A mentira
Moacir Japiassu
Apesar das pernas curtas, a mentira
muito tem caminhado e ainda está longe de cansar. Apenas engordou, com o passar dos anos, e uma forte miopia obrigou-a ao uso de
óculos de grau. Não pensem, porém, que é cega: é apenas vesga. Esconde a idade, como qualquer senhora, mas sabe-se de sua
presença já a bordo de uma das caravelas de Cabral. Quando Pero Vaz de Caminha escreveu a El-Rei que nesta terra em se plantando
tudo dá, estava mentindo, a julgar pelas geadas, a cíclica alta do chuchu e pelo que a cebola nos tem feito chorar a cada safra.
Nesses quase 500 anos de incansável atividade pelo País afora, a
mentira deitou e rolou. Foi tamanho o seu assanhamento que preocupou psicólogos e cientistas políticos. Afinal, por que se mente
tanto no Brasil? Não há dados disponíveis nos computadores da Proconsult (N.E.: empresa flagrada
fraudando a apuração nas eleições no Rio de Janeiro) e muito menos no IBGE, sob a presidência do
sr. Jossé Montello. A única verdade indiscutível é que neste País a mentira jamais levou alguém à cadeia; é tratada com
paciência e desvelo e em muitos casos perdeu até o sentido original. No Rio de Janeiro, por exemplo, "mentira carioca" é um
delicado biscoito de polvilho, e, entre os mais jovens, qualquer boa notícia que venha de Brasília é carinhosamente chamada de
mintchura.
Há, sem dúvida, uma tentativa, dirigida ou não, de se "renegociar"
a mentira despida de qualquer sentido pejorativo; promovê-la; transformá-la numa espécie de troféu cujo valor será estipulado em
ORTN ou UPC (N.E.: siglas de Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional e Unidade Padrão de
Crédito). A disputa oficial para ver quem mente mais chegou a incomodar a psicoterapeuta Rachel Léa
Rosenberg, professora de Aconselhamento Psicológico no Instituto de Psicologia da USP. "São mentiras tão deslavadas que nem
parece que são ditas com a intenção de enganar", diz a doutora Rachel, íntima de fenômenos, não fosse autora do livro
Psicologia do Superdotado.
"Vamos continuar com a mesma política monetária, a mesma
política fiscal, a mesma política salarial, não haverá mudança nenhuma."
António Delfim Neto, em julho de 1982
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É realmente intrigante. A mitomania pressupõe compulsão. É,
segundo a definição mais popular, "a tendência, mas acentuada nos estados psicopatológicos, para criar e relatar extraordinários
eventos imaginados como acontecimentos reais da vida consciente". Aplica-se mais a questões como a produção de gás da Paulipetro
ou à criação de 700 mil novos empregos em São Paulo, a partir de uma simples viagem de recreio ao Japão. O caso da dívida
externa, da carta de intenções ao FMI, não se enquadra em nenhum estado psicopatológico. "A mentira pública é uma ação
assumida", diz a dra. Rachel Rosenberg: "A pessoa sabe a verdade, mas esconde".
Obra-prima do cinismo - Às vezes, a verdade é tão
insuportável quanto uma inflação de três dígitos e pode levar o povo à ação. Aí o governo mente; manipula os índices do INPC
(N.E.: Índice Nacional de Preços ao Consumidor); divulga as campanhas
mais mirabolantes. A dra. Rachel considera a "campanha da pechincha" uma obra-prima do cinismo oficial: "Quando o governo manda
a gente sair por aí à procura de um preço mais baixo é como se dissesse - 'se o dinheiro não está dando, a culpa é sua, que não
sabe lidar com ele'. Um absurdo!"
