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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - OLEODUTO SANTOS/S.PAULO
Combustível sobe a serra, no oleoduto (4)

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A história do oleoduto em Cubatão também foi pesquisada pelo site E.F.Brasil, dedicado às ferrovias brasileiras, cujo responsável, Marcello Talamo, ofereceu a Novo Milênio a reprodução desta matéria da revista Ferrovia nº 138, cedida pelo colaborador Christoffer (ortografia atualizada nesta transcrição):

Imagem: reprodução da matéria original publicada na revista Ferrovia nº 138

ESTRADAS DE FERRO SANTOS A JUNDIAÍ

A construção do oleoduto entre Santos e São Paulo centraliza uma grande obra para a qual todos os esforços têm sido aplicados

A Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, a quem foi confiada a construção do Oleoduto Santos-S. Paulo, por título de autorização exarado pelo Conselho Nacional de Petróleo em 27 de agosto de 1948, pode se orgulhar de, cerca de 3 anos após, ter dado ao Brasil seu primeiro Oleoduto.

É importante notar que a construção, propriamente dita, foi iniciada em abril de 1951. Os anos de 1949 e 1950 foram consumidos em estudos preliminares, projeto, locação e serviços básicos como sejam estradas de acesso, terraplenagem dos locais das estações etc.

Para que se tenha uma idéia da boa compreensão e entrosamento dos diversos setores, salientamos, como exemplo, a montagem da tubulação de 10" na Serra do Mar, executada em 19 dias, sob as mais difíceis condições de trabalho.

O projeto, executado pela firma William Brothers de New York com a assistência técnica contínua do sr. William G. Heltzel, especialista contratado pela E. F. S. J., resultou, na prática, perfeito em todos os seus pormenores e o funcionamento provou a alta eficiência do sistema.

A primeira linha de 10", correspondente a produtos claros (gasolina, querosene e óleo diesel), após algumas provas, foi posta a funcionar, com pleno êxito, a 20 de outubro de 1951. Até 18 de novembro, isto é, em exatamente 30 dias, já haviam sido transportados de Santos a Utinga 64.600.000 litros de gasolina, ou seja, uma média de 2.150.000 de litros diários.

Não é demais ressaltar a importância desse funcionamento.

A Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, assoberbada com o problema dos transportes que, dia a dia, se torna mais agudo, não só no Estado de São Paulo como também no País, e enfrentando um dos mais sérios problemas brasileiros no momento, qual seja o congestionamento do Porto de Santos, deu um passo decisivo no sentido de amenizar essa crise.

Nas suas linhas, entre São Paulo e Santos, trafegam para mais de 400 vagões-tanques, congestionando a ferrovia, e principalmente o trecho da Serra do Mar, com uma tonelagem bruta de derivados de petróleo que alcança cerca de um terço do peso total transportado em um ano. O oleoduto vem, pois, liberar parte desses vagões, no momento, e em futuro próximo, nos primeiros meses de 1952, quando estiver pronta a segunda linha do oleoduto de 18" para o transporte de produtos escuros, esse desafogo será total. Em 1952, cerca de 1.500.000 toneladas de combustíveis líquidos deverão ser transportadas pelo Oleoduto.

Os serviços de construção atingiram a  sua fase aguda durante 1951 e abrangeram uma escala complexa quanto à sua diversidade. É que, em sua pequena extensão (50 km), o Oleoduto reúne quase todas as dificuldades inerentes à implantação de um pipeline: - travessias de cidades, terrenos alagadiços, águas salgadas, cruzamentos submarinos, de estradas de ferro e rodagem, escalada de serras, desenvolvimento em planalto, sendo de notar que os problemas mais diversos, no campo da engenharia civil e eletro-mecânica, foram enfrentados.

Nas diversas estações, foram montados 17 reservatórios para os produtos claros e escuros, com uma capacidade total de 90.000.000 litros. Ao redor dos mesmos, foram construídas paredes de proteção contra fogo em terra, com um volume de 50.000 m³. Para a implantação da linha e preparo dos locais das estações, assim como estradas de acesso, foram terraplenados cerca de 800.000 m³ de terra.

Duas pontes metálicas, uma sobre o Rio Casqueiro, outra, pênsil, sobre o Summit Canal, foram construídas. Usaram-se cerca de 6.000 m³ de concreto para os mais diversos fins: - construção de 20 residências para os operadores e 3 grandes edifícios para escritórios nas Estações; maciços de concreto e pilastras para amarração dos canos no trecho da Serra do Mar; bases para os tanques e reservatório elevado de água; fundações das casas de bombas, subestações elétricas etc. Foram construídos 10 quilômetros de linhas de transmissão elétrica (alta voltagem), além de uma linha telefônica própria, ligando todos os pontos do Oleoduto ao Escritório Central em São Paulo.

Nesses serviços, trabalharam em média mensal cerca de 1.000 operários, além do corpo técnico e administrativo. O número de veículos empregados foi cerca de 150 entre automóveis, caminhões, guindastes, escavadeiras e máquinas especializadas com uma potência total de 10.000 HP.

Tendo posto em serviço a linha de 10", correspondente ao transporte de produtos claros, em fins de outubro, continua a Comissão de Oleoduto os seus trabalhos e espera, até os primeiros meses de 1952, entregar não só a linha de 18", que transportará os produtos escuros (óleo combustível e cru), como o Ramal Especial ligando o Terminal de Utinga aos depósitos das companhias de petróleo, situados ao longo das linhas da E.F.S.J., entre aquele terminal e a Estação de Moóca.

No momento, a entrega de gasolina está sendo feita num pátio de carregamento para vagões-tanques, em Utinga, o qual também foi construído pela Comissão e tem capacidade para carregar cerca de 80 vagões de 30.000 litros por dia.

Foto-legenda publicada na página 32 (última) do jornal santista A Tribuna, em 14 de janeiro de 1951 (ortografia atualizada nesta transcrição):

Foto "datada em 3-1-1951", publicada com a nota

ADIANTADAS AS OBRAS DO OLEODUTO - Estão prosseguindo normalmente os trabalhos referentes à construção do oleoduto São Paulo-Santos, confiados, como se sabe, à supervisão de uma comissão chefiada pelo abalizado técnico brasileiro, coronel Levy, tendo como engenheiro residente em Santos o dr. José Aflalo Filho.

Os trabalhos da estação elevatória do Cubatão, onde serão instaladas bombas de 1.500 libras por polegada quadrada, para recalque dos produtos, estão muito adiantados. Já foram construídos dois dos oito tanques destinados ao depósito dos diversos produtos enquanto aguardam bombeamento para a usina terminal de Utinga.

- No clichê acima, vemos um aspecto do local, à esquerda do posto de pedágio da Via Anchieta, aparecendo no primeiro plano o enrocamento d pedra feito pela comissão para proteção da estação contra as enchentes do rio Cubatão, e no qual foram utilizados 8 mil metros cúbicos de pedra. Ao fundo, vêem-se os dois primeiros tanques para gasolina, de teto flutuante, com capacidade para 42.500 barris cada um.

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