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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
Cosipa ia criar um bairro operário

Até a segunda década do século 21, Cubatão continua sendo uma cidade sem bairros, uma vez que ainda não possui uma lei de abairramento, apenas uma divisão em Unidades Espaciais de Pesquisa e Estatística (UEPEs), aprovada em 2010. Assim, as referências são a nomes tradicionalmente referidos como bairros. Mas, neste caso, o bairro ficou apenas na alvissareira notícia, não concretizada. Matéria publicada no jornal santista A Tribuna em 9 de setembro de 1979, página 28:

Imagem: reprodução parcial da página com a matéria

 

Cosipa inicia seu bairro operário

CUBATÃO - A Companhia Siderúrgica Paulista - Cosipa - já começou a aterrar a área localizada em frente ao Parque Anilinas, no Jardim São Francisco, onde serão construídas 722 casas geminadas, de alvenaria, para abrigar os operários das empreiteiras que se encarregarão das obras do III Estágio de expansão à usina, em Cubatão. Daqui a três anos, quando terminarem as obras, esse bairro operário será reformado, construindo-se edifícios de apartamentos e transformando-se as casas em residências populares, onde irão morar os funcionários da Cosipa, em Cubatão.

O bairro operário será construído pelas próprias empreiteiras que trabalham nas obras do III Estágio, pois já contam com os recursos necessários, incluídos nos contratos feitos com a Cosipa.

A implantação do projeto foi dividida em duas fases. Na primeira, a Cosipa construirá uma passagem de nível (a área fica além da linha da Estrada de Ferro Santos Jundiaí) e duas passarelas de 40 metros de vão, para pedestres e bicicletas, permitindo o acesso às obras. Além da terraplenagem, que já começou, também serão construídas nessa fase uma subestação de energia elétrica, uma de tratamento de esgoto e um reservatório de água, o que representa 55 mil metros de área construída.

De acordo com o setor de planejamento da empresa, a Cosipa pretende construir ainda nessa primeira etapa um centro comercial, com supermercado, banco, correio, posto telefônico e um centro administrativo, com escritório central, posto policial, farmácia, bombeiros e ambulatório médico-odontológico.

Logo que isso ficar pronto, as empreiteiras darão início à construção de 722 casas geminadas, cada uma delas possuindo quatro dormitórios e 54 metros quadrados de área construída. Residirão nesse bairro cerca de 11.500 pessoas, população flutuante que elevará para mais de cem mil pessoas o número estimado de habitantes de Cubatão.

As empreiteiras se encarregarão também de construir uma pequena escola profissionalizante, um centro de esportes e três centros comunitários, com ambulatório, salas de reuniões e estar e postos do Mobral.

Esse conjunto de obras da primeira etapa representa a aplicação de mais de Cr$ 300 milhões.
 

Até o final do ano deverá estar concluída a primeira fase desse projeto, que prevê a construção de 722 casas, de alvenaria

Foto publicada com a matéria

 

Terceiro bairro residencial - Com a realização da segunda fase do plano - que começará provavelmente em 1984, com a retirada dos operários que trabalham no III Estágio -, o bairro da Cosipa será transformado no terceiro grande empreendimento fechado do município, para residências de trabalhadores. O primeiro a ser construído, ainda na década de 30, foi a Vila Fabril, onde moram os funcionários da Companhia Santista de Papel. O segundo foi o bairro da Usina Henry Borden, onde residem os funcionários da hidrelétrica da Light-CESP.

O bairro da Cosipa, entretanto, será o maior já construído em toda a Baixada Santista. Compreenderá, além das casas a serem feitas na primeira fase, mais 15 edifícios com 12 apartamentos de 50 metros quadrados cada um, em cada prédio, o que corresponde a 9.720 metros quadrados de área construída.

Essas áreas serão construídas em trechos cercados por jardins, pois a empresa pretende dar um tratamento paisagístico em 40 mil metros quadrados de toda a área. Serão, também, construídos um teatro, um cinema ao ar livre, campos de futebol e oito quadras poliesportivas. As empreiteiras serão também responsáveis por essa segunda etapa, e para os quais estão destinados recursos de Cr$ 27 milhões.

Utopia? - Nessa segunda fase, o bairro passará a servir de residência aos funcionários da Cosipa que quiserem morar em Cubatão.

Atualmente, entretanto, a área com 350 mil metros quadrados onde a Cosipa pretende construir o conjunto é um mangue pertencente à Rede Ferroviária Federal. Foi recentemente alugado pela Cosipa, com a consequente promessa de compra, e está distante quatro quilômetros da usina, sendo separada da área urbana de Cubatão apenas pelo leito ferroviário do ramal Santos-Jundiaí.

Para recuperar essa área, a Cosipa já começou a revolver o mangue, que exigirá aterro equivalente a 350 mil metros cúbicos de terra.

Essa é a parte mais difícil do programa, pois o solo de Cubatão, como tem sido provado pelas sucessivas construções que se fazem na cidade - quase todas apresentando problemas de recalque e rachaduras - é muito ruim.

Por causa disso, há engenheiros e técnicos da administração que consideram utopia aplicar apenas Cr$ 350 milhões na realização do projeto. Estimam que, para executar todas as obras, serão necessários quase meio bilhão de cruzeiros.

Na realidade, a Cosipa vai gastar muito pouco na realização das obras. Quase todo o empreendimento será pago pelas empreiteiras que executam o III Estágio.

De acordo com os técnicos da empresa, foi a preocupação com a previsão de que as empreiteiras que trabalharão nas obras do III Estágio da expansão empregarão quase 11 mil operários no pico dos serviços, que levou a Cosipa a reformular completamente os atuais conceitos de construção de alojamentos, partindo para uma solução inovadora.

Ao invés de permitir a construção dos tradicionais alojamentos de madeira, que às vezes se espalham por vários pontos próximos aos locais das obras, gerando problemas urbanos, a Cosipa optou pela construção de alojamentos em alvenaria. Além de proporcionar conforto aos operários das empreiteiras que durante alguns anos trabalharão nas suas obras, a empresa poderá, futuramente, transformar essas instalações em residências para os seus funcionários.

O terreno controlado pela ferrovia MRS, visto da Rua Bernardino de Pinho Gomes, próximo à confluência com Rua Vereador Benedito Lima Gonçalves

Imagem: Google Maps/Street View, em maio de 2011 (acesso: 7/5/2016)

 

O terreno controlado pela ferrovia MRS, visto da Av. Nove de Abril, próximo à Estação das Artes

Imagem: Google Maps/Street View, em julho de 2015 (acesso: 7/5/2016)

 

Visto por satélite, o mangue com a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) da Sabesp ao alto, junto ao Rio Cubatão, tendo o Rio Cascalho abaixo e a Avenida Nove de Abril à esquerda

Imagem: Google Maps, em 2016 (acesso: 7/5/2016)

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