No ato de mentir, como se vê, há deliciosas sutilezas. A questão
do desemprego, por exemplo. Ninguém nega que grande parte da Nação está de braços cruzados e divulgam-se dados oficiais sobre o
drama do povo. "Se o mentiroso for o primeiro a falar, acaba passando por honesto", alerta a dra. Rachel. Segundo ela, ao dizer
que o País está cumprindo aviso prévio, o governo faz uma ameaça velada: "A situação não está boa; vocês que têm emprego, fiquem
quietos, senão..." Aqui, a verdade serve para intimidar.
Vivemos num País tão essencialmente mentiroso quanto vivíamos,
antes, num país essencialmente agrícola. Paulo Sérgio Pinheiro, professor de Ciência Política da Unicamp, estudou profundamente
o que ele chama de "mentira documental" e concluíu: "Mentiu-se sempre à Nação; o poder oficial sempre mentiu à sociedade". É
claro que de 1964 para cá mentiu-se muito mais, pois se multiplicaram os veículos de difusão dos boatos, a cada bom domingo,
quarta nobre ou sexta-super (N.E.: referência indireta à televisão, pelos nomes de alguns programas
exibidos). Mas a mentira jamais entrou em férias por aqui.
As mentiras documentais - Paulo Sérgio Pinheiro recua aos
tempos das primeiras devassas sobre a Inconfidência Mineira para localizar as "mentiras documentais". Há indícios inabaláveis de
que o Visconde de Barbacena era aliado de Tiradentes, mas recuou a tempo de falsificar os autos e mandar assassinar o ex-amigo
Cláudio Manuel da Costa. O que se mentiu naquele tempo acerca da conjuração faria inveja a qualquer ministro de nossos dias.
"Não existem motivos para acreditar que modificaremos essa
política"
António Delfim Neto, em outubro de 1982,
desmentindo os contatos com o FMI
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Mais recentemente, em 1922, quando o general Golbery
(N.E.: Golbery do Couto e Silva, estrategista de geopolítica dos governos militares pós-1964) ainda fazia planos para ser escoteiro, explodiu o escândalo das cartas falsas de Arthur Bernardes, nas quais
ele teria espinafrado os militares de seu tempo. "Eu vi todas as cartas no arquivo de Bernardes e eram todas falsas!", garante
Paulo Sérgio; tão falsas como as páginas do Plano Cohen, que o general Mourão Filho perpetrou num instante de sesquipedal
ousadia: anticomunista, reforçando as bases da ditadura. Instalado o Estado Novo, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)
funcionou como uma eficientíssima central de boatos, capaz de humilhar o SNI, a Seplan e a presidência da Petrobrás.
Na ditadura e na democracia - Imagine-se o que não seria o
DIP com a televisão. Paulo Sérgio Pinheiro diz que treme só de pensar. E conclui: mente-se mais no regime autoritário do que na
democracia, porque o controle sobre a informação é absoluto. Ele lembra os piores momentos do governo Médici: "Foi a época dos
versos de Camões no Estadão e das receitas no Jornal da Tarde. Mas, pensando bem, o Estado Novo foi o pior. Quer
um exemplo? Não houve um aumento real dos salários. Na Primeira República, o operário não era reconhecido; no Estado Novo, foi
reconhecido, mas nada ganhou com isso. Os sindicatos estavam atrelados ao governo". Paulo Sérgio afirma que a boa imagem de
Vargas nasceu no segundo governo, de democracia plena e momentos heróicos que a carta-testamento veio imortalizar.
- E na democracia mente-se menos...
- Não. Eu vou modificar um pouco o que disse; mente-se tanto na
ditadura quanto na democracia. A diferença é que na democracia a mentira não fica impune.
A mentira, portanto, é um dado concreto da vida política nacional,
qualquer que seja o regime. É uma doença incurável. Em algumas regiões do Nordeste, costuma-se curar qualquer doença
(inclua-se aqui o desejo mórbido de mentir) assim: em três sextas-feiras seguidas, trazer água do mar para casa e derramá-la
embaixo da rede em que se dorme. A dificuldade se impõe quando se sabe que Brasília fica longe do mar, transforma-se num deserto
às sextas-feiras e poucos dormem na rede. O único a conservar esse hábito sertanejo é o deputado paraibano (PDS) Ernani Satyro.
