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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - POETA DO MAR
Vicente de Carvalho (13-C)

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Vicente de Carvalho foi assíduo colaborador da revista paulistana A Cigarra, que na maioria de suas edições - desde a primeira, em março de 1914 - apresentava seus versos, muitas vezes até então inéditos. Estas são as publicações (revistas preservadas no Arquivo do Estado de São Paulo - acesso em 24 e 25/10/2011 - ortografia atualizada nestas transcrições):
 

A Cigarra - Ano 2/nº 34 - 19 de janeiro de 1916 - página 1 (capa):


Imagem: reprodução da página com o texto original

Rosa, rosa de amor

………
Sonhos de amor, sois como a rosa
Que, nem bem colhida,
Perde a frescura que a tornou formosa,
Perde o perfume que a tornou querida.

Vicente de Carvalho.

A Cigarra - Ano 2/nº 38 - 16 de março de 1916 -  página 21:


Imagem: reprodução da página com o texto original

Versos inéditos de Vicente de Carvalho:

Arrufos

Dizer mal das mulheres é costume
De todo o amante que não foi feliz:
Um coitado mordido de ciúme
Tudo maldiz, e se maldiz…
Pois confesso que nisso se resume
O que fui, e o que fiz.

Julguei mal da que adoro e que me adora.
E as mulheres, por pérfidas e vis
A todas condenei de foz em fora.
Fui infeliz… Sou infeliz.
Pois com remorso reconheço agora
O que fui no que fiz.

Quem se acredita amado – se conforma
Com o poder dos encantos feminis:
Tudo explica e desculpa, de tal forma…
Que? Tu sorris? Porque? Sorris
De uma verdade que tomei por norma
No que fui, no que fiz.

São bem próprios de todas as mulheres
Os carinhos, a tática, os ardis
Com que provas ou finges que me queres.
Sou infeliz? Mas ser feliz
É acreditar em quanto me disseres…
E assim fui, e assim fiz.

Porque abrolha em espinhos a roseira
Quem negará que as rosas são gentis?
Do teu encanto de mulher faceira
Ninguém dirá, e ninguém diz
Que é coisa sem valor, que se não queira…
E assim fui, e assim fiz.

És tão linda! Eu adoro-te! És tão boa.
Finges tão bem o amor, que o que eu não quis
Quero agora… Que bem pus fora à toa!
Fui imbecil: aos imbecis
É caridade perdoar… Perdoa
No que fui, o que fiz.

Seja fingido embora o teu agrado.
Agrada-me! Os teus modos infantis
Me dão ideia de que sou amado…
Nasceste atriz… És boa atriz…
Choras? Isso me deixa consolado
Do que fui, do que fiz.

Vicente de Carvalho.

S. Paulo, março de 1916.

A Cigarra - Ano 3/nº 39 - 31 de março de 1916 -  páginas 26 e 27:


Imagem: reprodução da página 26 com o texto original

Versos inéditos de Vicente de Carvalho
À suave memória de Affonso Arinos:

A voz do sino

 

I
Tarde triste e silenciosa
De vila de beira mar:
Uma tarde cor de rosa
Que vai morrendo em luar…

Ao longe, a várzea cintila
De uns restos de sol poente.
Mas por sobre toda a vila
- Do morro a que fica rente
Desce uma sombra tranquila…
E anoitece lentamente.

Não aparece viv'alma.

Nem rumor da natureza
Nem eco de voz humana
Perturba a infinita calma,
A solitária tristeza
Da pobre vila praiana.

Nem se ouve o mar, longe e manso.

A tudo, em redor, invade
Um ar de mole descanso…

Silêncio… Imobilidade…

Como que, interrompida,
A correnteza da vida
Fez neste ponto um remanso.

II
De súbito, rumoreja
Violentamente o ar:
Da torrezinha da igreja
Rompe o sino a badalar.

Ponho-me, atento, a escutá-lo:
Que diz, alto e repentino,
Esse bater de um badalo
                  Num sino?

