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BAIXADA SANTISTA - LIVROS - Chronica Geral do Brazil
Uma crônica de 1886 - 1500-1600 (5)

Clique aqui para ir ao índice do primeiro volumeEm dois tomos (1500-1700, com 581 páginas, e 1700-1800, com 542 páginas), a Chronica Geral do Brazil foi escrita por Alexandre José de Mello Moraes, sendo sistematizada e recebendo introdução por Mello Moraes Filho. Foi publicada em 1886 pelo livreiro-editor B. L. Garnier (Rua do Ouvidor, 71), no Rio de Janeiro. É apresentada como um almanaque, dividido em séculos e verbetes numerados, com fatos diversos ordenados cronologicamente, tendo ao início de cada ano o Cômputo Eclesiástico ou Calendário Católico.

O exemplar pertencente à Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos/SP, foi cedido  a Novo Milênio para digitalização, em maio de 2010, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá, sendo em seguida transferido para o acervo da Fundação Arquivo e Memória de Santos. Assim, Novo Milênio apresenta nestas páginas a primeira edição digital integral da obra (ortografia atualizada nesta transcrição) - páginas 98 a 118 do Tomo I:

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Chronica Geral do Brazil

Alexandre José de Mello Moraes

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Imagem: reprodução parcial da página 98/tomo I da obra

 

1500-1600

[...]

CCI – Maceió, hoje capital da província das Alagoas, em tempo de Gabriel Soares e mesmo muito depois da expulsão dos holandeses não tinha moradores, como se vê nos mapas de Barleus. Foi durante o século dezoito que se levantou um engenho de açúcar, e em consequência do porto de Jaraguá se foi povoando, servindo a capela do engenho dedicada a Nossa Senhora dos Prazeres de recurso espiritual dos moradores, até o ano de 1850, em que foi demolida e edificado o magnífico templo que enobrece a cidade.

CCII – Não se sabe com segurança quem fundou a povoação de Santa Luzia, sita no outeiro, perto do ribeiro Guararema, tributário do Rio Real; em Sergipe d'El-Rei, porque uns dizem ter sido fundada por colonos deixados ali por Tomé de Souza quando veio fundar a cidade da Bahia, e outros que fora fundação dos missionários, depois da expulsão dos holandeses; mas nas crônicas do convento dos Ursulinos da Soledade da Bahia, que pôs à minha disposição a virtuosa senhora sóror d. Roza Chaves do Coração de Jesus [9], secretária do convento, falecida no dia 19 de agosto de 1879, cujas crônicas mandei copiar no capítulo que narra as ações e virtudes da madre Josepha Maria de Jesus (no século, Beatriz) nascida a 4 de agosto de 1716, e falecida a 15 de agosto de 1771, com cinquenta e sete anos de idade, e trinta e dois de convento, fundadora do mesmo.

Falando do Rio Real, onde nascera, diz: …"entraram nele os nossos portugueses no ano de 1576… frequentavam os franceses aquele sítio para conduzirem nas suas naus a grande quantidade de pau-brasil que ali se cria, e confederados com os gentios, que habitavam ainda então aquela costa, faziam cruel guerra aos nossos portugueses, que para aquelas partes se avizinhavam.

"Informado destas hostilidades, o governador que então era deste estado, Luiz de Brito de Almeida, e da utilidade que podia resultar à monarquia, do pau-brasil, incumbiu a Garcia de Avila, senhor da grande casa da Torre, acompanhado de alguma gente militar, e de grande número de tapuios, dos que já tinha domesticado e reduzido a diversas aldeias, chegou o conquistador ao Rio Real, com a sua gente, e suposto encontrar nos gentios uma terrível resistência, ultimamente as acometeu com tal ímpeto e força, que presos dois capitães, os mais furiosos de sua nação, mortos uns, e cativos outras, fez retirar os mais para o interior do sertão. Assentou logo a povoação três léguas pelo rio acima, onde esteve alguns anos, e passou depois para o sítio em que hoje está.

"Pelo tempo adiante se fizeram outras, e abriram alguns sítios, entre os quais é bem conhecido, nas margens do dito rio, o da Serraria, cujo nome toma-se do grande número e abundância de madeiras, que ali se serram".

Desta exposição, escrita em tempo próximo das fundações do Brasil, se vê que a povoação da vila de Santa Luzia, sendo muito antiga, teve por origem os colonos que foram ao Rio Real com Garcia de Avila em 1576.

