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Textos de Pagu
"Eleito!
Já não serei mais agora a que renunciou isolada,
A que se intimidou diante das vidas maltraçadas,
E pereceu na sombra, órfã de amor.
Procura ler nos meus olhos todos os consentimentos,
E mata a tua sede
Na pedra que se fez fonte para te dessedentar.
Deus pôs sol no meu cabelo e neve nas minhas mãos.
Se te encanta a paisagem contraditória do meu ser,
Passeia sobre ela teu cansaço contemplativo.
Depois parte ou fica para sempre…(hás de ser sempre o
eleito!)
Mas – por favor -
Não me perguntes nunca de onde vim, quem fui, para onde
vou."
"O teatro Colombo, opaco e iluminado, indiferente aos estômagos vazios recebe a aristocracia
pequeno burguesa do Brás, que ainda tem dinheiro pra cinema….
…mas a massa que não vai ao cinema se atropela no largo em torno da bandeira vermelha onde a foice
e o martelo ameaçam. Cartazes rubros incitam a revolta. Línguas atrapalhadas mas ardentes se misturam nos discursos. O Brás acorda. A revolta é
alegre. A greve, uma festa".
Livro Parque Industrial
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"Ele tinha apenas um mês e eu já receava que, sentindo meus beijos, a estrutura a ser realizada se
alterasse. e só à noite, quando alguma vez podia fugir de todo mundo, quando ninguém me observava, então eu o beijava tão levemente e, ao mesmo
tempo, com tanta força nos cabelos louros e molhava seus pezinhos com minhas lágrimas. Se você soubesse como ele era lindo no seu pijaminha, o
polegar deformando a boca e a outra mão atrapalhada nos cabelos…A minha ternura necessitava esmagá-lo no meu seio. mas ele não devia conhecer essa
ternura criminosa. Nem ele, nem ninguém".
Carta para Rudá
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"Essa prosa límpida ajusta-se sempre à limpidez da água, aos seus movimentos e à sua iluminação.
poucos escritores a reencontrarão para aplicá-la aos nossos trechos de mar. e se torna de repente ilustre esse cenário de romance, inspirador de uma
parte grande dessa 'escada', admirável apenas pelo seu estilo, pelas ressonâncias deste mar, que nessas páginas insistem em bater e se reproduzir em
linguagem".
Cor Local – Jornal A Tribuna
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"Foi no dia 28 de maio, de 1956, segunda-feira última, que o Teatro Universitário Santista (TUS)
iniciou as suas atividades. Sob a égide de Ibsen, em comemoração ao cinqüentenário da morte do grande mestre dramaturgo da Noruega, um punhado9 de
jovens das faculdades de Santos, pertencentes, em sua totalidade, à Associação Universitária Santista, lançou as bases de seu 'Pequeno Teatro',
inaugurado oficialmente e com o desejo e o ideal de realizar uma aventura orgulhosa, concordando com o espírito de pesquisa e rebeldia que deve
reinar numa geração decidida a demonstrar que há muita coisa ainda a se fazer neste mundo."
Jornal A Tribuna
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"Eu julgava poder salvar da inconsciência as jovens catadeiras, os pescadores, os marinheiros que
fazem ponto no quintal de dona Maria. As crianças dos trabalhadores, dos marinheiros. Eu, ridiculamente grandiosa, porque lutava por aquelas
crianças, olhando-as como se fossem minhas, como se eu as salvasse todos os dias. Meu filho, meu Rudazinho, era aquela cabeça loira de um José,
aqueles olhos diferentes do garoto nipo-brasileiro, a carícia do menininho de luto, a voz do Quinzinho, que quase não se ouvia do meio do brejo… Eu
lutava, lutava por todos eles, e por todas as crianças do mundo. Essa era a felicidade sonhada… o conforto e a fartura de vida dentro do meu
quartinho cheio de chuva".
"No momento, na minha sinceridade e honestidade eram absolutas, creio eu. Tudo, contanto que a
revolução se fizesse internacionalmente, QUE A HUMANIDADE VENCESSE, QUE A VERDADEIRA JUSTIÇA TRIUNFASSE. Pensava no amor, livre de todo
artificialismo, elevado a seu verdadeiro lugar, enriquecido pela liberdade".
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