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Artigo escrito em 1999
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/15/02 12:03:04
Alicerce para negócios virtuais 
 
"... não pisar nas flores, não cair nos espinhos, não sentar em formigas..." (Regulamento de um camping nos EUA)
Mário Persona (*)
Colaborador

Como em qualquer negócio, a melhor regra é o bom senso. A escolha da infra-estrutura para o seu site pode determinar o sucesso ou o fracasso de sua empresa na Internet. É como abotoar a camisa. Coloque o primeiro botão na casa errada e tudo o que vier depois estará comprometido. Quem já foi acampar, e à noite descobriu que montou sua barraca sobre um formigueiro, sabe do que estou falando. O que você vai ler poderá ajudá-lo a evitar dores de cabeça futuras.

O primeiro passo é a escolha de um bom nome para o seu site. Pode ser o nome de sua empresa, se não for algo do tamanho de "Indústrias Alimentícias Reunidas Vale do Rio Jaguariciba". Pode ser uma palavra que tenha alguma associação com seu produto ou serviço. Lembre-se de que na Internet o nome será precedido de "www" e finalizado com a extensão que identifica sua área de atuação e o país de origem. Se o seu site é comercial e brasileiro, o nome ganhará um ".com.br" no final. Há outras extensões possíveis, como ".ind.br" para indústria, ".inf.br" para profissionais de informação, e assim por diante.

Supondo que sua empresa venda milho de pipoca, e o nome tenha mais letras do que o número de grãos na espiga, chegou a hora de escolher o domínio que usará na Internet. Depois de um brainstorm envolvendo até o lanterninha do cinema de sua cidade - o único consultor de pipocas que encontrou - você decidiu chamar seu site de "www.pipocaquente.com.br". 

Registro - Agora é bom correr e registrar logo seu domínio na Fapesp antes que seu concorrente o faça. É provável que o primeiro que ler este artigo irá fazê-lo. É um nome que dá água na boca e já vem com a propaganda que estou fazendo aqui. Antes do registro, escolha o provedor de serviços de Internet que irá hospedar seu domínio, o qual poderá também fazer o registro para você. Pronto. O www.pipocaquente.com.br já tem nome e endereço na rede. Antes de começar a girar a manivela, algumas palavras de advertência.

Se o provedor de hospedagem registrar o domínio para você, certifique-se de que o faça em nome de sua empresa. Caso contrário, na hora de trocar de provedor a pipoca fica com ele e você com o saco vazio. Outro cuidado é verificar se o provedor não estará acrescentando sua própria marca ao seu nome. 

Mesmo que seu domínio seja apenas "www.pipocaquente.com.br", algumas empresas irão querer criar um redirecionamento para que as páginas apareçam com um endereço composto, algo do tipo www.provedor.pipocaquente.com.br. Outras acrescentam ainda uma barra no topo de seu site, descaracterizando seu design. Seu provedor poderá argumentar que estará agregando um nome famoso à sua desconhecida pipoca. Mas, e se amanhã for o contrário?

Riscos - Ficar com seu nome preso ao endereço de alguém pode ser péssimo para sua marca e para alguma mudança futura, já que suas páginas podem ser registradas pelos sites de busca com o endereço composto. As pessoas que encontrarem seu site por esse endereço, irão colocá-lo em seus bookmarks ou lista de endereços favoritos. Se depois você decidir trocar de provedor, todo o trabalho de divulgação estará perdido. As pessoas procurarão por suas páginas em sites de busca e poderão receber a mensagem "página não encontrada". Se tiver mesmo que mudar, a solução é pagar para o antigo provedor manter por algum tempo um aviso do tipo, "A Pipoca mudou para...". Aí é voltar a colocar óleo na panela e começar outra vez a fazer barulho para ser percebido pelos navegantes.

Nem preciso dizer que utilizar provedores gratuitos para hospedar seu site é uma péssima idéia. Além dos inconvenientes que já citei, seu site ficará com um endereço imenso e uma imagem minúscula. Pois como seus clientes iriam confiar em uma empresa que não foi capaz de gastar um centavo para adquirir um domínio próprio e pagar pela hospedagem? 

Outro detalhe é que alguns serviços de busca rejeitam o registro de sites hospedados em serviços gratuitos, o que diminui suas chances de ser achado. Além disso, se resolver mais tarde adquirir seu próprio endereço, irá perder todo o material impresso e a divulgação que fez em cartões de visita, revistas, listas de endereços e... saquinhos de pipoca.

Estrutura - Outro ponto importante é a infra-estrutura que seu provedor de hospedagem oferece. Se não tiver um link de bom tamanho, os visitantes terão que comer amendoim até que suas páginas apareçam na tela. O link é a estrada que provê a ligação entre o provedor e o backbone, ou espinha dorsal, que se ramifica por toda a rede. 

Os links, antes medidos por kbps, ou mil bits por segundo, hoje já são medidos em megabits por segundo. Na hora de procurar onde se hospedar, vá direto aos que oferecem maior capacidade, mas desconfie se essa capacidade for a soma de todas as localidades servidas. É melhor ter seu carrinho de pipocas em uma avenida movimentada e de fácil acesso, que mantê-lo em uma viela estreita onde duas bicicletas já causam congestionamento.

Há vários outros aspectos importantes de infra-estrutura, como no-breaks, geradores de energia, serviços de back-up, qualidade da rede, segurança contra invasões e suporte telefônico. Falar de tudo isso tomaria muito tempo e sua pipoca poderia queimar na panela. O importante é você estar com a antena ligada para todos esses detalhes, sem deixar que o cuidado excessivo atrase seu negócio. Na Internet os dias eqüivalem a anos, e você não pode se dar ao luxo de perder tempo. No próximo módulo vou dar umas dicas de como temperar sua pipoca, ou melhor, seu site. Nem muito sal, nem pouco. E cuidado com os molhos apimentados. Até lá!

(*) Mário Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico Crônicas de Negócios e mantém endereço próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis.