"Desde que fecharam a capela para missas e casamentos, há cinco ou seis anos, tudo ficou ruim. Pedimos a Deus para não fechar a nossa igreja", diz fiel,
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Foto: Rogério Soares, publicada com a matéria
Capela da Fabril: só resta orar por ela
Já se pediu o tombamento da vila para se preservar a capela de Nossa Senhora Aparecida, a mais antiga construção católica da Cidade
Eduardo Brandão
Da Sucursal
"Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo", sentenciou o filósofo, poeta e ensaísta espanhol Jorge Santayana (1863-1952). Fardo
destinado às cidades da região, que acompanharam nos últimos cinco séculos a ruína de construções históricas com a força do poderio econômico. Em Cubatão, parte da atual formação da cidade industrial padece com a ação do tempo.
A precária situação estrutural da capela de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Fabril, é motivo de aflição dos fiéis. "É de se lamentar (o estágio de deterioração). Desde que fecharam a capela para missas e casamentos, há cinco ou seis anos, tudo
ficou ruim. Pedimos a Deus para não fecharem a nossa igreja", lamenta a pensionista Felícia Ana dos Santos. Ela é uma das responsáveis pela limpeza interna da unidade, considerada a construção católica mais antiga existente na Cidade.
Datada do começo do século passado, a capela foi erguida junto à vila de operários da extinta Companhia Fabril de Papel (posteriormente, passou a se chamar Companhia Santista de Papel), cuja operação teve início na década
de 1920. Compunha o cenário com outras 200 casas em estilo inglês, além de área comercial, escola, clube e cinema. Até o início da década de 1960, cerca de 75% dos trabalhadores daquela fábrica residiam na vila com suas famílias.
Grande parte das edificações já foi demolida. Hoje, restam apenas 55 moradias, a igreja, creche, alojamento e parque infantil. Conforme recorda o ex-vereador Romeu Magalhães, que se casou na capela, o auge da Vila Fabril se deu entre as décadas de
1950 e 1960. Ele afirma que o espaço era o centro geográfico de Cubatão.
Antes de o Polo Industrial ganhar fama com refinarias, siderúrgicas e fábricas de fertilizantes, a empresa era um dos motores da economia local, segundo o historiador e secretário municipal de Cultura, Welington Ribeiro Borges.
A construção da capela de Nossa Senhora Aparecida é rodeada de mistérios. Há quem garanta que construtores canadenses ergueram a capela; outros a atribuem a ingleses.
Rumor e medo |
Circula na Vila Fabril o rumor de que o espaço seria vendido para dar lugar a um estacionamento de caminhões. Isso tem sido comentado desde o ano passado, quando a Companhia Santista de
Papel encerrou suas atividades. Os proprietários da gleba não confirmam nem negam a possibilidade de se desfazer do local. Católicos temem o fim da capela |
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Venda: rumores - "A gente ouve muitos boatos de que vão vender essa área para colocar caminhões. Só espero que preservem a igreja", diz Felícia, uma das remanescentes do bairro, abandonado
com o fim da companhia.
A hipótese começou a ser ventilada após o encerramento das atividades da Companhia Santista de Papel, no ano passado. Entretanto, nunca foi confirmada nem negada pelos proprietários da gleba onde está situada a capela.
Porém, as especulações têm deixado a comunidade católica temerosa.
"É para se preocupar, por ser uma bela capela e de importância histórica muito significativa", resume o padre Carlos de Miranda Alves, pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora da Lapa. Por estar em uma área particular, o santuário não integra a lista
de imóveis sob jurisdição da Diocese de Santos. Assim, uma eventual reforma não poderá ser organizada pela Cúria.
Dessa forma, o pároco pede ao Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Cubatão (Condepac) que tombe a capela como um bem histórico da Cidade. E que, paralelamente, também se reforme o espaço.
"O telhado está deteriorado; a construção, cheia de mofo e sinais de cupim em algumas portas. Peças sacras estão em estado de degradação. É necessária uma ação conjunta para que não percamos a capela", afirma o religioso.
Há pelo menos dois anos, o Condepac propôs o tombamento do estilo arquitetônico da vila, construída no início do século passado para abrigar os operários. Porém, a ação contemplaria todo o conjunto de imóveis, e não apenas a capela – razão pela
qual a ideia demoraria a avançar.
...que lamenta a visível e progressiva deterioração do imóvel
Foto: Rogério Soares, publicada com a matéria
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