Se o mundo inteiro
contra ti se revoltar,
para julgar-te pelo crime de amar,
se isso, um dia, acontecer,
podes crer
que antes que o mundo
possa te condenar,
eu surgirei do Infinito
e com um lancinante
grito,
deterei o mundo,
deterei o sol,
deterei o vento
deterei o mar!
Eu surgirei do Nada
e, enfrentando a multidão,
exigirei que se detenha,
exigirei que se detenha,
que retroceda
e que não toque em um só dos teus cabelos!
Hei de chegar a tempo,
sim,
hei de chegar a tempo
de evitar que te reconheçam
culpada!
E quando a tua face envergonhada,
se levantar, para pedir perdão,
tu me verás surgir do Nada,
tu me verás surgir do chão
e avançar para ti
de braços abertos!
E não mais terás dias desertos...
E não mais o mundo te fará sofrer...
Se, um dia, o mundo inteiro
te apontar à execração,
eu surgirei do Nada,
e, enfrentando o mundo,
te estenderei a mão!
Se toda a humanidade
te olhar com todo o seu desprezo,
eu surgirei do chão,
e de músculos retesos,
direi ao mundo estarrecido:
- Aquele que tocar o seu vestido
sofrerá terríveis conseqüências!
E todos hão de recuar,
e o mundo, boquiaberto,
perguntará, por certo:
"Quem é ele?"
"De onde vem?"
"De onde provém todo o seu destemor?"
E cingindo-te em meus braços
- lábios colados aos teus -
direi a todo o mundo,
direi ao mundo inteiro:
- Eu sou a Lei, a Justiça,
o Direito - sentimentos sem temor -!
E se ainda alguma indagação
persistir entre a multidão,
levantar-te-ei bem alto,
até a altura que eu puder,
e gritarei apaixonadamente:
- Ela é Mulher!
Eu sou o Amor!...