[...]
CI
– A povoação do Jaguaripe na margem direita do rio do mesmo nome foi uma aldeia de índios tupiniquins, onde os jesuítas fundaram uma igreja, em
1550, da invocação da Santa Cruz, e aí se conservaram até 1563, em cujo tempo foi esta aldeia quase despovoada, em virtude de uma
horrível epidemia, que nela apareceu, seguindo-se tão medonha fome, que obrigou aos índios, que sobreviveram, venderem-se a troco do alimento,
para sustento da vida. Passados muitos anos, novos índios foram povoar a deserta aldeia de Jaguaripe, e como também fossem nela residir vários
colonos portugueses, construíram a igreja de Nossa Senhora da Ajuda, que foi elevada a paróquia em 1625 e depois elevada a vila.
CII
– A povoação de Iguape era uma antiga aldeia de índios, próxima à confluência do Rio Iguape, com o Paraguaçu, no distrito da cidade de Cachoeira
na Bahia de Todos os Santos. Foi fundada em 1561, pelos jesuítas, erigindo na aldeia uma igreja, dedicada a Santo Iago, cuja igreja foi elevada a
freguesia em 1608.
CIII
– A vila da Água Fria, vinte e seis léguas acima da cidade de Cachoeira, na província da Bahia, foi uma aldeia de índios tapuias, que os jesuítas
catequizando em 1562, aí fundaram uma igreja, consagrada a S. João Batista.
CIV
– Adão Gonçalves, morador rico de S. Vicente, que acompanhou Mem de Sá ao Rio de Janeiro, e fez proezas militares na expulsão dos franceses no Rio
de Janeiro em 1560; depois de sossegadas as coisas, foi à Bahia tratar com Mem de Sá e pedir-lhe certidões dos seus serviços a fim de requerer a
el-rei galardão por eles; mas em contato com os padres da companhia, de repente mudou de resolução, e em vez de continuar a requerer atestações do
governador para obter as graças do soberano, passou a suplicar ao provincial Luiz da Gram, para o alistar na Companhia de Jesus, na qual foi
aceito, e ao mesmo tempo cedendo-lhe os bens que a fortuna lhe doara, e entregando-lhe o único filho que possuía, de nome Bartholomeu Adão, para
ser educado sob as vistas da Companhia, cujo menino depois faleceu.
CV
– Aymbiré era um dos chefes das tribos silvícolas, vizinhas de Iperoig, que exigiu que ficasse entre eles os padres José de Anchieta e Manoel da
Nóbrega, em 21 de abril de 1563, quando foram à sua aldeia, para tratarem após com os chefes tamoios.
CVI
– A aldeia Iperoig, pertencente aos índios tamoios, situada entre as hoje povoações de S. Sebastião e de Ubatuba, e a vinte léguas ao Nordeste da
vila de S. Vicente, sendo os chefes Pindabossú, e seu filho Paranapossu. Vivendo eles em guerra com os portugueses, no dia 24 de abril de 1563, os
padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, acompanhados por José Adorno, morador em S. Vicente, se dirigiram a eles para propor as pazes, em
proveito do aumento da povoação, o que conseguiram, ficando entre eles o padre José de Anchieta, como garantia do convênio.
CVII
– Martim Afonso de Souza era filho primogênito de Lopo de Souza, alcaide-mor de Bragança, senhor do Prado e de d. Brites de Albuquerque. A sua
vida cheia de serviços na Ásia como governador, e no mar como capitão-mor de armadas, onde fez prodígios de valor, e onde enriqueceu como
conquistador; falando-se em conselho de estado em Lisboa, sobre quem iria por general de uma armada contra outra de turcos que ameaçavam a costa,
votou Martim Afonso em si, e el-rei lhe aprovou a eleição, mas os turcos, para evitarem combate, se retiram da costa. Foi casado com d. Anna
Pimentel, de quem teve a Pedro Lopes de Souza, sucessor de sua casa, a Lopo Rodrigues de Souza, que faleceu indo para a Índia, a d. fr. Antonio de
Souza, religioso da ordem dos pregadores, e bispo de Vizeu, e a d. Ignez Pimentel, que casou com d. Antonio de Castro, conde de Monsanto.
Martim Afonso de Souza faleceu em 1564.
Estando d. Anna Pimentel
com a rainha d. Catharina, e ausente seu marido na Ásia, lhe disse a rainha: Consta que fazeis umas casas mui formosas, para quando vier Martim
Affonso? D. Anna Pimentel respondeu-lhe: Senhora, se ele vier pobre aquelas casas bastam; se ele vier rico aí está o Limoeiro
[3].
(N.E.: Também chamado de Paços de a-par-de S.
Martinho, Paço dos Infantes e Paços da Moeda, foi residência da família real e da Corte, em Lisboa. No reinado de D. João II, terminado com sua
morte em 1495, já com o nome de Paço do Limoeiro, foi transformado em tribunal e duas cadeias - a da cidade e a da Corte -, para os condenados ao
degredo nos territórios ultramarinos ali aguardarem o embarque, assim se mantendo até o século XVIII, sendo portanto esta função de tribunal e "ante-sala
do degredo" a que teria aludido Anna Pimentel na resposta à rainha. Desde dezembro de 1979 ali passou a funcionar o Centro de Estudos
Judiciários).
