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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - POETA DO MAR
Vicente de Carvalho (1)

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Um resumo biográfico foi publicado no terceiro volume da obra conjunta História de Santos/Poliantéia Santista, de Francisco Martins dos Santos/Fernando Martins Lichti (Santos, 1996):
 
SÍNTESE ANTOLÓGICA DOS POETAS DE SANTOS
Vicente de Carvalho

Vicente Augusto de Carvalho. Nascido em Santos a 6 (N.E.: SIC: correto é dia 5) de abril de 1866 e falecido a 21 (N.E.: SIC: o falecimento foi no dia 22) de abril de 1924. Formado em Direito. Foi ministro do Tribunal de Justiça. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Paulista de Letras. Foi poeta, comediógrafo e romancista. Deixou uma vasta obra literária e jurídica. Foi considerado o grande poeta do mar, pela sua paixão pelas praias de Santos, por ele tão cantadas em seus versos.

Bibliografia: "Ardentias" (versos, 1885); "Versos da Mocidade" (1885); "Relicário" (versos, 1888); "Rosa, rosa de amor" (poema, 1902); "Poemas e Canções" (versos, 1908) e mais uma farta bibliografia.


Vicente de Carvalho, o Poeta do Mar,
como era conhecido pela presença constante deste tema em suas composições, foi considerado, com destaque, entre os maiores poetas brasileiros. Foi um santista que muito projetou a sua querida Santos, como advogado, deputado, secretário de governo, jornalista, juiz de direito e membro da Academia Paulista de Letras e da Academia Brasileira de Letras.
Poemas e Canções, sua obra máxima, chegou à 17ª edição - fato raríssimo na literatura nacional
Foto: Poliantéia Santista/História de Santos, publicada com o texto

Velho Tema

Só a leve esperança, em toda a vida,
disfarça a pena de viver, mais nada;
nem é mais a existência resumida,
que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
sonho que a traz ansiosa e embevecida,
é uma hora feliz, sempre adiada
e que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
árvore milagrosa que sonhamos
toda arreada de dourados pomos,

existe sim: mas nós não a alcançamos
porque está sempre apenas onde a pomos
e nunca a pomos onde nós estamos.

 


Vicente de Carvalho e família, em São Paulo (1912):
1 - Mercedes; 2 - Maria Conceição (Ceição); 3 - Ermelinda (Dinda); 4 - Adelaide (Lalaide);
5 - José Higino (Major); 6 - Ermelinda (Biloca); 7 - Arnaldo; 8 - Maria Augusta (Malala);
9 - Augusto (Tareco); 10 - Paulo; 11 - Vicente de Carvalho; 12 - Benedito Arnaldo (Mimi);
13 - Francisco (Chico); 14 - Vicentina (Botão); 15 - Maria da Piedade (Dadinha).
Foto: Poliantéia Santista/História de Santos, publicada com o texto

Vicente de Carvalho - Dr.
(Vicente Augusto de Carvalho)

Nascido em Santos, a 5 de abril de 1866.

Com a idade de 11/12 anos (1877 a 1878) esteve empregado em uma casa comercial, deixando-a logo depois, para matricular-se no curso de preparatórios em São Paulo.

Em 1882, obteve dispensa de idade, matriculando-se no Curso de Direito na Faculdade de São Paulo, com 16 anos de idade, e obtendo a 8 de novembro de 1886, com 20 anos, o grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais.

Durante sua vida acadêmica foi redator da Idéia e da República, onde só escreveu versos, iniciando a prosa no seu terceiro ano de curso, numa polêmica com o poeta Dias da Rocha. Em 1885, publicou o seu primeiro livro de versos, Ardentias, e, em 1888, O Relicário, também de poemas.

Depois de formado, voltou a Santos, onde passou a integrar o movimento abolicionista, subscrevendo artigos e folhetins de propaganda.

