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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - JUDIAS
As polacas e seu cemitério cubatense (1)

Uma história que só recentemente começou a ser investigada

Ainda faltam mais estudos aprofundados sobre a presença judaica na Baixada Santista através dos séculos, tão importante que vários acidentes geográficos na região têm nomes dados por seus antepassados. No século XX, novamente, o véu do mistério encobre parcialmente a história dos judeus na Baixada Santista, marcada por episódios como o da máfia que agia no tráfico de mulheres brancas judias, destinadas à prostituição, as chamadas polacas. Elas e os cáftens, bem como os suicidas, eram enterrados em locais específicos e um deles era o Cemitério Israelita, levado de Santos para Cubatão no início do século XX.

Sobre esses episódios discorre a autora do trabalho a seguir transcrito, originalmente publicado na edição 72 (maio de 2000, ano 25) da Leopoldianum, Revista de Estudos e Comunicações da Universidade Católica de Santos (UniSantos):

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Mapa de Cubatão com a localização do antigo cemitério israelita
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O cemitério israelita em Cubatão: 1930 a 1967

Evania Martins Alves (*)

INTRODUÇÃO - Por ter raízes na cidade, vindas de minha bisavó, queria escrever sobre Cubatão, embora a cidade esteja bastante descaracterizada com relação às histórias que ouvira de minha mãe, quando menina. Essas lembranças muito contribuíram para que me interessasse por História, não como conhecimento acadêmico e sistematizado, mas como formação de uma consciência histórica.

Seria interessante pesquisar a capela por estar ligada às minhas origens. O Cemitério Israelita representava uma curiosidade de infância que, no momento, passava a ser uma inquietação para entender o mistério que parecia envolver aquele local. Desse modo, foi iniciada a pesquisa, apesar das várias dificuldades encontradas.

Registrar a presença dos judeus na Baixada Santista, através de um "cemitério de polacas" na cidade de Cubatão, era o objetivo, além de mostrar o estado de abandono em que se encontrava em 1991. A história do Cemitério Israelita, na cidade, vai de 1930 a 1967, provavelmente.

A planta do Cemitério Israelita (no final do artigo) foi baseada no estado original, abandonado em 1991. Hoje vêem-se algumas mudanças e até descaracterizações com o restauro e a reforma.

Para discorrer sobre o assunto foi necessário estudar os problemas de ordem social vividos no Leste europeu, no final do século XIX e início do século XX, até a conseqüente chegada dos imigrantes judeus ao continente americano. Recorri, durante a elaboração do trabalho, a documentos, mas como eram escassos, muito utilizei a história oral de antigos moradores de Cubatão e pessoas da comunidade judaica que aceitaram colaborar. Alguns livros foram fontes de estudo, além da pesquisa de campo.

Cabe lembrar que a História faz estudo e análise e não julgamento. Mesmo o assunto sendo delicado, conforme descobri no decorrer da pesquisa, a preocupação está em relatar o que aconteceu na História. O objetivo ampliou-se pela necessidade de entender o significado do Cemitério Israelita em Cubatão.

O CEMITÉRIO MUNICIPAL DE CUBATÃO - A ocupação de Cubatão data da Pré-História, com a presença do Homem do Sambaqui e, depois, pela ocupação indígena do povoado desde o século XVI; pelos portugueses, o Porto Geral de Cubatão registra a passagem de viajantes que vinham do planalto para o litoral e vice-versa. Hoje, Cubatão é o maior pólo petroquiímico da América Latina.

O primeiro Cemitério de Cubatão estava localizado numa área que está ao pé da Serra do Mar, hoje pertencente à Refinaria de Petróleo Presidente Bernardes, ali instalada; próximo havia então a capela de São Lázaro (demolida), um posto de gasolina, o escritório do Departamento de Estrada de Rodagem (DER), o Cruzeiro Quinhentista e algumas residências. O cemitério foi fundado em 1902, quando Cubatão era distrito de Santos. Atualmente, o local está bastante modificado, por causa da Petrobrás. Somente o Cruzeiro Quinhentista permanece, embora tenha mudado de local.

No ano de 1949, a cidade obteve sua emancipação política. Em 1950, a Companhia de Petróleo comprou a área onde se localizava o antigo cemitério, que foi transferido para outro local, numa área de 61.120 m², e as transferências dos corpos ocorreram entre 1951 e 1952.

A lei municipal nº 55, de 8 de dezembro de 1950, determinou que a área para a nova instalação do cemitério deveria situar-se à margem esquerda da estrada que conduz à Piaçagüera, com as medidas de 252 m a começar no Córrego Cafezal. Na ocasião era prefeito o Sr. Armando Cunha.

O cemitério localiza-se à Rua José Vicente s/nº, Jardim das Indústrias.