CVIII
– Tendo Pedro de Campos Tourinho, em 1536, fundado a vila de Santa Cruz na margem da Bahia, onde Pedro Álvares Cabral esteve de passagem para a
Índia, e descobriu o Brasil, povoada a costa de índios tupiniquins, desde o Rio Camamu até o Rio Crisaré; mas como o local não fosse sadio, e a
povoação fosse destruída em 1564 pelos índios aimorés, capitaneados pelo terrível chefe Abatiras, os habitantes que escaparam ao morticínio se
passam mais para o Norte, e nas margens do Rio João Tiba fundaram a povoação que conserva o mesmo nome, e uma igreja consagrada a Nossa Senhora da
Conceição, cuja igreja foi elevada a paróquia em 12 de janeiro de 1755.
CIX
– Na Bahia existiram dez padres de missa e quinze irmãos; em S. Vicente e Piratininga, dezoito por todos; no Espírito Santo dois; em Porto Seguro
dois; em Pernambuco dois; em Ilhéus três. Em 1566 o número dos religiosos jesuítas na Bahia era o de trinta.
CX
– Até a regência da rainha d. Catharina, era a cidade do Salvador anualmente mui favorecida de gente, de gêneros e de tudo que concorria para o
seu engrandecimento, porque todos os anos vinham as frotas carregadas à Bahia; mas depois, apenas vinha um galeão da armada em que vinham os
governadores, e se a cidade e recôncavos cresciam, era devido à fertilidade das terras, que abastecia aos moradores com profusos produtos
agrícolas.
CXI
– O ilustrado bibliógrafo pernambucano Antonio Joaquim de Mello conta que o mais antigo historiador e poeta que teve o Brasil foi Bento Teixeira
Pinto, natural de Pernambuco, que escreveu a Relação do Naufragio de Jorge de Albuquerque Coelho, indo de Pernambuco para Lisboa, na nau
Santo Antonio, em 1565; Prosopopéa, ao mesmo Jorge de Albuquerque, em verso, e em prosa no ano de 1565; e Dialogo das grandezas do
Brazil.
Diz o mesmo escritor que, em 1575, se
representou em Olinda o Rico Avarento e o Lazaro Pobre.
Que os filhos das pessoas abastadas, por
esses tempos, estudavam gramática, retórica, poética, música e línguas clássicas etc. A instrução se difundiu, em Pernambuco, não só em Olinda,
como nos outros povoados da capitania.
CXII
– Como vimos, a primeira igreja do Rio de Janeiro foi construída de pau-a-pique, e coberta de palha, no morro de S. João, então Vila Velha, no
governo de Estácio de Sá. Salvador Corrêa de Sá, com a mudança da povoação para o morro fronteiro, fundou a existente, construindo-a de taipa,
cujo templo não ficou acabado, porque o capitão-mor, tendo preenchido o seu tempo, se retirou em 1572. Voltando ao governo em 1578, concluiu a
igreja. Com o tempo, arruinando-se, o conde a manda concertar e acabar as obras internas.
O primeiro pároco que teve desde 20 de
fevereiro de 1569 foi o padre Matheus Nunes, ao qual sucedeu como vigário colado o padre Martins Fernandes. Seguiu-se o padre João Pimentel, o
padre Manoel da Nóbrega, sendo o último colado o padre Francisco da Silveira Dias, em 20 de janeiro de 1665.
O primeiro livro de assento de batizados data
de 1616.
Criada a Sé, perdeu a paróquia a natureza de
colada, e passou a ser curada por sacerdotes amovíveis, desde 29 de abril de 1687. Em 1634 foi dividida a freguesia de S. Sebastião, dando-se
espaço para a da Candelária.
Em janeiro de 1751, com o aumento da
povoação, criaram-se as freguesias de S. José e Santa Rita. Em 1762 criou-se a de S. Francisco Xavier, do Engenho Velho; e em 1814 a de Sant'Anna.
Por breve do papa Gregório XVIII, de 19 de
julho de 1576, foi separado o território do Rio de Janeiro, criando uma prelazia com jurisdição ordinária, e ainda pendente do bispo da Bahia,
sendo nomeado o primeiro prelado administrador por carta régia de 11 de maio de 1577, servindo desde 1576 a 1579 o bacharel formado Bartholomeu
Simões Pereira, o qual, se passando para a capitania do Espírito Santo, ali faleceu no 1º de julho de 1591.
CXIII
– Deve a vila de Benevente a sua fundação aos jesuítas, que fundaram as aldeias de Reritiba, Guarapari, S. João e a dos
Reis Magos; e foi o padre José de Anchieta, que em 1565, ou 1567, reuniu diversas tribos de índios, na fralda de uma montanha, defronte do Rio
Iriritigba ou Reritigba, e os batizou, em uma igreja, que ele havia edificado, em honra de Nossa Senhora da Assunção, de quem era devoto. O bom
trato, que os jesuítas davam aos índios, fez que eles viessem se estabelecer aí, e por isso se aumentando a povoação, foi ela elevada a vila, com
o título de Benevente, pelo alvará de 1755, cuja execução teve lugar em 14 de fevereiro de 1761.
CXIV
– Em Itapoã, três léguas ao nascente da cidade da Bahia, a terra forma uma ponta, e defronte desta ponta, em um alto, em 1566 se afazendou
Sebastião Luiz, e construiu uma ermida dedicada a S. Francisco. Este ponto, diz Gabriel Soares, é o que nas cartas de marear se chama Lençóes
de areia, e se reconhece a próxima entrada da Baia de Todos os Santos. Duas léguas para o interior existia uma grossa fazenda de Garcia de
Avila, com outra ermida de S. Francisco.
