Os fatores de produção, de uma forma geral, podem ser descritos como os insumos necessários para qualquer indústria competir, englobam trabalho, terra cultivável, recursos naturais, capital e infra-estrutura. Porter (1993, p. 91-92) agrupou os fatores nas seguintes categorias amplas:

Recursos humanos: "a quantidade, capacidade e custos do pessoal (inclusive direção) levando-se em conta as horas normais de trabalho e a ética do trabalho. Os recursos humanos podem ser divididos em muitas categorias, como ferramenteiros, engenheiros eletricistas com PhD, programadores de pedidos e assim por diante."

Recursos físicos: "a abundância, qualidade, acessibilidade e custo da terra, água, minérios ou madeiras, fontes de energia elétrica, pesqueiro e outras características físicas do país. As condições climáticas podem ser vistas como parte dos recursos físicos do país bem como a sua localização e tamanho geográfico. A localização, relativamente a outros países que são fornecedores ou mercados, afeta os custos de transporte e a facilidade de intercâmbio cultural e comercial. Por exemplo, a Alemanha tem exercido importante influência histórica sobre a indústria sueca.

"O fuso horário de um país, em relação a outros, pode ser também significativo num mundo de comunicação global instantânea. A posição de Londres, entre os Estados Unidos e o Japão, é freqüentemente considerada vantagem para as indústrias de serviços financeiros, porque empresas com sede em Londres podem transacionar tanto com o Japão quanto com os Estados Unidos durante um dia de trabalho normal."

Recursos de conhecimentos: "o estoque que o país tem de conhecimentos científicos, técnicos e de mercado, relativos a bens e serviços. Os recursos de conhecimentos estão nas universidades, institutos governamentais e particulares de pesquisas, órgãos estatísticos governamentais, bibliografia de comércio e científica, relatórios de bancos de dados sobre pesquisa de mercado, associações comerciais e outras fontes. Os recursos científicos e outros conhecimentos de um país podem ser divididos em muitas disciplinas, como acústica, ciência dos materiais e química do solo."

Recursos de capital: "o total e o custo do capital disponível para o financiamento da indústria. O capital não é homogêneo e adquire várias formas, como divída sem garantias, dívida com garantias, junk bonds (de alto risco e alto rendimento), patrimônio, capital de risco. Para cada forma, há termos e condições diferentes. O estoque total de recursos de capital de um país e as formas sob as quais se apresenta são afetadas pelo índice nacional de poupança e pela estrutura dos mercados nacionais de capital, que varia muito, ambos entre as nações. A globalização dos mercados de capital e os grandes fluxos de capital entre os países estão aos poucos tornando mais semelhantes as condições nacionais. Perduram, porém, diferenças substanciais, que provavelmente persistirão por tempo indefinido."

Infra-estrutura:"o tipo, qualidade e valor de uso da infra-estrutura disponível que afeta a competição, inclusive o sistema de transportes, o sistema de comunicações, os correios e a entrega de encomendas postais, pagamentos ou transferências de fundos, assistência médica e assim por diante. A infra-estrutura inclui, também, coisas como o estoque de casas e as instituições culturais, que afetam a qualidade de vida e os atrativos de um país, como lugar onde viver e trabalhar."

Os fatores de produção estão subdivididos em dois tipos:

1) fatores básicos - são aqueles em que estão inseridos os recursos naturais como clima, localização, mão-de-obra não especializada e semi-especializada, dívida de capital, que continuam sendo importantes nas indústrias extrativas ou de base agrícola, como madeira e, soja, e também naquelas em que as exigências tecnológicas e de capacidade são modestas;

2) fatores adiantados - agora, os mais significativos para a vantagem competitiva, são os pertinentes a uma infra-estrutura moderna de comunicação de dados digital, pessoal altamente capacitado e universidades com pesquisa em disciplinas sofisticadas, e fazem parte integral do projeto e desenvolvimento de produtos e processos de uma empresa, exigem grandes e contínuos investimentos em capital humano e físico. Os fatores adiantados de um país, região ou indústria, são construídos sobre os fatores básicos, em muitos casos.