O território onde atualmente se localiza o cemitério foi adquirido através da compra de um terreno pertencente à Light And Power Company Serviços de Eletricidade S/A, com 6.150,92 m². Em frente, estão o Canil e o Almoxarifado da Prefeitura, próximos à Carbocloro. Depois foi instalado, próximo ao local, o Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro (CAMP) e o Quartel da Polícia Militar. Por último, instalou-se o Corpo de Bombeiros, que permanece até nossos dias, embora esse local fosse destinado à expansão do campo santo.

As primeiras instalações do Cemitério Municipal não abrangiam todo o terreno da antiga Light, mas, aos poucos, o cemitério foi-se expandindo devido ao crescimento demográfico, sendo necessária a compra de todo o Sítio Cafezal. Desde 1968, o único cemitério da cidade continua aumentando seu espaço.

BREVE HISTÓRIA DOS JUDEUS NO BRASIL - No primeiro século de colonização, vieram para o Brasil muitos judeus denominados cristãos novos. Os sobrenomes dos colonizadores identificam quem eram alguns desses cristãos-novos. Atribui-se a ascendência judaica a Lopo Dias, Pascoal Fernandes, Cristóvão Dinis, Manoel Fernandes, Bartolomeu Bueno, João Ramalho e outros.

No Brasil Império não há dados precisos sobre a chegada de imigrantes judeus.

No Período Republicano, o primeiro grupo de judeus chegou em março de 1892, da Europa, sem que se pudesse determinar os países de origem. Posteriormente, chegaram outros grupos vindos da Rússia, Romênia e Hungria.

O que atraía essas pessoas para o Brasil não era uma única motivação. Há várias explicações, porém fica claro que todos buscavam uma vida melhor que a da Europa, como qualquer imigrante, independente de origem e época.

Em 1901, foi criada a "Jenish Colonization Associaction" para organizar as imigrações para o Rio Grande do Sul. A primeira colônia foi formada por 37 famílias da Bessarábia (antiga região da Romênia), em Santa Maria-RS e chamou-se Philipson. Estabeleceram-se, depois, outras colônias agrícolas de judeus no Sul do País.

São Paulo, no início do século XX, era o Estado do Brasil onde mais se concentravam judeus, principalmente no bairro paulistano do Bom Retiro. Nos dias atuais, a comunidade judaica vive nos bairros mais nobres da cidade de São Paulo, graças a seu elevado nível econômico.

O período obscuro de perseguição racial aos judeus, ocorrido na segunda metade do século XIX e até os ano 40 do século XX, aqui também se fez presente; em alguns casos, tendo sido adotada por seguidores exaltados do integralismo, revelando que não era uma particularidade de alguns nacionalistas, uma vez que o pensamento integralista não é racista. Contudo, isso não impediu que judeus tivessem oportunidade em nossa sociedade: seus filhos tornaram-se médicos, advogados, engenheiros; enfim, tiveram uma carreira universitária e, às vezes, política.

A IMIGRAÇÃO - A imigração de interesse para nosso estudo ocorreu entre o final do século XIX e início do século XX. Citaremos os principais problemas que levaram judeus a virem para o Brasil.

De modo geral, a principal causa da imigração israelita para o Brasil tem sua origem no anti-semitismo daquela época, agravado pela crise econômica européia do período anterior e entre as duas guerras mundiais. Nesse contexto, os judeus serviram de alvo da hostilidade da pequena burguesia e dos camponeses que tentaram atribuir a pobreza em que viviam a eles, em países da Europa Oriental e basicamente agrários, apenas iniciando o processo de industrialização. Quanto mais agrário o país, maior o ódio ao judeu. Para essas populações, o judeu era representante tradicional das forças do dinheiro.

O preconceito racial na Polônia, na primeira metade do século XX, talvez tenha sido maior do que na Alemanha, embora a perseguição alemã aos judeus tenha sido mais sistematizada devido à política nazista.

Conforme os nazistas foram conquistando países do Leste europeu e fazendo aliança com a Áustria, os direitos adquiridos pelos judeus alemães na Revolução Liberal de 1848 foram fracassando. Judeus que ocupavam posições de destaque em atividades como indústria, comércio, finanças, ciência, medicina, ficaram privados de exercer tais atividades e, acusados de usura, foram utilizados como bode expiatório na tentativa de justificar as dificuldades locais.

Na Polônia, para tirar a predominância comercial dos judeus e nacionalizar a economia, empregaram-se vários procedimentos: boicote de estabelecimentos comerciais, pogroms [1], incêndios, fechamento de lojas, impostos exorbitantes e exames na língua polonesa. Nas fábricas, as jornadas de trabalho eram desumanas, com até 18 horas diárias, às vezes, para operários judeus, que recebiam salários mais baixos que os poloneses. Era uma espécie de imperialismo e nacionalismo exacerbados, mascarados de racismo. Foram justamente os filhos de comerciantes falidos, de operários e de camponeses com dificuldades financeiras que vieram para a América. Com famílias inteiras ou sem nenhuma companhia, concentraram-se, principalmente, nas cidades portuárias do Brasil, ou ainda em países como Argentina, Uruguai e Estados Unidos.

