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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - O "Vulcão"
Martins Fontes (1)

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Médico e literato, José Martins Fontes foi personalidade de destaque na vida santista na primeira metade do século XX. Uma de suas frases ficou famosa na região, e continuou sendo repetida por muitos, nas décadas seguintes: "Como é bom ser bom!". Sobre ele, o jornalista Hamleto Rosato registrou em 23 de junho de 2004, na sua coluna A Tribuna nos anos 60, no jornal santista A Tribuna, referente ao dia 23/6/1963:

A TRIBUNA NOS ANOS 60
Santos, 23 de junho de 1963 (domingo)

Hamleto Rosato

Data dos 79 anos de Martins Fontes

Sem qualquer bairrismo, pois não tivemos a ventura de nascer nesta terra que serviu de berço natal a José Bonifácio e a tantos outros, que nenhuma outra cidade do Brasil pode apresentar, registremos que nesta data, no ano de 1884, nascia José Martins Fontes, o Poeta Vulcão. Mais um ilustre santista para glorificar a história literária do País. Durante os 53 anos que viveu, Martins Fontes espalhou belezas poéticas, caridade e amor fraterno. De tal sorte viveu que no dia 25 de junho de 1937 não foi apenas Santos que chorou sua morte, mas todo o Brasil e em alguns países sua morte também foi sentida. Ele não falou apenas, mas deixou escritas estas palavras que estão se fazendo necessárias nos dias de hoje: "Como é bom ser bom".

Pela grandeza de sua alma, Martins Fontes sempre esteve de bem com a vida
e as fotos revelam isso
Fotos: reproduções, publicadas com a matéria

A notícia da morte do poeta foi relembrada no livro 36 mil dias de Jornalismo - A história nas páginas de A Tribuna (de Eron Brum, 1994, Editora A Tribuna, Santos/SP):

Martins Fontes

Por volta das 11h45 horas a cidade foi abalada com a notícia da morte do ilustre santista José Martins Fontes. A fatal informação do desaparecimento desse grande vulto da intelectualidade, cuja projeção espiritual ultrapassara as fronteiras pátrias, circulou com extraordinária rapidez pelos pontos cardeais da "cidade nymphéa" que ele tanto amou e dignificou.

A morte do cintilante poeta santista repercutiu dolorosamente em todos os círculos sociais causando funda e sincera consternação, porque Martins Fontes, possuidor de uma delicada sensibilidade e de uma esmerada educação, sabia fazer de cada criatura que encontrasse não só um admirador exaltado de suas qualidades de esteta primoroso, como também um panegirista de suas virtudes de homem de coração.

Simples e afável nas maneiras, tratando a todos com aquela jovialidade e fidalguia que o tornaram tão popular, o fulgurante cantor de Verão deixa um vácuo impreenchível na sociedade santense, de que era um elemento dos mais destacados.

Internado no Hospital da Sociedade Beneficência Portuguesa, na mesma manhã de sua morte, em conseqüência de se terem agravado os padecimentos que vinha sofrendo nos últimos dias, expirou o ilustre clínico e delicado poeta que dignificou a Pátria pelos seus incontestáveis méritos pessoais.

José Martins Fontes, o Zezinho, como carinhosamente o chamavam seus amigos, nasceu em Santos a 23 de junho de 1884, tendo completado 53 anos dois dias antes de sua morte, a 25 de junho de 1937. Formou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, publicou inúmeras pesquisas científicas e livros de poesia.

Palavras

"Chegara Martins Fontes, de há muito tempo, à absoluta perfeição em todas as coisas, pela inteligência, pelo talento, pelo caráter, pelo coração" - Valdomiro Silveira.

"Martins Fontes, no que foi pelo caráter e pelo coração, será um paradigma de minha vida" - Aristeo Seixas.

"Pensando em Martins Fontes, meu querido e inolvidável Zezinho, ainda hei de viver as melhores recordações de minha vida" - Samuel Ribeiro.

"Meu filho perguntou-me: 'Quem morreu?' E eu lhe respondi: o Sol" - Mariano Gomes.

"A cidade de Santos vestiu-se de luto, porque acaba de desaparecer aquele que, na verdade, era o Sol da nossa terra" - Archimedes Bava.

"Neste momento, só posso render ao meu queridíssimo Fontes a homenagem do silêncio" - Galeão Coutinho.

No mesmo livro, a transcrição de uma obra do poeta publicada em 25/8/1937, mantida a grafia da época:

25 DE AGOSTO
1937

Sonho de um dia de primavera

Quando eu morrer, quero somente
Ter uma campa toda em flôr...
Nella um rosal sobrevivente
Immortalize o meu amor...

Porque o meu ultimo desejo
É que esse tumulo risonho
Tendo o silencio para o beijo
Seja um recanto para o sonho

Para um dia uns namorados,
Vendo esse ninho encantador,
Nelle, escondidos e abraçados,
Venham falar do seu amôr...

Essa é a ventura mais secreta,
Que pôde ter a alma florida
E apaixonada de um poeta

Bemdita seja a minha sorte
De enamorado sonhador,
Si acaso eu fôr, depois da morte,
A alegre sombra de uma flor.

Das recompensas gloriosas,
Essa é a mais íntima e sincera...
O amôr não vive como rosas
Um dia em cada primavera!

Tudo se acaba neste mundo!...
A vida é apenas uma flôr...
Mas, no infinito de um segundo
O amôr é sempre o eterno amôr!...

Martins Fontes

Sobre o poeta, o Diário Oficial de Santos publicou em 25 de junho de 2004, na coluna Memória Santista:

José M. Fontes
Foto: acervo Fundação Arquivo e Memória de Santos (FAMS)
MEMÓRIA SANTISTA
Martins Fontes

Conhecido pela população santista como Zezinho Fontes, o poeta parnasiano José Martins Fontes nasceu em Santos, no dia 23 de junho de 1884, da união entre o médico Silvério Martins Fontes e Isabel Martins Fontes.

Martins Fontes começou a escrever muito cedo e, aos oito anos de idade, teve seus versos publicados em um jornal manuscrito, chamado A Metralhadora.

Aos 16 anos, ele lê uma composição de sua autoria na inauguração do monumento levantado, próximo à Biquinha, em São Vicente, na comemoração ao 4º. centenário do Descobrimento do Brasil. Seu primeiro livro de poesia, Verão, foi publicado em 1917.

Martins Fontes estudou nos melhores colégios de Santos e Jacareí, até transferir-se para o Rio de Janeiro. Lá, doutorou-se em Medicina, em 1906, e conviveu com poetas como Olavo Bilac e Coelho Netto. Em 1910, foi auxiliar de Oswaldo Cruz na campanha de saneamento do Rio de Janeiro. Em 1914, mudou-se para Paris (França) e lá fundou, com Olavo Bilac, uma Agência Americana para serviços de propaganda dos produtos brasileiros na Europa e em outros países.

Martins Fontes morreu aos 53 anos, aqui em Santos. Seu corpo está sepultado no Cemitério do Paquetá e seu túmulo é um dos mais visitados pela população santista.

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