Em Itapoã, pelos anos de 1559 vivia d. Isabel
de Avilla, viúva e neta de Catharina Paraguassu, casada com Diogo Dias, próximo à praia do mar, em um sítio, fronteiro ao penedo, dentro do mar,
chamado pedra de Diogo Dias.
CXV
– Diz o historiador Azevedo Marques, que alguns escritores dão a fundação, uns em 1567, outros em 1579, e outros em 1611, e finalmente em 1654,
pelo capitão Eleodoro Ebano Pereira. Diz Azevedo Marques que por documentos autênticos achou que em 1638 já Iguape era vila, e a sua primeira
matriz foi concluída em 1635, consagrada ao Senhor Bom Jesus de Iguape. Dista da capital da província cinquenta e duas léguas. Pelos documentos
antigos sabe-se que o território de Iguape já era conhecido por este nome em 1537, e que já tinha moradores, e que eram castelhanos sob o mando de
Ruy Maschera. A povoação foi elevada a cidade pela lei provincial de 3 de abril de 1849 (vide Ap. Hist. de Azevedo Marques).
CXVI
– Estácio de Sá não perdia ocasião de combater os franceses e tamoios, e sabendo que os inimigos se reuniam em grande número em uma aldeia, para
celebrarem uma devoção que chamavam a Santidade, marchou sobre a aldeia, no fim do ano de 1566, e carregando sobre os inimigos os destruiu,
matando a muitos, aprisionando outros, e fugindo os que puderam. Neste combate perdeu Estácio de Sá trezentos soldados, e entre eles o famoso
guerreiro Antonio de Lagea.
CXVII
– A ermida de Nossa Senhora do Desterro, da cidade da Bahia, foi edificada por alguns devotos, no lugar onde está a igreja do convento das freiras
do desterro, em 1560, sendo coberta de palha; e como o lugar era muito cheio de mato virgem, e perto de dique, e de alguns alagadiços e pântanos,
havia muitas cobras, de diferentes qualidades e grandeza, e era por isso que a ermida deixou de ser frequentada, a ponto de, em 1567, se achar
dentro do mato, porque as cobras afugentavam os moradores que desejavam fazer casas nas proximidades da ermida.
Conta Ignacio Accioli de Cerqueira e Silva,
nas suas interessantes Memorias Historicas da Bahia, que no ano de 1567, indo um dos habitantes da cidade visitar a capela de Nossa Senhora
do Desterro, consta que, adormecendo na porta, quando ali se assentava, para descansar, despertou com a compressão que no corpo lhe fazia uma
jiboia, cobra de espécie assaz conhecida, a qual matou com uma faca que trazia; este acontecimento, por sua natureza simples, foi tomado pelas
crenças do tempo, por prodígio obrado, por intercessão da imagem da Senhora do Desterro, cujo patrocínio ele dizia ter implorado no momento
aflitivo; e o certo é que foi esta narração bastante para que logo o povo, incitado pelo exemplo do religioso governador Mem de Sá, restabelecesse
o espírito fervoroso de piedade, substituindo-se então a capela, coberta de palha, por outra de pedra e cal, no mesmo ano de 1567, em cujas
paredes foi pendurada a pele da mencionada cobra, e instrumento com que havia sido morta, concorrendo excessivamente para isso aquele governador,
que até para mais promover ali a afluência dos habitantes, mandou nessa paragem edificar para si uma casa de campo, exemplo que foi logo seguido
por muitas pessoas da classe principal, instituindo-se consecutivamente uma confraria, para anualmente solenizar a Senhora do Desterro.
Consta que Mem de Sá teve a ideia de se
fundar aí um convento, mas, não conseguindo realizar o seu intento, porque a morte o vinha surpreender, deixou 400$ em poder do reitor do colégio
de jesuítas, para o novo mosteiro, cuja quantia foi entregue às freiras fundadoras do convento, assim que chegaram à cidade da Bahia.
CXVIII
- O primeiro morador que se foi afazendar em Magépe ou Magé, depois da tomada do Rio de Janeiro aos franceses, foi Simão da
Motta, em 1567, e aí construiu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade, e como a fertilidade das terras chamasse para aí alguns moradores,
foi a povoação crescendo, e mais tarde a capela de Nossa Senhora da Piedade, pelo alvará de 18 de janeiro de 1696, foi ereta em paróquia; e em
1789, governando Luiz de Vasconcellos e Souza o Rio de Janeiro, foi a povoação de Magépe elevada a vila, mudando o nome de Magépe para o de Magé.
Em 1810 foi honrada com o título de baronia, na pessoa de Mathias Antonio Lobato, e sucessivamente a viscondado.
CXIX – Salvador Corrêa de Sá, filho
de Gonçalo Corrêa e de d. Felippa de Sá, e neto de Ruy Vaz Corrêa e de Martim de Sá, fidalgos de cota de armas, e sobrinho de Mem de Sá, de posse
do governo do Rio de Janeiro [4],
continuou na segurança da cidade e na demarcação das ruas
[5].
Deu muitas sesmarias de terras, como se lê nos tomos 1º, 2º e 3º das escrituras do cartório do finado tabelião Fontes, de que é hoje serventuário
vitalício o bacharel Carlos A. da Silveira Lobo.