As imigrações israelitas desse período, final do século XIX e início do XX, são decorrentes das crises na Europa, incluindo as duas guerras mundiais e a Revolução Russa de 1917. Na Rússia desenvolveu-se também um forte anti-semitismo, pouco divulgado, ficando apenas o alemão como exemplo clássico de perseguição racial. Não podemos deixar de mencionar que na Alemanha de Hitler não apenas os judeus foram para campos de concentração, como mostra principalmente a mídia. Todas as pessoas que não eram de origem alemã e que não correspondiam aos ideais germânicos foram excluídas da sociedade e muitos  mortos, como ocorreu, por exemplo, com os maçons, comunistas, homossexuais e ciganos. Essa problemática vivida pelos judeus foi conseqüência de uma crise econômica no Velho Mundo e que desaguou na questão social. Uma espécie de crise gerada pelo meio agrário e pelo capitalismo que avançava.

No Brasil, a entrada de grande contingente vai até 1930, passando a ser controlada pela política de Getúlio Vargas que queria limitar o processo de imigração.

OS JUDEUS EM SANTOS - O porto de Santos era um dos portos de parada de navios no Brasil e atração para pessoas que vinham do exterior em busca de emprego e instalação de negócios comerciais.

A primeira sinagoga da cidade pertenceu aos sefaradim [2] com o nome de Beit-Sion, situada à Rua Borges, hoje praticamente fechada, aberta apenas para algumas festas religiosas.

Os judeus que vieram para Santos e que ainda vivem na cidade, em sua maioria, são descendentes ou imigrantes de países como a Polônia, Ucrânia e Rússia. Parece ter ocorrido em Santos outra leva de imigração, povos vindos do Leste europeu, os judeus ashkennazim [3]. A atual sinagoga é Beit-Jacob, localizada na Avenida Campos Sales, 143, e funcionava anteriormente à Rua Campos Melo, junto à Escola Hebraica, hoje desativada.

Há aproximadamente 50 anos foi a Vila Mathias o bairro de maior concentração de judeus na cidade de Santos, mais precisamente na Rua Júlio de Mesquita e imediações. Vinham, em sua maioria, desprovidos de recursos financeiros, mas assim que chegavam, por se dedicarem ao pequeno comércio, progrediam, pois dispunham de boa cultura, não necessariamente de escolaridade.

Em alguns casos, eles foram mascates, depois donos de lojas, ou ainda optavam por outras profissões; atualmente estão envolvidos em atividades variadas.

Eles não se concentram mais na Vila Mathias, espalharam-se por bairros nobres da cidade, onde vivem, aproximadamente, 150 famílias.

Apesar do número considerável de judeus em Santos, e da existência do prédio onde funciona uma sinagoga, não há permanentemente um rabino no local, ficando responsável pelos cultos uma pessoa mais velha e capacitada dentro da comunidade. O culto acontece às sextas-feiras, ao pôr-do-sol, quando eles começam a celebrar o Shabat.

A sede do Centro Cultural Israelita Brasileiro, situada na Avenida Conselheiro Nébias, nº 257, apresenta, com freqüência, atividades para a comunidade israelita e possui uma biblioteca.

O CEMITÉRIO ISRAELITA EM CUBATÃO - O Cemitério Israelita em Santos, que data de 1919, foi transferido para Cubatão em 1930, ficando assim os dois cemitérios - o dos israelitas e o dos cubatenses - lado a lado. Com a instalação da Refinaria Presidente Bernardes na cidade, houve a transferência dos dois cemitérios para o atual endereço, onde era o antigo Sítio Cafezal. O Cemitério Israelita está dentro do Cemitério Municipal de Cubatão, na Rua José Vicente, em uma ala separada.

Os enterros no Cemitério Israelita de Cubatão foram realizados até 1967; esta foi a última data encontrada numa lápide solta de uma antiga campa encostada ao muro. Entretanto, a última data de enterro constatada pela pesquisa nas sepulturas é 1966. Os registros são poucos para esclarecer as dúvidas. Atualmente, o campo santo está desativado. Esse cemitério, como já foi mencionado, teve procedência em outro local, conforme demonstram algumas lápides com datas anteriores a 1930. É um terreno relativamente pequeno, com 68 sepulturas até a pesquisa de 1991, sendo seis sem identificação nem referências nos arquivos consultados.

O cemitério atual, como o anterior, é próximo à Serra do Mar e sofreu a ação do clima e dos ventos fortes que danificaram vasos, pequenas colunas e outros adornos, além de sepulturas rachadas e outras literalmente quebradas. O campo santo passou por um processo de restauro e reforma durante período aproximado de um ano e foi concluído em dezembro de 1997.

