Detalhe da cobertura do edifício Verde Mar
Foto: Ernesto Papa, publicada com o texto
O Verde Mar
Não é por acaso que quase
meio século após o início da construção do pomposamente chamado Parque Verde Mar, ele ainda chame a atenção de gente de todas as classes sociais e
formações profissionais. Ali, o clima de festa permanece, meio século após a inauguração. Dona Nilza, a síndica atual do edifício, tem 61 anos e
sempre sonhou em morar ali. Tinha 20 anos quando esse sonho despertou ao assistir a festa de inauguração do prédio, o que aconteceria duas décadas
depois.
A arte na concepção da fachada e dos interiores anunciam generosos espaços de
convivência. Terraço, jardim de inverno, salão de festas, bar, sala de esportes, sala para crianças com play-ground. Jardim na entrada e a
sempre presente rampa na entrada - emprestada do modernismo do mestre Le Corbusier - oferecem um ar majestoso.
Na inauguração, luxo, ostentação, orquestra em traje de gala, garçons de luvas
brancas. Luzes na rampa, bandeiras hasteadas em sequência. "Era um clima de Hollywood", lembra d. Nilza, então deslumbrada com os valores cultuados
e cuja percepção fez Jurado promover-se. A imagem marcou a menina de Bragança, interior de São Paulo, que absorvia o cenário de cinema montado por
ele. "Eu disse ao meu irmão: um dia vou morar aqui. É muito sonho de sua parte, respondeu ele".
Ela conta que as pessoas ficavam e ficam "maravilhadas" com o Verde Mar, "agradável,
senhorio, faustoso e de largos espaços comuns". Ninguém sabia - e nem precisava - que os apartamentos eram até menores dos que se construíam na
época, adquiridos em parcelas fixas e longas prestações.
A posição do edifício, exatamente no centro da baía de Santos, oferece uma visão
privilegiada, graças à sua altura. São 15 andares, contando a cobertura, que é de uso coletivo e onde havia um jardim.
São 168 apartamentos, muitos anexados uns aos outros, e hoje existem 137
proprietários. Doze apartamentos por andar, 42 famílias residentes e 95 de temporada. Cerca de 65% são do interior paulista, uma dezena de Curitiba
e o resto de São Paulo.
A maioria dos moradores entrevistados tem referências sobre o trabalho de Jurado e
sobre seu estilo arquitetônico, reconhecendo a transpiração de estilos entre o Verde Mar, a praça da Fonte e os abrigos de bonde.
Um dos primeiros ocupantes do prédio, há mais de 40 anos, foi o advogado carioca
Jaganharo Passos. Quando o "Dr. Passos", como o chamam todos, chegou na comunidade do Verde Mar, entrava "para uma família", disse. "Eram médicos,
advogados, industriais" - pessoas da classe média, média emergente e burgueses ascendentes. "As unidades difíceis de comprar naquela época,
disputadas", salientou.
E conta que em São Paulo as pessoas ficavam sempre admiradas em saber que tínhamos um
apartamento no Verde Mar, tamanho foi o sucesso da construção. "Foi o prédio mais bonito daquela época e nós o compramos justamente por isso, por
sua arquitetura ousada", relembra.
Ele lembra que Jurado teve um programa na extinta TV
Tupi, em que anunciava seus empreendimentos.
Segundo ele, as pastilhas eram feitas especialmente para o prédio e algumas,
importadas. "O Jurado olhava a colocação e se não gostasse do efeito visual, mandava tirar tudo e fazer de novo".
Varanda do edifício Verde Mar
Foto: Ernesto Papa, publicada com o texto
O Verde Mar visto da praça da fonte do Boqueirão
Foto: Ernesto Papa, publicada com o texto
Detalhe da cobertura do Verde Mar
Foto: Ernesto Papa, publicada com o texto
Detalhe da cobertura do Verde Mar
Foto: Ernesto Papa, publicada com o texto
Detalhe da cobertura do Verde Mar
Foto: Ernesto Papa, publicada com o texto
Detalhe da escada e pilar do saguão de entrada do Verde Mar
Foto: Ernesto Papa, publicada com o texto
Luminária do saguão do Verde Mar
Foto: Ernesto Papa, publicada com o texto
Maçaneta de porta do Verde Mar
Foto: Ernesto Papa, publicada com o texto |