"(... O poço de gás de Cuiabá Paulista... etc., etc.,"
Paulo Salim Maluf
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O ato de mentir é inerente à politicagem mas sempre haverá quem
lembre que não só o político é dado à impostura. Em verdade, mente-se no País inteiro, pois é a ilusão que nos colore a
desgraça. Entre o feijão e o sonho, fica-se com o sonho, de preço mais estável. É bom lembrar que nas piadas e anedotas há
sempre um brasileiro passando a perna em americanos, ingleses, franceses. Nas piadas, convém repetir. Pedro Malazarte enganava
Deus e o mundo, era um sertanejo esperto como Cancão de Fogo e João Grilo, invencíveis personagens da literatura de cordel. O
sertanejo, magro, amarelo, criado na malária e na barriga d'água, tinha mesmo de inventar um vôo nas asas do Pavão Misterioso
(N.E.: referência a uma música popular de sucesso na época da publicação do artigo).
A mentira de cordel - O violeiro nordestino, repórter de
uma região miserável, mente assim, conforme revela o alagoano Lourival Bandeira Lima:
Já montei um foguete americano
E, num minuto, em órbita entrei:
Outros mundos bonitos visitei,
Num período de tempo, além de um ano;
Ouvi a voz do eterno Soberano...
Avistei outros sóis, rubis, cristais,
Vi planetas de formas desiguais
E achei o meu feito bem normal;
Pilotando uma nave espacial
Percorri os espaços siderais.
O paraibano Coqueiro, numa peleja com o conterrâneo Sabiá, não
deixou por menos e mostrou como se mente ao som da viola:
Agüentei uma chuva no sertão,
Numa tarde, na serra do Grongonzão,
Obrigou-me a ficar um tanto zonzo
Com relâmpago e estalo de trovão;
Desta vez, com a minha própria mão,
Uma faísca elétrica peguei;
Ela vinha descendo, eu segurei...
Fui torcendo-lhe a frente para a ré;
Ficou presa, debaixo do meu pé
E, com um ramo de mato, a apaguei.
Mente o cantador no sertão, mente o poeta na cidade. Oswald de
Andrade espalhou certa vez o boato de que Mário de Andrade tinha dito que Villa-Lobos "não era lá essas coisas". O compositor,
homem vaidosíssimo, ficou indignado e a coisa cresceu tanto que Oswald achou melhor desfazer o nó: "Eu menti!", confessou ele
aos amigos; "eu simplesmente menti!". O poeta, como se sabe, é um fingidor.
O general e a Imprensa - É. As notícias podem ser
verdadeiras ou falsas, já dizia o general Golbery. "As verdadeiras valem por si, refletem algo imutável, que é a verdade",
teorizou o general; "já as falsas são mais ricas. Elas refletem a vontade e o interesse de quem as inventa - ou as deturpa -,
bem como o interesse de quem as transmite. Às vezes, há mais informações numa notícia falsa que numa verdadeira. Quando leio os
jornais, freqüentemente minha mulher pergunta o que significa esta ou aquela notícia. Muitas vezes eu digo que é uma mentira.
Ela uma vez me perguntou por que, sabendo que há tantas notícias mentirosas, eu as lia. Ora, para saber as mentiras".
Neste texto, o general, idealizador e primeiro chefe do SNI
aproveitou a cena doméstica para lançar suspeição sobre a Imprensa brasileira. É uma tática, sem dúvida. Noutra ocasião, o
inesgotável general voltou ao tema da mentira, que é uma de suas paixões: "Se alguém conta detalhadamente um diálogo ocorrido
numa conversa de duas ou três pessoas - e se ela não é uma dessas pessoas - esteja certo: há uma mentira nisso".