A Associação Beneficente Israelita conseguiu deliberação da Câmara Municipal de Santos, aprovada em sessão de 6 de setembro de 1929, para concessão do território em Cubatão, na época distrito de Santos.

No dia 22 de novembro de 1929, na Câmara Municipal de Santos, estavam presentes o prefeito Dr. José de Souza Dantas, o diretor geral Dr. Fábio de Aguiar Goulart; e o primeiro-secretário da 1ª seção da Diretoria Geral, Leopoldo de Sousa e mais duas testemunhas. A presidente da Associação Beneficente, Susana Rosenreth, tomou ciência de que a área era uma quadra de 40 m x 48,5 m, com área total de 9.140 m², dentro do perímetro do Cemitério de Cubatão, e, caso fosse necessário, a Associação devolveria o território à administração municipal com todas as benfeitorias. A Prefeitura Municipal de Santos teria direito de revogar a concessão quando existisse interesse público, cobrar taxas de abertura, de exumação e de outros serviços.

Como característica de um cemitério típico judaico estão as pedras sobre os túmulos. As velas derretidas são mais um costume do meio que um princípio judaico, enquanto as pedras têm o significado de visitas que ali estiveram. As pedras ficam na terra como o ente sepultado, além de terem uma durabilidade que as flores não têm.

A impressão que se tem ao entrar no campo santo de Cubatão é que as sepulturas estão no sentido contrário, mas o que ocorreu foi uma mudança da entrada, pois foi fechado o portão que dava acesso à rua e aberto um outro portão do lado interno do Cemitério Municipal. Até os anos 70, havia um portão do lado de fora e nenhuma entrada por dentro; assim, embora estivessem lado a lado, os cemitérios estavam separados; mas esse acesso foi fechado e, agora, só há possibilidade de lá entrar através do portão principal. Depois da reforma e restauro, no final de 1997, não há mais gavetas do lado do portão interno.

Os nomes encontrados nas lápides estão relacionados em ordem de falecimento. Seguem-se:

01 Regina Finkeltein 03/04/1924
02 Anna Wilka 30/12/1924
03 Wolf Schaverman 30/07/1927
04 Chawe Fajge Schwarzfiter 23/07/1930
05 Olga Legni 15/08/1931
06 José Vappner 01/01/1932
07 Cypoire Medlowicz 18/02/1932
08 Rosa Schneider Rubim 24/06/1932
09 Rosa Steinhauser 24/09/1932
10 Laye Lewcaowitz 09/11/1933
11 Estella Borestein 11/02/1934
12 Rachel Vagolasteim agosto/1934
13 Emy Baron 06/07/1935
14 Chaise Schuchmeister 19/05/1937
15 Golde Reisel Chorein 20/07/1937
16 Freide Glick 20/11/1937
17 Mindel Widman 06/03/1939
18 Marian Sruloy 16/11/1942
19 Bina Reisla Albert Knoller 21/11/1942
20 Rosa Mascovithc 29/01/1943
21 Geny Friguiman 15/06/1943
22 Maria Marcus 23/04/1944
23 Jeny Flanhutz 07/05/1944
24 Etel Birman 21/08/1946
25 Aida Fisbin 12/02/1947
26 Kobbi Chara 18/04/1947
27 Henry Chull Mostre 16/05/1947
28 Sofia Klein 09/10/1947
29 Sara Frichman 13/12/1947
30 Isac Brand 24/12/1947
31 Jayme Rubim 12/03/1948
32 Brona Reinstein 25/03/1948
33 Liba de Queiroz 28/05/1948
34 Jach Salomon Ivanetzky 02/12/1948
35 Ruchel Platigosku 16/12/1948
36 Frederico Glick 07/01/1950
37 Helena Lisagoso Briguel 06/04/1950
38 Bernardo Goldestein 07/09/1950
39 Moiche Benjamin Dantzkoz 07/04/1953
40 Frajda Estera Ciechandvski 07/04/1953
41 Henrique Luiz Sims 14/07/1953
42 Falca Haler 01/04/1954
43 Anita Fernandes 01/04/1955
44 Gima Gheginski 09/10/1955
45 Sara Kiptman 30/05/1956
46 Fanny Grossi 21/10/1956
47 Baile Eriguel 23/07/1957
48 Fanny Goldemberg 12/08/1957
49 Ana Rothemberg 07/03/1958
50 Leib Goldenberg 07/03/1958
51 Sura Saidman 21/05/1958
52 Fany Chemblum 23/06/1959
53 Oscar Knoller 05/02/1960
54 Mary Goldfarb Goldstein 30/04/1960
55 Sara Fluglender 11/09/1960
56 Eva Waldo 25/10/1962
57 Rajzla Gitlalipska 05/06/1963
58 Grinda Prickoupetz 19/07/1963
59 Sossia Acrob 10/10/1965
60 Annie Symbeslist 03/12/1965
61 Haklia Brasnopolshy 18/06/1966
62 Dvoire sem data

