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BAIXADA SANTISTA/temas - A QUESTÃO PESQUEIRA
Capítulo 2

 
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O "Diamante de Porter" em estudo exploratório multicaso no setor pesqueiro exportador de Santos

João Ribeiro Natário Neto


2.5 Indústrias correlatas e de apoio

A presença de indústrias fornecedoras internacionalmente competitivas num país cria vantagens nas outras indústrias ligadas. Porter (1993, p.123) definiu que "indústrias correlatas são aquelas nas quais as empresas, ao competirem, podem coordenar ou partilhar atividades na cadeia de valores, ou aquelas que envolvem produtos complementares (como computadores e softwares aplicativos). A participação mútua em atividades pode ocorrer no desenvolvimento de tecnologia, manufatura, distribuição, comercialização ou assistência.

"Por exemplo, máquinas copiadoras e de fax empregam muitas das mesmas tecnologias e componentes e podem ser distribuídas e ter assistência através dos mesmos canais. A vantagem competitiva de algumas indústrias fornecedoras conferem vantagens potenciais às empresas do país em muitas outras indústrias, porque produzem insumos amplamente usados e importantes e importantes para a inovação ou a internacionalização. Semicondutores, software e comércio, por exemplo, são indústrias que têm impactos importantes sobre muitas outras."

Além do acesso a maquinaria ou outros insumos, a vantagem mais significativa é que os fornecedores internos estão em constante coordenação e inseridos no processo de inovação e aperfeiçoamento.

Segundo Porter (1993, p. 121): "A vantagem competitiva surge de estreitas relações de trabalho entre fornecedores de classe mundial e a indústria. O intercâmbio de pesquisa e desenvolvimento e a solução conjunta dos problemas levam a resultados mais rápidos e mais eficientes. Os fornecedores também tendem a ser um canal para a transmissão de informação e inovações de firma para firma. Através desse processo, o rítmo de inovação dentro de toda a indústria nacional é acelerado. Todas essas vantagens são fortalecidas se os fornecedores estiverem localizados próximo das empresas, encurtando as linhas de comunicação."

Da interdependência dos demais fatores do diamante estarão subordinadas as vantagens, tanto de fornecedores como de indústrias correlatadas do segmento, baseados no país. Sem acesso a fatores adiantados, as condições de demanda interna que indicam as direções adequadas para mudança do produto ou ativam a rivalidade - por exemplo, a proximidade dos fornecedores internos de classe mundial -, podem oferecer poucas vantagens (PORTER, 1993, p. 126).

2.6 Estratégia, estrutura e rivalidade de empresas

A vantagem competitiva de determinado segmento industrial está diretamente relacionada ao contexto no qual as empresas são criadas, organizadas, dirigidas, e ao padrão de rivalidade interna, que tem importante função no processo de inovação e nas perspectivas finais de sucesso internacional. A vantagem nacional é o resultado do equilíbrio na organização das indústrias, nas estratégias, metas e na opção pela competição, que variam muito em função do contexto de cada país.

Para Porter (1993, p. 126): "nenhum sistema administrativo é universalmente adequado. Os países terão a tendência de conseguir êxito nas indústrias onde as práticas administrativas e de organização preferidas pelo ambiente nacional são bem adequados às fontes de vantagem competitiva da indústria. As empresas italianas pequenas ou médias, de propriedade privada e administradas como grandes famílias, são líderes mundiais, numa gama de indústrias fragmentadas (como iluminação, móveis, calçados, tecidos de lã e máquinas de embalagem) nas quais as economias de escala são modestas ou podem ser superadas pela cooperação entre companhias associadas de maneira muito flexível.

"As empresas italianas competem, na maioria dos casos, empregando estratégias de foco, evitando produtos padronizados e operando em pequenos nichos com seu próprio estilo peculiar ou sua variedade específica de produto. Em muitos casos, dominadas por uma única pessoa, essas firmas desenvolvem rapidamente novos produtos e podem adaptar-se às mudanças no mercado com grande flexibilidade."

O êxito da indústria nacional depende das práticas administrativas e da organização das empresas participantes e são diretamente afetadas pelo contexto do país, que cria fortes tendências. Os países têm êxito na indústria quando as metas e motivações das empresas estão alinhadas com as fontes da vantagem competitiva. As metas da empresa são determinadas com mais força pela estrutura da propriedade, motivação dos donos e titulares de débitos, natureza da direção empresarial e processos de incentivos que condicionam a motivação de altos diretores.

