História: Em 1765, segundo ensaio de reconstituição topográfica da Vila reproduzido em Os Andradas, de Alberto Sousa, a atual Praça da República era formada pela Rua Santa Catarina e Rua Pequena. A Rua Pequena principiava no Pelourinho, o segundo que se construiu em Santos, e ia até à Igreja Matriz, ou ao Largo da Matriz. Contava 59 casas do lado do mar. De 1810 a 1821 chamou-se Setentrional da Matriz e depois apenas Setentrional. Em 1822, ano da Independência, o logradouro era ainda formado pela Rua Setentrional e, do lado oposto, pela Rua Meridional. Também foi chamada por Largo da Cadeia Velha (no trecho que daria origem à Praça Barão do Rio Branco) e, posteriormente, por Largo da Matriz.Desmembrada em 1810 da Rua Direita, a Rua Meridional começava no Convento do Carmo e terminava no Largo da Matriz. No ano da Independência tinha 21 casas. Paralela à Rua Setentrional, era designada sua 'irmã gêmea'. Primitivamente chamou-se 28 de Setembro e ainda Visconde do Rio Branco. Na Rua 28 de Setembro número 1, em 1883, a Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos teve sua sede, em duas salas, alugadas de Manuel Dias dos Santos.
O advento da República foi intensamente comemorado em Santos. Além da parte cívico-administrativa que compreendeu a instalação da Junta Governativa Municipal, houve manifestações populares, com passeata, música, foguetes e muitos discursos. A Câmara Municipal realizou sessão especial no dia 21 de novembro daquele ano, sob a presidência de Júlio Conceição e comparecimento também dos vereadores João da Silva Oliveira Pinto, Américo Martins dos Santos, Guilherme José Alves Souto e J. Rossmann.
Na abertura dos trabalhos, segundo a ata que é transcrita, o presidente apresentou a seguinte moção: 'Nenhum dos meus colegas ignora o grande acontecimento que se manifestou na Corte no dia 15 do corrente, operando a destituição do governo monárquico representativo e determinando o estabelecimento da República em nosso país, aclamada pelo Exército, Marinha e Províncias, com a denominação de República Federativa, constituindo as províncias os Estados Unidos do Brasil. Acha-se instalado na capital do Estado de São Paulo o Governo Provisório, conforme o ofício que a esta Câmara foi dirigido. Nesta Cidade, como sabeis, foi a notícia desse acontecimento recebida com grande entusiasmo por parte da população, como foi observado por ocasião da instalação do Governo Provisório de Santos, sendo a ata da reunião assinada por grande número de cidadãos nacionais e estrangeiros. Tenho convicção plena de que a Câmara Municipal, reunida neste momento, cumprirá seu dever não só aderindo à nova ordem de coisas como concorrendo com seus esforços para que seja mantida a ordem, a tranquilidade pública, a segurança individual e os direitos de todos os cidadãos. Reproduzo aqui o que disse o visconde de Tamandaré: 'É um ato consumado; não se pode nem se deve voltar atrás. É preciso que cada um trate agora de mostrar-se um cidadão digno e redobre de esperanças para engrandecer este País'. Tendo recebido comunicação oficial do Governo Provisório de São Paulo, o nosso ilustre colega, cidadão Américo Martins dos Santos, então na presidência, deu a resposta que também vos passo a dar conhecimento, esperando merecer de vossa parte inteira adesão'.
'Ao terminar o senhor presidente a leitura da sua moção, manifestou-se da parte do povo que se achava na sala de sessão grande entusiasmo, dando vivas à Câmara Municipal, acompanhada de muitas e prolongadas palmas.
'Em seguida, o senhor presidente deu a palavra ao senhor vereador Souto; por ele foi dito que a Câmara Municipal, alegrando-se com a proclamação da República Federativa Brasileira, era justo consignar-se na presente ata um voto de louvor não só àqueles patriotas que impulsionaram o movimento, como a todo o povo, pois se uns foram propulsores, outros grandes serviços prestaram ao movimento decisivo, aceitando de braços abertos a solução – a República. A data de 15 de novembro pertence, pois, a todos os brasileiros. Disse mais que a Câmara Municipal esperava que cada cidadão fosse um batalhador a bem da ordem, da paz e do progresso desta grande Nação.
