HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
Mangue, moeda da Esperança
Enquanto no resto do Brasil a moeda oficial é o Real, na
Vila Esperança surgem as cédulas de Mangue, como registrou o jornal santista Diário do Litoral, em 30 de agosto de 2011, página 4:
As notas de 1, 2, 5 e 10 mangues foram apresentadas ao vereador Geraldo Guedes (PR)
Imagem: reprodução da matéria original/foto
de J.R. Inácio-Câmara de Vereadores de Cubatão
CUBATÃO
Entidade da Vila Esperança lança moeda local
Com o objetivo de
contribuir com o meio-ambiente e incentivar o comércio da Vila Esperança, as associações Nova Esperança e De Bem com o
Mangue lançaram a moeda do bairro, o mangue. Ontem, o presidente da De Bem com o Mangue, Sebastião Ribeiro Nascimento, o Zumbi, trouxe as notas de
1, 2, 5 e 10 mangues para apresentar ao vereador Geraldo Guedes (PR). O vereador recebeu de presente uma nota de 10 mangues para gastar no comércio
da Vila Esperança.
"Fico lisonjeado por ter recebido a nova moeda da Vila Esperança. Gostei tanto desta
idéia e a achei tão interessante que vou pedir a ajuda do Zumbi para implantar o Republicando, no Bolsão, para incentivar a coleta do óleo de
cozinha", afirmou o vereador.
A moeda foi lançada há dois meses em caráter experimental e é trocada por lixo
reciclável, especialmente plástico, garrafas PET, papelão e óleo de cozinha.
O interessado leva o lixo até dois pontos de coleta, onde ele é pesado. De acordo com
a quantidade, ele recebe um valor em mangues. Estas cédulas podem ser usadas em estabelecimentos comerciais credenciados do bairro. Há também uma
loja solidária na Vila Esperança que vende alimentos e aceita pagamento em mangue.
O banco da Vila Esperança segue o exemplo de iniciativas do Banco Palmas, de
Fortaleza. O objetivo é lançar as notas de 20 e 5r0 mangues e um cartão magnético.
Locais de troca - As trocas de lixo pelo mangue podem ser feitas na Avenida
Principal do bairro, números 42 e 53. |
A nova unidade monetária foi também destacada pelo jornal santista A Tribuna, nas edições
eletrônica e impressa (página A-12) do dia 21 de
setembro de 2011:
O CAPITAL - A Vila Esperança, em Cubatão, passou a adotar um sistema financeiro próprio, com moeda
e tudo. Aliás, o dinheiro foi batizado sugestivamente de mangue, já aceito por cinco estabelecimentos comerciais. Assim como o real, as notas
receberam uma imagem, só que de um animal que vive nos manguezais
Imagem, reprodução, com foto de Raimundo
Rosa, publicada com a matéria, na página A-1
Quarta-feira, 21 de setembro de 2011 -
06h47
Cubatão
Mangue, uma nova moeda em Cubatão
Thiago Macedo
Da Redação
A Vila Esperança agora tem uma
moeda própria: o mangue. As primeiras cédulas desse sistema financeiro comunitário começaram a rodar no bairro na semana passada e já são aceitas
por cinco estabelecimentos comerciais. Foram confeccionadas notas de 1, 2, 5 e 10 mangues.
As cédulas têm o tamanho de um cartão de visitas e, assim como o real, cada uma recebeu uma imagem, só que de um animal que vive nos manguezais. A
moeda local é resultado de uma iniciativa das associações comunitárias Cubatão de Bem com o Mangue e Rádio Comunitária Nova Esperança, que se
espelharam no sistema de economia solidária.
O esquema funciona da seguinte forma: os moradores recolhem lixo reciclável que são despejados no meio ambiente ou utilizados em suas residências e
levam até a sede das duas associações. Esse lixo é trocado por mangues de acordo com a quantidade. Os mangues funcionam como uma moeda local e são
aceitos como dinheiro nos estabelecimentos comerciais que aderirem ao projeto.
Atualmente, estão credenciados uma padaria, uma peixaria, um salão de beleza e dois minimercados. Além da Loja Solidária, que fica na sede da
Cubatão de Bem com o Mangue. No comércio, após aceitar o dinheiro comunitário, o lojista troca o mangue pelo real na sede das duas associações.
"Colocamos à disposição da população 19 mil mangues. O que queremos é que a comunidade entenda que reciclar o lixo é mais rentável que despejá-lo no
mangue ou nas ruas", explica o presidente da Cubatão de Bem com o Mangue, Sebastião Ribeiro, o Zumbi.
ESPERANÇA |
"Vamos quebrar esse ciclo de miséria aqui na Vila Esperança" |
Sebastião Ribeiro, o Zumbi, presidente da Cubatão de Bem com o Mangue |
Para motivar o uso da moeda, na Loja Solidária todos os produtos alimentícios são vendidos pela metade do preço. Isso é possível porque o estoque é
resultado de parcerias com empresas que apostam no projeto e o dinheiro arrecadado volta para as ações sociais desenvolvidas no bairro.
Com a criação dessa moeda, passa a funcionar também o Banco do Mangue, que se consolidará em uma segunda etapa do projeto. Nas próximas semanas,
Zumbi, junto com José Severino da Silva, o Miúdo, responsável pela associação Nova Esperança, irão a Brasília tratar da parceria com a Rede
Brasileira de Bancos Comunitários, ligada à Secretaria Nacional de Economia Solidária, e o Banco Central.
Com a parceria concretizada, o Banco do Mangue poderá fazer oficialmente empréstimos em moeda comunitária que poderá ser utilizada pela população no
comércio local. Com o Banco do Mangue a pleno vapor, a intenção dos idealizadores é fomentar empresas sociais formadas na própria comunidade e
movimentadas com dinheiro local.
O formato de empréstimo a juros mínimos foi o embrião dos bancos comunitários no País, na década de 1990, e que só agora começa a ganhar força.
Zumbi e Miúdo já sabem qual será o primeiro investimento: a criação de uma empresa de confecções gerida pelas mulheres do bairro.
Morador da Vila Esperança pode usar Mangue para comprar no bairro:
depois, comerciante troca por Real
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria |
Vila Esperança - Cubatão de Bem com o Mangue - Vídeo postado na rede social Youtube em 30/6/2009 por João Marinho Normando
Clique >>aqui<< ou na imagem acima para obter o vídeo em formato MP4, com 9'42" e 35,3 MB |
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