Das sepulturas identificadas, 49 são de mulheres e 13 são de homens. As mulheres estão sepultadas na parte superior, onde estão também quatro das campas sem identificação, que, pela lógica, são de mulheres; enquanto as outras duas não identificadas, por estarem localizadas na parte inferior, são de homens. Então, o número de mulheres é superior ao número de homens. Em algumas sepulturas, as inscrições estão desgastadas; em outras, foi possível fazer a leitura; a maioria tem inscrições em português e hebraico; apenas em uma há inscrição só em hebraico. Embora mantenham as sepulturas algumas características em relevo da cultura hebraica, seguem o estilo clássico de qualquer cemitério do século XX.

São raros os casos de pessoas com os mesmos sobrenomes, portanto, não foi possível relacionar parentescos. O casal Rubim por exemplo, apresenta características diferentes - pelas inscrições seriam esposos. Os homens, em sua maioria, tiveram esposas e filhos. Sabemos que algumas mulheres casaram-se, tiveram filhos, outras tiveram filhos sem se casar; e ainda outras deixaram apenas lembranças de companheiras e amigas ou ainda última amiga da Associação Feminina Israelita de Santos.

Até 1991, havia um lavabo em mármore sem as laterais, junto ao muro; o mesmo foi substituído por um tanque comum e hoje há uma pia do outro lado do muro. A placa de mármore, com a inscrição de homenagem, em português, permanece; porém, o ambiente foi descaracterizado, pois o restauro preserva a originalidade, enquanto a reforma altera o todo.

No livro de óbitos, constam alguns nomes dos sepultados sem muitas referências, e além de esse livro estar deteriorado em virtude de uma enchente que ocorreu em Cubatão, em 1972, as anotações não seguem uma seqüência cronológica e há linhas em branco.

Por uma série de evidências que trataremos mais adiante, é possível constatar que essas pessoas foram envolvidas com tráfico de moças brancas, com a vida nos bordéis, de um lado as meretrizes, chamadas polacas, e, de outro lado, os cáftens.

AS POLACAS EM SANTOS - Apesar de maioria dos israelitas fugir das crises sociais européias, havia motivações diferentes para virem ao Brasil. Alguns judeus vinham envolvidos com o tráfico de moças brancas, dando continuação a essa atividade ilegal, já desenvolvida na Europa Oriental, o que também não deixou de ser uma fuga de problemas sócio-econômicos. Os judeus que viviam em Santos e levavam vida comum, quando morriam, eram sepultados em cemitérios de São Paulo.

Cubatão, distrito de Santos, era escassamente habitado na época; desse modo, o episódio das polacas e dos polacos estaria mais escondido da sociedade santista e, principalmente, preservando a imagem da comunidade judaica em Santos. A questão não era racial e sim social.

Com fundamento em pesquisas e história oral, acredita-se que esse campo santo teria vindo transferido do Cemitério do Paquetá, uma área nobre de Santos, por isso considerada inadequada para sepultamento das polacas.

A existência dessas moças denominadas polacas não se apagou da memória dos moradores mais antigos de Santos e Cubatão que conhecem essa história. As polacas eram prostitutas, em sua maioria, loiras do leste europeu, que professavam o judaísmo. A própria palavra polaca ficou estigmatizada em algumas cidades do litoral brasileiro com a conotação de meretriz e coisas sofisticadas, pela atividade que desenvolviam e por andarem bem vestidas. Usavam roupas finas e discretas, bijuterias italianas (imitação de ouro) e andavam perfumadas.

Essa foi a maneira generalizada de chamar as prostitutas de países como Polônia, Áustria e Rússia de ascendência judaica. Houve entre elas algumas moças com sobrenomes ibéricos, certamente descendentes de sefaradim que viviam no Leste europeu. A vida nas casas de tolerância, além das polacas, foi marcada pela presença das francesas que dominavam o mercado da prostituição. É provável que tanto as polacas como as francesas chamassem a atenção dos homens por apresentarem um tipo físico diferente do padrão das brasileiras na época.

A cilada para pegar as moças se iniciava com a chegada de comerciantes endinheirados vindos da América para a terra natal, na Europa, em busca de uma esposa de mesma origem e religião. Isso ocorria mais comumente no interior de famílias pobres e esses homens até se faziam de muito religiosos para poderem se aproximar da mercadoria e agradar aos familiares.

Na caçada às meninas, era comum os rufiões disfarçados escolherem a filha mais velha, depois buscavam as irmãs, preferentemente as órfãs, as mais ingênuas ou mais atrevidas, as mais bonitas e parece até que tudo isso acontecia com a ajuda de antigas moradoras nos vilarejos. A idade ideal das moças para serem pegas era mais ou menos 20 anos. Tudo ocorria sob a promessa de casamento, quando elas viessem para o Brasil.