Badalo que assim badalas
No sino que assim ressoa,
Aves, já nenhuma voa:
Dormem: e vais acordá-las
                  À toa…

Vais espantar quanta moça
Aí nesses arredores
Depois de um dia de roça,
De enxada e de soalheira,
Dedica a tarde ligeira
A tarefas bem melhores:

Pelas discretas beiradas
De alguma fonte: fiadas
Na proteção pitoresca
De ramagens, folhas, flores:
Que fazem elas? Coitadas,
Bebem, nas mãos, água fresca…
Lavam as caras tostadas…
E cuidam dos seus amores…

Badalo que assim badalas
No sino que assim ressoa.
Olha que vais espantá-las
                  À toa…

III
Gritas… Pois eu que te falo
Ouço-te, e nem imagino
Que pretendes tu, badalo,
A bater, bater, no sino…

Talvez convoques à ceia
Pescadores que, lidando,
Nem viram que entardeceu:
Algum se estendeu na areia
A descansar: senão quando,
De cansado adormeceu…

Badala-me assim, badala!
Esperta esse dorminhoco:
Que ou ele, acordando, abala
Ou fica dormindo – e em troco
Da sua madraçaria.
Chegando à casa atrasado
Acha no fogo apagado
A caldeirada já fria.

IV
Badalo que assim badalas
No sino que assim atroa,
Porque é que tão alto falas
                  À toa?

A andar com menos demora
Talvez tua voz compila
Certo rei dos mandriões
Encarregado em má hora
De, nas três ruas da vila,
Acender os lampiões…

Chamas talvez ao teu posto
Quem? Algum camaroeiro
Retardado, e mal disposto
A seguir para o pesqueiro…

Badala-lhe que é sol posto
Que a lua cheia está fora.
Que, com pequena demora,
Vai a maré a vazar:

Para chegar à costeira,
Tem ele uma légua inteira
De caminho a caminhar
Vencendo-o de combro em combro
De atoleiro em atoleiro,
Com o remo e o puçá no ombro
E, na mão, o candeeiro…

Ruidoso sino da vila!
E é por coisas tão vulgares
Que atroas assim os ares
De uma tarde tão tranquila?

V
Badalo que assim badalas…

Que voz de repente soa
Acompanhando-te as falas
                  À toa?

É voz de gente que canta…
De gente… E parece tanta…

Da humilde igreja irradia
E para o céu se alevanta
A reza da Ave Maria.

As vozes e as badaladas
Confundem-se… Misturadas
No fervor da mesma prece,
Sobem juntas para o ar
Onde a lua resplandece
E a noite, imensa, parece
Feita do alvor do luar…


VI
Sobre a soleira da porta
Da casa pegada à minha.
Vejo sentada a vizinha:
Moça, e bonita… Que importa?

Tem nos braços o filhinho:
Fala-lhe toda carinho:
Ele ouve, sorri: depois,
Responde-lhe… balbucia…
E, de mãos postas, os dois
Murmuram a Ave Maria.

Ante meus olhos perpassa
Uma visão: imagino
Maria, cheia de graça,
Jesus, loiro e pequenino:

Uma tarde cor de rosa…
Uma vila assim modesta,
- Assim tristonha como esta.
De pescadores, também…
Sobre a planície arenosa
Por onde o Jordão deriva
Pousa a sombra evocativa
Das montanhas de Sichem…

À porta de humilde choça
Uma mulher… Quem é ela?
É pobre… é jovem… é bela…
E é Mãe: comovida, a espaços,
O seu sorriso se adoça,
O seu olhar se ilumina
Para a figura divina
Do filho que tem nos braços.

Mostra-lhe, à noite que estrela
O céu e que a terra ensombra
Como a terra é toda sombra.
Como o céu é todo luz…
Ouvindo-a, enlevado nela,
Ele, meigo, balbucia:
A primeira Ave Maria
Quem a rezou foi Jesus.

VII
Sigo o meu sonho… Imagino
Que, por todas essas roças
Onde chega a voz do sino.

A sombra triste das choças
De repente se alumia
E se alegra, à viva luz
Da vela de cera acesa
Ante a imagem de Maria
Tendo nos braços Jesus.

É a hora augusta da reza.
Mães, pobres mães andrajosas
De filhinhos semi nus,
No chão de terra ajoelhadas.

Dizem coisas misteriosas,
Palavras entrecortadas
De mágoa que se lastima,
De súplica e de esperança.
 

A essa outra Mãe que, lá em cima,
Na glória do céu, descansa
No que passou neste mundo.