'O vereador Américo Martins apresentou aditamento para que se estendessem aos estrangeiros os agradecimentos por parte desta Câmara Municipal. A Câmara Municipal aprovou unanimemente a indicação, conjuntamente com o aditamento.
'Foram presentes duas petições assinadas por grande número de cidadãos para que fossem substituídos os nomes de diversas ruas por outros indicados. A Câmara Municipal deferiu unanimemente essa petição, ficando assim deliberado: Rua 25 de Março – Rua 15 de Novembro; Largo da Imperatriz – Praça General Deodoro; Largo da Matriz – Praça da República; Rua da Constituição – Rua Rui Barbosa; Rua 2 de Dezembro – Rua Benjamin Constant; Rua de S. Francisco – Rua Wandenkolk; Rua de Santo Antônio – Rua Quintino Bocaiúva; Travessa São Leopoldo – Travessa Campos Sales; Rua de São Bento – Rua Silva Jardim; Rua do Itororó – Rua Saldanha Marinho.
'O senhor presidente, encerrando a sessão, deu vivas à República e à Nação Brasileira, sendo entusiasticamente correspondido por parte do povo presente à Câmara Municipal, aos vereadores e aos propagandistas da República. Eu, Joaquim Pereira Morais, secretário, fiz lavrar a presente ata, que subscrevo'.
Decorreu, portanto, de abaixo-assinado de moradores de todos os pontos do Município a substituição de Largo da Matriz para Praça da República. A Igreja Matriz, a terceira construída ou, dizendo-se melhor, a Igreja de Todos os Santos, ficava na Praça da República e, em parte, na atual Praça Antônio Teles. Atravancada no meio do logradouro, foi demolida a 6 de janeiro de 1908. Aliás, na sessão da Câmara Municipal de 5 de junho de 1907, sob a presidência de Francisco Correia de Almeida Morais, foi apresentado projeto de lei pelo vereador Raimundo Sóter de Araújo em que o intendente municipal era autorizado a demolir a Igreja Matriz, após a desapropriação do terreno, para o alargamento da Praça da República. Houve debate em torno da proposição e prevaleceu um substitutivo. Na mesma data, isto é, 5 de junho de 1907, surgiu a lei 264, promulgada por Francisco Correia de Almeida Morais, presidente da Câmara Municipal.
Na sessão ordinária da Câmara Municipal efetuada a 7 de novembro de 1906, sob a presidência do coronel Francisco Correia de Almeida Morais, o intendente municipal, coronel Carlos Augusto Vasconcelos Tavares, comunicou ao plenário que, de acordo com o parecer 226, das comissões de Obras e Viação e Fazenda e Contas, reunidas, aprovado na sessão de 31 de outubro de 1906, foi estabelecido o contrato com Anibal Pepe e João Beangardi para o serviço de assentamento de ladrilhos e arborização da Praça da República.
Nos dias atuais, a Praça da República é das principais artérias da Cidade e estava incorporada à Planta sob o número 48. Nela se situa o monumento a Braz Cubas, fundador de Santos, obra do escultor italiano Lorenzo Massa, inaugurado solenemente a 26 de janeiro de 1908. Também em sua área se localiza o edifício da Alfândega e Delegacia da Receita Federal, uma das principais estações arrecadadoras do País. Em seu jardim depara-se com a Árvore da Amizade, plantada no dia 15 de abril de 1936 pelo fundador do Rotary, Paul P. Harris.
A Praça da República foi oficializada pela lei 647, de 16 de fevereiro de 1921, que entrou em vigor a 1º de janeiro de 1922, do prefeito municipal coronel Joaquim Montenegro.
No dia 4 de maio de 1906, o intendente municipal assinou contrato com Augusto José Bernardes para execução do serviço de aterro na Praça da República, em cumprimento à determinação da Câmara Municipal adotada pelo parecer 92, da Comissão de Justiça e Poderes, daquele ano.