Restos da explosão: vazamento não foi percebido
e a gasolina bombeada misturou-se ao mangue
Foto: Nieis Andreas/AE - 25/2/1984
Ato marca 20 anos da tragédia de Vila Socó
Incêndio em Cubatão, em 25 de fevereiro de 1984, matou 93 pessoas e destruiu
1.200 barracos
José Rodrigues
Cubatão - A cidade de Cubatão não esquece sua maior tragédia, ocorrida na
madrugada de 25 de fevereiro de 1984: o incêndio de Vila Socó, que deixou 93 mortos e 1.200 barracos destruídos. Um ato será realizado na
Quarta-feira de Cinzas para lembrar as vítimas.
"Muita coisa mudou para melhor nestes 20 anos", disse ontem o prefeito Clermont Castor
(PL), que faz um paralelo entre as duas épocas. "A lei mudou, o respeito às normas é muito maior e todo cuidado é tomado para que tragédias como
essa nunca mais se repitam".
A Vila Socó não existe mais nem no nome. Chamada de Vila São
José, ganhou o apelido de Socó, que acabou abandonado depois da tragédia. Em seu lugar, há um conjunto de casas modestas, nas margens da Via
Anchieta, e os dutos da Petrobrás já não são visíveis, como há 20 anos. Em quase toda a extensão, se plantou grama e, mais seguro, o espaço passou a
ser usado pela população, com campanhas de conscientização para evitar perfurações.
Susto - Mas houve um susto, quase três anos atrás. A cidade comemorava seu
aniversário, em 9 de abril, quando começaram a circular informações de que se sentia um cheiro forte, vindo da Vila dos Pescadores, que tem as
mesmas características da antiga Vila Socó: palafitas sobre o mangue, ao lado do duto exposto da Petrobrás. "Foi uma correria", lembra o prefeito.
"Mas, felizmente, nunca houve problema ali".
Ele conta que, coincidência ou não, a Petrobrás está fazendo revisão e troca de dutos
na Vila São José. "Hoje, a cultura é outra e os cuidados com a segurança são muito grandes". Logo após o acidente, a empresa trocou os dutos que
transportam combustível do Porto de Santos para a Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão.
Na época da tragédia, o método de fiscalização era conhecido por pica-pau. Um
funcionário passava batendo no cano e, quando ouvia um barulho diferente, fazia uma verificação detalhada. Hoje, o sistema é eletrônico e há
comportas ao longo dos dutos, que podem ser fechadas em caso de emergência. Há 20 anos, o vazamento não foi percebido e a gasolina continuou sendo
bombeada, até que um fósforo aceso provocou o incêndio. |