Minha terra não passa de uma estrada,
Um bambual que rumoreja ao vento;
Sol de fogo em areia prateada,
Deslumbramento e mais deslumbramento.
O chafariz em forma de carranca,
Confidente das moças do arrabalde,
Despeja a sua gargalhada branca
No bojo de latão de um velho balde.
Nas portas, parasitas cor de sangue,
Um mastro esguio em cada casinhola;
Gente tostada que desfolha o mangue
Crianças pálidas que vêm da escola.
Ao fundo, a Serra. Pinceladas frouxas
De ouro e tristeza em fundo azul. Aquelas
Manchas que são jacatirões - as roxas,
E aleluias - as manchas amarelas.
A minha terra, quando a vejo escampa
Cheia de sol e de visões amigas,
Lembra-me o cromo que enfeitava a tampa
De uma caixa de goma, das antigas...