Ela que, com o mesmo eterno
Requinte do amor materno,
Sorriu a Jesus criança,
Chorou Jesus moribundo:

Santa e Mãe… Lá do infinito
Olha com olhos de Santa
E de Mãe que já sofreu,
Tanto coração aflito
Que se volta para o seu.

Quanta pobre gente, quanta,
Expia o ser mal nascida
Cumprindo a pena da vida
Como pregada a uma cruz:
E, na angústia que a quebranta,
Somente espera e antegoza
À proteção milagrosa
Da Virgem Mãe de Jesus!

Na roça a miséria é tanta…

E cada choça sombria
Para o claro céu levanta
A reza da Ave Maria.

VIII
Não, tu não falas à toa:
Errei, confesso-o… Perdoa
Humilde sino da vila
Que assim badalas, badalas
Na paz da tarde tranquilo:
Ó sino, que também rezas,
Ó sino que tanto falas
À terra, toda asperezas,
Como ao céu, todo luar,
Chamando, com o mesmo zelo,
Cada infeliz – a rezar,
Nossa Senhora – a atendê-lo.

IX
Consolador de tristezas,
Semeador de esperanças!
Aqui nestas redondezas
Não há vida tão bonanças,
Nem casebre tão remoto
Onde quando o sino diz
Não abençoe um devoto,
Não console um infeliz…

Por essas várzeas tão ermas
Onde, perdidas e sós,
Há tantas almas enfermas
De desesperos sem voz.

Onde tanto desdenhado
De Deus, que de certo o olvida,
Vive, até morrer, vergado
Ao peso da própria vida.

Vais chamar, em altos gritos
Como se fosse a um dever,
Desamparados e aflitos
- Para o consolo de crer.

E de casebre em casebre
Onde gente, a vida inteira,
Vive de trabalho e febre,
Morre de fome e canseira.

Afirmas à angústia surda
Do mísero tabaréu
Que o brejo em que ele chafurda
- É um caminho para o céu.

A cada pobre praiano
Que, na sua dura lida
De afrontar o largo oceano,
Vive de arriscar a vida.

Tu, consoladoramente,
Falas para lhe lembrar
Que há quem reze por a gente
- E há céu por cima do mar…

X
Da mesma igreja alvadia
Evolam-se as badaladas
E a reza da Ave Maria…
 

Evolam-se… Misturadas,
Só bem juntas para o ar
Onde, pálida e sozinha,
Tão alva, que resplandece,
Tão só, que vai a sonhar,
Caminha a lua, caminha,
E o céu, imenso, parece
Feito de sonho e luar…

XI
Humilde sino da vila
Que assim badalas, badalas,
Na paz da tarde tranquila:
Não, tu não falas à toa:
Percebo o que e a quem falas…
Perdoa!

Vicente de Carvalho.


Imagem: reprodução da página 27 com o texto original

A Cigarra - Ano 3/nº 40 - 1º de abril de 1916 -  páginas 14 e 15:


Imagem: reprodução da página 14 com o texto original

Arte de Amar

Se a tua amante é bela
E tens ciúme, finge que não o tens:
Não o perceba ela:
Ou caro pagarás
Com alma, corpo, e bens,
Cada uma dessas coisas pueris
Que um ciumento a cada passo faz
Ou diz.

Pois tua amante, fria como a neve
É bela
E finge que te quer bem.
Que mais reclamas? Ela
Com ser linda e fingir – dá quanto eve
E tem.

E quanto mais tiveres
Boas razões, menos dirás, que as tens:
Afinal, às mulheres,
Quando amadas e belas
Caro se paga em alma, em corpo, em bens,
A culpa sem perdão
De ter, ter contra elas,
Razão.

Queixas de amor que tiveres
Nunca as dês a entender. Nunca, a ninguém!
Mais valerá calá-las, e sorrir:
Ouvidos de mulheres
Só ouvem bem o que lhes soa bem
E lhes convém
Ouvir.

Pois tua linda amante
Finge que te ama – dá-te parabéns,
Declara-te feliz e sê galante:
O seu amor, que tu não tens,
Que falta faz?
Melhor do que possuir o amor, sempre exigente,
De uma mulher que além de ser amada é bela,
Mais vale à gente
Viver com ela
Em paz.

