"Terremoto de civismo"
General Brasílio Taborda
O general Brasílio Taborda, revolucionário constitucionalista,
comandou a praça de Santos, o Setor Sul, e foi chefe de Polícia da cidade de São Paulo, nos dias de luta de 1932. Escreveu
para O Mundo Ilustrado estas linhas:
"A revolução paulista de 32 foi mais
do que uma luta armada em prol de um ideal pólitico. Foi uma epopéia cívica, foi um terremoto de civismo.
"Por dever de ofício, ao longo da minha carreira militar, tomei
parte em muitas lutas que ensangüentaram vários rincões da nossa terra, e, oriundo da experiência dessas lutas, muita vez me
assaltou um doloroso pessimismo quanto às nossas possibilidades numa luta em defesa da pátria.
"A revolução de São Paulo baniu do meu espírito essa apreensão.
Quem esteve em São Paulo naqueles dias memoráveis assistiu ao maior e mais belo espetáculo de civismo que pode sacudir e elevar
um povo. A atmosfera se impregnou de heroísmo e de abnegação. O espírito de sacrifício envolveu homens e mulheres de todas as
idades e de todas as classes; tudo estava impregnado de ardor e de civismo; os acordes dos hinos faziam vibrar a própria
natureza bruta.
"Tive sob meu comando batalhões cujos solados eram médicos,
engenheiros, advogados, comerciários, funcionários paulistas e até professores de universidade. E a tropa assim formada
enfrentou perigos e fadigas com abnegação dificilmente exigível de tropas regulares de elite.
"Homens, mulheres e crianças, todos eram operários que trabalhavam
dia e noite, delirantemente, para que nada faltasse aos soldados que se batiam nas frentes de combate. Ricos e pobres, além
dessa dádiva fecunda de trabalhar, despojavam-se de seus haveres em moeda e em jóias, para que todo esse ouro, em trabalho, em
metal e em abnegação, fosse levar recursos e conforto ao combatente.
"Quem assistiu ao espetáculo sublime desse terremoto de civismo e
de brasilidade em São Paulo tem o direito de confiar na integridade de nossa pátria ao longo da história do mundo".
O LOCUTOR DA REVOLUÇÃO
César Ladeira, o famoso locutor, se iniciava no rádio, quando estourou a
Revolução Constitucionalista de 1932. As autoridades militares permitiram que ele emprestasse a sua colaboração à causa comum,
irradiando o desenrolar do movimento constitucionalista. E assim, através do microfone de uma emissora, o povo acompanhou a
completa descrição da luta, feita de maneira entusiasta por César Ladeira, "o locutor da Revolução".
Devido ao seu trabalho, Ladeira esteve preso posteriormente no Presídio do
Paraíso.
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