Vicente de Carvalho começou a escrever em dois pequenos jornais da mocidade, O Patriota e Idéia Nova. Escrevia em todos os números, em prosa e em verso. No jornal Piratiny escreveu o seu primeiro artigo de crítica política sob o título Um Trânsfuga, artigo contra o dr. Rodolfo Fabrino. Em maio de 1889 redigiu o Diário de Santos, e em 1890 fundou o Diário da Manhã. Em 1902 publicava o seu poema Rosa, Rosa com Amor; em 1908, Poemas e Canções.

Vicente de Carvalho foi diretor do Partido Republicano Municipal, em mais de uma oportunidade, sendo a primeira em 1885, com 19 anos de idade.

Agindo como Republicano e Abolicionista, atuou junto a Silva Jardim, Rubim César, Miranda Azevedo e Augusto Fomm, entre outros. Foi deputado à Constituinte Paulista de 1891, sendo nomeado para a comissão de redação da Constituição do Estado, assim como um dos oito deputados que renunciaram, após a aprovação da proposta de apoio ao golpe de Estado do Marechal Deodoro.

Tomou parte ativa no movimento para deposição do Presidente do Estado, Américo Brasiliense. Depois de assumido o governo estadual pelo dr. José Alves de Cerqueira César, foi Vicente de Carvalho nomeado para a pasta do Interior. Abandonando a vida pública em virtude de divergências no Governo, em 1895 publicou em O Estado de S. Paulo uma Carta Aberta, na qual, sob a influência das doutrinas positivistas, declarou também abandonar o jornalismo.

Tornou-se, então, agricultor e advogado, mantendo fazenda de café em Franca e banca jurídica em Santos. Um ano após comprar a fazenda em Franca, começou a crise do café que se agravou em 1899. Vicente de Carvalho toma a frente da reação agrícola-econômica de São Paulo, concluindo um plano de aquisição, pelo governo, das sobras do café e respectiva queima, terminando com uma representação ao Congresso do Estado, de 11 de maio de 1901, subscrita por mais de duzentos agricultores. Naquele mesmo ano publica Solução da Crise do Café, que, anos depois, seria adotada como solução do problema (1929).

Em 1908, por motivo de moléstia, Vicente de Carvalho transfere a sua banca de advocacia para São Paulo. Depois de alguns meses e coincidindo sua transferência com a criação das Varas Criminais da Capital, foi nomeado Juiz Criminal da 3ª Vara Cível, chegando a desempenhar, em certa ocasião, as três varas. Depois de algum tempo foi nomeado Ministro do Tribunal de Justiça.

Vicente de Carvalho foi um dos fundadores do Liceu Feminino Santista. Era membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Paulista de Letras. Em 1909, publicou Verso e Prosa, e, em 1918, Luisinha, comédia em dois atos.

Depois de 22 de agosto de 1921, publica a Carta Aberta ao Presidente da República, ofertada ao dr. Epitácio Pessoa (presidente da República na época) e da qual resultou a salvação das praias santistas, do aforamento por particulares, tornando-se, assim, patrimônio público.

Faleceu Vicente de Carvalho, em Santos, no dia 22 de abril de 1924, deixando grande número de obras editadas e muitas outras inéditas.

Na sua obra Veja Santos (2ª edição, 1975, edição do autor, Santos/SP), o falecido jornalista Olao Rodrigues registrou, com referência à Avenida Vicente de Carvalho:


Bico-de-pena do Dicionário Literário Brasileiro, de Raimundo de Menezes, publicado em Veja Santos

Vicente de Carvalho

Avenida - Bairros: Gonzaga/Boqueirão.
C. Av. Conselheiro Nébias (860-862).
F. Av. Ana Costa (555).

Figurava na Planta sob nº 318. Na sessão ordinária da Câmara Municipal realizada a 13 de junho de 1917, o vereador João Manuel Alfaia Rodrigues Junior apresentou a Indicação nº 18, acolhida, em a qual propôs que a Praia entre a Avenida Ana Costa e a Avenida Conselheiro Nébias, conhecida por Praia do Boqueirão, passasse a denominar-se Vicente de Carvalho, a quem elogiou como poeta e jurisconsulto, recordando que, no dia 10 daquele ano e mês, fora ele alvo de excepcional homenagem em São Paulo.