CCIII – Em 6 de janeiro de 1576, el-rei, a pedido dos moradores de Olinda, manda fundar o colégio dos padres jesuítas na dita vila de Olinda, e dar em dote perpétuo ao colégio da dita capitania, que se fundasse, quatrocentos mil réis de juro em cada ano, para sustentação de vinte padres que nele há de haver, e que foi arbitrado etc. (M. ined.) É mui longo este alvará; e à margem se lê: - Faz el-rei nosso senhor esmola ao colégio de N. S. da Graça, da Companhia de Jesus da vila de Olinda, de oitocentas arrobas de açúcar branco, e cem arrobas de açúcar do somenos, e não hão de haver mais os quatrocentos mil réis conteúdos neste regimento, como mais largamente é declarado na carta de doação, que lhe foi passada, e que foi feita em Lisboa a 24 de abril de 1577.

CCIV – El-rei por alvará de 4 de janeiro de 1575, ordena aos governadores que os dízimos dos gentios novamente convertidos, se não arrecadem de janeiro deste ano em diante para a fazenda real, e sim sejam aplicados às obras das igrejas, confrarias e hospitais, e despendam por ordem dos padres provinciais e reitores do colégio da Companhia de Jesus, e isto por seis anos somente. (M. ined.).

CCV – El-rei, por alvará de 5 de janeiro de 1575, ordena ao governador geral que pelos dízimos das alfândegas mande pagar aos padres da Companhia, dos colégios da cidade do Salvador, e aos da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, a quantia de dois contos e duzentos mil réis que, por ordem sua, foi arbitrada para a sustentação dos ditos padres, sendo um conto e duzentos mil réis aos da Bahia e um conto de réis aos do Rio de Janeiro, e como os rendimentos das alfândegas não chegaram para o pagamento, os jesuítas pediram a sua alteza que lhes mandasse pagar na Bahia pela verba dos rendimentos das miunças e do engenho, que sua alteza ali tinha, e pelos rendimentos das alfândegas das capitanias do Espírito Santo e Pernambuco (M. ined.)

CCVI – Em 25 de janeiro de 1576, el-rei faz mercê a Luiz de Abreu, seu moço da câmara, por três anos, do ofício de almoxarife dos armazéns de mantimentos e munições da Bahia etc. (M. ined.)

CCVII – Sua alteza em 24 de fevereiro de 1576 mandou ao almoxarife da capitania de Pernambuco que, do que Bento Dias de Santiago, por contrato de dízimos, dever, e for obrigado a pagar, lhe tome em conta no primeiro pagamento que fizer, dezessete mil setecentos e oitenta réis, que despendeu nos padrões das medidas de pau e de metal declaradas na certidão que se enviou à Bahia de Todos os Santos (M. ined.).

CCVIII – Sua alteza, em remuneração dos serviços feitos por Diogo Zorilha, em 25 de fevereiro de 1576, lhe faz mercê do cargo de procurador dos índios da capitania da Bahia de Todos os Santos, de cujo cargo foi encarregado pelo governador Mem de Sá, cujo ofício servirá pelo modo que lhe for ordenado, pelo bispo do Brasil, e padres da Companhia, com o ordenado de trinta mil réis cada um ano etc. (M. ined.)

Na mesma data nomeia o mesmo Diogo Zorilha para alcaide do mar e guarda-mor dos navios da Bahia de Todos os Santos; ofício de que foi provido o licenciado Fernão da Silva, com os quais cargos não haverá ordenado, e só receberá os prós e percalços que lhe direitamente pertencerem etc. (M. ined.)

CCIX – Por alvará de 29 de fevereiro de 1576 foi provido Pero de Magalhães, moço da câmara, que servia na Torre do Tombo, em trasladar alguns livros e papéis no ofício de provedor da Fazenda, na capitania e cidade do Salvador da Bahia, por tempo de seis anos, com o ordenado de trinta mil réis em cada ano etc. (M. ined.)

CCX – Por alvará de 19 de agosto de 1576 foi nomeado Gomes de Abreu Soares, moço de câmara, almoxarife da capitania de Pernambuco, por três anos, com setenta mil réis de ordenado em cada um ano etc. (M. ined.).

CCXI – Em 1576 volta o Brasil a ser administrado por um só governo geral, ficando a sede da administração na cidade do Salvador, Bahia de Todos os Santos. Os jesuítas fundaram em Olinda o seu colégio no 1º de janeiro deste mesmo ano.

CCXII – D. fr. Antonio Barreiros, 3º bispo do Brasil, chega à Bahia neste ano de 1576; e foi criada neste ano a prelazia do Rio de Janeiro, por breve de 19 de julho, sendo o seu 1º prelado o bacharel formado padre Bartholomeu Simões Pereira, que faleceu na capitania do Espírito Santo em 1597.

CCXIII – Por alvará de 23 de agosto de 1577, el-rei d. Sebastião faz mercê dos ofícios de provedor e contador a Miguel Gonçalves Vieira, com 27 anos, morador na vila de Olinda, capitania de Duarte Coelho, filho de Diogo Gonçalves Vieira, que vagaram por falecimento de seu pai, com mantimento e ordenado de dois por cento, das rendas que arrecadar etc. (M. ined.).

