PARECE UMA CIDADE - Há 30 anos começava a
construção daquela que, para alguns, é a 10ª cidade da região: a Riviera de São Lourenço. Apesar de parecer um condomínio fechado, o bairro de
Bertioga tem infra-estrutura de município
Foto: Rogério Soares, publicada com a
matéria, na página A-1
Riviera: bairro com cara de cidade
Empreendimento começou a ser erguido há
30 anos em Bertioga e, já naquela época, trazia modernos conceitos de sustentabilidade
Simone Queirós
Da Redação
Os conceitos de
sustentabilidade ainda se traduziam mais em teoria do que prática quando, no final da década de 1970, um vôo de helicóptero sobre Bertioga dava o
pontapé inicial para a elaboração de um projeto vanguardista: a urbanização de uma área de 9 milhões de m² no meio da Mata Atlântica.
Foi neste vôo que diretores das empresas proprietárias da área, Praias Paulistas S.A.
e Cia. Fazenda Acaraú, iniciaram entendimentos com a diretoria da empresa Sobloco para traçar as diretrizes do plano urbanístico. Pela localização
do empreendimento, uma meta foi firmada desde o início: minimizar ao máximo os impactos da ocupação urbana sobre o meio-ambiente.
Dois anos se passaram até que um canteiro de obras fosse instalado no local. Assim, há
30 anos, começava a construção daquela que, para alguns, é a 10ª cidade da Baixada: a Riviera de São Lourenço. Apesar de parecer um condomínio
fechado, especialmente pelo belo portal de entrada, a Riviera é um bairro com 11.800 imóveis que chega a receber 60 mil pessoas na temporada e tem
realmente estrutura de cidade.
Tratamentos de água e esgoto exclusivos, além de segurança, limpeza e manutenção
urbana, complementam os serviços oferecidos pela Prefeitura. Ali também está o único shopping da Cidade, um campo de golfe e um centro
hípico. A coleta seletiva, que começou a ser implantada a partir de 1983, é um dos destaques. Até dezembro do ano passado já tinham sido coletadas
mais de 4 mil toneladas de lixo reciclável. As iniciativas renderam frutos. Em dezembro de 2000, a Riviera tornou-se o primeiro projeto de
desenvolvimento urbano a conquistar a certificação ISO 14001, concedida pelo órgão International Organization of Standardization aos empreendimentos
desenvolvidos de forma ordenada e com alto respeito ao meio-ambiente.
Ontem e hoje: vista da Avenida Riviera e
do Largo dos Coqueiros, no módulo 5, em janeiro de 1982 e agora. Local ganhou aproximadamente 11.800 imóveis nos últimos 30 anos
Fotos: reprodução e de Rogério Soares,
publicadas com a matéria
Para dar andamento a estes projetos, além dos 5 mil empregos diretos e 10 mil
indiretos que o bairro gera, há 500 funcionários contratados pela Associação dos Amigos da Riviera para atuar nos setores de saneamento, manutenção,
segurança e administração. Formada por um conselho de moradores, a entidade funciona quase como uma subprefeitura, em parceria com o Poder Público.
"Não há nenhum projeto similar no País e acho difícil que surja outra Riviera. No
início, muitos nos achavam loucos. Mas depois os próprios moradores se tornaram os melhores 'corretores'", conta Luiz Augusto Pereira de Almeida,
diretor da Sobloco.
Popular, mas nem tanto |
O perfil dos moradores da Riviera de São Lourenço ficará mais eclético. A Sobloco estuda
para 2012 a construção de seu primeiro prédio popular - que deve abrigar a princípio apenas os funcionários do local. Hoje, para ter uma
propriedade na Riviera, é preciso desembolsar entre R$ 400,00 e R$ 10 mil por metro quadrado em um dos 33 módulos do local |
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Com capacidade para até 100 mil pessoas, o empreendimento conta hoje com um perfil
diversificado de compradores. "Ele está na faixa etária de 35 a 55 anos, tem de dois a três filhos com idades até 17 anos, já tem uma ou mais
moradias e as profissões são as mais diversas: desde profissionais liberais até grandes empresários".
Esse perfil, entretanto, vem mudando ao longo dos anos por conta da busca pela
qualidade de vida. "Cada vez mais as pessoas estão aumentando o tempo de permanência na segunda residência".
E num cenário em que o pré-sal projeta expectativas em Bertioga, a Riviera não prevê
crescimento além do já planejado. Em constante andamento, o bairro ainda espera pelo menos mais 10 anos de construções, com capacidade máxima para
até 100 mil pessoas nos seus 5 km de praia. "Hoje temos 60% do empreendimento pronto, mas quando estiver em 100% ele para. Atrás de cada lote tem
sempre uma grande área verde e isso não vai mudar", garante o engenheiro Paulo Velzi, responsável pela Sobloco na Riviera.
DIFERENCIAIS |
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Água - Uma Estação de
Tratamento de Água foi construída em módulos, que atualmente têm capacidade para tratar 1,2 milhão de litros por hora. |
Esgoto - Na Riviera todo o
esgoto é coletado e levado para a estação de tratamento, que fica a 4 km da praia, através de uma rede com 62 km de extensão. |
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Coleta seletiva - O programa
envolve hoje coleta do lixo limpo, triagem, compactação e destinação de resíduos - que hoje somam 12 toneladas por mês. |
Fotos: Rogério Soares, publicadas com a matéria |
Foto: Rogério Soares, publicada com a
matéria |
PERSONAGEM |
Euclides José Morés -
54 anos, comerciante |
Quando chegou à Riviera para montar o seu negócio, ele ainda não sabia
se iria se estabelecer ali. Mas a dúvida durou pouco. O morador de São Bernardo do Campo logo foi atraído pelo sossego do lugar e resolveu se
mudar com a família. Já se passaram 16 anos e ele não pensa em sair dali. "A qualidade de vida é muito boa", diz ele, que faz questão de
caminhar diariamente pela praia. Este dono de uma pizzaria no início tinha que ir para São Paulo sempre que precisava abastecer seu negócio, mas
agora isso está só na lembrança. "Os fornecedores estão sempre por aqui e a clientela também aumentou". |
TÚNEL DO TEMPO - Julho de 1983: execução
da 1ª Estação de Tratamento de Água do bairro; março de 1984: primeiro prédio; fevereiro de 1997: fica pronta a Capela Nossa Senhora das Graças;
agosto de 1991: vista aérea dos módulos 3, 4 5 e 6
Foto: reproduções, publicadas com a matéria |