Como se sabe, toda a extensão da avenida à beira-mar tinha a denominação de Bartolomeu de Gusmão. A Avenida Vicente de Carvalho foi oficializada pela lei nº 647, de 16 de fevereiro de 1921, que entrou em vigor a 1º de janeiro de 1922, sancionada pelo prefeito municipal, coronel Joaquim Montenegro.

A Fonte Luminosa do Boqueirão também recebeu o nome do ilustre santense, por meio da lei nº. 2.129, de 17 de dezembro de 1958, do prefeito Sílvio Fernandes Lopes. No jardim da Praia do Boqueirão localiza-se a estátua que eterniza sua memória, inuaugurada a 21 de julho de 1946, em cerimônia presidida pelo embaixador José Carlos de Macedo Soares, interventor federal no Estado de São Paulo. A Praça do Boqueirão, onde começa a Avenida Vicente de Carvalho, foi inaugurada a 26 de janeiro de 1957, pelo dr. Antônio Feliciano, seu criador.

Pela lei nº 1.488, de 25 de maio de 1953, o prefeito municipal, dr. Antonio Feliciano, declarou de utilidade pública o local denominado Indaiá, em Bertioga, antiga residência praiana de Vicente de Carvalho, nos termos do projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal, na sessão extraordinária de 12 de maio de 1953. Também o túmulo do poeta e jurisconsulto santista foi considerado Monumento Nacional por força do decreto-lei nº 392, de 25 de março de 1944, assinado pelo prefeito municipal, dr. Antônio Gomide Ribeiro dos Santos.

No dia 8 de março de 1949, por iniciativa da Câmara Municipal, houve cerimônia na Biblioteca Pública Municipal em homenagem à memória de Vicente de Carvalho, Martins Fontes, Paulo Gonçalves e Monteiro Lobato, com a inauguração das placas com seus nomes. Foi orador oficial o sr. Cherubim Correia, agradecendo os srs. Paulo Mesquita de Carvalho, Velsírio Martins Fontes e Manuel Gonçalves.

Lei nº 3.177, de 5 de outubro de 1965, promulgada pelo prefeito municipal, dr. Sílvio Fernandes Lopes, oficializou os atos comemorativos do centenário do nascimento de Vicente de Carvalho, ocorrido a 5 de abril de 1966, segundo projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal, na sessão de 21 de setembro de 1965.

Na sessão da Câmara Municipal realizada a 26 de maio de 1924, seu presidente, dr. B. de Moura Ribeiro, comunicou que o sr. Higino de Carvalho fora agradecer, em nome da família, as homenagens que a Municipalidade tributara à memória de Vicente de Carvalho. Nessa mesma sessão, o sr. Arnaldo Ferreira de Aguiar indicou que a Escola Municipal de Bertioga passasse a chamar-se Escola Vicente de Carvalho, com aprovação geral.


Vicente Augusto de Carvalho nasceu em Santos a 5 de abril de 1866, filho do major Higino José Botelho de Carvalho e de Da. Augusta Carolina Bueno de Carvalho, descendendo em linha reta de Amador Bueno. Depois de cursar o Seminário Episcopal, em São Paulo, bacharelou-se pela Faculdade de Direito, também de São Paulo, quando contava 21 anos de idade incompletos.

Abolicionista convicto e republicano veemente, defendia suas idéias em jornais de Santos e São Paulo. Fez parte da chamada Boêmia Abolicionista, cujas reuniões, por vezes, se realizavam em bancos de praças públicas, impedidos pela polícia os seus integrantes de irem à sede do movimento cívico.

Em 1855 (N.E.: SIC: correto é 1885), Vicente de Carvalho publicou seu primeiro livro de versos - Ardentias -, dedicando-o a seus pais e cujo nome foi inspirado na fosforescência das ondas. Casou em 1887, com Da. Ermelinda Ferreira de Mesquita e um ano depois lançou Relicário. Eleito deputado ao Congresso Constituinte do Estado, fez parte da Comissão que elaborou a Constituição. Em 1892, ao organizar-se o primeiro Governo Constitucional do Estado, foi nomeado para a Secretaria do Interior, deixando-a por ocasião do golpe de Estado desfechado por Deodoro.

