CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA -
CBJr
Charlie Brown Jr./Chorão (4)
Banda formada em Santos em 1992, por músicos
santistas, a Charlie Brown Jr. teve como vocalista o paulistano Alexandre Magno (Chorão), apaixonado por skate e pelo futebol do Santos F.C.,
cuja morte foi assim noticiada no jornal santista A Tribuna, na sexta-feira, 8 de março de 2013, páginas A-1, A-8:
Fãs e jornalistas veem o carro
com o corpo de Chorão. No trajeto, passagem rápida em alguns pontos marcantes na vida do cantor
Foto: Irandy Ribas, publicada com a
matéria, na página A-1
Ex-mulher de Chorão diz que perdeu a guerra
"Infelizmente perdi a guerra, tentei tudo que vocês podem imaginar, mas essa praga mundial que está acabando com tudo ganhou". O desabafo
foi de Graziela Gonçalves, ex-mulher de Chorão, ontem, ao deixar a Memorial Necrópole Ecumênica, onde o líder do Charlie Brown Jr.
foi sepultado. Segundo ela, que negou o abatimento do cantor devido à separação, Chorão era viciado em cocaína.
Desabafo |
"Estávamos afastados em razão do que aconteceu com ele. Estava tentando trazer ele
de volta" |
Graziela Gonçalves, ex-mulher de Chorão, sobre sua luta para tirar o cantor do
vício |
Quase uma hora depois do
sepultamento, Graziela deixou o local. Cumprimentou amigos e fez desabafo
Foto: Bruno Miani, publicada com a
matéria, na página A-1
"Essa praga mundial ganhou"
Graziela Gonçalves, viúva do cantor Chorão, diz que o marido estava
viciado em cocaína. Adeus ao músico reuniu milhares de fãs
Débora Pedroso e Lincoln Spada
Da Redação
A emoção do adeus
é uma das mais fortes que se conhece. No sepultamento do cantor Chorão, ontem, sua ex-mulher, Graziela Gonçalves, colocou para fora a
angústia da impotência, ao revelar que perdeu o marido para a cocaína. "Infelizmente,
perdi a guerra, tentei tudo que vocês possam imaginar, mas essa praga mundial que está acabando com tudo ganhou",
foi o desabafo.
Ela saiu da Memorial Necrópole Ecumênica apenas uma hora depois do sepultamento, às 17 horas. Ela negou que ele sofria de depressão por
causa da separação do casal, no fim do ano passado.
"Estávamos afastados em razão do que aconteceu com ele. Estava tentando trazer ele de
volta. Toda mulher sabe que a separação é uma arma para fazer chantagem emocional".
Graziela desmentiu boatos de que o cantor era viciado também em crack e chegou a frequentar a cracolândia, em São Paulo. "Ele
era celebridade, fazer o que? Todo mundo quer fazer uma presa. Espero que essas pessoas escutem isso e fique na consciência delas".
CD inédito |
Depois da morte do líder do Charlie Brown Jr., o clima entre os integrantes é de
incerteza quanto ao futuro da banda. “Não tem como continuar sem ele. A gente vai se reunir, mas é muito cedo para falar”, enfatizou o
baixista Champignon. O guitarrista Marcão deixou a dúvida no ar. “Não sei. Ele é um cara insubstituível”. A única certeza
para os fãs é que o Charlie Brown Jr. produziu recentemente um CD inédito. A música Meu Novo Mundo começou a ser executada nas
rádios nesta semana. |
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Centenas de pessoas acompanharam
o cortejo, que passou por locais evocativos da vida do músico
Foto: Irandy Ribas, publicada com a
matéria, na página A-8
Cortejo por Santos - Eram 14h15 quando o carro funerário com o corpo de
Alexandre Magno Abrão, o Chorão, deixou a Arena Santos sob forte esquema de segurança e fez um curto percurso pela Cidade. No
trajeto, passagem rápida em alguns pontos simbólicos na história de vida do cantor, o Skate Park, no bairro Encruzilhada, e em seguida a
Vila Belmiro.
Por onde o cortejo seguia, uma legião de fãs ia atrás. De carro e motos eles buzinavam, soltavam fogos, gritavam o nome do ídolo. Na frente
do Estádio Urbano Caldeira, torcedores do Santos Futebol Clube homenagearam Chorão com a bandeira da Sangue Jovem.
