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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - VILA SOCÓ - (19)
A tragédia, em A Tribuna de fevereiro/1984-L

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Uma das maiores tragédias de Cubatão, senão a maior, foi o incêndio de um oleoduto da Petrobrás que passava sob uma favela, Vila Socó, destruída pelas chamas com a morte de cerca de uma centena de pessoas, em 24/2/1984. Na segunda-feira, 27 de fevereiro de 1984, o jornal santista A Tribuna continuou a publicação da reportagem sobre a tragédia. As imagens das páginas foram tratadas pelo jornalista Allan Nóbrega, que em 24/2/2014 cedeu cópias a Novo Milênio. Esta é a primeira página dessa edição (ortografia atualizada nesta transcrição):
 

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Primeira página do jornal A Tribuna de Santos, de 27 de fevereiro de 1984

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Até agora, 89 mortos na Vila Socó

Pelas estatísticas oficiais, a tragédia da Vila Socó provocou 89 mortos até o final da tarde de ontem, pelo número de corpos que deram entrada no Instituto Médico Legal de Santos. No entanto, ninguém jamais saberá quantas pessoas realmente morreram no incêndio e que ficaram soterradas sob os escombros dos barracos, especialmente as crianças mais novas. Até agora não foi iniciada uma operação organizada para recolher os cadáveres do mangue ou para a elaboração da lista dos desaparecidos.

Tanto as autoridades responsáveis como os moradores sobreviventes dão a impressão de que ainda vivem o pesadelo da madrugada de sábado, numa agitação desorientada e sem um comando eficiente. Ontem, os bombeiros recolheram mais nove cadáveres no mangue da favela, mas esse foi um caso isolado, mediante pedido e orientação dos familiares das vítimas, que sabiam o local exato onde elas estavam. Durante a madrugada, a Santa Casa registrou mais seis óbitos por queimaduras graves.

O dia seguinte, na Vila Socó, foi dramático. Enquanto uma equipe da Petrobrás iniciava o conserto da tubulação rompida, de onde exalava ainda forte cheiro de gasolina, muitas pessoas voltavam aos locais onde moravam, tentando recuperar alguma coisa, num trabalho inútil. Sem exceção, todos foram atingidos. Mesmo aqueles que não perderam familiares, lamentavam a morte de vizinhos e amigos e recordavam as horas de horror. Entre as vítimas fatais estava seu Artur, primeiro morador da área, que estava paralítico.

No Centro Esportivo Castelo Branco, onde 550 famílias estão abrigadas, a noite anterior foi marcada por uma insônia coletiva. Ao mesmo tempo, a dor pela tragédia provocou inúmeras manifestações de solidariedade nos municípios vizinhos e até em outros estados. A Petrobrás, até agora, não conseguiu explicar as causas do vazamento de gasolina, procurando apenas negar algumas informações divulgadas.

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