CCXIV – Sua alteza em 6 de setembro de 1577 ordena ao provedor da Fazenda que pague aos doze homens que deve ter Lourenço da Veiga, do seu conselho, e que ora manda por governador geral do Brasil, tendo de soldo cada um quinhentos réis por mês, enquanto servir o dito cargo, e que este seu alvará não passe pela chancelaria. (M. ined.).

CCXV – El-rei em 15 de janeiro de 1577 manda dizer ao governador do Brasil que, ordenando a volta para o reino do dr. Antonio Salema, desembargador da casa da suplicação, que está servindo de governador do Rio de Janeiro, lhe ordena que tudo o que lhe constar que se lhe está devendo, dos seus ordenados, lhe faça pagar pelas rendas e direitos da capitania da Bahia, e com toda a brevidade, de maneira que se não detenha, e nem deixe de embarcar para o reino por essa causa. (M. já publicada integralmente no meu Brazil Hist. de 1864).

CCXVI – A prelazia do Rio de Janeiro com jurisdição independente principiou a funcionar em 1577, sendo o seu primeiro prelado o padre dr. Bartholomeu Simões Pereira, por carta régia de 11 de maio do mesmo ano.

CCXVII – Sua alteza em 8 de outubro de 1577 ordena ao feitor, e oficiais da alfândega da capitania de Pernambuco, que restituam a Pedro de Noronha os duzentos e oitenta e quatro mil réis, que na dita alfândega pagou de direitos das cento e quarenta e duas peças de escravos, que foram de S. Thomé para Pernambuco, na nau de Marçal Lins, no ano de 15757, por ter ele avença com os rendeiros dos escravos nesta cidade de Lisboa, e ter pago os direitos à razão de dois mil e quinhentos réis por peça etc. (M. ined.).

CCXVIII – Pouco antes de 1577 os dois governos, tendo por capital a cidade da Bahia do Salvador, foi de novo encarregado ao governador do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá, com a mesma patente de capitão-mor, datada de 10 de janeiro de 1576, e tomasse posse no de 1577, e como com o provimento fosse também encarregado da superintendência das minas do Norte e do Sul, tomou ele providências a respeito; e foi durante o seu governo que se fundou o mosteiro de S. Bento em 1590, e apareceram os primeiros padres capuchinhos, e se criou a Santa Casa de Misericórdia.

CCXIX – Por alvará de 12 de fevereiro de 1577 determina sua alteza, ao governador geral do Brasil, que se dê a cada um dos padres da companhia, em cada ano, à custa da Fazenda Real nas capitanias onde eles estiverem, quatro paneiros de mandioca e um alqueire de arroz, e quando não houver arroz, se lhe dará um alqueire de milho da terra, e um cruzado (400 rs.) em dinheiro, por esmola, que lhes faz para suas mantenças e despesas, e isto por tempo de quatro anos, que começarão do dia que houver as ditas coisas em diante etc. (M. ined.).

CCXX – El-rei por alvará de 13 de julho de 1577, tomando em consideração o que diz Bento Dias de Santiago, em sua petição determina que as pessoas a quem o almoxarife de Pernambuco deva algum dinheiro de pagamento, lh'o faça da Fazenda Real ao dito Bento de Santiago, em letras suas para o reino ou para Castella, ou em qualquer outra maneira, assinando ele nos livros e provisões etc. (M. ined.).

CCXXI – Por alvará de 2 de maio de 1577 ordena el-rei ao governador geral, que faz mercê à cidade do Salvador da capitania da Bahia, das rendas do conselho da dita cidade, para se despenderem nas obras públicas e necessárias, e por ordenança do governador, e isto por cinco anos somente, que começarão do 1º de janeiro de 1578, não se devendo constranger aos oficiais da câmara, pela terça parte das rendas do conselho dela, pelo dito tempo dos cinco anos, etc. (M. ined.).

CCXXII – El-rei faz saber a Lourenço da Veiga, do seu conselho, que envia para capitão da capitania da Bahia de Todos os Santos, por este alvará de 2 de maio de 1577, que manda rescindir o contrato do pau-brasil feito com Bento Dias Santiago, e que d'ora em diante fizesse notificar a todos que queiram carregar por cada licença que se der, para o corte do pau-brasil, nas capitanias de Pernambuco e Itamaracá, que for para o reino quatrocentos réis, e das outras capitanias cento e cinquenta réis por cada quintal; indo o pau-brasil para fora do reino, os que o levarem pagarão oitenta réis pela licença de cada quintal de pau-brasil de Pernambuco e Itamaracá; e trezentos réis por cada quintal que cortarem nas outras capitanias; e que logo que ele governador chegue à cidade do Salvador, faça notificar a todos, que desejarem cortar pau-brasil, a rescisão do contrato que tinha Bento Dias, e autorizando as pessoas que quiserem carregar pau-brasil as condições do corte da mencionada madeira etc. (M. ined.).