Porter (1993, p.94) afirma que "os fatores adiantados, agora, são os mais significativos para a vantagem competitiva. Necessários para se conseguir vantagem competitiva de ordem superior, como produtos diferenciados e tecnologia de produção protegida por direitos de propriedade. As instituições necessárias à criação de fatores realmente adiantados (como programas de educação) exigem, em si mesmas, recursos humanos e/ou tecnologia sofisticados. Os fatores adiantados fazem parte do desenvolvimento de produtos e processos de uma empresa, bem como sua capacidade de inovar, que se faz melhor na base nacional e deve estar estreitamente relacionada com a estratégia geral da empresa".

Entre os fatores de produção, é importante destacar a especificidade, cujos fatores generalizados incluem sistema de rodovias, linhas de financiamentos, reserva de empregados bem motivados e com educação superior, que podem ser usados por numerosas indústrias. Os fatores especializados envolvem pessoas de especializações específicas, infra-estrutura com determinadas propriedades, bases de conhecimento em certos campos e outros fatores relevantes para um número limitado de indústria e, até mesmo para uma indústria.

Fatores mais adiantados tendem a ser mais especializados, mas não em todos os casos. Exemplo: programadores de computador altamente habilitados podem ser usados em numerosas e diferentes empresas. Para Porter, os fatores especializados oferecem uma base decisiva e sustentável para a vantagem competitiva. Esta vantagem será mais significativa e mais sustentável quando for, ao mesmo tempo, constituída de fatores adiantados e especializados, em um país de segmento industrial competitivo.

Os fatores mais especializados são criados pelo setor privado, governo, em parcerias, ou até mesmo por um indivíduo; agregam valor ao produto e são vantajosos na conquista de novos mercados. Dentre os mecanismos de criação, podemos destacar as instituições educacionais públicas e privadas, os programas de aprendizado, os institutos de pesquisa governamentais ou privados e órgãos que proporcionam infra-estrutura, como administração de portos pelo governo.

No entanto, há necessidade de contínuo aperfeiçoamento, reinvestimentos constantes, e as empresas têm mais condições de saber quais são necessários à competição em suas indústrias.

Os investimentos dos governos em criação de fatores concentram-se geralmente nos mais básicos e generalizados. Ex.: os investimentos em pesquisa básica, importantes para inovar, porém não são suficientes para alcançar a vantagem competitiva. Os governos são notoriamente vagarosos ou incapazes de identificar novos campos ou as necessidades especializadas de determinadas indústrias, portanto falham na criação de fatores adiantados e especializados (PORTER, 1993, p.97).

Na Itália, em determinados segmentos, predominam empresas, familiares de pequeno e médio portes, cuja criação de fatores, em grande parte, é informal, pela transferência de conhecimentos dentro das famílias.

Segundo Porter (1999, p.112), "nenhum país pode criar e aperfeiçoar todos os tipos e variedades de fatores. Quais os tipos criados e melhorados e com que eficiência depende muito dos outros determinantes, como as condições de demanda interna, a presença de indústrias correlatas e de apoio, as metas da companhia e a natureza da rivalidade interna. Mesmo a direção dos investimentos governamentais é fortemente influenciada pelos outros determinantes. A presença de fatores adiantados e especializados num país é, muitas vezes, não só causa da vantagem nacional como, também, pelo menos em parte, efeito."

A vantagem competitiva pode ter origem na desvantagem em certos fatores. Os básicos, como escassez de mão-de-obra, falta interna de matérias-primas, clima adverso, aumento contínuo na taxa de câmbio, podem levar à inovação. O que representa uma desvantagem numa concepção estreita de competição pode tornar-se numa visão mais dinâmica.

Exemplo: em uma analogia com o futebol, podemos citar o caso Robinho, ex-atacante do Santos, jogador da Seleção Brasileira, atualmente no Real-Madri, da Espanha, com corpo franzino, baixa estatura e ainda sem a explosão muscular desejável e, também sem chutes fortes, consegue ser um dos atletas mais valorizados do mundo. Para superar suas desvantagens, ele aprimorou suas qualidades e inovou com seu jogo rápido, leve, ágil, habilidoso, de refinada técnica. O papel das desvantagens seletivas de fator resulta do fato de que o ritmo e a direção do aperfeiçoamento e inovação é função da atenção e do esforço.

Porter (1999) alega que "as inovações para contornar as desvantagens seletivas não só economizam a utilização do fator como podem criar vantagens de fator; porque as empresas do país inovarão e compensarão as desvantagens seletivas de maneiras que contribuam para o vigor local, usando infra-estrutura, materiais ou tipos de trabalhos locais disponíveis".

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