Os moradores que vinham da Bahia, de S.
Vicente, dos Ilhéus e mesmo de Portugal, para povoar o Rio de Janeiro, tinham imensa dificuldade na edificação das casas, em consequência dos
imensos alagadiços e pântanos da grande vargem, que circundavam o morro, em que estava situada a nascente povoação.
Foi grande o trabalho que
se empregou no aterro e esgoto desses pântanos e alagadiços, mormente nas imediações da praia, com o fim de se aproximarem dos pontos comerciais,
e principalmente do caminho (hoje Rua Direita), que havia do sítio da Misericórdia para o monte de S. Bento, porque era muito tortuoso, em
consequência do mar penetrar até à Rua da Quitanda, onde está situada a igreja da Candelária, edificada por Antonio Martins da Palma e sua mulher
d. Leonor Gonçalves, naturais da ilha da Palma, uma das Canárias, dedicada à Santíssima Virgem da Candelária, invocação da miraculosa imagem que
existe na ilha do seu nascimento [6].
Onde estão as ruas das Violas, Pescadores e
Bragança, quando a maré enchia, ficavam os terrenos tão alagados que se não podia passar, ficando o morro de S. Bento ilhado, acontecendo o mesmo
com os terrenos da Gamboa até à Prainha.
Da Vala para cima, eram todos os lugares
pantanosos e alagadiços, sendo a lagoa de Capucirucu, depois da Sentinella (hoje Rua do Conde d'Eu e parte da do Senado) tão grande, que nela se
criavam e viviam jacarés. O campo da Lampadosa foi principiado a entulhar do ano de 17760 em diante, no vice-reinado do marquês de Lavradio, em
cujo tempo também se abriu a rua, e fundou-se a capela de Nossa Senhora da Lampadosa. O mesmo aconteceu com os tremendos pantanais onde foram
abertas as ruas do Lavradio, Inválidos e Resende.
As ruas da Ajuda e Guarda-Velha foram abertas
sobre o aterro da lagoa de Santo Antonio. Havia um grande boqueirão e alagadiços pestilentos, nas imediações das ruas hoje dos Barbonos, Ajuda e
Mangueiras, onde depois Luiz de Vasconcellos, que tomou conta do governo do Rio de Janeiro em 5 de abril de 1779, mandou fazer o passeio público.
O campo de Sant'Anna, hoje da Aclamação, e o
de S. Domingos, que eram vastos pantanais, alagavam-se com as enchentes das marés; principiaram a ser entulhados por ordem do conde de Resende,
despendendo a câmara municipal para mais de 30.000 cruzados.
As casas da primitiva cidade foram cobertas
de palha de palmeiras. Os jesuítas fundaram o seu colégio em 1569, em terras que lhes deu no coração da cidade, com dote para cinquenta padres, o
governador Mem de Sá, sendo a escritura passada em Lisboa e assinada pela própria mão d'el-rei, em 6 de fevereiro de 1568.
Salvador Corrêa de Sá, que tinha principiado
a construção da igreja de S. Sebastião, para a Sé, não a pode concluir, por ter sido chamado à corte, e o veio substituir Christovão de Barros.
CXX
– Em 10 de dezembro de 1568 se passou em Almeirim provisão de mercê do ofício de meirinho da correição do campo, para a cidade do Rio de Janeiro,
a João de Castro, comprador do cardeal d. Henrique, para servir na vacante dos providos, antes de 28 de novembro do mesmo ano, com o mantimento,
conteúdo no regimento, e os prós e percalços que lhe coubesse de direito (M. Ined.).
CXXI
– Mem de Sá, depois de fundar a cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, em 1567 e 1568, e empossar as autoridades administrativas e judiciárias,
vai a S. Vicente, e dali regressa para a Bahia de Todos os Santos, onde faleceu em 1572, sendo sepultado na igreja do colégio dos jesuítas. As
letras gravadas na lápide de mármore branco que cobre a sepultura estão gastas pelo roçar do calçado dos que por sobre a lápide passam.
CXXII
– D. Catharina, mulher de el-rei d. João III, filha de el-rei Felipe I de Castella e d. Joanna, avó de el-rei d. Sebastião, irmã de Carlos V,
nasceu no dia 14 de janeiro de 1505, era regente do reino de Portugal na minoridade de el-rei d. Sebastião, governou com prudência; e em 1562
entregou o governo da regência de seu motu-próprio ao cardeal d. Henrique, tio do rei, e se retirou a um convento de freiras. Deixou a
regência do reino pela desobediência, desatenções e insolências de seu neto, e faleceu no dia 12 de fevereiro de 1568, sendo sepultada no convento
de Belém.
CXXIII
– Onde está situada a cidade de Niterói ou Praia Grande, foi uma aldeia de índios denominada Carihi, que se extinguiu em 1671, fundando-se a
capela de Nossa Senhora da Conceição, e foram se edificando casas, umas na praia, outras para o interior. O que é certo é que em 1806 foram
vendidas seis casas, com um barco, escravos e algum terreno por 600$000; mas com a trasladação da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, foi a
Praia Grande crescendo em povoação, e mais ainda, depois em 1815, com a presença do príncipe regente, e sua corte, quando foi passar revista a
divisão dos voluntários reais, que partia para Montevidéu.
