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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - Poluição
O vale da morte e da vida (9)

A extinção do bairro proletário Vila Parisi, encravado na zona industrial cubatense, foi comemorada em 1992 pela prefeitura cubatense, com uma "Edição Histórica" (ano II, nº 6) do informativo Prefeitura em Ação - Prefeitura Municipal de Cubatão presta contas, com quatro páginas, divulgado em 24 de maio de 1992, às vésperas da conferência ambiental internacional Eco-92 no Rio de Janeiro:


Dezenas de crianças, como as da foto, 
têm a partir de agora uma vida e um futuro melhor e mais justo
Legenda da foto incluída na capa do informativo oficial

SOLUÇÃO DEFINITIVA DO PROBLEMA DE VILA PARISI
A vitória da vida

Um pequeno paraíso. Assim era, por volta de 1700, o Sítio Mendes, hoje Vale da Vida. Em 1952, o espanhol Silvestre Perez Esteves recebeu a área como herança. Quatro anos depois, os irmãos Helládio e Celso Parisi, sabedores de que uma siderúrgica seria construída em Piaçagüera, compraram a gleba e iniciaram um loteamento. Imaginavam criar uma nova Volta Redonda. Em 18/1/1957, a Prefeitura de Cubatão aprovou o loteamento residencial "Vila Parisi", que contaria com 823 lotes numa área de 474.280 m².

A promessa dos irmãos era construir um bairro completo, mas realizaram apenas a abertura das ruas, sem qualquer infra-estrutura. E com a chegada dos primeiros moradores, os problemas começaram a aparecer.

Sem água, esgoto, energia elétrica e urbanização, as pessoas viviam em ambiente hostil e penoso. A Prefeitura foi obrigada a investir no bairro: em 69, foram instaladas as redes de água e eletricidade; em 76, duas ruas (de 14 existentes) foram calçadas. O problema das enchentes, no entanto, jamais foi solucionado. Sem um plano de drenagem, a Vila sofria nas chuvas e nas marés altas. Duas grandes enchentes, quando as águas atingiram dois metros de altura, em 71 e 75, são lembradas até os dias de hoje.

Com a construção da Cosipa, a partir de 62, o bairro passou a abrigar muitos trabalhadores, a maioria migrantes. Agravaram-se os problemas, principalmente de moradia e os quartinhos de aluguel e as "camas quentes" proliferaram. Isso acelerou a degeneração do bairro. Graças às reivindicações de seus habitantes, o bairro conseguiu desenvolver-se, contando com serviços públicos, atraindo inúmeros credos religiosos, um comércio básico diversificado, e chegou até a ter três times de futebol rivais. Mas, devido aos problemas sociais e à poluição, o núcleo acabou marginalizado pela comunidade em geral.

Imagem publicada com a matéria


A extinção do bairro, autêntico ponto nevrálgico na questão da poluição ambiental, vem de longe, numa história cheia de personagens e muitas versões. A primeira tentativa aconteceu em 1969, quando Aurélio Araújo era prefeito. Em 72, a Cohab iniciou a construção de 2.000 casas na área da atual Vila Natal, para transferir os moradores, mas o projeto não foi adiante. Em 74, deixou de ser considerada área em extinção. Nessa época, a Vila Parisi era assunto obrigatório e diário na grande imprensa.

O governador Paulo Maluf, em 80, decreta o fim do núcleo. Em 85, começam as desapropriações e, neste mesmo ano, o prefeito Nei Serra cria o Geiphac – Grupo Executivo para Implantação do Projeto Habitacional de Cubatão, cuja prioridade era assegurar a extinção da Vila.

As primeiras 95 famílias foram transferidas em 86, para o Bolsão 8. O processo foi muito polêmico e ineficaz, em função de desencontros entre a Administração daquela época e os moradores, que se sentiam prejudicados. Além disso, amigos e parentes dos habitantes mudaram-se para o local, na esperança de ganharem uma casa, dificultando todo o cadastramento.

Nessa época, o bairro vivia em total decadência, sem energia elétrica, sem transporte coletivo etc.

O fato é que quando Nei Serra retornou à Prefeitura, pelo voto popular, em 89, ainda residiam na Vila Parisi 1.500 pessoas, muito embora, no ano anterior, tenha sido anunciada a total extinção do núcleo.

Adotando critérios mais justos para solucionar os diferentes casos existentes no bairro e com muita determinação, Serra conseguiu o que parecia impossível. Sem traumas sociais ou injustiças, garantiu a total e tranqüila transferência de todos os moradores.

As famílias que tinham direito receberam modernas casas na Ilha Nhapium, em área com total infra-estrutura. Os últimos moradores deixaram a Vila no dia 13 de maio deste ano. Como os demais, seguiram para um futuro e uma vida melhor e mais justa.


