Mestre Madeira, durante a homenagem em fevereiro
de 2006
Foto: Departamento de Imprensa/Prefeitura Municipal de Cubatão
Em fevereiro de 2006, Cubatão prestou uma homenagem a um de seus mais conhecidos
carnavalescos, na presença de toda a Corte Carnavalesca. Esta mensagem, de Fabrício Lopes, mestre de bateria da GRES. Nações Unidas, foi lida
naquela oportunidade:
Mestre Madeira se emociona, durante a leitura da mensagem
Foto: Departamento de Imprensa/Prefeitura Municipal de Cubatão
João Madeira, uma prova de amor ao samba
Nascido em Minas Gerais, mas levado ainda criança para
Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro, começou logo aos 12 anos a se achegar com o os bambas do samba da Escola de Samba Unidos do
Conforto. Seu primeiro contato com a escola foi como encourador de instrumentos, ainda feitos com as sobras dos latões de carbureto, mas João
Madeira, antes disso, já dava umas fugidinhas de casa para curtir os batuques da Escola Boêmios do Morro, do famoso Morro do Atrevido, em Volta
Redonda.
Mas a vida tem as suas pegadas, e sua primeira paixão como escola de samba foi
a Escola de Samba Princesa Isabel, onde teve a oportunidade de integrar o 1° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Deste tempo, guarda uma saudade
das disputas das baterias, quando as baterias das escolas rivais se cruzavam e a que perdesse o ritmo ou entrasse no mesmo ritmo da outra
perdia os instrumentos.
Mas, certo dia, a vida lhe pregou uma peça: vir pra Baixada trabalhar na construção de
Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa). Cubatão ainda nascia para vida industrial e Seu
Madeira ajudara a construir o grande referencial de sua cidade de criação, uma indústria siderúrgica como a CSN.
Foi em meio a muito suor dos trabalhadores e poeira das indústrias que aqui, em 1965,
na extinta Vila Parisi, que o sonho de voltar às origens começou a tomar forma. Junto com 24 amigos e com os primeiros
instrumentos feitos artesanalmente, como havia aprendido em Volta Redonda, certo dia assustou a comunidade com uma batucada, nunca antes vista pelos
migrantes moradores daquela região, em sua maioria nordestinos que também trabalhavam na construção das indústrias.
Assim, de uma quase brincadeira, eis que surge para o carnaval a primeira escola de
Cubatão, a Acadêmicos de Vila Parisi, que contou com a colaboração de abnegados amigos que contribuíam mensalmente para a compra dos instrumentos
desta novidade, em uma cidade marcada apenas pela força do trabalho. Seu primeiro desfile teve um fato marcante, que foi a participação maciça das
famosas meninas do Maracangaia, que ajudaram em muito a alegrar a festa e o carnaval daquele ano, que contou até com a compreensão do
delegado à época, Doutor Agostinho.
Muitas dificuldades atravessaram o caminho deste singelo homem que, mesmo diante das
situações mais difíceis, nunca perdeu a maestria do bom sambista e jamais deixou que os tropeções lhe tirassem do caminho, transformando-se
apenas em mais um passo de dança.
Sol a sol, nunca se curvou aos retrógrados, que afirmavam que esta terra não é lugar
de sambista, a prova é de que existe toda uma geração que segue os passos deste ícone do carnaval em nossa região.
Já em 1976, ajuda a fundar a Escola de Samba da Vila Elisabeth,
e em 1977 a fundar a GRES 9 de Abril, escola pela qual conquistou os campeonatos de 1978 e 1979. Madeira lembra que na época a policia ainda pegava
muito no pé de toda a rapaziada que fazia os batuques pela cidade, mas a luta não parava por aí.
Os tempos mudaram, os costumes são outros, mas nada que se compare à humildade deste
cidadão, em reconhecer os novos talentos e incentivar a todos, para que trilhem o sagrado caminho do mundo do samba. Parecia antever, em meio ao céu
esfumaçado dos anos de tragédia ambiental, um horizonte que o próprio Afonso Schmidt, nosso ilustre poeta e escritor, se
poupou apenas a sonhar na sua obra-prima Zanzalá.
Desde 1980, Seu Madeira integra os quadros do GRES Nações Unidas, e a marca do
seu amor pelo samba está gravada no seio da cultura cubatense; basta olhar para os lados e ver a família, que se expande a cada dia e cada vez dá
mais orgulho não só ao Seu Madeira, mas a todo o povo da Baixada. Dos 6 filhos, 9 netos e 3 bisnetos, destacamos a esposa Dona Maria, hoje
chefe da Ala das Baianas do GRES Nações Unidas, mulher guerreira que nunca deixou se abalar e sempre esteve ao lado deste ilustre mestre dos
mestres.
Dos filhos, basta olhar a frente das Baterias do GRES Nações Unidas e do GRES 9 de
Abril, que lá estarão um pedacinho de Seu Madeira e Dona Maria. Os mestres Evaldo e João dão conta do recado, ajudando a manter acesa a chama
da família e o amor pela batucada. Iolanda, sua filha, é uma das porta-bandeiras do GRES Nações Unidas, sinônimo de orgulho para toda comunidade,
sem esquecer dos demais, que também são importantíssimos para a vida do carnaval em nossa região.
Rufem os tambores, aqueçam os atabaques, segurem a marcação.... viajem no imaginário
do teatro ambulante da vida, onde sonhos se tornam realidade na vida da gente sofrida, que mesmo descalça e de barriga vazia não tomou o
espaço da alegria, pois sabe a sua hora e como fazer acontecer. Queimem os fogos na avenida, rasguem a fantasia, deixem o suor escorrer.... têm
sangue na veia e é de sambista, no asfalto ou no barro do terreiro. João Madeira, mais um brasileiro, mas antes de tudo, sambista sim senhor, Seu
Madeira no coração das cores da bandeira pra se tornar do samba um ilustre cidadão.
Saudações sambísticas
Fabrício Lopes
A homenagem do Rei Momo a Mestre Madeira
Foto: Departamento de Imprensa/Prefeitura Municipal de Cubatão
Seu Madeira recebe o abraço de Nivaldo Veiga, administrador regional da Vila
Nova
Foto: Departamento de Imprensa/Prefeitura Municipal de Cubatão
Mestre Madeira é cumprimentado pela poderosa Lily
Foto: Departamento de Imprensa/Prefeitura Municipal de Cubatão
Mestre Madeira é cumprimentado pelo jornalista Gilson Miguel
Foto: Departamento de Imprensa/Prefeitura Municipal de Cubatão
Um abraço de Gilson Miguel, secretário municipal de Ação Governamental
Foto: Departamento de Imprensa/Prefeitura Municipal de Cubatão
Mestre Madeira e a corte carnavalesca cubatense de 2006
Foto: Departamento de Imprensa/Prefeitura Municipal de Cubatão
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