Já estando a sua povoação crescida, em 10 de
maio de 1819, foi elevada a vila, sendo o seu primeiro juiz de fora o bacharel José Clemente Pereira; e pela lei de 2 de abril de 1836 foi
condecorada com o título de cidade, com a denominação de Niterói e capital da província do Rio de Janeiro.
CXXIV
– El-rei determina ao governador Mem de Sá, no dia 11 de fevereiro de 1568, que na capitania de S. Vicente se edifique outro colégio, em que
possam residir cinquenta religiosos da Companhia de Jesus, com o fim de converter a genti9lidade à fé cristã.
No dia 1º de dezembro do mesmo ano de 1568,
mandou el-rei pagar aos padres do colégio de S. Vicente e do Rio de Janeiro 400$000, cuja quantia foi entregue por Christovão de Barros, provedor
da fazenda real, para a sustentação dos ditos padres (M. ined.).
CXXV
– Os tamoios e franceses de Cabo Frio, vindo atacar em 1568 ao valente índio Martim Affonso de Souza (Ararigboia), na sua aldeia de
S. Lourenço, são batidos e perseguidos por ele, até Cabo Frio. Em 1570 faleceu na Bahia o padre Nóbrega, com cinquenta e três anos de idade. Morre
na Bahia o governador Mem de Sá, e para substituí-lo foi nomeado Luiz de Brito de Almeida, que ali chegou em 1572.
CXXVI
– Os franceses que escaparam à morte, na tomada do Rio de Janeiro, por Mem de Sá, fizeram-se à vela, em quatro de seus navios, com destino a
Pernambuco, provando então que eles tinham as costas do mar do Brasil melhor exploradas, mas a fortuna não lhes foi mais favorável, porque foram
dali expelidos. Os franceses tinham estado na posse do Rio de Janeiro durante onze anos.
CXXVII
– A ilha de Paquetá, situada dentro da baía do Rio de Janeiro, com meia légua de comprimento e seiscentas braças na sua maior largura, em parte
rasa, e em parte montanhosa, foi dada a metade dela em sesmaria em 1568, a Ignacio de Bulhões, por Salvador Corrêa de Sá, e no ano seguinte de
1569 a outra metade foi doada a Fernão Valdez, para povoarem e fazerem suas roças.
Nesta ilha se edificou uma capela, dedicada a
S. Roque, e não me foi possível saber com certeza quem a edificou, mas sim, que foi ela benzida em 24 de novembro de 1698, servindo de paróquia
desde o ano de 1728. Construindo-se na mesma ilha outra igreja de pedra e cal, consagrada ao Senhor Bom Jesus do Monte, por provisão episcopal, de
21 de junho de 1769, foi elevada esta igreja à categoria de paróquia; mas o vigário de S. Gonçalo, por esta elevação paroquial, protestou, por se
ver privado dos rendimentos que fruía das ilhas de Itaoca e Jerobahitiba, próximas a Paquetá, e pelo que, obtendo sentença favorável, foi
suprimida a nova freguesia, ficando filial a igreja do Senhor Bom Jesus do Monte à matriz de Magé, até o ano de 1816, em que foi de novo
restituída à paróquia por alvará do príncipe regente, depois el-rei d. João VI.
Não obstante a presença da matriz do Senhor
Bom Jesus do Monte, é festejada com grande pompa e grande concorrência a tradicional imagem de S. Roque, na sua antiga igreja de Paquetá. Esta
ilha, que pertencia ao distrito de Magé, por decreto de 23 de março de 1833 foi desmembrada e anexada à capital do Império.
CXXVIII
– D. Aleixo de Menezes, filho de d. Pedro de Menezes, primeiro conde de Castanheira, aio de el-rei d. Sebastião, um dos homens mais discretos do
seu tempo, faleceu no dia 7 de fevereiro de 1569, em longa velhice, tendo sido casado duas vezes; a primeira com d. Joanna de Menezes, filha de d.
Henrique de Noronha, e a segunda vez por ordem de el-rei, com d. Luiza de Noronha, tendo ele setenta e cinco anos de idade, e da qual teve três
filhos e duas filhas.
CXXIX
– O conselho de Estado foi instituído por el-rei d. Sebastião, dando-lhe regimento pelo alvará de 8 de setembro de 1569, a imitação do que seu avô
Carlos V criou em Castella, sendo um dos primeiros conselheiros de estado, em Lisboa, Lourenço Pires de Tavora. O decreto de 31 de março de 1645
regulou o lugar e o modo do despacho deste tribunal (Pereira e Souza).
CXXX
– No dia 7 de junho de 1569 apareceu em Lisboa uma peste tão mortífera que se estendeu a todo o reino, que matava de quinhentas a setecentas
pessoas por dia, chegando o número total dos mortos a mais de cinquenta mil pessoas; e em seguida veio a fome, que matou a muitos. A peste durou
cinco meses.
CXXXI
– Em 26 de junho de 1569 foi nomeado Salvador da Peca, por pedido de d. Duarte da Costa, governador que foi do Brasil, o qual foi seu criado, e
casado no Brasil com Anna de Paiva, uma das órfãs, que foram para a Bahia, em companhia de Thomé de Souza, que ora serve de governador, escrivão
da provedoria da cidade do Salvador, por tempo de cinco anos, ofício que deixou vago, Braz Fernandes, escrivão que foi dos contos (M. ined.)