O corpo do cantor chegou à Memorial Necrópole Ecumênica às 14h40. As ruas que dão acesso ao local foram interditadas e somente a imprensa e
convidados podiam passar pelo isolamento. Já o velório e a cerimônia de sepultamento foram restritos a amigos, familiares e poucos fãs.
O velório aconteceu no 1º andar do cemitério. Na sala com centenas de pessoas, o caixão foi mantido fechado e coberto com as bandeiras do
Brasil e do Santos e também com um skate.
Entre os convidados ilustres que deram adeus a Chorão estiveram o cantor Falcão, da banda O Rappa, Pelado (ex-integrante do Charlie
Brown Jr.) e também Marcelo Nova. "Ele tinha um coração gigantesco. Ganhei um amigo
quando ele se aproximou de mim e hoje vim dar um adeus para ele", disse o integrante do
Camisa de Vênus.
O atleta Paulo Eduardo Chieffi Aagaard, o Pauê, disse que, apesar da tristeza, a família tentou prestar a última homenagem. "O
clima era ruim, estão todos tristes, mas tentaram homenageá-lo cantando músicas da banda. Foi uma despedida".
Para não atrapalhar as investigações da polícia, a família ainda não pode solicitar a cremação. O cemitério informou que vai liberar a
visita de fãs ao local onde Chorão foi sepultado, mas não divulgou quando isso deve acontecer. A despedida terminou com um grupo de
fãs fazendo uma oração em frente à Memorial.
Graziela chega ao velório na
Memorial Necrópole Ecumênica
Foto: Bruno Miani, publicada com a
matéria, na página A-8
Após o sepultamento, fãs fizeram
oração na porta do cemitério
Foto: Bruno Miani, publicada com a
matéria, na página A-8
No Chorão Skate Park, homenagens
de fãs nas paredes e no chão
Foto: Cláudio Vítor Vaz, publicada
com a matéria, na página A-8
Mais que músicas, hinos para gerações
Os homens podem falar, mas os anjos podem voar, como o autor dos
versos, Alexandre Magno Abrão, o Chorão. Outras canções do marginal alado escapavam pelas janelas dos automóveis, já que o Charlie
Brown Jr. tocava nas rádios durante todo o dia.
São hinos que embalaram gerações. Por exemplo, o estudante Marcelo Midnight andava de skate na Praça Palmares enquanto se lembrava: "Fui
criado ouvindo o som da banda. Tinha quatro anos quando meu irmão escutava os CDs do Charlie Brown".
Hoje, Marcelo e seu irmão têm, respectivamente, 18 e 29 anos.
Em frente ao Chorão Skate Park, na Encruzilhada, o logotipo prateado estava camuflado de homenagens, bilhetes, flores e um skate
preto, em sinal de luto. Palavras, basta que venham do coração, que venham da mente.
Entre as mensagens a quem cantou sua vida com orgulho, os irmãos Caio e Leonardo Eckert agradeciam por um skate autografado pelo
ídolo, despedindo-se com a frase: "Tamo aí na atividade".
Na Arena Santos, durante a manhã de ontem, a procissão de fãs incluía crianças, jovens e até idosos. Misturava-se com as pessoas no ponto de
ônibus da Avenida Rangel Pestana. Uns esperavam o cortejo pelas rampas da Arena, ou nos bares próximos, na mesma avenida. O trânsito mal
fluía na via. Desde 9 horas era difícil encontrar uma vaga para estacionar.
Esteve lá Fábio Ruivo. São-paulino, foi pela primeira vez à Vila Belmiro para participar do videoclipe do Charlie Brown Jr. "Ele
era parceirão, trocávamos dicas de música, arranjo. Ele me influenciou até em tatuagens",
diz o vocalista da Muamba Bitt. Sabendo que o impossível era só questão de opinião, o ritmo de Chorão também influenciou mais bandas,
como Detonautas Roque Clube, Strike, Restart e Aliados.
O esportista profissional Denis Buiu, de 34 anos, também foi se despedir. Desde os 12, acompanhava o cantor. "Conheci
ele numa competição que ele mesmo organizou no Sesc-Santos. Ele era bom no free style, fazendo manobras debaixo dos pés".
