Imagem: reprodução da
página. Fotos: Rolando Roebbelen
1 - A região metropolitana e o contexto de Cubatão
1.1 ORIGENS
Cubatão surgiu como ponto de ligação entre as trilhas que vinham do alto da
Serra do Mar e as vias aquáticas para São Vicente, Santos e o mundo. Conseguiu prosperidade econômica com o controle da barreira
fiscal e do transbordo de cargas entre o porto santista e São Paulo de Piratininga. Esse sistema integrando os modais terrestre
e aquático foi, provavelmente, a primeira experiência brasileira em transporte multimodal.
A fonte de renda advinda do transporte de cargas começou a diminuir após
a construção da estrada ligando Cubatão ao Porto de Santos, em 1827, e deixou de existir, definitivamente, com a construção da
ferrovia, 40 anos depois, já que as cargas e pessoas passavam por Cubatão sem transbordo ou escala, como anteriormente.
O povoado sobreviveu, entretanto, graças à indústria extrativista e ao
cultivo da banana. Em fins do século XIX, Cubatão se tornou um imenso bananal, entremeado pelo cultivo de outras frutas, o que
permitiu a consolidação do povoado.
O escoamento da banana era feito por pequenas ferrovias internas que levavam a
fruta até a estação e, dali, para a capital e o porto santista, de onde seguiam principalmente para a Argentina.
Vista parcial do
centro de Cubatão
Foto: Rolando Roebbelen,
publicada no livro Agenda 21 Cubatão 2020
1.2 INDUSTRIALIZAÇÃO
No final do século XIX e início do XX, algumas indústrias se instalaram no
município. Um curtume, em 1895, uma fábrica de corantes (Anilinas), em 1916, outra de papel (Fabril), em 1918, e a hidrelétrica
Henry Borden, em 1926, que garantiu boa parte da força motriz para a capital paulista. Também houve o desenvolvimento das
ligações rodoviárias entre o Planalto Paulista e a Baixada Santista, com a melhoria do Caminho do Mar (1925) e a inauguração da
Via Anchieta (1947). esses fatores contribuíram para Cubatão tornar-se um local atrativo para a expansão industrial paulista,
nos anos subseqüentes.
Em 1955, com a entrada em operação da Refinaria Presidente
Bernardes de Cubatão (RPBC), e, depois, com a implantação da Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), tem início a
industrialização de fato. Essas duas empresas tornaram-se marcos do desenvolvimento industrial e de profundas mudanças sociais
no município.
A caracterização geomórfica da região foi decisiva na escolha
desse local para a implantação do maior pólo industrial da América Latina. O vale entre montanhas, com abundância de lenha e
água, estaria também protegido de ataques da aviação inimiga - vivia-se o auge da Guerra Fria, não esquecido o medo de
bombardeios aéreos surgidos na Segunda Guerra Mundial.
Porém logo se perceberia que área assim protegida impedia a
dispersão de poluentes, gerando uma verdadeira catástrofe ambiental que atingiu seu ápice no início da década de 1980. Isso
felizmente já é passado: a partir de 1983, com a implantação do Programa de Controle de Poluição, as indústrias passaram a
controlar e eliminar as fontes poluidoras, e o vale vem se recompondo em termos ecológicos e agora já é conhecido como Vale da
Vida.
A industrialização provocou uma forte corrente migratória para
Cubatão. Havia muitos empregos com poucas exigências técnicas nas obras civis de instalação das indústrias. O quadro de uma
população rural, até então predominante, rapidamente se inverteu. Em 1950, havia 5.377 pessoas na área rural e 6.426 na urbana;
em 1960, 6.281 na rural contra 18.885 na urbana. Em 1970, a população urbana representava 73%, e a rural, 27%. Atualmente a
população urbana já alcança 96,4% do total.
