O parque ecológico terá seis milhões de metros quadrados
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria
MEIO-AMBIENTE
Cidade terá 1º parque privado da região
A área, na Serra do Guararu, típica de Mata Atlântica, será aberta a visitantes
Nilson Regalado
Da Sucursal
Guarujá deverá abrigar o primeiro parque de preservação
ambiental privado da Região Metropolitana da Baixada Santista. A idéia é proteger animais raros, flores e árvores características da Mata Atlântica,
além de permitir a visita a sítios arqueológicos do Século 16. É claro que muitas etapas deverão ser cumpridas até 2007, quando está prevista a
inauguração oficial da Reserva Privada do Patrimônio Natural (RPPN). O Parque da Serra do Guararu ocupará uma área de 6 milhões de metros quadrados
no extremo Leste da Ilha de Santo Amaro, na região conhecida como Rabo do Dragão.
A iniciativa conta com o aval da Secretaria de Estado do Meio-Ambiente e da Fundação
SOS Mata Atlântica, ONG que se notabilizou pela defesa desse ecossistema único.
O gerenciamento do Parque deverá ficar a cargo do Instituto Litoral verde, entidade
sem fins lucrativos que reunirá os seis proprietários de terras que doaram parte de seu patrimônio para a criação da RPPN.
"Nossa intenção é implantar um parque ecológico cujo objetivo é o desenvolvimento
sustentável", disse Armando Conde, responsável pelo empreendimento, que já consumiu R$ 1 milhão 500 mil até agora e deverá consumir mais R$ 1 milhão
até que possa receber os primeiros visitantes.
O projeto está de acordo com as exigências do Plano Diretor de Desenvolvimento
aprovado pela Câmara em 1998 e deverá ser apresentado formalmente à sociedade às 14h30 da próxima quarta-feira, no Delphin Hotel.
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Investimento total deve ficar em torno de R$ 2,5 milhões
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Piqueteamento - A implantação dos piquetes delimitando a área do futuro parque
deve estar concluída dentro de 15 dias. A partir daí, será iniciado o processo de transferência da titularidade das áreas cedidas no Cartório de
Registro de Imóveis.
Em seguida, o Instituto Litoral Verde contratará uma empresa privada para elaboração
do plano de manejo que definirá o que pode ser feito em cada setor da área de preservação.
Estão previstas atividades de ecoturismo, educação ambiental, esportes radicais,
pesquisa arqueológica, pesca esportiva, criação de animais marinhos em cativeiro e observação das espécies da Mata Atlântica através de passarelas
que levem o visitante ao cume das árvores (arvorismo).
"Esse usufruto da natureza vai ter como conseqüência a geração de renda, trazendo uma
ocupação maior da rede hoteleira. É uma atividade produtiva mas com toda a característica preservacionista", salienta o consultor de marketing
(N.E.: mercadologia) Lourival do Valle Giuliano, que trabalha no projeto do Parque.
Sem invasão - A decisão de criar a RPPN começou a ser discutida em 1996, a
partir da formação da Secretaria de Estado do Meio-Ambiente. O grupo de trabalho formado pela Secretaria tinha o objetivo de definir o futuro da
área, que é alvo de especulação imobiliária.
"Ali, abandonou, invadem, e não sobra um pé de grama. Para ser honesto, cada um de nós
tem um resto de patrimônio que temos de preservar", resume Conde. "O Estado foi honesto o suficiente para dizer que não poderia assumir a
responsabilidade de preservar porque não dispõe de verbas nem de pessoal para cuidar da área", completa o proprietário de terras.
Outra etapa a ser vencida até a implantação da RPPN diz respeito à ação civil pública
que restringe a ocupação da área e foi proposta pelo promotor de justiça Ricardo Castro. O representante do Ministério Público foi procurado na
última sexta-feira, mas não estava em Guarujá.
Imagem publicada com a matéria
Região abriga diversas espécies de animais
Rica em biodiversidade, a Serra do Guararu é considerada o último trecho remanescente
de Mata Atlântica intacto em Guarujá. As encostas servem de abrigo para felinos, como a onça parda e a jaguatirica. A vegetação, rica em palmito
juçara, funciona como ninhal para tucanos, pica-paus e gaviões de várias espécies. Nas picadas que levam às praias Branca e de Iporanga, a trilha
sonora fica por conta de tiés-sangue, saíras de sete cores e maritacas.
Embora não exista um estudo específico sobre a área, o gerente de Meio-Ambiente da
Sociedade Amigos do Iporanga, Ricardo Zuppi, contabiliza relatos da aparição de tamanduás-mirins, bichos-preguiça, veados, pacas, tatus e gambás,
além de centenas de espécies características da Mata Atlântica.
"A implantação dessa RPPN será uma grande vitória da sociedade", comenta a
coordenadora de projetos da SOS Mata Atlântica, Maria Luísa Borges Ribeiro, que teme a continuidade da ocupação irregular às margens da Estrada
Guarujá-Bertioga.
Além da importância em termos arqueológicos e de biodiversidade, a área também abriga
centenas de nascentes que alimentam o Rio Iporanga, que corta a Serra do Guararu.
O parque deverá estar totalmente implantado até 2007
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria
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