CCXXIII – Em 12 de abril de 1577 manda el-rei, por Domingos de Seixas, passar a carta-patente dos cargos de capitão da cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos, e de governador geral na dita capitania e terras da costa do Brasil em favor de Lourenço da Veiga, do seu conselho, pelo tempo de três anos, com seiscentos mil réis de ordenado em cada um ano, pagos à custa da Fazenda Real etc. (M. ined.).

CCXXIV – Por alvará de 27 de setembro de 1577 foi nomeado Fernão Ribeiro, moço da câmara real, tesoureiro da Fazenda e almoxarife da cidade do Salvador, com mantimento e ordenado marcado no regimento etc. (M. ined.).

CCXXV – El-rei d. Sebastião morre em combate, na África, no dia 4 de agosto de 1578, cobrindo com a sua morte, e a da principal nobreza, de luto todo Portugal, e lhe sucede no trono seu tio o cardeal d. Henrique. (Vide as págs. 40 a 43 da minha obra sobre a Independencia do Brazil).

CCXXVI – Secretários de estado de el-rei d. Sebastião:

Jorge de Almeida, arcebispo de Lisboa.

Pedro de Alcaçova, vedor da Fazenda.

Francisco de Sá.

D. João Mascarenhas.

Miguel de Moura (secretário do rei).

Estes cinco ministros foram nomeados pelo rei para governadores do reino em sua ausência.

Balthazar da Fonseca.

CCXXVII – O segundo donatário de Pernambuco, Duarte de Albuquerque Coelho, que governou a capitania de Pernambuco de 1560 a 1572, morreu em combate na batalha de Alcácer Quebir, na África, no dia 4 de agosto de 1578. Os franceses expulsos do Rio de Janeiro neste mesmo ano tentam apoderar-se de Olinda e são vigorosamente expulsos.

CCXXVIII – Em 19 de outubro de 1577 é nomeado Francisco de Souza, moço da câmara real, feitor e almoxarife da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, por tempo de três anos, e com ordenado conteúdo no regimento etc. (M. ined.).

CCXXIX – Diogo Lourenço da Veiga, filho de Manuel Cabral da Veiga, tomou posse do governo geral em 1578; por suas enfermidades e velhice faleceu no dia 7 de junho de 1581. Por morte deste governador, diz um catálogo manuscrito que possuo, tomou conta do governo o bispo d. fr. Antonio Barreiros, e Christovão de Barros, provedor-mor da fazenda.

Ignacio Accioli, nas Memorias Historicas da Bahia, refere que assumiram ao governo a câmara e ouvidor geral Cosme Rangel de Macedo designados pelo governador antes de falecer. Domingos José Antonio Rebello na sua Corographia Abreviada dá a morte deste governador em 1583. Foi durante o governo de Diogo Lourenço da Veiga que os monges de S. Bento (1581) se estabeleceram na Bahia, e fundaram o seu mosteiro.

Felipe II confirmou esta forma de governo e o Brasil foi administrado quase dois anos por ela, até que chegou o sucessor Manoel Telles Barreto.

CCXXX – Pertencia o distrito de Paranaguá a Martim Affonso de Souza, e a notícia de ser ele aurífero fez que alguns paulistas em 1578 fossem explorar suas minas. Passados anos Gabriel Lares, com algumas famílias, foram residir em Paranaguá e deram começo à povoação na margem do Sul da baía do mesmo nome, e como o marquês de Cascais, Francisco Carneiro, fosse reconhecido em 1653 legítimo dono das terras de Cananéia e Paranaguá, nomeou a Gabriel Lares, capitão-mor de Paranaguá, em 1658, e a povoação foi elevada a vila e confirmada por Salvador Corrêa de Sá e Benevides. Suas matas e a uberdade do terreno concorreram para que a vila de Paranaguá se tornasse florescente, tendo em 1822 juiz de fora do cível e crime, com jurisdição sobre as vilas de Cananéia, Iguape e Curitiba.

CCXXXI – Foi durante o governo de Diogo Lourenço da Veiga que os monges de S. Bento (1581) se estabeleceram na Bahia, e d. Catharina Alvares Paraguassú fez doação da igreja e terras da Graça ao patriarca s. Bento, como consta da escritura que já publicamos.

CCXXXII – Christovão de Barros dá conta a el-rei do estado do Brasil, e lhe diz que, vindo do Rio de Janeiro à Bahia reassumir o seu cargo de provedor-mor, lhe havia escritos obre Pernambuco, onde ora estava, e lhe dizia que a provisão passada em favor dos jesuítas, para serem pagos em açúcar, é mui prejudicial à Fazenda Real, e aos particulares. Que por achar mui necessário para segurança do porto, mandou fazer um baluarte ou forte defronte da barra, no interior mandou fazer outro de madeira à custa do capitão, pelo risco que corriam as naus dentro do porto, pela passagem das naus francesas, que vão à Paraíba, de que sua alteza deve ter particular cuidado pelo muito que se deve povoar para segurança das capitanias, e estorvo dos males dos gentios, favorecidos dos franceses.

