Imediatamente após a Revolução Francesa de 1792,
vigorou na França um calendário republicano (veja abaixo) cujo ano começava a 1º de abril e tinha
duração de 12 meses. Porém, com a adoção do calendário gregoriano (introduzido pelo Papa Gregório XIII, em 1582 e reconhecido
aos poucos pelos diversos povos), o 1º dia do ano, ou Ano Novo, passou a ser o 1º de janeiro, o que gerou muita confusão
popular. Os intelectuais franceses da época, inconformados com a mudança do
calendário, se aproveitaram da confusão reinante nos primeiros meses de 1805 e anunciaram o início do ano em 1º de abril,
mesmo sabendo que o ano começara efetivamente em 1º de janeiro. Depois de muitos contratempos e desmentidos, os franceses
acabaram aceitando o novo calendário, creditando todos os logros à brincadeira de uns poucos.
Entretanto, no ano seguinte, também no primeiro dia de abril, o fato se repetiu, em maior
escala: em lugar do ano novo de mentira, foram divulgadas outras notícias inverídicas. Provavelmente nasceu daí o hábito do
logro inocente, institucionalizando-se o 1º de abril como Dia da Mentira.
No Brasil, o 1º de abril começou a ser difundido em Pernambuco, onde circulou A Mentira,
um periódico de vida efêmera, lançado em 1º de abril de 1848, com a notícia do falecimento de D. Pedro, desmentida no dia
seguinte. A Mentira saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de
contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.
Diversos jornais brasileiros, como O Globo (Rio de Janeiro), a exemplo do que também
acontece em outros países, experimentaram por algum tempo celebrar o Dia da Mentira com a publicação de alguma falsa notícia
na edição dessa data, mas geralmente desistiram em função dos problemas decorrentes e dos protestos dos leitores, e do receio
de ver reduzida sua credibilidade.
O calendário revolucionário francês - Instituído em 1792,
compunha-se de 12 meses de 3 dias, distribuídos em três décadas. O dia foi dividido em 10 horas de 100 minutos, cada minuto
com 100 segundos. Aos 360 dias acrescentava-se, anualmente, 5 dias complementares, e um sexto a cada quadriênio. Os nomes dos
meses eram inspirados nos aspectos das estações na França:
Vendémiaire |
setembro-outubro |
Brumaire |
outubro-novembro |
Frimaire |
novembro-dezembro |
Nivôse |
dezembro-janeiro |
Pluviôse |
janeiro-fevereiro |
Ventôse |
fevereiro-março |
Germinal |
março-abril |
Floréal |
abril-maio |
Prairial |
maio-junho |
Messidor |
junho-julho |
Thermidor |
julho-agosto |
Fructidor |
agosto-setembro |
Esse calendário só vigorou de 22/9/1792 a 1/1/1806, quando Napoleão I ordenou o
restabelecimento do gregoriano. |