Engana-te ela e finge que és amado?
Engana-a tu também
Fingindo-te enganado:
Vivendo assim perfeitamente bem
Os dois.
Poupar-te-ás a quanto, injusta ou justa
Uma cena de ciúme sempre custa
Depois…

S. Paulo, abril de 1916 – Vicente de Carvalho.

ARTE DE AMAR - Os versos de Vicente de Carvalho que A Cigarra hoje publica são, como os Arrufos, publicados em nosso penúltimo número, trechos de um poemeto – A arte de amar, gracioso contraste da Rosa, rosa de amor… Naquele célebre poema, há um drama profundo de amor: na Arte de Amar, a comédia dos amores vulgares, com os seus incidentes tão comuns, mas sempre tão interessantes.

A Rosa, rosa de amor… é feita de sentimento: na Arte de Amar, predomina o tom irônico. Trata-se, porém, de uma obra do autor dos Poemas e Canções: quer dizer que não faltam nela surtos de alto lirismo.

Em seu próximo número A Cigarra dará uma amostra do lirismo entremeado nas ironias da Arte de Amar. Os leitores, e sobretudo as leitoras, já repararam, decerto, que A Cigarra goza o monopólio de publicar os versos inéditos de Vicente de Carvalho, notoriamente arredio da publicidade. Os versos de Arte de Amar, que hoje publica, são a 18ª poesia do ilustre poeta que, no decurso de dois anos da sua existência, A Cigarra estampa. Ler A Cigarra é o único meio de ler versos novos, e sempre tão novos, do poeta que é, ao mesmo tempo, o grande poeta paulista e um dos maiores líricos da língua portuguesa.


Imagem: reprodução da página 15 com o texto original


A Voz do Sino, de Vicente de Carvalho - lançamento
Anúncio publicado na revista paulistana A Cigarra, ano III, nº 41, de 30/4/1916, página 11

A Cigarra - Ano 3/nº 41 - 30 de abril de 1916 -  página 18:


Imagem: reprodução parcial da página 20 com o texto original

"Arte de amar..."

No trecho da Arte de Amar que A Cigarra publicou em seu último número, escapou um erro de revisão. Onde se lia:

                Se a tua amante é bela

E tens ciúme, finge que não o tens.

deve-se ler:

                Se tua amante é bela

E tens ciúme, finge que o não tens.

O trecho do mesmo poema que hoje damos é uma continuação dos Arrufos, publicados num dos nossos números precedentes. Como os nossos leitores hão de lembrar-se, os Arrufos terminaram por esta estrofe:

Seja fingido embora o teu agrado.

Agrada-me! Os teus modos infantis

Me dão a ideia de que sou amado.

                Nasceste atriz... És boa atriz...

Choras?... Isso me deixa consolado

                Do que fui, do que fiz.

A Cigarra - Ano 3/nº 41 - 30 de abril de 1916 -  página 20:


Imagem: reprodução parcial da página com o texto original

Arte de amar...

Ofendi-te... E depois, vejo-te humildemente

                Chorar.

Turvo, turvo de pranto, esse resplandecente

                Chorar.

 

Eis-me vingado, pois, bem vingado, de quanto

                Sofri

Do teu suave amor, do meu suave encanto

                Por ti.

 

Brutal, apunhalei-te a golpes de ironias

                Brutais.

Eu, que te quero tanto, a ti, que me querias

                Demais.

 

Há pouco, para mim, doido eu de amor, tu, doida

                De amor.

Sorria em tua boca em flor tu'alma, toda

                Em flor:

 

Desfolhei esse teu lindo sorriso, que era

                Assim.

- Mais ainda que em ti - como uma primavera

                Em mim.

 

E fiz todo esse mal que, com algumas frases,

                Te fiz.

Só porque te amo... Não: só porque tu me fazes

                Feliz.

 

Fui comigo também, mais que contigo ainda,

                Feroz:

Vendo-te assim chorar, tenho uma pena infinda

                De nós:

 

Provoquei esse pranto humilde e resignado:

                Depois.

Por fazer-te infeliz, sou o mais desgraçado

                Dos dois.

 

Sorris?Vais perdoar?... Mas, ó tu que és tão boa,

                O meu

Crime de te magoar, alguém o não perdoa:

                Sou eu.