As moças desembarcavam sem saber que seriam submetidas à prostituição. Algumas, realmente, casaram-se, enganadas, com os cáftens, sem saber quem eram eles; outras recebiam propostas para casar na América e, no navio, encontravam, algumas vezes, a verdadeira mulher do explorador. Quando ocorria o casamento, o marido explorava a esposa e outras moças que caíam na mesma armadilha. Sem dinheiro, sem falar a língua portuguesa, com os documentos presos pelos cáftens, sem parentes, tendo perdido a virgindade e sem ter a quem recorrer, eram forçadas a prostituírem-se.

Concentravam-se as polacas no centro da cidade de Santos, nas proximidades portuárias, ocupando ruas como Amador Bueno, João Pessoa, João Otávio e Senador Feijó.

O número de cáftens que permaneceram em Santos não deve ter sido muito grande. No cemitério há 13 lápides com nomes de homens e essas são as mais luxuosas, mais altas, o que demonstra a própria importância financeira deles dentro da Associação Beneficente Israelita. De extrema importância seria poder penetrar no submundo dos polacos e tentar entender seu envolvimento com a vida nos bordéis e a questão de explorarem moças da mesma origem, provavelmente por ser mais fácil o relacionamento entre pessoas de mesma procedência. Essa época foi marcada por uma intensa perseguição aos judeus do Leste europeu, o que não justifica toda a prática dos gigolôs. Porém era uma forma de ganhar dinheiro e não ser discriminado perante a sociedade européia, criando seu negócio num mundo distante e à parte, no Brasil.

A organização do tráfico de moças brancas do Leste europeu para o mercado de prostituição da América chamou-se Zwi Migdal. Operava a partir de Varsóvia, capital da Polônia. Eram os próprios judeus que controlavam o tráfico; na maioria, judeus poloneses, fato delicado na História e que incomoda algumas pessoas, porque todos professavam o judaísmo: traficantes e traficadas. A instituição Zwi Migdal foi fundada na Polônia em 1904, com sede em Buenos Aires. Posteriormente, houve uma cisão entre os cáftens e passou a existir outra máfia, a Asquenasum, que passou a reunir os judeus russos e romenos; a Migdal ficou mais com os poloneses.

Nos Estados Unidos, os judeus da Zwi Migdal fundiram-se com imigrantes italianos e deram origem à máfia norte-americana. Isso ocorreu quando o tráfico de moças brancas estava sendo perseguido e já não dava mais lucro.

Nos anos 10 e 20 do nosso século (N.E.: século XX), houve preocupação na Europa com esse tráfico de moças. Na Conferência Internacional sobre o tráfico de mulheres e crianças, promovida pela Liga das Nações, em Genebra, em 1921, conclui-se que, na maioria dos casos, essas moças não tinham sido enganadas e que elas preferiam a chamada vida fácil. Isto foi reflexo da mentalidade anti-semita voltada a ver o judeu como sujeito inclinado à avidez pelo dinheiro. Daí a pouca importância que se deu à situação do tráfico de brancas.

Serviram de concentração do meretrício das polacas ainda Nova Iorque, Buenos Aires, Assunção; cidades brasileiras como Rio de Janeiro, Santos, São Paulo (capital). Os portos mais comuns para o tráfico eram Marselha e Hamburgo com chegada marcada ora para Buenos Aires, ora para Montevidéu, ora para o Rio de Janeiro.

João Bosco, cantor e compositor, em parceria com Aldir Blanc, fez uma música com o título de O Almirante Negro, onde lembra João Cândido, o marinheiro considerado responsável pela Revolta da Chibata em 1910, no Rio de Janeiro; e cita também as jovens polacas e francesas. O cantor Moreira da Silva também fez homenagem a uma amante polaca, cujo samba termina com uma frase em iídiche Ich bin michigue fur dir (Eu sou maluco por você).

Margareth Rago relata em seu livro Os Prazeres da Noite que a prática de prostituição das judias do Leste europeu por rufiões da mesma origem já existia na Europa antes de virem para América. O cáften atribuía a si a função de médico e enfermeiro, fazia abortos, ensinava às moças noções de higiene. Era como se cuidasse de sua máquina sexual [4]. Além de enganar a polícia, roubava pertences de valor do freguês, enquanto sua companheira prestava serviço sexual. Mistura de protetor e explorador. A questão do aborto era muito séria, representava o fim dos sonhos, da afetividade e da possibilidade de ser mãe e de se relacionar com outro homem.

O tráfico de moças funcionou durante as primeiras décadas do século XX no Brasil. No início, quem estava à frente da Associação Israelita de Santos eram os homens; nos anos 50 e 60, foram as mulheres. O rótulo de polaca, sinônimo de meretriz e outros obstáculos individuais impediam que as mulheres mudassem de ramo e, normalmente, com o decorrer da idade transformavam-se em cafetinas. A maior parte de falecimentos dessas mulheres em Santos ocorreu nos anos 30, 40 e 50.

