Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/cultura/cult008g.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 03/14/11 10:10:36
Clique na imagem para voltar à página principal
CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - O "Vulcão"
Martins Fontes (7)

Leva para a página anterior
Notícia sobre uma homenagem de Vargas Villa a Martins Fontes foi dada na edição de 28 de março de 1928 do jornal paulistano Folha da Noite, em sua primeira página (ortografia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da página 1 do jornal paulistano Folha da Noite, de 28/3/1928

Odisséia Romântica

Vargas Vila, em seu novo livro, exalta a alma lírica de Martins Fontes

MADRID, março (Comunicado da Agência Brasileira) - O escritor venezuelano Vargas Vila, que se popularizou em todos os países hispano-americanos pela sua obra de panfletário e de esteta, acaba de publicar um novo livro, que faz parte da série editada pela Bibliotheca Nueva, de Madrid. Odisea Romantica é o título do trabalho de Vargas Vila, que reúne num volume de 262 páginas, entre outros estudos literários, um relato muito interessante da sua passagem pelo Brasil.

Encontra-se aí uma referência entusiástica ao poeta brasileiro, sr. Martins Fontes, que recebeu e hospedou em Santos o popular escritor, o qual assim se externa sobre a sua recepção naquela cidade:

"Os passageiros descem para ver a cidade; preparo-me para fazê-lo, porém devo desistir, porque me chega uma encantadora e amável visita: Martins Fontes, o primeiro poeta dos que hoje escrevem em língua lusitana... Martins Fontes não é um poeta brasileiro. Martins Fontes é toda a Poesia do Brasil, do Brasil de hoje, cantado na língua de Camões; a mais esquisita [*] sensibilidade de homem unida à mais poderosa inspiração de poeta; artista até à medula dos ossos e melodioso até à última fibra do seu coração, este Poeta - hoje o primeiro lírico e o primeiro lirófico da América Lusitana - é o Aedo Perfeito, que vive seus cantos antes de dizê-los, e cuja vida é um poema de luz: um bardo alado como um arcanjo, as asas de cuja inspiração fazem sombra às do Hipogrifo de Fogo em que cavalgava aquele Apolo Sonhador, as cordas de cuja lira, feitas de fibras do Sol, foram arrancadas por sua mão ao coração ígneo do Astro...

"Alma vestida de luz, a gama lírica de suas canções não foi aprendida, mas roubada por ele à linguagem incriada que dorme nos lábios virgens do Divino Mistério...

"Nesta época de míngua para a lírica americana, a figura de Martins Fontes ressalta como a do maior lírico contemporâneo, dos que fazem ressoar suas músicas divinas do Atlântico ao Pacífico e do Golfo do México ao Estreito de Magalhães! Ele não vinha só, o poeta admirável! Acompanhava-o seu pai, o venerável galeno a quem deve o Brasil mais de metade de suas conquistas em profilaxia; o doutor Fontes não é só libertador do sofrimento, como médico, mas também libertador de almas, como filósofo; é o apóstolo do livre pensamento no Brasil; quarenta anos de campanhas, de combates sem tréguas, põem naquela fronte uma auréola ilimitada de prestígio... Eu sabia tudo isso quando estreitei com carinho aquela mão e a retive largo tempo entre as minhas".


Imagem: primeira página do jornal paulistano Folha da Noite, de 28 de março de 1928

[*] N.E.: em espanhol, o vocábulo esquisita, aqui traduzido literalmente pelo jornal, tem sentido diferente, não depreciativo como em português, aproximando-se do sentido de estranha, diferente, curiosa.


Grupo tirado no dia 16 de março de 1924, quando da visita a Santos de Vargas Vila, 
vendo-se, à direita, sentado, Martins Fontes
Foto: revista Flama, maio de 1944, edição (ano XXIII, nº 5) em homenagem a Martins Fontes

Leva para a página seguinte da série