Depois de tornar-se fazendeiro de café na cidade de Franca, tornou a Santos em 1901 e dedicou-se à advocacia, além de fundar com João da Silva Martins, em 1902, a firma Silva Martins & Cia., que explorava a navegação na Ribeira de Iguape.

Nos anos de 1905, 1909 e 1912 esteve na Europa. Em Santos escrevia para o Diário de Santos e fundou o Diário da Manhã e O Jornal, além de colaborar em A Tribuna, O Estado de São Paulo e em outros órgãos da Imprensa.

Durante uma pescaria, seu esporte predileto, feriu-se seriamente num dos dedos, tendo de amputar o braço por volta de 1907.

Sua grande obra - Poemas e Canções - foi publicada em 1909, obtendo grande sucesso. Seguindo a carreira jurídica, tornou-se ministro do Tribunal de Estado e jurisconsulto de renome. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras e à Academia Paulista de Letras.

Poeta do Mar, fez dele o tema predileto de suas obras, entre as quais, além de Relicário, Ardentias e Poemas e Canções, devem ser assinalados: Rosa, Rosa de Amor, Verso e Prosa, Páginas Soltas. Uma candidatura à Associação Paulista de Letras e A Voz do Sino.

Quando secretário do Interior, durante o governo do vice-presidente em exercício, Dr. Cerqueira César, Vicente de Carvalho teve destacada atuação, assinalando-se estes trabalhos, entre muitos outros: reforma na instrução primária e profissional; organização da Estatística do Estado; organização do serviço sanitário e montagem dos primeiros hospitais de isolamento.

O grande jurisconsulto e poeta faleceu em Santos a 22 de abril de 1924, deixando ilustre descendência. Patrono da agremiação recreativo-esportiva dos alunos e ex-alunos do Instituto Canadá de Santos.

As exéquias oficiais foram celebradas a 22 de maio de 1924, com solene missa de 30º dia na Igreja do Carmo, a que se seguiu visita ao túmulo do pranteado homem de Letras, quando a Municipalidade depositou sobre sua sepultura coroa de rosas naturais, que era a flor de preferência do grande santense.

Vale assinalar o ato da Câmara Municipal de Santos, no dia 6 de junho de 1917, presidida pelo dr. B. de Moura Ribeiro, quando o coronel Joaquim Montenegro, justificando que Vicente de Carvalho seria homenageado a 11 daquele mês e ano por motivo do lançamento do seu livro Rosa, Rosa de Amor, indicou que o Legislativo compartilhasse da festividade, dando ciência antecipada ao homenageado.


Casa onde Vicente de Carvalho faleceu, na Rua Oswaldo Cruz, 455, no Boqueirão, em Santos
Foto: Waldir Rueda Martins, em 21/9/2005

Nota publicada na seção Do Leitor do jornal santista A Tribuna, em 1º de julho de 2010, página A-2:
A "casa" de VC

Nada justifica a perda do patrimônio de uma cidade. Sempre fui contra a demolição de qualquer imóvel, pois todos têm a sua história.

Em 2004, solicitei ao vereador Odair Gonzales que, com muita boa vontade e preocupado com as coisas da Cidade, conseguiu aprovar uma ideia que eu tive: que todos os imóveis com mais de 50 anos, antes da sua demolição, o proprietário terá que tirar e colocar no processo cinco fotografias; assim, teremos parte da história preservada pela Lei Complementar nº 496/2004.

Em 2005, cogitei solicitar o tombamento da casa onde faleceu o poeta Vicente de Carvalho, na Rua Osvaldo Cruz, 455. É um bom motivo para o tombamento, já que ele faleceu no local, sim, até acredito. Ainda em 2005, por estar convencido de que a casa não era do poeta, procurei o vereador Reinaldo Martins, que de pronto me atendeu e fez uma indicação, de nº 0295/2005, para que se colocasse uma placa no imóvel informando que ali faleceu o poeta. Até hoje aguardo a colocação da plaquinha, embora saiba que não é culpa do vereador.