CXXXII
– El-rei d. Sebastião, pela carta régia de 29 de janeiro de 1569, mandou declarar que Sebastião de Lucena, seu moço da câmara, lhe enviou dizer
que el-rei d. João III, em 26 de setembro de 1534, fizera mercê a Vasco Fernandes, seu pai, cavaleiro de sua casa, em sua vida, dos ofícios de
feitor e almoxarife da feitoria e almoxarifado de todas as sessenta léguas de terra de Pernambuco, no Brasil, de que fizera mercê a doação a
Duarte Coelho, e que houvesse de seu mantimento e ordenado, dois por cento de todos os dízimos e rendas, direitos, e outras coisas que se
carregasse por mar, para o reino, como para quaisquer outras partes que houvera os prós e percalços que lhe pertencessem do rendimento da
feitoria, e almoxarifado, e o mais que largamente declarou no alvará de 14 de junho de 1548, que havendo respeito aos serviços de seu pai Vasco
Fernandes, de por seu falecimento fazer mercê a seu filho Sebastião Portuguez, e pedindo-lhe que por Vasco Fernandes, seu pai, ser falecido, e ele
Sebastião de Lucena sendo seu filho, e de Beatriz Dias, sua mulher, dos quais não ficou outro filho, que é o próprio Sebastião Português, conteúdo
no dito alvará, o qual mudara o sobrenome, como mostrou, com a certidão de justificação do dr. Desembargador Simão Cabral, e corregedor do crime,
e subscrita por Francisco Gonçalves, escrivão, em 4 de dezembro de 1568, em vista do mais que expõe a dita carta régia, determina que seja metido
em posse dos ofícios ao dito Sebastião Lucena.
NOTA. Sebastião de Lucena renunciou os cargos
por um alvará de licença de el-rei, em Matheus de Freitas, seu filho mais velho, ao qual se passou carta em forma, feita em Lisboa a 6 de dezembro
de MDLXXXIV. (M. ined.).
CXXXIII
– Por alvará de 7 de março de 1570, manda el-rei dar ao dr. Antonio Salema, desembargador da Casa da Suplicação, que manda com alçada, as partes
do Brasil, enquanto servir, em cada um ano, de mantimento e ordenado trezentos mil réis; e mais cento e vinte réis em cada um ano, para mantimento
de dez homens, que com ele hão de servir no cargo da justiça, que ele será obrigado a trazer, e para cada um haverá ordenado de doze mil réis,
cujo ordenado será pago pelo tesoureiro das rendas reais. (Este documento e mais outros os imprimi no n. 18 pág. 3 do meu Brazil Historico).
CXXXIV
– El-rei d. Sebastião, tendo por conveniência dos interesses da coroa prolongado por mais dois anos o governo de Mem de Sá, nomeia para
substituí-lo d. Luiz Fernandes de Vasconcellos, e manda com este o jesuíta padre Ignacio de Azevedo, irmão de d. Jeronymo de Azevedo, vice-rei da
Índia, com mais trinta e nove companheiros, em uma armada de sete navios.
Todos estes infelizes foram mortos, uns a
golpes de espada e outros atirados ao mar no dia 15 de julho deste mesmo ano de 1579, pelos piratas franceses capitaneados por Jaques Soria (Simão
de Vasconcellos, Chronica da Companhia, livro 4º n. 18 e seguintes).
D. Luiz Fernandes de Vasconcellos,
prosseguindo na viagem, faleceu no mar nos primeiros dias de setembro. (Ignacio Accioli, Memorias Historicas da Bahia).
CXXXV
– Em 6 de fevereiro de 1570, em Évora, mandou el-rei por Duarte Dias passar a carta-patente de governador geral das terras do Brasil a d. Luiz
Fernandes de Vasconcellos, pessoa de tal e tanto recado e confiança, que o achou digno desta incumbência, por três anos, com oitocentos mil réis
de ordenado, recebendo adiantados mil cruzados para os aprestes, e outros por conta de seus ordenados. (M. ined.).
Ignacio Accioli, por não ter à vista esta
carta-patente, menciona o substituto de Mem de Sá por d. Sebastião Luiz de Vasconcellos, que não chegou a tomar posse por morrer em viagem. (Vide
a pag. 71 do 1º tomo das interessantes Memorias Hist. da
Bahia, por I. Accioli).
CXXXVI
– O padre Manoel da Nóbrega, fundador de vários colégios da companhia, e que tantos serviços prestou na civilização dos índios e progressos do
cristianismo no Brasil, faleceu no colégio de Jesus do Rio de Janeiro no dia 18 de outubro de 1570, na idade de cinquenta e três anos e vinte e
oito de religião. Era filho de pais nobres, tendo feito seus estudos nas universidades de Coimbra e Salamanca, entrando na Companhia de Jesus com
vinte e cinco anos, já sacerdote de ordens sacras, e bacharel formado em cânones (Simão de Vasconcellos, Chronica e Comp. 1.4 ns. 116 e
117).
CXXXVII
– Foi o índio Cunhabeba o que conduziu em uma canoa, para S. Vicente, o padre José de Anchieta, quando voltou da aldeia de Iperoig, para onde fora
pedir pazes com os tamoios de Ubatuba e Laranjeiras, em proveito dos portugueses. Era homem de prodigiosa força, alto, corpulento e de horrenda
figura; e em sua ferocidade vangloriava-se de haver comido a carne de milhares de cristãos e de índios seus inimigos.