Dentre os cemitérios de polacas e de polacos, os mais próximos foram e são o de Cubatão, o de São Paulo, chamado o Chora Menino (desativado) e o de Inhaúma no Rio de Janeiro, tendo registrado presença, ainda, Salvador/BA, embora não haja cemitério israelita nessa cidade.

A princípio, acreditou-se que apenas algumas das pessoas que estão sepultadas no Cemitério Israelita de Cubatão estivessem envolvidas com a questão da prostituição. Sabe-se, porém, que os judeus que levavam vida comum não gostavam de misturar-se aos cáftens e suas prostitutas. Os judeus que não viviam dessa exploração freqüentavam ambientes separados; havia distância entre os dois grupos, sinagogas e cemitérios eram distintos para cada um. Segundo a tradição judaica, as pessoas envolvidas com o meretrício e as suicidas deveriam ser sepultadas ao lado do muro.

Para não serem discriminadas, as polacas criaram seu próprio mundo. Surgiram, então, duas entidades: a Associação Beneficente Israelita de Santos e a Associação Feminina Israelita de Santos. A última funcionava, nas décadas de 1950 e 1960, na Rua Amador Bueno, 322; a tesoureira Cyrla Wenger residia na Rua da Constituição, 52; a presidente era Frima Browermann. É provavel que as duas associações tenham se fundido em uma só quando as mulheres tomaram a frente dos negócios. Até a década de 60, a instituição existiu e preocupou-se com a conservação do Cemitério Israelita de Cubatão.

A ARTE FUNERÁRIA - O Cemitério Israelita de Cubatão apresenta-se de forma desalinhada, e as sepulturas com tamanhos variados; não há esculturas no local, característica do judaísmo, para evitar a idolatria.

Aparentemente, a religião impediria o desenvolvimento de uma arte funerária propriamente dita, mas como a capacidade de criar é inerente ao homem, mesmo sem a intenção, ele expressa esse dom com símbolos e adornos em relevos belíssimos que sintetizam uma arte inspirada na religiosidade.

Os relevos de flores revelam a influência do costume cristão, flores são festivas, não há relação com o sentimento de a morte dos judeus. As sepulturas são clássicas como em qualquer outro cemitério da época no Brasil ou na Europa. Foram usados nas lápides o mármore, o granito e um material que imita esta última pedra.

Há vasos muito originais, nos quais a parte inferior são patas de um animal, esculpidas como patas de leão. Nota-se a presença de relevos como galhos de árvores, que têm o significado de vida interrompida; leões que representam a tribo de Judá; tábuas das leis; duas mãos formando um triângulo que lembram o símbolo da maçonaria e as estrelas de David grafadas em todas as lápides simbolizando equilíbrio; é a identificação de todos com o judaísmo. Porta-retratos e velas que algumas pessoas acendem revelam mais uma vez a influência cristã; há, de certa forma, um ecletismo cultural no local.

Com o grande período de abandono, a população cubatense passou a ver o campo santo com um certo mistério, por não conhecer a procedência daquelas pessoas ali sepultadas. O mármore desgastado e escurecido, como o granito escuro naturalmente, criavam um ambiente sombrio. Alguns adornos perderam-se, como colunas com correntes que ladeavam poucas sepulturas; vasos quebraram-se devido à forte ação dos ventos e do clima; tudo resultado do abandono de um cemitério em estilo clássico, comum no final do século XIX e início do século XX.

SITUAÇÃO ATUAL DO CEMITÉRIO ISRAELITA DE CUBATÃO - O processo municipal nº 9.621/80 trata da desativação do Cemitério Israelita em Cubatão.

Não se sabe se o objetivo do processo era desapropriar a área ou chamar a atenção das autoridades israelitas locais. O que realmente sabemos é que o local ficou, durante décadas, em total estado de abandono.

Um casal que vive em São Paulo, e que prefere não ser identificado, faz visitas ao campo santo e cuida da limpeza de poucas campas.

Pessoas da comunidade israelita de Santos dizem não conhecer o episódio das polacas, muito menos o cemitério, e alegam que os judeus ali sepultados não têm mais parentes aqui no litoral. Já outras pessoas da comunidade confirmaram a presença das polacas sem entrar em pormenores.

O terreno foi uma concessão e as sepulturas são todas perpétuas.

A Sociedade Cemitério [5] de São Paulo fez uma proposta de parceria, em 1995, à Prefeitura Municipal de Cubatão para restaurar o cemitério. Sugeria-se que a Sociedade Cemitério ficasse responsável pelo restauro dos túmulos e a Prefeitura com os serviços de arruamento, asfaltamento, colocação de pontos de energia e água, além do revestimento do muro divisório. Essa mesma intenção foi da Associação Feminina Beneficente Religiosa Israelita de Santos, apresentada no processo nº 4341/65, que na época não foi atendida pela Prefeitura de Cubatão.