Quanto a igreja matriz, está feita de taipa de mão, e que vai caindo, e que o bispo, e o povo, pedem o seu reparo. Lembra o Rio de Janeiro, que tanto custou; e que o engenho que sua alteza lá mandou fundar por Antonio Salema, que custou três mil cruzados de despesa, não tem obra que valha e mereça quinhentos cruzados, e que se devia tomar providência para se aproveitar etc. (M. ined.) [10].

CCXXXIII – No dia 4 de agosto de 1578, na batalha de Alcácer, morre o 2º donatário de Pernambuco, Duarte de Albuquerque Coelho, depois de ter governado a capitania de 1560 a 1572, em cujo tempo os franceses que foram expulsos do Rio de Janeiro tentaram apossar-se do Recife, mas foram repelidos.

CCXXXIV – Achando-se abandonada a Paraíba do Norte e Itamaracá pelo seu primeiro donatário, Diogo Lourenço da Veiga, governador geral, manda João Tavares estabelecer-se nela em 1578, e promover-lhe o seu incremento, e como os seus recursos eram poucos nada pôde conseguir.

CCXXXV – Por alvará de 25 de janeiro de 1579 sua alteza faz mercê a Fructuoso Barboza, que ora vai por parte do governo povoar as terras do Paraíba, e lançar delas os corsários que nelas estiverem, que ele haja de ordenado, por tempo de dez anos, duzentos mil réis em cada ano, pagos no almoxarifado de Pernambuco etc. (M. ined.).

CCXXXVI – Por alvará de 27 de janeiro de 1579 foi nomeado João Rodrigues de Araujo feitor da armada e negócio da povoação da Paraíba, a que Fructuoso Barboza vai por mandado de el-rei, e receberá nos armazéns reais as munições e mantimentos, que lhe hão de ser entregues, para a viagem, pelo provedor e oficiais deles, os quais lhe carregarão em receita pelo escrivão de seu cargo em um livro, que nos ditos armazéns lhe será dado, e numerado por um dos escrivães etc. (M. ined.).

CCXXXVII – El-rei por alvará de 25 de janeiro de 1579 faz saber que manda Fructuoso Barboza a povoar as terras da Paraíba, nas partes do Brasil, e lançar do rio delas os corsários, que aí estão e as têm ocupado, o qual leva consigo alguns moradores destes reinos para viverem nelas; pelo que há por bem que o dito Fructuoso Barboza seja capitão de toda a dita gente, e da gente da navegação dos navios que com ele vão, assim na viagem do mar, como depois que chegar às ditas terras, e estar nelas todo o tempo que puder estar, e assim há por bem que ele seja capitão da fortaleza e povoações que nas ditas terras fizer, e isto por tempo de dez anos, e manda a todas ditas pessoas que hajam ao dito Fructuoso Barboza por seu capitão etc. (M. ined.).

CCXXXVIII – Os clamores que mandavam os moradores de Pernambuco à corte, contra os franceses e pitaguares, e a instâncias de Fructuoso Barboza que havia ido de Pernambuco carregar navios de pau-brasil na Paraíba, em tempo das pazes com os índios pitaguares, fez que el-rei o encarregasse da conquista e povoação da Paraíba por contrato que fez em sua fazenda, dando-lhe para isso as provisões necessárias, naus e mantimentos, conquistando e povoando a Paraíba, lhe oferecia a capitania dela por dez anos.

Fructuoso Barboza chegou a Pernambuco em 1579, em um elegante navio, e uma zaura ou brigantim e mais dois navios, com muita gente, soldados e povoadores casados, e grande provimento de tudo, não só para a conquista, como para a povoação, trazendo um vigário com ordenado de quatrocentos cruzados, e religiosos de S. Francisco e S. Bento para fundarem conventos.

Orgulhoso por este aparato chegou a Pernambuco, e não quis desembarcar e nem tratar o negócio de que veio encarregado, e arribou às Índias, sem entrar na Paraíba, em cuja arribada lhe morreu a mulher; tornando ao reino, voltou em 1582, por mandado de el-rei d. Felipe II e chegando de novo a Pernambuco se entendeu com as autoridades de Olinda, e de acordo com o licenciado Simão Rodrigues Cardoso, capitão e ouvidor de Pernambuco, combinaram ir este com gente por terra, e ele com a gente que trazia por mar; e parando na embocadura da barra da Paraíba com a armada, e alguns caravelões fornecidos pelas capitanias de Pernambuco e Itamaracá, entram pelo rio por terem aviso que oito naus francesas que dentro estavam carregando, tinha a gente descuidada e dispersa com o gentio fazendo carga, e dando de súbito sobre elas, queimaram cinco, e as outras fugiram com a gente que se pôde salvar.