CXXXVIII
– A vila de Boipeba, na província da Bahia, é uma das mais antigas da província, e teve princípio com a presença dos jesuítas entre os anos de
1570 a 1580. Gabriel Soares afirma que, na ilha de Tinharé, junto ao morro, esteve a primeira povoação da capitania dos Ilhéus, donde despovoaram
logo, por não contentar a terra dos primeiros povoadores, e como fica a quatro léguas de distância da ilha de Tinharé, a povoação nova surgiu; os
padres da companhia possuíam dez léguas que lhes doou Mem de Sá, e é bem provável que com essa gente tivesse começo a povoação de Boipeba. A
igreja, que é fundação dos jesuítas, foi elevada a freguesia em 1608.
CXXXIX
– Durante a ausência de Vasco Fernandes Coutinho, d. Jorge de Menezes e d. Simão, ajudados pelos padres da companhia, conseguindo uma vitória
contra os índios no lugar onde hoje está situada a capital do Espírito Santo, aí fundaram uma povoação, a que deram o nome de vila da Vitória.
O padre Simão de Vasconcellos, referindo-se a
esses apontamentos do padre José de Anchieta, diz que Vasco Fernandes Coutinho, chegando à barra do Espírito Santo, à mão esquerda, junto ao monte
de Nossa Senhora, lançara à gente ao som da artilharia de seus navios, naquelas praias ocupadas então de gentio bárbaro: nas mesmas começaram a
fundar a vila que agora tem o nome de Vila Velha, com a invocação do Espírito Santo, que foi depois a de toda a capitania.
Aqui teve apertadas guerras de uma parte com
a nação dos guaianás, e de outra com os tupiniquins (cujos sucessos vários a mim me não pertencem aqui); porém é certo que naquele princípio
mostrou a fortuna bom rosto às nossas armas e alcançou o valor deste capitão a Vitória, dignas de história, e tais que foram causa de que pedissem
pazes parte dos inimigos, outros se retiraram a seus sertões, e tivessem lugar os nossos de mudar de sítio, para outro mais seguro, e forte, onde
hoje vemos a vila, com a invocação de Nossa Senhora da Vitória, em respeito de uma que então alcançamos, considerável, de numerosa quantidade de
bárbaros, que no lugar estavam situados (Chronica da Companhia).
CXL
– Em 2 de outubro de 1571 sua alteza fez mercê a Manoel Pinto, moço da câmara, por três anos, do ofício de feitor e almoxarife da cidade de S.
Sebastião do Rio de Janeiro (M. ined.) [7].
CXLI
– Fr. Gaspar, tratando da nobreza antiga do Brasil e particularmente da capitania de S. Paulo, diz que os companheiros nobres do primeiro
donatário, que aqui ficaram; de alguns que ele mandou no princípio, e de outros muitos que vieram concorrendo pelo tempo adiante, não só de
Portugal e ilhas, mas também de Espanha, quando estavam unidas as duas coroas, atraídos pela fertilidade do país, e pelas minas de ouro que se
foram descobrindo, compõe-se a nobreza destas capitanias, a qual se conservou pura, conhecida e muito respeitada até pouco depois do descobrimento
das minas gerais, principalmente em S. Paulo e vilas de serra acima. No Brasil é pobre quem deixa de negociar e cultivar as terras.
Aos paulistas antigos não faltavam serventes,
pela razão que, permitindo-lhes as leis o cativeiro dos índios aprisionados em justa guerra, e a administração dos mesmos, conforme as
circunstâncias prescritas nas mesmas leis, tinham grande número de índios, além de escravos pretos da Costa d'Africa, com os quais todos faziam
lavrar muitas terras, e viviam na opulência.
Eles podiam dar em dote às suas filhas muitas
terras, índios, pretos, com que vivessem abastados; por isso, na escolha de maridos para elas, mais atendiam ao nascimento do que ao cabedal
daqueles, que haviam de ser seus genros: ordinariamente as desposavam com seus patrícios e parentes, ou com estanhos de nobreza conhecida; em
chegando da Europa ou de outras capitanias brasílicas, algum sujeito desta qualidade certo tinha um bom casamento, ainda que fosse muito pobre.
Os paulistas antigos eram desinteressados e
generosos, porém altivos em demasia; por conta desta elevação de espírito, que foi a causa de suplicarem algumas vezes a S. Majestade que não lhes
mandassem generais e governadores, senão da primeira grandeza do reino; e desprezavam eles noutro tempo a mercancia; mas depois de se dar execução
às leis que proíbem o cativeiro, e administração dos índios, a muito dos principais obrigou a necessidade a casarem suas filhas com homens ricos,
que as sustentassem.
Eis aqui a razão por que, na capitania de S.
Paulo, e em outras, podem muitos naturais delas mostrar a nobreza e fidalguia dos seus terceiros, quartos, quintos e sextos avós.
CXLII
– El-rei em 27 de outubro escreveu a Christovão de Barros, capitão do Rio de Janeiro, ordenando-lhe que se dentro de um ano as pessoas a quem são
dadas as terras as não aproveitar, conforme as condições e obrigações com que lhes foram dadas, as espace por mais um ano, e se as não
aproveitaram as darão aos moradores que as quiserem nas condições doadas (M. ined.).
CXLIII
– Em 19 de outubro de 1571, sua alteza manda por André Vidal, em Lisboa, passar alvará de mercê a Luiz Freire, cavaleiro fidalgo da casa de seu
tio d. Duarte, do cargo de escrivão da feitoria da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, com o mantimento que lhe for ordenado, e os prós e
percalços que lhe direitamente pertencerem. Foi examinado e havido apto pelo conselheiro d. Martinho Pereira, vedor da fazenda real (M. ined.).