Admirador de Maquiavel - Golbery do Couto e Silva, também
conhecido nos bastidores do Poder como "O Aposentado Senhor das Sombras", foi um brilhante conselheiro de presidentes e hábil
inspirador de "pacotes" eleitorais. É freqüentemente acusado de maquiavélico, pela astúcia incomum e ação silenciosa e letal.
Ele é, de fato, um confesso admirador do Gênio de Florença e dizem que reserva especial predileção pela página 62 de O
Príncipe, onde Nicolau Maquiavel escreveu:
"Existem duas formas de se combater: uma, pelas leis; outra, pela
força. A primeira é própria do homem; a segunda, dos animais. Como, porém, muitas vezes a primeira não seja suficiente, é
preciso recorrer à segunda (...) Sendo, portanto, um príncipe obrigado a bem servir-se da natureza da besta, deve dela tirar as
qualidades da raposa e do leão, pois este não tem defesa alguma contra o laço, e a raposa, contra os lobos (...) Por isso, um
príncipe prudente não pode nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as causas que o
determinaram cessem de existir. Se os homens fossem todos bons, este preceito seria mau. Mas dado que são pérfidos e que não a
observariam a teu respeito, também não és obrigado a cumpri-la para com eles". Quer dizer: guerra é
guerra.
Outro momento glorioso de O Príncipe, que o general também
adora, é este perfeitamente adaptável à era da televisão, embora tenha sido perpetrado no século XVI:
"Todos vêem o que tu (o príncipe) pareces mas poucos o que és realmente, e estes poucos não têm a audácia
de contrariar a opinião dos que têm por si a majestade do Estado. Nas ações de todos os homens, máxime dos príncipes, onde não
há tribunal para que recorrer, o que importa é o êxito bom ou mau (...) Um príncipe de nossos tempos, cujo nome não convém
declarar, prega incessantemente a paz e a fé, sendo, no entanto, inimigo acérrimo de uma e de outra. E qualquer delas, se ele
efetivamente a observasse, ter-lhe-ia arrebatado, mais uma vez, a reputação ou o Estado".
A mentira útil - Santo Agostinho, que está acima de
qualquer suspeita, consideraria o pensamento maquiavélico uma das seis espécies de mentira que poluem o mundo - a mentira que
prejudica, mas que é útil a outro. As outras cinco espécies são: 1) a que leva a erro religioso, a mais grave, pelas contas do
santo; 2) a mentira que prejudica sem que o mal seja compensado por uma utilidade correspondente; 3) a que se comete sem outra
intenção que não a de mentir por prazer; 4) a que se comete para se divertir; 5) a mentira que sem prejudicar ninguém, tem um
fim de caráter útil: evitar que o próximo seja prejudicado, salvar sua vida ou preservar sua honra.
Há, portanto, mentiras utilíssimas. É impossível, por exemplo,
fazer guerra sem mentir. Carl von Clausewitz, badalado teórico dos conflitos armados, escreveu em seu clássico Da Guerra:
"As notícias que nos chegam em tempo de guerra são quase sempre contraditórias e, na maior parte,
também falsas; e as mais numerosas são, em grande quantidade, sofrivelmente suspeitas (...) Congratulemo-nos quando, por sorte,
elas, mesmo contradizendo-se, acabam (N.E.: trecho empastelado;
possivelmente: "...revelando a verdade.")
A guerra entre Irã e Iraque, que dura há quase três anos, teria
acabado na primeira semana se todas as notícias fossem verdadeiras. Um derrubou o dobro dos aviões que o outro possuía, mas
perdeu dez vezes mais soldados que a população do país. Essa deslavada guerra de boatos tinha o objetivo de manter elevado o
moral das tropas e aceso o ânimo das massas. É válido, apesar dos exageros.