Depois de tanto tempo de esquecimento, a Chevra Kadisha e a Prefeitura resolveram iniciar o resgate do Cemitério Israelita. Iniciados os serviços em janeiro de 1997, a Sociedade Kadisha trabalhou no restauro e na reforma dos túmulos.

Atualmente o Cemitério Israelita de Cubatão recebe outras visitas além do casal de São Paulo; ainda é lembrado; basta olhar em cima de algumas lápides com pedras e/ou velas derretidas.

Atualmente, judeus falecidos na Baixada Santista são sepultados em cemitérios judaicos como o do Butantã ou da Vila Mariana, em São Paulo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS - No estado atual da pesquisa, é importante ressaltar a preservação do cemitério que foi o objetivo deste estudo. Em 1991, era necessário chamar a atenção das autoridades, principalmente judaicas. Este propósito concretizou-se com o restauro do local que guarda um capítulo da história dos israelitas na Baixada Santista. No decorrer da elaboração do trabalho, dentro do tema O Cemitério Israelita de Cubatão, tomou-se conhecimento do episódio das polacas.

Há uma certa dificuldade em tratar desse episódio, pois o recurso é a história oral e esta ainda mexe com feridas que estão abertas, embora mostre a possibilidade de uma pessoa refazer sua vida e criar filhos com dignidade.

É possível que, com o decorrer dos anos, as barreiras e os preconceitos das pessoas que viveram e conhecem muito bem esse contexto sejam vencidos, e assim nos permitam saber mais sobre esse período ainda obscuro, a história das polacas em Santos. A obscuridade aqui não é quanto ao assunto, mas ao velamento dos fatos.

A verdade é verdade enquanto nada possa ser refutado. Espaço, tempo e condição social limitam a ação humana e, neste momento, está essa história intimamente ligada à condição social. O campo santo deve ser preservado, pois representa, ainda que parcialmente, a memória de um povo. A História do Cemitério Israelita de Cubatão não está concluída, mas aberta, como qualquer outro tema, à pesquisa e à discussão.

A História continua.

(*) Evania Martins Alves é bacharel em História, licenciada em História e Filosofia pela UniSantos, professora de História da escola Usina Henry Borden e da escola estadual Afonso Schmidt, em Cubatão/SP.

Planta do cemitério israelita 
Imagem publicada com o texto

Referências:

[1] "Pogroms: Movimentos populares de violência com os judeus".

[2] Na Idade Média, os judeus se dividiam na Europa em sefaradim e ashkenazim. Originalmente, Sefarad era uma região asiática ao Norte da Palestina. No período medieval, o termo sefaradim foi aplicado aos descendentes de judeus na Espanha, Portugal e Norte da África; não eram numerosos, mas de grande expressão política e econômica.

[3] A expressão ashkenazim era usada para designar judeus dos Estados Germânicos ou da Europa Oriental. Falavam o iídiche, língua que nasceu no período medieval, durante o exílio, com a mistura do hebraico, loez (correlativo judaico do francês e do italiano antigo), eslavo e o alemão do Reno Médio, língua que teve maior influência na formação do iídiche.

[4] RAGO, Margareth. Os Prazeres da Noite.

[5] Ritos Funerários: à cerimônia que segue a morte entre os judeus dá-se o nome de Kadish, em que o caixão normalmente é comum e o defunto é envolvido num lençol branco. A pessoa morta é arrumada por uma Sociedade Cemitério. Em todo o Estado de São Paulo, a Sociedade Cemitério responsável é a Chevra Kadisha. O caixão deve estar fechado; os parentes ao lado rezando, alguém recita salmos, não necessariamente um rabino. Por tudo isto, é a Sociedade Cemitério local a responsável. Os parentes mais próximos guardam sete dias de reza, chamados Chiva. Para entrar no solo sagrado, tanto o homem como a mulher devem cobrir a cabeça em sinal de respeito.

Chama-se Yor Tsait o dia de aniversário de morte; nesta ocasião é comum rezar e acender velas para homenagear o ente falecido.

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CORRESPONDÊNCIA da Procuradoria Geral da Prefeitura de Cubatão ao Dr. Maurício Asnis em 9 de dezembro de 1980, referente ao processo 9.6211/80.

ESTEVES, Vera Lúcia. Desenhos das proximidades do Cemitério de Cubatão.

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ENCICLOPÉDIA JUDAICA - Biblioteca da Cultura Judaica. Rio de Janeiro: Tradição, 1967 v. 11/2/3.

DOCUMENTOS, fichário do Cemitério de Cubatão do setor de Cadastro, da Prefeitura Municipal de Cubatão.

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