CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA -
M.GRUBER
Mário Gruber (23)
Nascido em Santos em 1927, e falecido em
Cotia/SP em 28 de dezembro de 2011, Mário Gruber Correia foi pintor, escultor, gravador e muralista, tendo começado a pintar aos 16 anos, em 1943. Sua
biografia e duas de suas obras no acervo estatal foram incluídas no
Catálogo do Patrimônio Artístico do Estado (acesso em 4/1/2012):
Mário Gruber Correia
Imagem:
Catálogo do Patrimônio Artístico do Estado de São Paulo
Mário Gruber Correia
Nasceu em Santos, SP em 1927. Inicia a carreira em 1943 como autodidata e em 1946 estuda na Escola de Belas Artes de São Paulo com o escultor
Nicola Rollo. Pintando em praça pública conhece Mario Zanini e Bonadei. No ano de 1948 trabalha com Di Cavalcanti e estuda gravura com Poty.
Em 1949 recebe bolsa de estudos do governo francês e viaja para Paris, onde
estuda na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts com Édouard Goerg. De volta para o Brasil, funda o Clube de Arte, na cidade de Santos, e
leciona gravura na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo, de 1951 a 1953. Em 1953 conhece o muralista Diego Rivera, em
Santiago do Chile, com quem aprende técnicas da pintura mural. Em 1956, funda a União dos Artistas Plásticos de São Paulo.
Em 1957, realiza painel no Instituto do Matte, Projeto Vilanova Artigas, na
Galeria Califórnia, em São Paulo. Em 1960 realiza painel de 10X4 m no Ginásio Estadual da cidade de Guarulhos, SP. Entre 1961 e 1964, leciona
gravura em metal na Fundação Armando Álvarez Penteado, na cidade de São Paulo. Em 1965, realiza painel no Grupo Escolar de Santos, SP e no mesmo
ano o Instituto de Cinema Educativo, Ince, produz documentário cinematográfico sobre sua obra, com direção de Rubem Biáfora, produção de Flávio
Tambeline e música de Rogério Duprat. Esse filme recebe Prêmio Governador do Estado e Prêmio Instituto Nacional de Cinema em 1966 e participa do
Festival de Cinema de Veneza em 1967.
Na década de 70, monta oficina onde trabalham vários artistas, entre eles Wesley
Duke Lee e Frederico Nasser. Dedica-se em especial à calcografia e produz edições de gravura em metal na Impremérie Georges Leblanc. Paris. Em
1972, o Banco Geral do Comércio S.A. adquire sua produção anual de pinturas e no mesmo ano participa da elaboração da cenografia da peça
Cromossomos, de Clay Gama de Carvalho, no Teatro de Arena, com música de Gilberto Mendes.
Em 1977 realiza painel de 20 metros para o Aeroporto de Congonhas, depois
transferido para o Aeroporto Internacional de Cumbica. A partir de 1979, monta ateliê em Nova York, quando divide suas atividades entre esta
cidade, Paris e São Paulo, é convidado a executar um painel para Estação Sé do Metrô, na cidade de São Paulo, e recebe a Medalha Mário de
Andrade do Governo do Estado de São Paulo e é condecorado com a Medalha do Mérito Cultural pela Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes da
cidade de Santos/SP.
Em 1980 recebe Prêmio Procópio Ferreira - Noite das Personalidades - troféus 1980 Padre Anchieta e Procópio Ferreira. Em 1982, é homenageado com
o curta-metragem A Arte Fantástica de Mário Gruber, de Nelson Pereira dos Santos. Em 1985 é realizado Auto-Retrato, vídeo-tape pela Direta, Rede
de Rádio e Televisão, que também o homenageia. Em 1989 realiza painel para a biblioteca do Memorial da América Latina, na cidade de São Paulo.
Em 1992, é convidado a viajar para Paris para realizar cartaz promocional de filme do cineasta Serge Reggiani. Em 2007, recebe o Título de
Cidadão Emérito da Cidade de Santos, sua cidade natal, da Câmara Municipal no dia 30 de novembro.
Gravador, pintor, desenhista, Mário Gruber é um artista que produz incessantemente. Entre as quase 80 exposições de sua carreira, entre
individuais e coletivas, calcula-se que tenha produzido até o momento, algo em torno de 12 mil obras. |
Candeeiro do interior de Pernambuco -
pintura - óleo sobre tela, com 79 x 114 cm, de 1978.
Tela em dependências da sede da
Secretaria Estadual da Educação de S. Paulo
Imagem:
Catálogo do Patrimônio Artístico do
Estado de São Paulo
Brinquedo de lata do menino de
Igaraçu - pintura - óleo sobre tela, com 79 x 114 cm, de 1978.