Saltando em terra um filho de Fructuoso Barboza, e alguns seus parentes e soldados espanhóis, saíram-lhes os pitaguares de emboscada e lhes mataram muita gente, inclusive o filho e alguns espanhóis nobres; chegando às Índias a tomar a Zaura em que ia Gregorio Lopes de Abreu, por capitão, Fructuoso Barboza ficou tão cortado e amedrontado deste sucesso, que se foi com a armada para a boca da barra, e estando para se por à vela, chegou o licenciado Simão Rodrigues, com duzentos homens de pé e a cavalo, e muitos índios, os quais encontrando-se na várzea do Paraíba tiveram combate com os pitaguares, chegando o ímpeto da luta a pegarem-se a braços; mas ficaram derrotados os pitaguares, e cientificados os da armada, uns e outros, trataram, nos sete ou oito dias que ali estiveram, dos meios de fortificarem e povoarem a terra da banda do Norte, porque pareceu da banda do Sul e lugar do Cabedelo ser mau sítio, e não ter água, e feita a experiência em água que se abriu na praia, e pelos inconvenientes que Fructuoso Barboza achava, fugiram com medo do gentio Pitaguares; e pelo que mandaram um galeão ao reino dar de tudo parte a sua majestade.

Desesperado já Fructuoso Barboza, volta a Pernambuco, onde se casou, ficando os pitaguares mais soberbos, e as duas capitanias de Pernambuco e Itamaracá, em novos riscos; e para a de Itamaracá se despovoar, só lhe restava a esperança que lhe deixou Antonio Raposo, que por procurador mandaram à Bahia pedir socorro, com grandes requerimentos e protestos. (Extr. De uma crônica manuscrita jesuíta inédita).

CCXXXIX – No começo do mês de julho de 1583 chegou à cidade do Salvador da Bahia d. Diogo Flores de Valdez, com oito naus, resto da armada dos vinte e tantos navios com que el-rei o mandou por general conquistar e povoar o estreito de Magalhães, donde vinha arribado, deixando no Rio de Janeiro Diogo de La Ribeira, seu almirante, trazendo em sua companhia o ouvidor geral Martim Leitão e de acordo com o governador geral Manuel Telles Barreto, e como a armada viesse pouco provida foi logo abastecida e ele encarregado a ajudar por todos os modos a conquista e povoação da Paraíba, e se fazendo de vela para Pernambuco, mesmo contra a monção no 1º de março de 1584 com nove naus; sete suas e duas portuguesas, chegando a Pernambuco no dia 20 do mesmo mês, ajudado do ouvidor geral Martim Leitão, com todos os poderes para a conquista e povoação da Paraíba, e Manoel Flores, provedor da fazenda e com mantimentos da armada seguiu com eles Martim Carvalho, morador na Bahia.

No dia 21 o ouvidor geral Martim Leitão fez juntar em a câmara d. Felippe de Moura, lugar-tenente de Jorge de Albuquerque, e com outros se combinou reunir força, e no dia 24 juntando-se todos no Recife, achando-se também presente o bispo d. Antonio Barreiros, que havia ido na armada visitar Pernambuco e Itamaracá, ficou assentado se partirem todos no domingo de Páscoa; por terra d. Felippe de Moura, comandando a gente que o ouvidor geral enviaria de Itamaracá, indo com a gente de Olinda e subúrbios a Iguaraçu, sendo acompanhado o ouvidor Martim Leitão até o engenho de Felipe Cavalcanti, e com eles foram se juntar outros que levou Alvaro Bastardo, e perto do Rio Paraíba tiveram um encontro com os pitaguares, e atravessando o rio foram demandar a barra onde estava d. Diogo Flores, que aí achou cinco naus francesas, que já as tinha queimado, levando Flores uma flechada nos peitos que o maltratou.

Reunidos todos escolheram local para o arraial, e assentaram construir-se um forte, para que à sua sombra se povoasse a terra; assentou-se mais na forma e ordem que se daria ao sítio e a gente que o devia guarnecer, e para o que nomeou o general por alcaide e capitão da infantaria a Francisco Costrejam, com cento e dez soltados espanhóis e mais gente portuguesa e mamelucos, que quiseram por capitão e governador a Fructuoso Barboza, como declara a provisão real, que dizia o fazia capitão e governador quando ele conquistasse a Paraíba, o que não fizera.

No entanto o general Diogo Flores mandou levantar o forte, que tomou o nome de S. Felippe e S. Thiago, por ser a sua construção começada no dia 1º de maio, ficando por capitão dele Francisco Costrejam. D. Diogo Flores em seguida se fez de vela para a Espanha, onde chegou a salvamento. No forte trabalharam toda a gente e índios, até a sua conclusão, no fim de maio, ficando a uma légua da barra da parte do Norte, defronte da ponta da ilha (Chronica jesuitica inedita).

