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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - RANULPHO
Ranulpho Prata (1)

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Médico e escritor, como consta obrigatoriamente em placas nessa rua de Santos, Ranulpho Prata nasceu em Lagarto/SE a 4 de maio de 1896. Matriculou-se na Faculdade de Medicina de Salvador, que cursou até o 4º ano, transferindo-se para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se doutorou em 1920. Viveu a maior parte de sua existência em Santos, onde exerceu a clínica médica. Foi dos mais íntimos amigos do romancista Lima Barreto, que passou uma temporada em sua companhia, quando morava em Mirassol/SP.

Ranulpho estreou na Literatura em 1918 com o romance O Triunfo, em 1934 publicou no Rio de Janeiro a obra Lampião, e se destacou em 1937 com a publicação de Navios Iluminados. Faleceu em Santos a 24 de dezembro de 1942. Seu sobrinho - o antropólogo, folclorista e ensaísta Paulo de Carvalho Neto, pioneiro no estudo sistematizado do folclore latino-americano -, foi dado como morto ao nascer (em Simão Dias/SE, em 10 de setembro de 1923), e quem o salvou foi Ranulpho Prata.

Membro da Academia Lagartense de Letras (cadeira de Sílvio Romero), o professor Rusel M. B. Barroso publicou no site-memorial LagartoNet.com, da cidade sergipana onde ele nasceu, a biografia de Ranulpho Prata (acessos: 26/10/2014 e 9/2/2016):

Imagem: captura de tela do site LagartoNet.com

Ranulpho Prata

Personalidades Lagartenses, 4 de abril de 2011

Por Rusel Barroso

Médico, jornalista, romancista e autor de contos literários, nasceu em Lagarto (SE), em 4 de maio de 1896, e faleceu em Santos (SP), em 24 de dezembro 1942.

Iniciou seus estudos em Sergipe e transferiu-se para Bahia, onde concluiu o curso secundário e ingressou na Faculdade de Medicina de Salvador, vindo a se formar em 1920, no Rio de Janeiro, pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro. Clinicou em Aracaju, onde organizou um gabinete radiológico, no governo de Graccho Cardoso.

Sua paixão pelas letras deu-se a partir de experiências vividas em consultório médico com seus pacientes, cujos impulsos causados por lágrimas e sofrimentos inspiraram seus romances e contos admiráveis.

Ranulpho Hora Prata casou-se com a prof.ª Maria da Gloria Brandão Prata. O filho Paulo nasceu em Mirassol, SP, em 28 de janeiro de 1924, herdeiro do perfil humanístico do pai, marcante em sua formação e em sua vida. Dois meses depois, mudavam-se para Santos, no litoral paulista, onde fixaram residência. Em 1927, dr. Ranulpho inscreveu-se no corpo clínico da Santa Casa da Misericórdia de Santos, ficando encarregado pelo Gabinete de Raios X e Eletricidade Médica.

Além de pioneiro na incipiente radiologia brasileira, ficou também conhecido pelos seus romances O triunfo (1918), Dentro da vida (1922), O lírio na torrente (1925) e Navios iluminados (1937), além dos contos A longa estrada (1925) e um estudo sobre Lampião (1934).

Retratando a vida na comunidade portuária santista em sua época, Navios Iluminados é uma importante contribuição à literatura social, objeto de pesquisas acadêmicas. Seu vocabulário real e expressivo foi responsável por suas grandes obras, que marcaram a impetuosidade de seus trabalhos literários e que lhe rendera boas amizades, a exemplo do laço fraterno que mantinha por Lima Barreto, seu amigo inseparável na literatura.

Em breve descrição, traçada na coletânea de cartas de Lima Barreto, lê-se que Ranulpho Prata "formou entre os melhores amigos do romancista, na última fase da sua vida". Em setembro de 1918, Lima Barreto registraria como haviam se conhecido. Ranulpho Prata o procurara com um exemplar de seu primeiro romance, O triunfo, lançado naquele mesmo ano.

Lima Barreto se referiu ao episódio na primeira frase da crítica ao livro, publicada em 28 de setembro, no periódico ABC: "O senhor Ranulfo [sic] Prata teve a bondade e a gentileza de me oferecer um exemplar de seu livro de estreia – O Triunfo". Em 1940, dois anos antes de morrer, na véspera do Natal de 24 de dezembro de 1942, em depoimento a Silveira Peixoto, Ranulpho Prata fala do início daquela amizade:

"Lima Barreto elogiou o livrinho e foi visitar-me no Hospital do Exército, onde eu era interno. A visita desse mulato genial deu-me grande alegria. Sentados num dos bancos do jardim, o Lima, meio tocado, como sempre, mas perfeitamente lúcido, claro, brilhante mesmo, queria saber com segurança se a Angelina do romance era realmente bonita como eu a pintara. Todos os ficcionistas, dizia-me ele, com ironia, têm a mania de fazer belas as raparigas das cidades pequenas. Nos lugarejos por onde eu andara nunca vira nenhuma… Eram todas feias, grosseiras, desalinhadas… E eu garanti que a minha Angelina era, positivamente, encantadora, capaz de virar cabeças sólidas de gente de grandes cidades."

Ranulpho Prata publicou: O triunfo, 1918; Dentro da vida, 1922; O lírio na torrente, 1925; A longa estrada (contos), 1925. No ano seguinte, lançou Renascença das letras na França. Em 1933, voltou a escrever e publicou Sofrimento, seguido de Lampião (1934) e Navios iluminados (1937).

Um episódio da carreira médica de Ranulpho Prata é relatado na edição espanhola do site Wikipédia, no verbete referente a Paulo de Carvalho Neto (acesso: 26/10/2014):

Paulo de Carvalho Neto

Paulo de Carvalho Neto (Simão Dias, Sergipe, 10 de septiembre de 1923 - 17 de agosto de 2003) fue un antropólogo, folclorista y ensayista brasileño, pionero en el estudio sistematizado del folclore en América Latina.

Biografía - Fue hijo del abogado, político y escritor Antonio Manuel de Carvalho-Neto, precursor del derecho laboral en Brasil, y de Veturía Prata. Su tío, el médico y escritor Ranulpho Prata, quien le salvó la vida luego de haber sido dado por muerto el mismo día de su nacimiento. Su abuelo materno fue el doctor Joviniano de Carvalho Neto, primer cirujano en realizar una separación de niños siameses en Brasil, y su abuelo paterno Filisberto Prata, coronel de la Guardia Nacional del emperador Pedro II y terrateniente en el estado de Sergipe.
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