Tela em dependências da sede da
Secretaria Estadual da Educação de S. Paulo
Imagem:
Catálogo do Patrimônio Artístico do
Estado de São Paulo |
Em 2006, o artista
expôs seus trabalhos em São Paulo, fato registrado pelo
portal da Fundação Memorial, do Governo de São Paulo (acesso: 4 de janeiro de 2012): |
Cartaz da exposição
Imagem: Fundação Memorial, publicada com
a matéria
'Metafísica dos Planos' e o caráter experimental de Mario Gruber
A partir de 11 de maio, a Galeria Marta Traba do Memorial apresenta a mostra Mario Gruber e a Metafísica dos Planos. A exposição retrospectiva,
com curadoria do artista visual Saulo di Tarso, celebra os 80 anos do gravador e artista plástico e conta com cerca de 70 gravuras, que abrangem
um período que vai dos anos 40 aos dias atuais.
A exposição oferece uma ampla cobertura da produção de Gruber, sendo uma das mais completas dedicadas às suas gravuras, sobretudo no que
concerne ao seu caráter experimental. Apresenta também, seu envolvimento com a pesquisa e estruturação de ateliês (segundo o físico Mario
Schenberg, foram alguns dos mais equipados da América latina). O artista foi um dos primeiros no Brasil a produzir papel para impressão de
gravuras e a relacionar as linguagens de TV e vídeo com essa produção.
A mostra conta com a participação de artistas convidados: Ernesto Bonato, Fabrício Lopes, Ulysses Bôscolo e Gavin Adams.
Imagem: Fundação Memorial, publicada com
a matéria
Na galeria serão montados espaços que reproduzem o ateliê de Mario Gruber, onde acontecerá um
bate-papo com o artista no dia 23 de maio, às 19h00. Oficinas de papel, com Eliana Anghinah, de monotipia, com Ângela Barbour e de gravura, com
Ulysses Bôscolo, e um espaço para o projeto Lambe-lambe, gravadores que fazem cartazes de rua, evidenciando o diálogo que a obra de Gruber tem
com as novas gerações também fazem parte da programação.
Uma destaque da exposição, segundo Saulo di Tarso, é uma experimentação feita com um pião sobre uma estrutura de aço (foto na página inicial). O
acaso determina os giros do pião e formam uma das obras mais expressivas do artista. O experimento com o pião foi feito na década de 60 e
influenciou artistas de várias áreas.
Esta é sua primeira exposição na cidade em 20 anos. O artista havia se afastado do circuito cultural por opção própria – embora tenha continuado
a produzir ativamente neste período. No ano passado, ele apresentou a exposição Sobrevivente, na Unicamp; a Metafísica dos Planos é a segunda
parte de uma trilogia, que fechará as comemorações dos seus 80 anos, em 2007.
Imagem: Fundação Memorial, publicada com a matéria
Mario
Gruber é artista engajado, conviveu com nomes como Lasar Segall, Portinari e Di Cavalcanti. “Mário sempre foi envolvido com arte e transformação
social, sempre foi um artista rigoroso e experimental, ao mesmo tempo. Experimentos seus, datados de 30 anos, têm caráter extremamente atual,
podem ser entendidos como uma ação contemporânea”, diz o Saulo di Tarso.
Além da exposição e dos programas de workshop de gravura, oficina de papel e a palestra do artista (todos gratuitos na Galeria Marta
Traba), ocorrerá uma mesa pública que versará sobre a criação da Trienal Internacional de Gravura de São Paulo, com o objetivo de divulgar a
produção da gravura tradicional e suas vertentes, até a apropriação dos meios digitais. O debate, coordenado por Saulo di Tarso, contará com a
presença de Mario Gruber, Leonor Amarante, Ernesto Bonato, Ângela Barbour, Ulysses Bôscolo e Fabricio Lopes.
Folder da exposição Mario Gruber e a Metafísica dos Planos
Saiba mais sobre Mario Gruber
Serviço:
Exposição Mario Gruber e a Metafísica dos Planos
De 11 de maio (quinta) a 04 de junho
Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 18h
Oficinas: terças, quartas e quintas, às 14h30
Galeria Marta Traba – Memorial da América Latina
Imagem: Fundação Memorial, publicada com a matéria
Mesa
pública Criação da Trienal Internacional de Gravura de São Paulo
dia 27 de maio (sábado) às 14h - inscrições no local.
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda (ao lado do metrô)
Entrada pelos portões 1 e 5.
Inscrições para as oficinas (vagas limitadas): 3823-4708/ 04
Entrada Franca
Fonte: Memorial |
Em 23 de maio de 2006, em meio a uma
exposição de seus trabalhos em São Paulo, Mário Gruber participou de conversa com o público, sobre essa mostra, como foi
noticiado pelo portal da Fundação Memorial, do Governo
de São Paulo (acesso: 4 de janeiro de 2012): |
Imagem: Fundação Memorial, publicada com
a matéria
Mario Gruber participa de bate-papo descontraído com o público
O gravurista e pintor Mario Gruber participou de palestra sobre a sua trajetória no dia 23 de maio, no Memorial. O bate-papo com o público fez
parte da exposição Mario Gruber e a Metafísica dos Planos, que fica na Galeria Marta Traba até o dia 4 de junho. Com curadoria de Saulo di
Tarso, que selecionou 70 gravuras de Gruber, a mostra conta com a participação de outros artistas, que dialogam com a obra do mestre.