"A mentira é um crime que o homem comete contra si mesmo;
é uma indignidade, que o faz desprezível a seus próprios olhos"
Emmanuel Kant
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Em tempo de paz é que a mentira sofre maiores contestações e a
intelligentzia mundial condenou-a, através dos tempos. Para Marx, a mentira era uma arma de classe usada com o nome de
ideologia com a finalidade de iludir a massa trabalhadora. Mas como mostrou em O 18 Brumário, a mentira pode ser também
uma artimanha, um artifício para manobras de grupos políticos que disputam o poder; ressalvava, porém, que ela jamais perduraria
viva diante dos olhares humanos, os mais humildes. Pode-se dizer que foi Marx quem primeiro mediu as pernas da mentira e
concluiu serem elas realmente curtas.
Um mal da civilização - Espinosa, em sua Ética, via
no mentiroso alguém desprovido do sentimento de liberdade: "O homem livre não age nunca com fraude, mas sempre de boa fé",
escreveu. Diderot e Voltaire também encontraram na mentira uma saída pouco ética para o comportamento humano. Enganam-se, porém,
os que imaginam a condenação da mentira como uma iluminação do pensamento culto e civilizado. A quase totalidade das tribos
primitivas condenava a impostura e estabelecia que é melhor suportar os piores tormentos do que mentir. Os povos montanheses da
Índia central costumavam confessar suas ações, "mesmo as mais repugnantes, porque não conseguiam mentir", dizem historiadores de
ilibada reputação.
Atentem para este preceito: "Só se pode mentir para salvar a vida
de um hóspede". Iludem-se os que pensam ser este um slogan da cadeia de hotéis Hilton; trata-se de um exagero de cortesia
de um dos povos de Bengala, exagero que chegou aos nossos dias. Antigos povos da Rússia eram tão fanáticos pela verdade que nem
conheciam o juramento e o testemunho; para eles, bastava a palavra empenhada. Ao descrever os costumes dos esquimós do Alaska,
conhecidos no século passado (N.E.: século XIX), a Enciclopédia
Universal Européia-Americana dá conta do quanto eles se assustavam ao ver que os homens brancos duvidavam de seus relatos. A
mesma enciclopédia, cujos volumes enfeitam qualquer biblioteca de Brasília, documenta a mania de verdade também entre índios
norte e sul-americanos, até os confins da Patagônia.
Um escritor norte-americano, Wells Williams, contou num livro de
1883 que os chineses, principalmente os comerciantes, mentiam muito. O sábio Confúcio, segundo Williams, só recomendava a
mentira quando a verdade "poderia prejudicar a família ou a nação". Entre os povos da Índia, a mentira começou a ser um hábito
depois da dominação inglesa. Um dos livros indianos mais sagrados, o Gautama, diz que "o falso testemunho, mesmo em
assuntos de pouca importância, é comparável à morte de dez homens". Porém, não era crime mentir para um inglês.
E Pitágoras teve de provar - Os gregos adquiriram a triste
fama de mentirosos quando não tinham mais nada a perder - estavam numa decadência cultural de dar pena. Seus sábios condenavam a
mentira, apesar de tudo, mas, quando Pitágoras garantiu que o quadrado da hipotenusa era sempre igual à soma do quadrado dos
catetos, poucos acreditaram. O sábio teve de provar.
Platão mergulhou no subjetivo ao dizer que o hábito da mentira
enfeia a alma, mas, como os outros filósofos gregos, admitia que os políticos podiam mentir "por interesse do Estado". Isso
acabou semeando confusão, na medida em que era possível absolver qualquer impostura oficial ou simplesmente concluir que
político não tinha alma.
"Não levantarás falso testemunho", dizem as Tábuas da Lei,
e mais tarde Jesus asseverou: "O pai da mentira é o demônio". Pode ser. Afinal, a mentira cresceu e se multiplicou, como por
artes do Tinhoso; e atravessou os séculos com espantoso vigor e prestígio. Conviveu e convive com poderosos e em certos países
recebe benefícios que se confundem com verdadeiras mordomias. Entre nós, por um desses excessos de licenciosidade, vai acabar
como pensionista do INPS, já que a Capemi faliu. |