CCXL – Sua alteza, em 7 de abril de 1579, faz mercê a Belchior Alves de Araujo, do ofício de tesoureiro da cidade do Salvador em sua vida etc. (M. ined.).

CCXLI – Por alvará de 2 de junho de 1579 foi nomeado Nuno do Amaral, moço da câmara real, escrivão da provedoria da fazenda da Bahia de Todos os Santos, com o ordenado do regimento e prós e percalços a ele direitamente pertencentes etc. (M. ined.).

CCXLII – Por alvará de 17 de junho de 1579, sua alteza faz mercê a Nuno Martins de Gouvêa, que quer com mulher e filhos viver nas terras do Brasil, do ofício de tesoureiro de suas rendas na cidade do Salvador, capitania da Bahia, na vacante do atual, e haverá de seu mantimento em cada um ano oitenta mil réis, que é o ordenado do dito cargo etc. (M. ined.).

CCXLIII – Em Portugal por esse tempo apareceu uma mortífera peste que matava indistintamente, sendo em Lisboa o centro da sua devastação, a obrigar o cardeal rei e a sua corte passar-se para Almeirim. (Vide a minha obra sobre a Ind. do Brazil).

CCXLIV – El-rei em 29 de dezembro de 1580 escreve em Almeirim a Lourenço da Veiga, governador geral do Brasil, dizendo-lhe que Bento Dias de Santiago, que tomou por arrendamento os dízimos e mais direitos, que à sua alteza pertencem na Bahia, Pernambuco e Itamaracá, lhe requereu dizendo que só tomou posse do arrendamento em janeiro de 1579, tempo que terminou o contrato feito com Francisco de Araujo, e havendo dúvidas manda que, em vista do capítulo cinquenta e seis do regimento da Fazenda Real, se considere a posse dos ditos dízimos e direitos a Bento Dias, do 1º de janeiro de 1579 em diante, conforme o seu contrato, e ordena o modo como devem ser pagos os dízimos, para que a sua fazenda não seja prejudicada. (M. ined.).

CCXLV – Com Fructuoso Barboza, encarregado de fundar a capitania da Paraíba, vieram quatro religiosos do Carmo, fr. Domingos Freire, fr. Alberto, fr. Bernardo Pimentel e fr. Antonio Pinheiro, em 1580, com o encargo de fundarem conventos, onde achassem conveniente para a propagação da fé, e se dirigindo para a capitania de S. Vicente, chegaram à vila de Santos, sendo eles bem recebidos por Braz Cubas, que lhes deu terras para fundarem o seu convento, passando-lhes a escritura em 31 de agosto de 1587, incumbindo-se o mesmo Braz Cubas da edificação do convento. Enquanto se construía o mesmo, os religiosos celebravam os exercícios da sua ordem na igreja de Nossa Senhora da Graça, também fundada por Braz Cubas.

Seguiram-se os conventos do Rio de Janeiro, depois o de S. Paulo ou de Piratininga em 1574; o de Mogi das Cruzes em 1629; o da vila de Itu e outros [11].

Em volumoso livro manuscrito que possuo, do Tombo do Convento do Carmo da Bahia, está a narrativa das fundações dos conventos e hospícios do Carmo, donde extraí as notícias que aqui numero, sendo o primeiro convento o de Olinda, fundado no sítio que a câmara ofereceu, e recolhidos os religiosos na ermida de Santo Antonio que ali já existia.

O convento do Carmo da Bahia foi também fundado em 1580, no Monte do Calvário, e no mesmo lugar onde existia uma capela de Nossa Senhora da Piedade, pertencente com os terrenos a Christovão de Aguiar d'Altro, e à sua mulher Izabel de Figueiredo, os quais, com terrenos para a cerca, doaram aos fundadores fr. Damião, presidente; fr. Alberto, fr. Bento e fr. Belchior, todos padres de missa, por escritura lavrada nas notas do tabelião Antonio Barboza de Oliveira.

CCXLVI – Pernambuco em 1580 a 1581 estava florescente, se bem que tinha decaído muito com a morte do donatário Duarte Coelho Pereira, pela confederação geral dos indígenas, contra os colonos portugueses. Duarte de Albuquerque Coelho, seu filho, tendo ordem da corte para ir tomar conta da capitania, partiu com seu irmão Jorge de Albuquerque e chegou a Olinda em 1560.

No conselho que se fez com os jesuítas deu-se o título de conquistador a Jorge de Albuquerque, que contava vinte anos de idade, e conservou esse título por cinco anos de trabalhos, com os quais conseguiu dar paz e segurança aos colonos. Então já rendia a capitania dez mil cruzados dos direitos, sobre a pescaria e engenhos de açúcar, que então eram cinco, dos quais a décima parte era arrendada, por dezenove mil cruzados.

