O general Klinger fiel aos ideais de 32
O general Bertoldo Klinger
Afirma o supremo comandante das forças constitucionalistas:
o Brasil vive hoje os dias do 9 de julho de 1932
Quando excepcionais comemorações são
programadas para evocar a Revolução Constitucionalista de 1932, quando o povo paulista vem para as ruas de sua capital, numa
parada de civismo, cultuar a memória daqueles que tombaram em defesa da reconstitucionalização do País e enaltecer aqueles que
mantêm acesos os ideais da arrancada de 9 de Julho, a expressão do pensamento do general Bertoldo Klinger é de suma
oportunidade.
O bravo comandante-em-chefe das Forças Constitucionalistas que
combateram em São Paulo e Mato Grosso recebeu o repórter em sua residência, no subúrbio de Piedade. Disse ele que o Brasil vive
hoje dias idênticos aos que antecederam o movimento armado de 1932.
Nada a acrescentar... - O general Klinger declarou,
enfaticamente, que nenhuma palavra tem a suprimir ou a acrescentar, àquelas que constituem um dos capítulos do seu livro
Narrativas Autobiográficas, publicado no ano passado (N.E.: em 1953, portanto). Respeitando, inclusive, a sua singular ortografia, transcrevo o seu pensamento:
"As mezmas formózas promésas da campanha política scistematizada e
encabesada pela Aliamsa Liberal, as cuaes aviam levado a Nasão à revolusão de outubro de 1930, agóra cada dia traidas, por asões
e omissões do governo pseudo provizório emerjido désa revolução - foraom a caoza profunda, esensial, da reasão armada nacional,
pró Comstituisão, ce eclodiu em S. Paulo, a 9 de julho de 1932.
"Esse traisão diuturna, ésa falta de palavra dese governo,
inisialmente revestido - como jamaes nenhum outro dos antesesores, todos saídos das comspurcadas urnas eleitoraes de ilimitado
crédito de comfiamsa nacional, éra perpetrada e agravada pelo inescrupuloszo dezvirtuamento dos poderes descrisionárias asumidos
pelo governo, a darlhe a nítida estampa de absolutizmo aotocratico personalista e personalisimo. Tinha ese cunho todas as
minúsias duma verdadeira dupla orjia, de perseguisões a ums e munifesêmsias a outros, persegisões, apenas motivadas pela asolada
casa aos empregos e cargos e vagas, sob o lema ôte toi, que je m'y mette!; munifisêmsias, sem comsulta a nesesidades do
serviso, nem a justos títulos de idoneidade prezumível ou de real merescimento.
"Repercutia sobremódo semelhante escandalozo rejime - o termo ce
nos perdôe es emprego, ao arrepio da camsagrada definisão - no seio das clases armadas, nélas complétamente subvertidas as
nosões fundamentaes, estruturaes, de disiplina rasional, digna, de respeito á ierarcia, e de onestidade profisional dedicasão ao
exzersísio da profisão".
Falta de luz e ar - O general Bertoldo Klinger insiste
sempre em deixar bem claro que continua fiel aos ideais que o levaram a desembainhar sua espada em defesa da legalidade, em
defesa dos princípios democráticos que culminaram com o movimento de 9 de julho. Por isso reafirma que tem absoluta atualidade
essa frase com a qual apreciou os acontecimentos de 1932:
"Culminava o mal, sob o negrume acabrunhante do horizonte, sob a
falta angustiante de luz e ar - sem a perspectiva de breve retorno à limpidez e serenidade da atmosfera, dada a procrastinação,
ora ostensiva, desafiante, ora mal disfarçada, do retorno da subjugada Nação ao regime da Lei." |