Acompanha várias apostilas no mesmo sentido.
CXLIV
– Alvará passado em 17 de novembro de 1571 em favor de Francisco, pedreiro, morador na cidade de Lisboa, que vai por mestre das fortificações que
manda fazer na capitania do Rio de Janeiro, tendo por mantimento e ordenado enquanto servir oitenta mil réis cada um ano, a saber; vinte mil réis
que Anna Lopes sua mulher há de haver cada um ano, para sua mantença, e os sessenta mil réis que sejam pagos a ele Francisco, no almoxarifado do
Rio de Janeiro (M. ined.). V. o Brazil Hist. 1ª série de 1864.
CXLV
– Em 4 de outubro de 1571, S.A. mandou passar uma provisão a Christovão de Barros, governador do Rio de Janeiro, para que possa mandar trazer das
capitanias de S. Vicente, Espírito Santo e do Rio de Janeiro, tudo o que for necessário por bem das obras e fortificações da cidade de S.
Sebastião da dita capitania do Rio de Janeiro, e o mais que cumprir ao serviço de S. A. o que tudo se cumpra. (M. ined.).
CXLVI
– Em 31 de outubro de 1571 foi nomeado Christovão de Barros capitão e governador da capitania e cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, por
tempo de quatro anos, que servirá com os poderes e a alçada que teve, e de que usou, Salvador Corrêa de Sá, sobrinho de Mem de Sá, que ora está
por seu governador, e ordena a Mem de Sá que meta em posse o dito Christovão de Barros, na dita capitania, e governança etc.; e se Mem de Sá lhe
não puder, por esse tempo, dar a posse, manda que os juízes e vereadores da dita cidade lhe deem a dita posse, e cumpram o alvará, como ele se
contém (M. ined.)
Por outro alvará do mesmo dia e ano, ordena
que o mesmo Christovão de Barros juntamente servisse o cargo de provedor da Fazenda Real.
Christovão de Barros, que havia acompanhado a
Mem de Sá ao Rio de Janeiro, pediu a Mem de Sá, para Miguel de Moura, escrivão da Fazenda Real, nove mil braças de terras de largo, ficando no
meio delas o Rio Macacú, com doze mil braças de sertão de um a outro lado do rio, cuja sesmaria foi concedida em 29 de outubro de 1568.
CXLVII
– Foi por alvará de 17 de abril de 1571 nomeado Simão Fernandes, que acompanhou Christovão de Barros, governador do Rio de Janeiro, para servir de
carpinteiro nas obras das fortificações da dita cidade, com o ordenado e mantimento de trinta e seis mil réis em cada um ano, pagos no
almoxarifado do Rio de Janeiro etc. (M. ined.).
Outro alvará da mesma data passado a João
Gomes, carpinteiro, com o mesmo ordenado, e para o mesmo fim, e com as mesmas condições do outro alvará. (M. ined.).
CXLVIII
– Por alvará de 17 de dezembro de 1571, manda el-rei que no contrato de pau-brasil, que se fez com Bento Dias, se meta por condição que Christovão
de Barros, que ora manda por capitão e governador da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, possa carregar, para onde quiser, seiscentos
quintais de pau-brasil, cada ano, durante o dito contrato, e estando ele por capitão da cidade, notifique os oficiais da Fazenda Real, assim do
Rio de Janeiro como de outras partes onde este alvará for mostrado e o traslado dele, o deixem carregar livremente os seiscentos quintais de
pau-brasil, livres de direitos etc. (M. ined.).
CXLIX
– Manda el-rei, por alvará de 22 de dezembro de 1571, que Christovão de Barros, capitão e governador da cidade de S. Sebastião, nos portos do
Brasil, possa despender quantias necessárias da Fazenda Real, com as pessoas que forem em embarcações, a trazerem avisos assim de franceses, como
do gentio da terra, ou outras coisas, que cumprirem em bem do serviço real etc. (M. ined.).
CL
– Por alvará de 25 de dezembro de 1571, ordena a Christovão de Barros, capitão e governador da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, armar no
porto desta cidade, ou andarem armadas, galeotas, em serviço real, pagando dois mil réis de soldo a cada um dos patrões, como percebem os da Bahia
de Todos os Santos, e haverão de seu mantimento, segundo a ordenação, o que tudo se pagará por mandado do dito Christovão de Barros etc. (M.
ined.).
[...]
[3]
Vide sobre Martim Afonso de Souza e os demais conquistadores da Ásia a Historia de Portugal escrita por I. P. de Oliveira Martins.
[4]
O cerimonial da abertura e posse da cidade ao alcaide-mor foi dado por Estácio de Sá; passou-se no forte Sant'Iago, em 13 de setembro de 1567.
[5]
Vide o 1º tomo da 2ª parte da nossa Chorographia págs. 258 e seguintes.
[6]
Vide o 1º tomo da 2ª parte da Chorographia, pág. 279. É constante o dizer-se que a igreja da Candelária foi fundada sobre os restos da nau
Candelaria; pois o que há de histórico e verdadeiro é o que encontramos nas crônicas e no Santuario Marianno.
[7]
Alguns desses alvarás os transcrevi integralmente no meu periódico o Brazil Hist. de 1864.