A capitania se estendia a quarenta léguas ao Sul, até o Rio de S. Francisco, e o colégio dos jesuítas, mandado fundar por el-rei d. Sebastião, era o melhor edifício que havia em Olinda. A população por esse tempo orçava em setecentos moradores na cidade, fora os dos engenhos, e escravos dos mesmos, que montavam de quatro a cinco mil africanos. O pau-brasil pertencia à coroa, que o deixava exportar; e o açúcar que ia para Portugal pagava dez por cento à coroa, e mais cinco por cento; e andavam já na carreira quarenta e cinco navios não só para Portugal como para a Bahia e Rio de Janeiro.

CCXLVII – Foram os jesuítas que se estabelecendo junto à embocadura do Rio dos Reis Magos em 1580, com o fim de doutrinarem os índios tupis, levantaram uma igreja dedicada aos Reis Magos, e junto a ela construíram uma casa para os noviços que viessem da Europa aprenderem a língua tupi, com o fim de civilizarem os índios. A presença da igreja fez chamar para o lugar diversos moradores, índios, mestiços e brancos, sendo em 1759 elevada a igreja à dignidade de paróquia, e mais tarde à de vila com a denominação de Vila de Almeida.

CCXLVIII – O cardeal rei, em 20 de janeiro de 1580, em Almeirim, manda lavrar por Manuel Antunes uma circular, designando as atribuições e casos em que os oficiais e ministros do Santo Ofício não podiam exercer o seu ministério, tais como a de lesa-majestade humana, crime nefando contra a natureza, crime de levantamento ou motim de província ou povo, crime de abertura das cartas de el-rei, crime de desobediência, de aleive, violência de mulher casada, ou roubo dela, ou de roubador público, de quebrantamento de casa ou de igreja ou mosteiro etc. M. ined. Esta circular, mandada à Bahia, produziu os seus efeitos.

CCXLIX – Diogo Lourenço da Veiga em 1578 veio substituir a Luiz de Brito e Almeida, e neste mesmo ano faleceu na África el-rei d. Sebastião, em combate com os mouros, no dia 4 de agosto. Sobe ao trono de Portugal o cardeal d. Henrique no dia 28 de agosto de 1578, e faleceu no dia 31 de janeiro de 1880 sem deixar sucessor, e pelo que se apresentaram candidatos o prior do Crato, a duquesa de Bragança e Felipe II de Espanha, e para o que, fazendo entrar com um exército de vinte e cinco mil homens, comandados pelo duque D'Alva, Felipe II de Espanha se apossou do reino português, em cortes, celebradas em Tomar, no dia 19 de abril do mesmo ano. O padre Santo Morin no seu Ano Historico dá a lista nominal de todos os que morreram neste dia de luto para Portugal com el-rei d. Sebastião na África.

CCL – O cardeal rei d. Henrique, filho de el-rei d. Manoel e irmão de d. João III, e tio de d. Sebastião, morre em Almeirim no dia 30 de janeiro de 1580, de idade de setenta e oito anos, tendo reinado dezesseis meses, e sido arcebispo de Lisboa, Braga e Évora, e inquisidor geral, governador do reino na minoridade de el-rei d. Sebastião, em cujo cargo conservou o reino com tranquilidade, fez reinar a paz, e promoveu a abundância; e jaz sepultado no mosteiro de Belém [12].

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[9] Era a ilustre senhora sóror d. Roza Chaves de uma habilidade espantosa no trabalho artístico de flores de penas e picados de papel, que ninguém a excedia na perfeição do trabalho. A sua caligrafia era perfeita.

[10] Este engenho foi o primeiro que se levantou no Rio de Janeiro, e o que reparou Martim de Sá, que se chamou Engenho d'El-Rei ou de Martim de Sá, na lagoa de Sacapenopan, ou Engenho da Cabeça.

[11] O cadastro oficial de 1855 mostrou que os conventos dos Carmelitas da capital de S. Paulo, Santos, Itu e Mogi das Cruzes possuíam vinte e duas fazendas, sessenta e sete prédios urbanos, onze terrenos por edificar, setecentos e quatro escravos e três apólices da dívida pública; e os mosteiros beneditinos da capital e Santos, e a presidência de Sorocaba, possuíam seis fazendas, sessenta e quatro prédios urbanos, um terreno por edificar e cem escravos.

[12] O cardeal d. Henrique, filho de el-rei d. Manoel e da rainha d. Maria, nasceu em Lisboa no dia 31 de janeiro de 1512, e foi batizado em Coimbra por d. Jorge de Almeida, arcebispo de Coimbra, e faleceu no mesmo dia do ano de 1580 com setenta e oito anos. Quando agonizava padecia a Lua um medonho eclipse, que terminou expirando o rei.