O
governo faz questão absoluta de ganhar esse festival...
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