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HISTÓRIAS E LENDAS DE GUARUJÁ
Um parque ecológico particular

Projetos para a instalação do primeiro parque ecológico privado da Baixada Santista, em área da Ilha de Santo Amaro, foram divulgados nesta matéria do jornal santista A Tribuna, no domingo, 15 de agosto de 2004:


O parque ecológico terá seis milhões de metros quadrados
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria

MEIO-AMBIENTE
Cidade terá 1º parque privado da região

A área, na Serra do Guararu, típica de Mata Atlântica, será aberta a visitantes

Nilson Regalado
Da Sucursal

Guarujá deverá abrigar o primeiro parque de preservação ambiental privado da Região Metropolitana da Baixada Santista. A idéia é proteger animais raros, flores e árvores características da Mata Atlântica, além de permitir a visita a sítios arqueológicos do Século 16. É claro que muitas etapas deverão ser cumpridas até 2007, quando está prevista a inauguração oficial da Reserva Privada do Patrimônio Natural (RPPN). O Parque da Serra do Guararu ocupará uma área de 6 milhões de metros quadrados no extremo Leste da Ilha de Santo Amaro, na região conhecida como Rabo do Dragão.

A iniciativa conta com o aval da Secretaria de Estado do Meio-Ambiente e da Fundação SOS Mata Atlântica, ONG que se notabilizou pela defesa desse ecossistema único.

O gerenciamento do Parque deverá ficar a cargo do Instituto Litoral verde, entidade sem fins lucrativos que reunirá os seis proprietários de terras que doaram parte de seu patrimônio para a criação da RPPN.

"Nossa intenção é implantar um parque ecológico cujo objetivo é o desenvolvimento sustentável", disse Armando Conde, responsável pelo empreendimento, que já consumiu R$ 1 milhão 500 mil até agora e deverá consumir mais R$ 1 milhão até que possa receber os primeiros visitantes.

O projeto está de acordo com as exigências do Plano Diretor de Desenvolvimento aprovado pela Câmara em 1998 e deverá ser apresentado formalmente à sociedade às 14h30 da próxima quarta-feira, no Delphin Hotel.

  

Investimento total deve ficar em torno de R$ 2,5 milhões

  

Piqueteamento - A implantação dos piquetes delimitando a área do futuro parque deve estar concluída dentro de 15 dias. A partir daí, será iniciado o processo de transferência da titularidade das áreas cedidas no Cartório de Registro de Imóveis.

Em seguida, o Instituto Litoral Verde contratará uma empresa privada para elaboração do plano de manejo que definirá o que pode ser feito em cada setor da área de preservação.

Estão previstas atividades de ecoturismo, educação ambiental, esportes radicais, pesquisa arqueológica, pesca esportiva, criação de animais marinhos em cativeiro e observação das espécies da Mata Atlântica através de passarelas que levem o visitante ao cume das árvores (arvorismo).

"Esse usufruto da natureza vai ter como conseqüência a geração de renda, trazendo uma ocupação maior da rede hoteleira. É uma atividade produtiva mas com toda a característica preservacionista", salienta o consultor de marketing (N.E.: mercadologia) Lourival do Valle Giuliano, que trabalha no projeto do Parque.

Sem invasão - A decisão de criar a RPPN começou a ser discutida em 1996, a partir da formação da Secretaria de Estado do Meio-Ambiente. O grupo de trabalho formado pela Secretaria tinha o objetivo de definir o futuro da área, que é alvo de especulação imobiliária.

"Ali, abandonou, invadem, e não sobra um pé de grama. Para ser honesto, cada um de nós tem um resto de patrimônio que temos de preservar", resume Conde. "O Estado foi honesto o suficiente para dizer que não poderia assumir a responsabilidade de preservar porque não dispõe de verbas nem de pessoal para cuidar da área", completa o proprietário de terras.

Outra etapa a ser vencida até a implantação da RPPN diz respeito à ação civil pública que restringe a ocupação da área e foi proposta pelo promotor de justiça Ricardo Castro. O representante do Ministério Público foi procurado na última sexta-feira, mas não estava em Guarujá.


Imagem publicada com a matéria

Região abriga diversas espécies de animais

Rica em biodiversidade, a Serra do Guararu é considerada o último trecho remanescente de Mata Atlântica intacto em Guarujá. As encostas servem de abrigo para felinos, como a onça parda e a jaguatirica. A vegetação, rica em palmito juçara, funciona como ninhal para tucanos, pica-paus e gaviões de várias espécies. Nas picadas que levam às praias Branca e de Iporanga, a trilha sonora fica por conta de tiés-sangue, saíras de sete cores e maritacas.

Embora não exista um estudo específico sobre a área, o gerente de Meio-Ambiente da Sociedade Amigos do Iporanga, Ricardo Zuppi, contabiliza relatos da aparição de tamanduás-mirins, bichos-preguiça, veados, pacas, tatus e gambás, além de centenas de espécies características da Mata Atlântica.

"A implantação dessa RPPN será uma grande vitória da sociedade", comenta a coordenadora de projetos da SOS Mata Atlântica, Maria Luísa Borges Ribeiro, que teme a continuidade da ocupação irregular às margens da Estrada Guarujá-Bertioga.

Além da importância em termos arqueológicos e de biodiversidade, a área também abriga centenas de nascentes que alimentam o Rio Iporanga, que corta a Serra do Guararu.


O parque deverá estar totalmente implantado até 2007
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria

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A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) é uma unidade de conservação em área privada, destinada a esse fim de forma perpétua, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. A criação de uma RPPN é um ato voluntário do proprietário, que decide transformar seu terreno, ou parte dele, em uma reserva sem que isso provoque a perda da propriedade.

Essa denominação surgiu em 2000: com a edição da lei que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), as RPPNs passaram a ser consideradas unidades de conservação.

Hoje, o Ibama contabiliza 403 RPPNs no Brasil, o que significa uma área preservada de 435.737 hectares, equivalente a 435 mil campos de futebol. Essas reservas garantem a preservação de vários ecossistemas brasileiros, desde a Floresta Amazônica até a Mata Atlântica, passando pelo cerrado e pela caatinga. Em São Paulo, são 32 RPPNs. No litoral, existem três reservas particulares, duas em São Sebastião e uma em Ubatuba.

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