Waldir Rueda - Historiador.

Matéria no jornal santista A Tribuna, em 5 de julho de 2010, página A-7:

Derrubada ontem uma palmeira imperial que enfeitava a casa onde Vicente de Carvalho foi socorrido

Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

Família do poeta fala de seus últimos dias

Patrícia Fagueiro e Samuel Rodrigues

Da Redação

Rua Osvaldo Cruz, 455, Boqueirão. Na casa onde o poeta santista Vicente de Carvalho (1866-1924) foi socorrido dias antes de sua morte morava o filho dele, o despachante aduaneiro Higino Mesquita Carvalho. O poeta não passou mal em uma pescaria, mas no meio de uma viagem a Iguape, onde acompanhava o então governador do Estado de São Paulo, Washington Luiz.

Essa é a versão da família do Poeta do Mar, diferente de algumas informações transmitidas pelo historiador Waldir Rueda à A Tribuna, em matéria publicada no dia 26 de junho. Rueda disse que o poeta havia passado mal em uma pescaria e retornou à cidade a bordo de um barco que aportou na praia, em frente à Rua Osvaldo Cruz. Além disso, informou que a casa onde o poeta recebeu assistência era de um amigo dele.

Carlos Eugênio Pettená, marido da neta de Vicente de Carvalho, Helena de Carvalho Pettená, diz que o poeta era dono da Companhia Fluvial Sul Paulista, que ficava em Iguape: "Inclusive a principal embarcação da empresa tinha o nome de Vicente de Carvalho".

O poeta levava Washington Luiz ao Vale do Ribeira, mas no meio do caminho, em Registro, sentiu-se mal e a viagem foi cancelada. Retornando a Santos, muito debilitado devido a uma pneumonia, foi conduzido à casa do filho, onde faleceu três dias depois. O Poeta do Mar residia em São Paulo.

Pettená explica como era feita a viagem a Iguape naquela época: "Ia-se de trem de Santos a Juquiá. Em Juquiá, o barco já esperava pelo trem. A embarcação trafegava pelo Rio Juquiá até o Rio Ribeira para chegar a Registro. À noite, a embarcação não trafegava e os ocupantes dormiam a bordo. No dia seguinte, o barco descia o rio até chegar a Iguape, o que demorava quase 12 horas", conta.

Os familiares não sabem se Higino era proprietário da casa ou se o imóvel era alugado. Depois dele, nenhum outro parente de Vicente de Carvalho residiu na casa, que hoje está em precárias condições.

Ao chão - Foi derrubada na manhã de ontem a palmeira imperial centenária que enfeitava a fachada da casa onde o poeta Vicente de Carvalho foi socorrido após passar mal. Condenada, a árvore pendia e ameaçava cair, o que colocava em risco um prédio de três andares ao lado do imóvel.

Três homens, um deles munido de serra elétrica, realizaram o trabalho. Por volta de 11 horas, o último pedaço do tronco foi colocado no chão, sob os olhares de curiosos que passavam pelo local. Uma fenda na base constatou que seu interior estava mole devido a uma infestação de cupins. Ao invés de madeira sólida, era de serragem que se compunha o miolo da palmeira.

Moradores da vizinhança queixavam-se dos riscos que corriam. Um deles, que acompanhou toda a ação mas não quis se identificar, lembrou que às terças-feiras há uma feira-livre naquela via e que um acidente certamente deixaria vítimas fatais.

O proprietário da empresa Ferreira Demolição, José Luís Ferreira, conduziu o trabalho de derrubada. Ele tinha em mãos uma autorização assinada pelo advogado José Carlos Marzabel Paulino, que luta na Justiça para conquistar a posse da casa. E confirmou que, ali, a palmeira realmente representava um risco aos transeuntes. "A gente cortou para evitar um acidente e para depois não chorar uma possível consequência".

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