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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - IMPRENSA
Jornal de Cubatão

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Diversos jornais e revistas existiram em Cubatão ao longo de sua história, além da circulação regular dos publicados em Santos e cidades vizinhas. Um deles foi o Jornal de Cubatão, que circulou de 1968 a 2005, consideradas as duas fases de circulação. Seu fundador, o jornalista Donato Ribeiro (falecido em 1977) foi homenageado em 2007 pelos filhos em um folheto distribuído na rua que leva seu nome, no Jardim Casqueiro, enviado a Novo Milênio em 2/6/2011 por Anacoluto Cubatão:

Imagem divulgada junto com o texto

DONATO RIBEIRO, nascido em São Paulo, Capital, no dia 3 de maio de 1925, veio ainda criança para Santos, em companhia de seu pai e irmã. Foi um garoto ativo e simpático, com um gênio compreensivo e prestativo, que formou um grande círculo de amigos, mantendo-os por toda sua vida. Durante o dia, ajudava seu pai nas empreitadas de pintura e aparelhamento de peças - no que se tornou mestre - e, à noite, ia para a escola estudar.

Possuidor de uma voz possante e microfônica - que só quem o conheceu pôde avaliar -, tornou-se locutor, tendo atuado em várias emissoras de Santos. Dinâmico e trabalhador, entrou para os Diários Associados (O Diário de Santos) como corretor, porém seu sonho era mesmo o jornalismo.

Ao concluir o curso técnico em Contabilidade, o jovem Donato fez o curso para se tornar jornalista, o que lhe valeu responder pela sucursal de São Vicente. Um certo dia, chegando à sede de O Diário, recebeu do seu chefe a seguinte incumbência: -"Donato, você vai hoje para Cubatão. Quero que se organize como achar melhor, para que possamos adquirir o maior número de leitores possível, pois nem os assinantes estão renovando suas assinaturas".

Apesar de ter que deixar São Vicente, onde já havia conquistado muita simpatia, e saber, como ninguém, como buscar as notícias que interessavam ao seu jornal, aceitou a determinação e assumiu a sucursal de Cubatão de O Diário de Santos.

Em Cubatão, conquistou muitas amizade, mas também uma forte oposição por não se deixar levar por propostas de concorrentes, denominadas inteligentemente por um amigo seu como "o canto da sereia".  Porém, enquanto O Diário existiu, Donato foi titular da sucursal de Cubatão.

Fechado O Diário, Donato estava na iminência de deixar a cidade que aprendeu a amar para tentar ganhar a vida onde lhe surgisse uma oportunidade. Porém, alguns comerciantes entenderam o que Donato queria: ficar em Cubatão e ter seu próprio jornal, para divulgar a cidade que crescia dia a dia. E assim falaram os comerciantes:

- "Donato, faça um jornal para Cubatão e nós pagaremos o custo".

Ele não pensou duas vezes e, em outubro de 1967, lançava a edição zero, ou experimental como costumava chamar.

A edição número 1 só circulou a 9 de abril de 1968, mas mesmo assim, ele estava feliz como uma criança que ganha o doce preferido.

O então prefeito de Cubatão, dr. Luiz Camargo da Fonseca e Silva, recebeu o primeiro exemplar (da edição zero), fazendo o seguinte comentário:

- "Agradeço sua gentileza, e prometo guardar este exemplar que é o primeiro, o único e o último... da série".

Triste engano o do ilustre cidadão, que deve ter pedido perdão, certamente, ao Bom Jesus de Paraibuna, a quem cabe castigar a cigana que enganou o dr. prefeito.

Sem medir sacrifícios, com seus próprios recursos ou com a ajuda de amigos, Donato Ribeiro conseguiu fazer circular regularmente o Jornal de Cubatão, que na época ficou famoso pelas tiradas e críticas aos políticos trapalhões, imortalizadas nas colunas "Xi-Cotadas" e "Fofocas do Biréu". (N.E.: Biréu era pseudônimo de Edístio Dias Rebouças Filho, autor do Hino de Cubatão).

Foi um veículo independente, consubstanciado na liberdade de imprensa, que tinha o lema de prestação de serviços ao povo cubatense. O Jornal de Cubatão fez uma pausa entre 1978 e 1985.

Voltou a circular sob a responsabilidade da Empresa Jornalística São Vicente, com tiragem bi-semanal (quartas-feiras e domingos), que encerrou as atividades em 2005.

Assim foi Donato Ribeiro, que viveu não só para o seu jornal, mas também para sua esposa e dois filhos, lutando para manter vivo o que muita gente busca e não tem a felicidade de conseguir: a realização de um sonho, até sua fatídica morte aos 17 de dezembro de 1977, por um erro médico, após uma operação de apendicite aguda.

A Prefeitura Municipal de Cubatão resolveu homenageá-lo, batizando uma rua do bairro Jardim Casqueiro com o seu nome, através do Decreto n.º 3.752 de 29/12/1992, e nós, seus familiares, sentimo-nos honrados e agradecidos, desejando que todos compartilhem conosco esse sentimento.

Por isso, oferecemos aos moradores esta singela homenagem, com amizade e alegria, como ele costumava fazer.

Cubatão, 17 de dezembro de 2007

Primeira página da edição 1 do Jornal de Cubatão, de 9/4/1968

Imagem: reprodução parcial da página original, conservada no Arquivo Histórico de Cubatão

Veja mais:

A Bruxa da Ponte (publicada na edição 8)

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