O bate-papo começou com a leitura de um texto sobre Gruber e sua forma de trabalho; lido por Ulysses Bôscolo, um dos artistas convidados. Às
vésperas de completar 80 anos, o santista, influência para toda uma geração de gravuristas, contou que, quando pôs-se a gravar em metal, a
técnica ainda não era conhecida entre os colecionadores de arte de São Paulo, que desistiam da compra quando sabiam que o material era
reproduzível.
Mario divagou sobre seu interesse pela gravura, iniciado na infância em Santos, quando, por acaso, viu um livro com gravuras do mestre holandês
Rembrandt (1606-1669), produtor de cerca de 290 gravuras. Ele, que não tinha nenhum artista na família, resolveu também se tornar gravurista.
Após algumas experiências, iniciou seu trabalho com metal e mudou-se para São Paulo, onde intensificou sua produção e começou a viver, com
dificuldades, exclusivamente através dela.
Como seu público era principalmente acadêmico, Gruber entrou em contato com intelectuais como Antonio Candido e Roger Bastide. Este lhe arranjou
uma bolsa de estudos na França, onde teve sua formação acadêmica e artística.
Para uma platéia de alunos de Belas Artes e artistas plásticos de todas as idades, Gruber falou das dificuldades em sobreviver com a profissão,
principalmente no início da carreira. Mas disse que nunca pensou em desistir ou conseguir um outro emprego, que, para ele, seria um caminho sem
volta. Disse que rejeita o título de artista, título de reconhecimento – e merecimento – que muitas vezes só se pode atribuir postumamente.
Segundo ele, Rembrandt ficou obscuro durante 300 anos. “Quantos não foram ignorados?”, indagou.
Ainda sobre Rembrandt, Gruber contou que, quando morava na França, houve uma exposição do artista no Petit Palais. Aficionado, não dormiu à
noite e às 5h da manhã já estava na fila do museu. Foi o primeiro a chegar e, ao ver uma obra excepcional de seu ídolo, deu um grito, que teve
que ser disfarçado diante da impaciência do público presente. “Eu era o mais estranho entre os estranhos – porque os aficionados são figuras
muito estranhas”, divertiu-se.
Gruber considera-se, ainda hoje, um entusiasta das artes plásticas e do trabalho como gravurista em particular. Respondeu às perguntas do
público e usou muitas das obras expostas como exemplos do que falava. Foi uma verdadeira lição de artes plásticas e de vida. |
Em
São Paulo, Mário Gruber prestou uma homenagem a Clay Gama de Carvalho, como foi
noticiado pelo portal da
Fundação Memorial, do Governo de São Paulo. A explicação da homenagem é dada em
outra página do site (acesso em
4 de janeiro de 2012): |
Imagem: Fundação Memorial, publicada com
a matéria
Homenagem a Clay Gama de Carvalho
A obra Homenagem a Clay Gama de Carvalho - painel de 8,00 X 3,00 m, composto de ladrilhos cerâmicos em grês, preto e branco, feito pelo
artista Mario Gruber – divide e organiza o espaço da Biblioteca Latino-americana Victor Civita.
De um lado, ficam os bibliotecários; do outro, o hall usado para exposições. Quem
transita por ali é "observado" por uma multiplicidade de olhos discretos mas pungentes, que surgem da "floresta" de Gruber.
Sobre o seu trabalho, o autor declarou: "Escolhi um material duro, e de queima rústica, como
suporte ladrilhos cerâmicos em grês. Devem durar. Trabalhei com 6 módulos da mesma imagem em proporções diversas, fugindo da linguagem habitual,
da seqüência regular decorativa do ladrilho tradicional. Os ladrilhos são grandes, meio metro quadrado. Pretendi uma leitura no geral obsessiva
num ritmo irregular. É relaxante no particular. A cara maior." (Integração das Artes, livro publicado pelo Memorial da América Latina,
1990, pág. 37).
Mas por que "Homenagem a Clay Gama de Carvalho"? [a explicação:]
Urso Solitário
"Dei como título ao meu mural na Biblioteca do Memorial da América Latina:
Escritor, dramaturgo e poeta. Tornou-se anônimo pela nossa falta de memória e principalmente pela ditadura que confiscou o manuscrito de sua
obra, a "Literatura Americana no Exílio", na alfândega do aeroporto de Congonhas em São Paulo, quando chegou doente e indefeso de Paris
pelo único delito de ser apenas escritor. Suspeito, foi liberado, porém sua obra ficou apreendida e se perdeu talvez para sempre.
Julio Cortázar lhe dedicou um pequeno conto "O Grande Urso Solitário de Paris", publicado em um pequeno jornal alternativo paulistano
daquela época, em sua homenagem póstuma. Fez um apelo à intelectualidade paulista que resgatasse sua obra. Atendo dessa forma, dentro de uma
biblioteca consagrada pela grandeza da obra de Oscar Niemeyer que nos deu guarida para sempre.
A quem possa interessar, puxem o fio da meada.
Quem descobre numa multidão anônima alguém conhecido alivia com afeto. A denúncia do personagem anônimo, a descoberta do sal da terra.
(Integração das Artes, livro publicado pelo Memorial em 1990, pág. 37). |
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