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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
Do Entrudo ao Carnaval (desde João Ramalho)

O surgimento das festividades momísticas em Cubatão é tratado assim no livro Antologia do Folclore Cubatense, de Luzia Maltez da Guarda (edição da autora, 8/1985, Cubatão/SP), depois de ampla dissertação sobre as origens das festas no mundo e no Brasil:

O Carnaval
Imagem de Maria Rosa Rodrigues, publicada no livro

Aspectos folclóricos das festas de origem européia de cunho religioso e pagãs (II)
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O Carnaval - (...) Supõe-se que o Entrudo aparece em nossa região bem antes de 1532 (ocasião da chegada de Martim Afonso de Souza ao Brasil), com João Belbode Maldonado (João Ramalho), e difundido entre os índios que por aqui habitavam. Porém, é no século XVII que ele conquista maior expressividade para a população local, que ainda hoje é atraída pela brincadeira do Carnaval, que se estende também para os festejos de datas de aniversários, casamentos e despedidas de solteiro.

Os limões-de-cheiro, os lança-perfumes, os confetes e serpentinas, as luxuosas fantasias dos senhores sitiantes da região e das moças das grandes casas dos sítios, filhas ou netas desses barões da banana e da mexerica, movimentavam as festas que aconteciam na avenida da praia do Gonzaga. Eram os cordões, que atraíam os jovens da época. Cordões de moças e cordões de rapazes, que iriam encontrar-se uns com os outros, para o flerte, precursor do tão famoso amor de Carnaval; eram reis e rainhas, pierrôs e colombinas, também os cordões de bichos.

Deram origem aos blocos carnavalescos, a união dos cordões jovens. Com os blocos foram instituídos os concursos, que também aconteciam no Gonzaga (nesse período, Cubatão pertencia ao domínio santista), e os blocos que mais se apresentavam de Cubatão eram os blocos da Vila Fabril e da Light, que se utilizavam de diversos instrumentos musicais de percussão, corda e sopro (nesse período dizia-se "Vamos desfilar na Avenida da Praia", onde hoje são a Avenida Vicente de Carvalho e a Avenida Presidente Wilson, no Gonzaga).

E foram esses blocos de foliões que alegraram os bailes carnavalescos realizados no fundo dos quintais das casas de fazendas e sítios, alegrados pela Banda Furiosa, onde mais tarde pode apresentar-se numa sala do prédio Socorro Mútuo, na avenida principal de Cubatão, para alegrar o Baile de Carnaval de Salão (local onde já está situado o escritório da Viação Santos-Cubatão, atual Avenida 9 de Abril), com seus concursos de fantasias.

Para os desfiles dos blocos, foram instituídos concursos de marchas-ranchos e Cubatão apresentou-se no Gonzaga com as marchas do Bloco da Fabril e do Bloco da Light, cujas letras eram assim, respectivamente para cada bloco:

Vem ver minha gente
Vem ver
O nosso bloco como vai brilhar
Quanta gente passeando com harmonia
Para ver o Bloco da Folia

Vem ver minha gente
Vem ver
O nosso bloco como é tão belo
Ele é todo brasileiro
E a fantasia é verde-amarelo

Morena moreninha formosa
Toma banho de areia
Do Gonzaga ao Boqueirão

Enquanto a sua pele vai queimando
Vai se incendiando
O nosso coração

O corso também acontecia no Gonzaga, os carros eram enfeitados com flores (hortênsias) e fitas coloridas, e babados cintilantes dos vestidos das senhoritas coloriam os seus bancos, despertando o canto nos sorridentes lábios, nas bocas pintadas, essas que despertavam o olhar galanteador nos rostos que se harmonizavam em palhetas e paletós - isso acontecia em 1937.

O que restou de nosso carnaval de rua foi a criação de escolas de samba, que desfilam até nossos dias na avenida e nos salões. Os bailes deixaram de ser realizados no Socorro Mútuo para acontecerem nos outros salões da cidade: Esporte Clube Cubatão (o primeiro deles), Associação Atlética Guimarães, Esporte Clube Jardim Casqueiro, Someca, Clube Atlético Usina de Cubatão, Comercial Santista Futebol Clube, onde a população local freqüenta no Carnaval e nos outros dias do ano. Essa população é flutuante, a mobilidade social se mostra evidente, porém o tradicionalismo permanece nessa cidade interiorana, contrastando com o desenvolvimento verificado, por ser hoje o maior parque industrial da América Latina.

Do Bloco dos Cabeções nasceram as escolas de samba. Foi instituído o concurso para a escolha do Rei Momo e da Rainha do Carnaval e, nesse ambiente, as escolas se apresentam para competirem nos concursos na avenida, geralmente brotadas em associações de bairros ou por iniciativa de grupos isolados engajados, que têm entre si um ponto em comum: sair às ruas no carnaval, depois de um ano de luta para apresentarem-se com seus componentes, baterias, carros alegóricos, fantasias coloridas, que serão reaproveitadas no ano seguinte.

Há também os concursos para escolha do melhor samba-enredo e do melhor passista.

Algumas escolas são veteranas de carnavais, da alegria do povo. São elas: Escola de Samba Nove de Abril, Escola de Samba Independência, Escola de Samba Nações Unidas, Escola de Samba Serrana, Escola de Samba de Vila Paulista.

Ainda temos o trio elétrico, que aumenta o calor do verão nas avenidas e salões, e a população atrás do trio elétrico que curte a graça da Rainha do Carnaval (eleita todos os anos) e o siso do Rei Momo que ocupa o trono atualmente, Sílvio Andrade Filho, personagem do povo, na festa do povo, que traz também seu cunho folclórico, com variações particulares, decorrentes das condições de colonização e povoamento.

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