Imagem: reprodução do texto original
Soneto em dezembro
E o Menino nasceu, e nós, meninos
feitos de tempo e não de eternidade,
recobramos o rosto que perdêramos
entre os ferros do mundo e a lei dos homens.
Já podemos sorrir, e nossa boca,
Feita de pó e solidão, é salva;
Sobre a palha tocamos o intocável
- amor que aspira amar, porém se cala.
Calem-se agora os muros e as bandeiras:
A Noite junta os homens dispersados,
E as mãos se encontram e, enfim, se reconhecem.
Longe canta uma estrela. Longe canta,
E o menino que fomos vem aos olhos
Para vê-la descer à palha e aos homens.
Roldão Mendes Rosa |