Na competição global, as empresas bem sucedidas competem vigorosamente no seu país e pressionam-se, mutuamente, para melhorar e inovar. "A rivalidade interna torna-se superior à rivalidade com os competidores estrangeiros quando a melhoria e a inovação, não a eficiência estática, são reconhecidas como os ingredientes essenciais da vantagem competitiva numa indústria. A rivalidade interna, como qualquer rivalidade, cria pressões sobre as empresas para que melhorem e inovem. Os rivais locais pressionam-se mutuamente para reduzir custos, melhorar qualidade e serviços e criar novos produtos e processos. Embora as firmas possam não preservar vantagens por longos períodos, a pressão ativa dos rivais estimula a inovação, tanto pelo medo de ficar para trás quanto pelo impulso para adiantar-se." (PORTER, 1993, p. 137)

Porter (1993) lembra que onde há um mercado local forte e competitivo, as empresas locais não só melhoram suas vantagens internas, como também são pressionadas a competir no exterior; fortalecidas pela rivalidade interna, estão preparadas e equipadas para obter êxitos nas exportações. É raro uma empresa exportadora enfrentar duros rivais estrangeiros sem ter vencido uma competição difícil em casa.

A concentração geográfica é importante para a gênese da vantagem competitiva, porque amplia as forças que aprimoram, mantêm essa vantagem e, também, ajuda a evitar algumas desvantagens. Um grupo de rivais domésticos seguindo várias estratégias competitivas formam proteção contra as intervenções governamentais que impedem as inovações e limitam a competição.

Porter (1993) confirma que um grupo de empresas locais tenta abordagem alternativas da estratégia e cria uma gama de produtos e serviços que cobre muitos segmentos. Isso propicia inovação e a amplitude de produtos e abordagens levanta defesas contra a penetração estrangeira. A vantagem da indústria nacional torna-se mais sustentável quando se eliminam os caminhos de entrada para competidores estrangeiros. Boas idéias são imitadas e melhoradas pelos competidores locais, elevando a taxa geral de inovação na indústria.

O estoque de conhecimento e capacidade na indústria nacional se acumula à medida que as firmas se imitam e o pessoal se movimenta entre elas. Como uma determinada empresa não pode guardar todos os conhecimentos e capacidades para si mesma, toda a indústria nacional se beneficia da inovação mais rápida.

As idéias difundem-se mais depressa dentro do país do que entre as nações, porque é difícil para as empresas de outros países explorar tal processo. Embora as empresas individualmente não possam reservar para si as inovações por muito tempo, toda a indústria nacional progride mais depressa do que rivais estrangeiros; isso sustenta a lucratividade de muitas das empresas locais.

As empresas bem sucedidas concentram-se, com freqüência, em determinadas cidades ou estados dentro de um país. Exemplos: joalherias italianas estão em Arezzo e Valenza Po, cujas ruas abrigam centenas de empresas; cutelaria na Alemanha em Solingen e no Japão em Seki; produtos farmacêuticos na Basiléia/Suíça; motocicletas e instrumentos musicais em Hamamatsu/Japão; minicomputadores na Route 128, em Boston, e publicidade na Madison Avenue, Nova York.

Na prática, a formação de uma indústria local é normalmente iniciada por um de três determinantes. Uma vantagem inicial nos fatores de produção pode constituir uma semente de uma indústria internacionalmente competitiva ou uma indústria antecessora no grupo. Ex.: na Suécia, as jazidas de minério de ferro de baixo conteúdo de fósforo fizeram o crescimento inicial da indústria de aços especiais. A disponibilidade dos fatores naturais, é o que atrai muitas vezes a atenção inicial para uma indústria.

Porter (1993) afirma que, nos países em desenvolvimento, a gênese das indústrias mais competitivas são as condições de fatores básicos ou uma demanda local excepcionalmente intensa. Nos países mais adiantados, as origens da formação inicial de uma indústria são mais numerosas. Novas empresas muito mais provavelmente surgirão de indústrias correlatas ou de apoio, de laboratórios de universidade ou escolas especializadas. Os estímulos que a demanda representa para o aparecimento de indústrias refletirão mais provavelmente a demanda excepcionalmente precoce, segmentada ou sofisticada, do que apenas a quantidade.


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