Alicerce para negócios virtuais
"...
não pisar nas flores, não cair nos espinhos, não sentar
em formigas..." (Regulamento de um camping
nos EUA)
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Mário Persona (*)
Colaborador
Como
em qualquer negócio, a melhor regra é o bom senso. A escolha
da infra-estrutura para o seu site pode determinar o sucesso ou o fracasso
de sua empresa na Internet. É como abotoar a camisa. Coloque o primeiro
botão na casa errada e tudo o que vier depois estará comprometido.
Quem já foi acampar, e à noite descobriu que montou sua barraca
sobre um formigueiro, sabe do que estou falando. O que você vai ler
poderá ajudá-lo a evitar dores de cabeça futuras.
O primeiro passo é a escolha
de um bom nome para o seu site. Pode ser o nome de sua empresa, se não
for algo do tamanho de "Indústrias Alimentícias Reunidas
Vale do Rio Jaguariciba". Pode ser uma palavra que tenha alguma associação
com seu produto ou serviço. Lembre-se de que na Internet o nome
será precedido de "www" e finalizado com a extensão que identifica
sua área de atuação e o país de origem. Se
o seu site é comercial e brasileiro, o nome ganhará um ".com.br"
no final. Há outras extensões possíveis, como ".ind.br"
para indústria, ".inf.br" para profissionais de informação,
e assim por diante.
Supondo que sua empresa venda milho
de pipoca, e o nome tenha mais letras do que o número de grãos
na espiga, chegou a hora de escolher o domínio que usará
na Internet. Depois de um brainstorm envolvendo até o lanterninha
do cinema de sua cidade - o único consultor de pipocas que encontrou
- você decidiu chamar seu site de "www.pipocaquente.com.br".
Registro - Agora é
bom correr e registrar logo seu domínio na Fapesp
antes que seu concorrente o faça. É provável que o
primeiro que ler este artigo irá fazê-lo. É um nome
que dá água na boca e já vem com a propaganda que
estou fazendo aqui. Antes do registro, escolha o provedor de serviços
de Internet que irá hospedar seu domínio, o qual poderá
também fazer o registro para você. Pronto. O www.pipocaquente.com.br
já tem nome e endereço na rede. Antes de começar a
girar a manivela, algumas palavras de advertência.
Se o provedor de hospedagem registrar
o domínio para você, certifique-se de que o faça em
nome de sua empresa. Caso contrário, na hora de trocar de provedor
a pipoca fica com ele e você com o saco vazio. Outro cuidado é
verificar se o provedor não estará acrescentando sua própria
marca ao seu nome.
Mesmo que seu domínio seja
apenas "www.pipocaquente.com.br", algumas empresas irão querer criar
um redirecionamento para que as páginas apareçam com um endereço
composto, algo do tipo www.provedor.pipocaquente.com.br. Outras acrescentam
ainda uma barra no topo de seu site, descaracterizando seu design.
Seu provedor poderá argumentar que estará agregando um nome
famoso à sua desconhecida pipoca. Mas, e se amanhã for o
contrário?
Riscos - Ficar com seu nome
preso ao endereço de alguém pode ser péssimo para
sua marca e para alguma mudança futura, já que suas páginas
podem ser registradas pelos sites de busca com o endereço composto.
As pessoas que encontrarem seu site por esse endereço, irão
colocá-lo em seus bookmarks ou lista de endereços
favoritos. Se depois você decidir trocar de provedor, todo o trabalho
de divulgação estará perdido. As pessoas procurarão
por suas páginas em sites de busca e poderão receber a mensagem
"página não encontrada". Se tiver mesmo que mudar, a solução
é pagar para o antigo provedor manter por algum tempo um aviso do
tipo, "A Pipoca mudou para...". Aí é voltar a colocar óleo
na panela e começar outra vez a fazer barulho para ser percebido
pelos navegantes.
Nem preciso dizer que utilizar provedores
gratuitos para hospedar seu site é uma péssima idéia.
Além dos inconvenientes que já citei, seu site ficará
com um endereço imenso e uma imagem minúscula. Pois como
seus clientes iriam confiar em uma empresa que não foi capaz de
gastar um centavo para adquirir um domínio próprio e pagar
pela hospedagem?
Outro detalhe é que alguns
serviços de busca rejeitam o registro de sites hospedados em serviços
gratuitos, o que diminui suas chances de ser achado. Além disso,
se resolver mais tarde adquirir seu próprio endereço, irá
perder todo o material impresso e a divulgação que fez em
cartões de visita, revistas, listas de endereços e... saquinhos
de pipoca.
Estrutura - Outro ponto importante
é a infra-estrutura que seu provedor de hospedagem oferece. Se não
tiver um link de bom tamanho, os visitantes terão que comer
amendoim até que suas páginas apareçam na tela. O
link
é a estrada que provê a ligação entre o provedor
e o backbone, ou espinha dorsal, que se ramifica por toda a rede.
Os links, antes medidos por
kbps, ou mil bits por segundo, hoje já são medidos em megabits
por segundo. Na hora de procurar onde se hospedar, vá direto aos
que oferecem maior capacidade, mas desconfie se essa capacidade for a soma
de todas as localidades servidas. É melhor ter seu carrinho de pipocas
em uma avenida movimentada e de fácil acesso, que mantê-lo
em uma viela estreita onde duas bicicletas já causam congestionamento.
Há vários outros aspectos
importantes de infra-estrutura, como no-breaks, geradores de energia,
serviços de back-up, qualidade da rede, segurança
contra invasões e suporte telefônico. Falar de tudo isso tomaria
muito tempo e sua pipoca poderia queimar na panela. O importante é
você estar com a antena ligada para todos esses detalhes, sem deixar
que o cuidado excessivo atrase seu negócio. Na Internet os dias
eqüivalem a anos, e você não pode se dar ao luxo de perder
tempo. No próximo módulo vou dar
umas dicas de como temperar sua pipoca, ou melhor, seu site. Nem muito
sal, nem pouco. E cuidado com os molhos apimentados. Até lá!
(*) Mário
Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica
faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico
Crônicas
de Negócios e mantém endereço
próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis. |