Vicente de Carvalho.

Abril de 1916;

A Cigarra - Ano 3/nº 42 - 20 de maio de 1916 -  página 30:


Imagem: reprodução parcial da página com o texto original

Arte de amar

Nem mesmo com uma flor…
Diz o provérbio árabe. Parece
Que bem mais e bem melhor
Diria ele se dissesse:

Nem mesmo com uma frase
                Sequer,
Seja ela embora tão leve
                Ou quase
Como a mais leve pluma,
                Se deve
                Bater numa
                Mulher.

Maio de 1916 - Vicente de Carvalho.

A Cigarra - Ano 3/nº 54 - 9 de novembro de 1916 -  página 29:


Imagem: reprodução parcial da página com o texto original

A Rosa, rosa de amor…, de Vicente de Carvalho, quintessência do lirismo contemporâneo, merecia bem ser conhecida lá fora para ser admirada como se faz mister, para ser considerada como uma das obras primas da poesia universal. Não falta muito, felizmente, para que o nosso grande poeta, que é uma lídima glória brasileira, tenha essa consagração valiosa. Quase todas as maravilhosas joias dos Poemas e Canções têm sido traduzidas, por autores diversos, para o italiano em prosa ou verso. O mesmo vai agora suceder à Rosa, rosa de amor… A versão que hoje publicamos da admirável poesia A Primeira Sombra é da distinta escritora italiana sra. D. Josephina Bertacchi, que parece bem ter vazado no seu excelente trabalho a alma luminosa e nostálgica do primoroso poeta.

Consta-nos que brevemente será reunida a maior parte dessas traduções da obra de Vicente de Carvalho num volume que terá por título Um poeta brasiliano.

É uma justa homenagem que assim vai ser prestada ao nosso ilustre patrício, êmulo e rival de Petrarca e Lorenzo Stecchetti (Olindo Guerrini).

Para A Cigarra
"La prima Ombra" (Vicente de carvalho)
Tradução de Josephina Bertacchi

- Mi vuoi bem… mivuoi mal… - Dunque é deciso
Che un fiori affermi ció ch'io dico e vedi?
Eppure lo sguardo, volto al tuo sorriso,
Dice che t'amo, e scorge benche il credi. –

- Mi vuoi bem… mi vuoi mal… - Dunque, smarrita,
Quasi aspettando una sentenza orrenda,
Pensi che possa attenebrar la vita
D'un fiore l'ombra che tra noi discenda? –

- Mi vuoi mal… mi vuoi mal… - Da ieri quando
Mancasti, indovinai ció che il fiore dice.
Sei presso a me, ti fisso lacrimando,
Mi baci ancora, e pur non son felice. –

Sei mio, t'abbraccio come ai di giulivi:
Ma, quasi opressa da un timore arcano.
Sento il rumor di passi fuggitivi,
Che ti portano via lontan, lontano.

Dimmi che è sogno, ch'è follia di un'ora:
Giura che son felice, che sei mio;
E che il bacio che ancor la bocca irrora,
Non è l'anima tua che dice addio.

L'amorosa dolcezza del tuo verso
Mi scese all'alma: io nel tuo verso ho appreso
Il senso dell'Amor, questo universo
Radioso, immenso e tutto in te compreso.

La tua voce chiamó. D'incanto io piena
L'ascoltai, la seguii, divin sussurro!
Parla d'amore! Nontacer, Sirena,
Che m'attraesti nel tuo mar d'azzurro.

Coll'alma avvolta in cenci di mendica.
Vo seguendo del tuo passo il rumore.
Non mi lasciare! Io saró l'ombra amica;
Né vó indagar dove mi tragge amore.

Amami, non lasciarmi! L'amorosa
Aurora ride nel bel ciel sereno.
Giovane e bella, io t'amo. Amami! Posa
Sognando il capo sul mio ignudo seno.

Oh, che allegro mattin nel core albeggia.
Tanto amata da te, mio chiaro sole!
Io ti ho dato la vita. É tua. Festeggia
La primavera mia che dona e vuole.

O mio diletto, qual angel sul ramo
Facesti a caso del mio petto il seggio.
Non mi lasciare! Ancor voglio il gorheggio
Com che il tuo bacio mi diceve: Io t'amo!

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