Indicadores demográficos de Cubatão
|
Indicador demográfico |
Ano
|
Unidade
|
R. metropolitana
|
Cubatão
|
Crescimento anual |
1991/2000
|
%
|
2,16
|
1,8
|
Densidade demográfica |
2000
|
Hab./km²
|
622
|
732
|
Taxa de urbanização |
2000
|
%
|
99,6
|
99,4
|
População |
2000
|
pessoas
|
1.476.820
|
108.309
|
Fonte: IBGE
|
Terminada a fase de implantação das indústrias e construção de
rodovias, no final da década de 1970, muitos trabalhadores de baixa qualificação foram dispensados, criando-se problemas sociais
como o subemprego e o trabalho informal.
Uma das conseqüências do subemprego foi o aumento da população que
improvisava moradias em locais inadequados, como as encostas da Serra do Mar e as regiões de mangue, num processo de ocupação
desordenada e crescente que se estende aos dias de hoje. Por outro lado, os trabalhadores mais
qualificados, oriundos dos municípios vizinhos, também passaram a se deslocar diariamente a Cubatão, que se tornou uma
importante base econômica para outras cidades da região.
A Região
Metropolitana da Baixada Santista
Imagem publicada no
livro Agenda 21 Cubatão 2020.
1.3 REGIÃO METROPOLITANA
Em 1996, foi criada a região metropolitana da Baixada Santista,
abrangendo os municípios de Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e São Vicente. Foi
constituído o Conselho de Desenvolvimento da Baixada (Condesb) e, em 1998, foi criada a Agência Metropolitana (Agem). Essas
instituições realizam reuniões periódicas para discutir e propor ações conjuntas e formular projetos de interesse metropolitano.
Entretanto, a falta de capacidade institucional de ação efetiva das regiões metropolitanas no quadro legal brasileiro dificulta
a implementação de planos e propostas, retardando a integração metropolitana nas áreas de infra-estrutura e serviços.
A Região Metropolitana, como um todo, registra um dos melhores Índices de
Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, mas possui uma flagrante desigualdade entre os municípios. Cubatão apresenta o menor
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) entre os 9 municípios da região, 0,772, enquanto Santos tem o maior índice,
0,871. No entanto, segundo dados do IBGE de 2002, Cubatão aparece como a cidade mais rica da região e a 39ª do país, enquanto
Santos, respectivamente, ocupa a 2ª e 45ª posições. Em relação à renda per capita, a de Cubatão era de R$ 40.337, e a de
Santos, R$ 9.696.
PIB e renda per capita da RMBS - 2002
|
Cidade |
PIB (*)
|
Renda per capita
|
Cubatão |
4.567.617
|
40.337
|
Santos |
4.054.114
|
9.696
|
Bertioga |
229.535
|
6.490
|
Guarujá |
1.810.531
|
6.455
|
Praia Grande |
1.071.959
|
5.016
|
Mongaguá |
188.031
|
4.735
|
Itanhaém |
375.385
|
4.726
|
Peruíbe |
266.986
|
4.700
|
São Vicente |
1.117.558
|
3.564
|
(*) A valores de mercado corrente (x 1.000)
|
Fonte: IBGE
|
Região metropolitana da Baixada Santista
|
Município |
População
|
Área km²
|
Área %
|
IDH–M 1991
|
IDH–M 2000
|
Santos |
417.983
|
271
|
11,4
|
0,838
|
0,871
|
São Vicente |
303.351
|
146
|
6,2
|
0,765
|
0,798
|
Praia Grande |
193.582
|
145
|
6,1
|
0,740
|
0,796
|
Bertioga |
30.039
|
482
|
20,3
|
0,739
|
0,792
|
Guarujá |
264.812
|
137
|
5,8
|
0,720
|
0,788
|
Mongaguá |
35.098
|
135
|
5,7
|
0,726
|
0,783
|
Peruíbe |
51.451
|
328
|
13,8
|
0,733
|
0,783
|
Itanhaém |
71.995
|
581
|
24,5
|
0,730
|
0,779
|
Cubatão |
108.309
|
148
|
6,2
|
0,723
|
0,772
|
RMBS |
1.476.620
|
2.373
|
|
|
|
* IDH–M: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
|
Fontes: População (CENSO IBGE 2000)
Área: Instituto Geográfico e Cartográfico/ Elaboração
Emplasa,1992
IDH–M: Secretaria Estadual de Economia e Planejamento, 2004
|
|