Buiu enfatizou que o maior legado do Magnata é que, com suas músicas, "foi um
precursor para que as pessoas mudassem de opinião e aceitassem o skate, não como um esporte de marginais".
Para Caio Cunha, baterista do Raimundos, o poeta das rodinhas era um verdadeiro mestre de cerimônias. "Nunca
tinha visto alguém hipnotizar o público como Chorão. Tudo que ele pedia, a plateia respondia nos shows".
Já o baixista do Raimundos, Canisso, complementa. "Acho que a essência da pessoa
transcende. Nessa jornada, onde ele estiver, estará na correria pelos amigos e familiares".
SOLIDÃO - A família do cantor
chegou ao velório no final da manhã. Por volta das 11 horas, a mãe, Nilda Abrão (foto), chegou acompanhada pelo filho Ricardo e preferiu não
se manifestar à imprensa. "Ela ainda não acredita que ele faleceu", disse a prima do roqueiro, Sônia Abrão. A jornalista disse que Chorão se
queixava de solidão. "Não era da família, do público, de amigos. Era uma solidão interior"
Foto: Cláudio Vítor Vaz, publicada
com a matéria, na página A-8 |
O lamento dos fãs foi também
registrado por A Tribuna Digital,
em nota de 9 de março de 2013:
Durante as homenagens no Quebra
Mar, jovens cantaram sucessos da banda e rezaram
Foto: Vanessa Rodrigues, publicada
com a matéria
Sábado, 9 de março de 2013 - 19h36
Memória
Fãs do músico Chorão prestam homenagens no Quebra Mar
De A Tribuna On-line
"O clima em Santos ficou muito triste
após a morte do Chorão. Ele vai deixar muita saudade". A declaração da estudante de
jornalismo Vanessa Braz Pimentel, de 26 anos, expressa um sentimento compartilhado por milhares de fãs que prestam uma homenagem ao
vocalista da banda Charlie Brown Jr., na noite deste sábado, no Quebra Mar, em Santos. O músico foi encontrado morto em seu apartamento, na
capital na madrugada da última quarta-feira.
O evento, que reúne as grandes paixões de Chorão: skate e música, foi organizado pelas irmãs Melanie Serpa, 20 anos e Andressa Serpa,
25 anos, de São Vicente, por meio de uma página no Facebook. Aproximadamente 2 mil pessoas compareceram à homenagem.
"Fui para a porta do velório e vi muita gente chorando. Não queria isso. O Chorão
era um cara muito alegre e por isso organizamos essa comemoração", contou Andressa.
Ainda segundo Andressa, o evento foi uma forma dos fãs retribuírem o amor e carinho que o cantor demonstrava pela Cidade.
Evento organizado por duas irmãs
de São Vicente reuniu 2 mil pessoas
Foto: Vanessa Rodrigues, publicada
com a matéria
Na homenagem, alguns dos sucessos da banda, como Dias de Luta, Proibida pra mim
e Céu Azul ganharam novos intérpretes. Em uma faixa produzida pela programadora visual Priscilla Moraes, de 31 anos, uma mensagem foi
transmitida ao cantor: "Hoje cantamos bem alto para que você ouça do céu e saiba que
nunca esteve sozinho".
Ainda no evento, os jovens formaram uma roda, rezaram pelo cantor e jogaram flores brancas
sobre uma bandeira da Sangue Jovem, do Santos Futebol Clube, time de coração de Chorão.
Fotos: Vanessa Rodrigues, publicadas
com a matéria |
No dia 10 de março de 2013, o jornal santista A Tribuna informou, na página A-6:
Skates e cartazes com
dizeres foram expostos nas alamedas
no Parque Municipal Roberto Mário
Santini
Foto: Vanessa Rodrigue, publicadas
com a matéria
Na homenagem a Chorão, o show de carinho foi dos fãs
Em torno de 1.500 jovens se reuniram no Quebra-mar do Emissário ao cair da tarde
Leila Silvino
Da Redação
A tarde de ontem foi dos fãs de
Chorão, vocalista da banda de rock santista Charlie Brown Jr., encontrado morto na quarta-feira em seu apartamento, na
Capital. Cerca de 1.500 jovens promoveram, ao cair da tarde, nas alamedas do Parque Roberto Mário Santini, no Quebra-mar do Emissário
Submarino, no José Menino, o melhor show que puderam apresentar.