Vivendo em condições sub-humanas, 25.000 pessoas enfrentaram todo tipo de infortúnio, o preconceito social, a marginalidade e os males da poluição. Uma realidade que chocou u mundo e tornou-se o mais forte símbolo de reflexão sobre a questão do meio-ambiente
Foto publicada com a matéria


A atual administração conseguiu equacionar a solução definitiva do problema de Vila Parisi, com determinação, criatividade e, principalmente, com extrema atenção à questão social. Todos os casos das 1.500 pessoas que ainda residiam na área, em 89, foram estudados, encontrando-se uma solução justa para cada um. Na Ilha Nhapium, mais de 60 famílias receberam casas construídas com moderna tecnologia, em um loteamento com total infra-estrutura, garantindo assim uma vida e um futuro melhor
Foto publicada com a matéria

Hoje, 24 de maio, faltando uma semana para a Conferência Mundial do Meio-Ambiente (Eco-92), que acontecerá na cidade do Rio de Janeiro, Cubatão, de cidade conhecida no passado como Vale da Morte, anuncia a Vitória da Vida.

Estamos comemorando hoje a conclusão do processo de extinção do bairro de Vila Parisi, que chegou a ter 25 mil moradores, responsável pelos rótulos negativos que o município teve na área ambiental, social e de saúde, nas últimas décadas.

Hoje, passados perto de 7 anos do início das desapropriações, pagamentos de indenizações aos proprietários de terreno e ainda das demolições dos imóveis e transferência das famílias para outros bairros mais apropriados, a área de Vila Parisi, agora Vale da Vida, de 400 mil m², já não representa a imagem feia, de barracos com valas a céu aberto, fincados abaixo do nível do mar, cujas sub-habitações se misturavam à fumaça das indústrias próximas, prejudicando a saúde de seus moradores, principalmente das crianças, afetadas por problemas respiratórios e pulmonares.

No lugar do bairro sub-humano, há uma área toda aterrada e plana, pronta para receber um grande projeto, que irá gerar de 5 a 10 mil novos empregos, enfrentando a recessão e a crise brasileira. É o Projeto do Centro Empresarial Vale da Vida, com terminal rodo-ferroviário de cargas, que está sendo gerenciado pela Cursan – Companhia Cubatense de Urbanização e Saneamento, aliás o único prédio que ficou de pé na Vila Parisi, para poder dar a sustentação a toda essa mudança de objetivos.

A partir de hoje, estará chegando ao Parque Industrial o gás natural do Poço de Merluza, para ser utilizado pelas empresas, em substituição ao óleo de Baixo Teor de Enxofre (BTE), reduzindo ainda mais a emissão de poluentes no ar, atingindo um índice calculado em 99%.

Até a implantação do Centro Empresarial, a área totalmente vazia e aterrada com escória terá um cinturão verde, estando previsto o plantio de 60.000 mudas de "eucalipto citrodora", doadas pela Ripasa, alcançando com essa quantidade e até ultrapassando o marco de 130.000 mudas.

Presença na Eco-92 - A partir desse maior exemplo que Cubatão vem dando para o Brasil e para o mundo, na área ambiental, é que de 3 a 10 de junho, no Rio de Janeiro, haverá um destaque para o município, com um stand na Eco-92, em exposição paralela, sendo que no dia 4 de junho o prefeito Nei Serra recebe o "Selo Verde", homenagem a nível nacional pelo trabalho que desenvolveu na cidade. Essa é a primeira vez que uma pessoa física recebe tal comenda, pois até então só as empresas tinham acesso ao prêmio.


Apresentando uma solução definitiva e criativa, 
a Administração Municipal reafirma sua capacidade de realização
Foto publicada com a matéria

Vale da Vida: um tríplice significado

A solução definitiva de Vila Parisi, hoje Vale da Vida, é a marca maior da capacidade de realização da atual administração. Vencer o Vale da Morte - símbolo universal da poluição ambiental e da degradação humana - é, longe de qualquer ufanismo ou autopromoção, concretizar o sonho de toda uma Comunidade. É provar que a vontade do Homem, quando persistente e justa, pode remover montanhas, enfrentar obstáculos de quaisquer espécies.

Vencer o Vale da Morte é dar um presente ao Planeta Terra, na forma de uma lição de esperança em um mundo melhor. E é esta lição que o heróico povo de Cubatão está dando a todos os povos, neste 24 de maio 1992. Ao brado angustiado das vítimas da poluição dos velhos tempos, respondemos hoje com a transformação de nossa Cidade em Símbolo da Ecologia. O ato que realizamos neste dia 24, ao comemorarmos a solução definitiva deste antigo problema, tem um tríplice significado:

1. A recuperação ambiental de Cubatão e o resgate da dignidade de nossa Cidade.

2. A geração de mais 10 mil empregos novos, enfrentando-se a recessão e a crise que afeta o Brasil, com a implantação neste local do Centro Empresarial Vale da Vida, com um Terminal Rodoferroviário de Cargas.

3. A implantação de um projeto social de 2.500 moradias para as famílias mais carentes de nosso município, com os recursos provenientes do Centro Empresarial Vale da Vida.

Por tudo isso, a comemoração de hoje tem uma carga emocional muito grande. Tem o sabor de Vitória: a Vitória da Vida!


O Centro Empresarial Vale da Vida gerará 10 mil novos empregos e gerará recursos para a construção de 2.500 moradias para as famílias mais carentes
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