Emancipadores começaram a discutir separação em 1930. Vitória só veio em 1949
Foto: publicada (em preto e branco, com cortes) no jornal santista A Tribuna,
caderno especial Cubatão em 9/4/2005. Original: foto de 1948, no acervo de Arlindo Ferreira
Estudo revela mais três emancipadores
Segundo o conselheiro do IHGC, Arlindo Ferreira, ao invés de sete, foram dez os
emancipadores. "Alguns não assinaram documentos"
Até o ano passado a história da emancipação política da
cidade reverenciava em seus anais sete homens que participaram ativamente do movimento de descolamento de Santos. Pesquisa feita pelo ex-presidente
do Instituto Histórico e Geográfico de Cubatão (IHGC), Arlindo Ferreira (colunista de Acontece), revela o envolvimento de outros três
emancipadores, entre os quais uma mulher, que foram esquecidos simplesmente porque não compareceram à sessão da Assembléia Legislativa (AL), que
aprovou a criação da cidade, em fins de 1948.
Maria Bastos Pereira dos Santos (Dona Donga), Irineu de Almeida Mascarenhas e Avelino
Ruivo (que já havia sido reconhecido em reportagem publicada em Acontece, há um ano), participaram ativamente do movimento, mas não posaram
para a foto que sacramentou o processo. "Quem não saiu na foto, dançou", brinca Ferreira.
Segundo Arlindo, que é conselheiro nato do IHGC, os dez emancipadores foram chamados à
AL [pelo] presidente Cunha Bueno, na companhia do deputado Lincoln Feliciano, mas apenas
sete puderam ir. "Avelino não foi porque tinha encontro de produtores de banana, dona Donga trabalhava no Correio, e por isso não pôde ir, e Irineu
não foi dispensado do trabalho", resume.
O IHGC já reconheceu a participação dos três, mas apenas o nome de Avelino foi
oficialmente confirmado. "Ainda não deu tempo de concluir os trabalhos sobre os demais", pondera. Mas caso os nomes sejam oficializados pela
entidade, atualmente presidida pela ex-vereadora Rozemeire de França Abreu Santos, e avalizados pelo Legislativo e Executivo, entrarão para a
história oficial do Município, corrigindo o que seria uma injustiça de cinco décadas.
Por enquanto, oficialmente, sete desbravadores formaram a comissão de trabalho para
tratar da autonomia de Cubatão. Armando Cunha, Celso Grandis do Amaral, Lindoro Couto, José Rodrigues Lopes, Antônio Simões de Almeida, Jaime João
Olcese e Domingos Rodrigues dos Santos. Mesmo sem pose para foto, o oitavo, nono e décimo elementos, cujos nomes não apareciam em documentos
conhecidos, devem figurar como libelos.
Primeiros funcionários da prefeitura cubatense, em 1949, no antigo Paço, na Av. 9 de
Abril:
Avelino Ruivo (E), Astrogildo Terras, José Antonio Ribeiro, Lucas Gouveia dos Santos,
Judith Rosa, Joaquim Couto Estácio e Lindoro Couto (D)
Foto publicada no jornal Alô Servidor, nº 3, da Prefeitura Municipal de Cubatão,
em 10/2003
Original cedido pelo pesquisador Arlindo Ferreira, servidor municipal aposentado
Ruivo - Através da reportagem do Jornal Acontece em comemoração ao
aniversário de 55 anos, Avelino Ruivo pôde mostrar o outro lado da história, aquela que não foi contada nos livros e nem nos documentos arquivados.
Segundo ele, na data marcada para assinar o documento de emancipação, não foi possível comparecer à reunião, devido a um encontro de produtores de
banana. "A viagem até São Paulo foi marcada de última hora e eu não tive como desmarcar. Para a assinatura era necessário sete emancipadores e, como
o meu nome não foi citado, uma outra pessoa entrou em meu lugar, ou seja, entraram para a história somente as pessoas que compareceram no dia".
O então governador do Estado, Adhemar de Barros, decretou em 24 de dezembro de 1948
que, a partir do primeiro dia do ano seguinte, Cubatão ficaria sob a responsabilidade do prefeito de Santos até que assumisse o novo prefeito de
Cubatão, Armando Cunha, que venceu com 431 votos.
Reconhecido pela participação na vida política do novo município, Ruivo, através da
portaria nº 001, de maio de 1949, foi nomeado como secretário-contador. "O documento prova que fui o primeiro funcionário a ser contratado pela
Prefeitura Municipal de Cubatão", lembra. Avelino Ruivo não se aborrece por não ser lembrado como um dos emancipadores e garante que na época não
deu importância pelo reconhecimento de seu trabalho. "Independente do motivo que a minha participação não foi reconhecida, o que importa foram os
resultados obtidos, sendo o principal deles o desenvolvimento de Cubatão", finaliza emocionado.
Avelino Ruivo
Foto publicada com a matéria
Irineu Mascarenhas
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Maria Bastos Pereira
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