Nada de choro ou desânimo, ao contrário. Havia muita energia no ar. Grupos de fãs tocaram ao violão as músicas de que mais gostavam da
banda. Outra turma preferiu homenagear o artista com manobras arriscadas no skate.
"Sem tristeza", garantiu Andressa
Serpa, funcionária pública, de 25 anos, que organizou a homenagem. Ela, junto com a irmã Mellanie, estudante de 20 anos, teve a ideia de
chamar os admiradores por meio da rede social Facebook. "Convocamos os amigos, que
chamaram os amigos dos amigos e aqui estamos todos".
"Fui para a porta do velório (na quinta-feira), vi muita gente chorando. Ele não queria
isso, ele era muito alegre", informou Andressa, que nunca assistiu a um show da
banda por ter medo de multidão. Já a irmã, que passou a gostar do grupo por influência de Andressa, acompanhou ao vivo algumas
apresentações. "Nunca vi uma pessoa tão feliz de estar no palco",
confessou.
A escolha do local para a homenagem não poderia ser melhor, segundo as irmãs. "Pensamos
primeiro na Praça Palmares (no Embaré), é claro, mas não teria tanto espaço. Resolvemos fazer aqui porque o escritório do Chorão era
na praia".
Abraço - E as homenagens foram muitas. Em um momento, todos se deram as mãos e formaram uma imensa roda onde rezaram o Pai-Nosso.
Ao final da prece, como em um coro bem ensaiado, uma turma gritou a metade do nome da banda: Charlie, enquanto outra, como em
resposta, gritava Brown.
Demonstrações particulares de carinho não faltaram. Priscilla Moraes, de 31 anos, "fã
desde 1997", trouxe uma faixa com os dizeres: "Hoje
cantamos bem alto para que você ouça dos céus e saiba que você nunca esteve sozinho. Eternamente, Chorão".
Mais tarde, representantes da Sangue Jovem, torcida organizada do Santos Futebol Clube, time de coração de Chorão, estenderam no chão uma
bandeira com sua imagem.
A noite caiu, e músicas eram ouvidas por todos os cantos do parque. De um lado uma turma entoava Céu Azul; de outro, Dias de Luta,
Dias de Glória, Proibida para Mim e Só os Loucos Sabem. Rosas brancas foram jogadas sobre a bandeira e a homenagem
transformou-se em um imenso luau. Muito forte e com muito sentimento. Digno de Chorão.
Outras homenagens - Conforme informações das organizadoras do encontro em Santos, também foram realizadas na Capital e também no Rio
de Janeiro homenagens ao vocalista. "Na semana que vem, acontece outra em Belo
Horizonte", comentam.
Hoje, o Santos joga em Sorocaba com uma faixa preta de luto no uniforme e estes dizeres em cada manga da camisa: Dias de Luta, Dias de
Glória – título de uma das canções da banda santista.
Reedição - Ontem, no Facebook, a gravadora EMI Music anunciou que vai reeditar os dois primeiros álbuns da banda.
Um deles é o de estreia, Transpiração Contínua Prolongada. Lançado em 1997, rendeu o disco de platina ao grupo, com mais de 500 mil
cópias vendidas.
O segundo álbum é Preço Curto... Preço Longo, que chegou às lojas em 1999 e vendeu mais de 460 mil cópias e tinha o hit Te
Levar, tema da novela Malhação, da Rede Globo, entre 1999 e 2006.
Ato foi idealizado por admiradora
do Charlie Brown Jr. no Facebook
Foto: Vanessa Rodrigue, publicadas
com a matéria |
PERSONAGEM Marcos Farias
Jr.
17 ANOS
O estudante de Guarujá começou a admirar a banda e Chorão aos 7 anos.
Skatista desde os 13, ele já tirou foto com o vocalista, "na pista dele e com ele e foi muito legal.
Gente boa".
Aficionado pelo esporte, pretende se tornar profissional, "como o Kelvin, campeão e também de Guarujá",
explica.
Medo, garante que não tem. "Só dá um friozinho na barriga conforme o obstáculo que tenho de enfrentar, mas
depois passa". A música preferida dele? De Skate eu Vim, de Skate eu Vou.
Foto publicada com a matéria |
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