Clique aqui para voltar à página inicial  http://www.novomilenio.inf.br/ano99/9908dtel.htm
*Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos, em 24/8/1999.
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/05/00 11:04:43
ENSINO
Embratel faz palestra na Unisanta para futuros engenheiros de Telecomunicações 

Garantia do emprego é sempre estar um passo adiante

Vai ter muito espaço para novos empregos na área de Telecomunicações, mas a tecnologia muda de forma extremamente rápida, se o profissional não souber se colocar no tempo e lugar certos, a oportunidade passa e vai embora. Esse é, em síntese, o recado que representantes da Embratel e da Unisanta passaram aos alunos de Engenharia de Telecomunicações, durante palestra no consistório daquela universidade, no dia 18/8/1999.

O engenheiro Sivonei Aparecido Pereira, diretor regional/SP de Engenharia da Embratel, secundou o professor Djalmir Correa Mendes, da Unisanta, nesse recado incisivo: "o engenheiro do ano 2001 é um engenheiro de hora e lugar, precisa se reciclar constantemente". Lembrou Sivonei que há algum tempo fez um curso de software da Compaq. O programa tinha sido instalado na Embratel há três meses, o curso durou um mês. Quando Sivonei terminou o curso, a rede que usava aquele programa foi desativada e ele sequer teve a oportunidade de empregar esses conhecimentos específicos (mas o curso, mesmo assim, valeu indiretamente por lhe permitir vislumbrar novas situações e oportunidades).

A palestra, em sala lotada pelos estudantes, contou com a participação do diretor comercial regional/SP da Embratel, Ricardo Sampaio, e dos gerentes de contas da empresa, Gustavo Gentile Mendes e Walter Liza Diegues. 

Tendência – Depois de enfocar os serviços prestados pela Embratel ao público em geral, ao mercado corporativo e às próprias empresas de telecomunicações, Sivonei lembrou que, entre as metas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está a duplicação da capacidade instalada de telefonia fixa e móvel, bem como da televisão a cabo, em apenas dois anos mais.

O palestrante explicou a evolução do setor: há dez anos, cada serviço (telefonia, telex, dados, redes privadas para enlace de microondas) demandava uma rede específica para a transmissão, com estruturas em paralelo que exigiam técnicos e equipamentos específicos para cada uma. 

No início da década passada, surgiu a Rede Digital de Serviços Integrados (RDSI, também conhecida pela sigla inglesa ISDN), em faixa estreita, para até 2 megabytes por segundo, o que parecia uma capacidade extraordinária na época (o computador pessoal era praticamente desconhecido então). 

Na mesma rede, seria possível unir todos os serviços então utilizados, mas a RDSI (logo conhecida como de "faixa estreita") logo foi superada: os serviços de transmissão multimídia, videoconferência, Internet passaram a exigir maior largura de banda para a passagem dos dados. Surgiu assim a RDSI de faixa larga, que já começava em 2 Mbps.

Em termos de estrutura física, o ano de 1982 foi marcado pelo uso de redes locais (LAN), Ethernet (até 10 Mbps, mas apenas em curtas distâncias), Token Ring e X25 (64 Kbps), atingindo no máximo 128 Kbps. Em 1987, surge a RDSI de faixa estreita, para 256 Kbps em média, máximo de 2 Mbps, e a rede local FDDI, com duplo barramento de fibra ótica, para até 100 Mbps. Em 1992, aparece o frame-relay, para 5 Mbps, e o Fast Ethernet, para 100 Mbps. Só em 1995 surgiu a tecnologia Assyncronous Transfer Mode (ATM), então para 1 Gbps (um gigabyte por segundo), capaz de substituir e unificar todas as tecnologias anteriores de transmissão de dados, tanto em redes locais como de longa distância.

A ATM é considerada atualmente como capaz de dominar as telecomunicações nos próximos anos: a Embratel, por exemplo, está testando redes ATM para 12 Gbps, a serem colocadas em operação em 2002, e na semana passada começou a testar a tecnologia ATM em redes para 24 Gbps.

União – Graças ao padrão ATM, está desaparecendo a divisão geográfica entre os sistemas de rede, pois o mesmo sistema pode ser usado tanto em redes locais, dentro do prédio de uma empresa, como nas telecomunicações intercontinentais. Sivonei explicou detalhadamente as tecnologias usadas em redes de comunicação à distância, comparando-as aos transportes usados numa cidade. A multiplexação por divisão de tempo (TDM) é como o carro particular, sempre disponível para o usuário, mas muito tempo inativa, desperdiçando os recursos investidos. 

Sistemas como o frame-relay compartilham um mesmo canal de transmissão entre vários usuários, como se fosse um ônibus, que aproveita melhor a capacidade de transporte disponível (mas nem sempre está disponível no momento em que o usuário deseja). O ATM funciona alocando banda em termos de espaço e tempo, nessa comparação, como um veículo de lotação, que reúne um grupo de usuários com o mesmo itinerário e horário.

O Brasil segue o padrão ITU-T de transmissão de bits da União Internacional de Telecomunicações (sigla inglesa ITU), que define rede E1 como a capaz de transmitir até 2 Mbps; E2 para 8 Mbps; E3 para 34 Mbps, E4 para 144 Mbps, E5 para 565 Mbps e E6 para 2,5 Gbps. Uma rede E2 engloba 4 redes E1, e cada rede E3 engloba quatro redes E2, assim por diante. Os Estados Unidos seguem padrão próprio em que T1 é uma rede para 1,5 Mbps, daí a necessidade de conversão de sistemas nas ligações Brasil/EUA.

Um canal de voz de 4 Khz é transformado em um canal digital de 64 Kbps. Uma rede padrão E1 comporta 30 circuitos de voz, mais um canal de sincronização e outro para sinalização de voz, trafegando num par de cabos coaxiais (como os usados em televisão a cabo). Quando um canal não é utilizado para telefonia, fica disponível para transmissão de dados, daí a possibilidade de se ter uma rede única que substitua todas as outras, simplificando a manutenção e aproveitando melhor os equipamentos usados. Essa é a razão do sucesso do padrão ATM, que em princípio lhe garante longo futuro, explicou Sivonei.

ATM ou cable-modem? – Porém, neste momento mesmo, está sendo discutida a implantação no Brasil do sistema de comunicações por cabo, que pode levar à unificação de todos os meios de transmisão de voz e dados no sistema já usado pelas operadoras de televisão a cabo.

Enquanto a TV A já está implantando o sistema em que, no uso da Internet por exemplo, a solicitação de uma página Web e o tráfego de e-mail são feitos pelo telefone, retornando pelo cabo apenas a informação solicitada (ou seja, o cabo não é usado de forma bidirecional), a Net pleiteia junto à Anatel autorização para um sistema em que os cabos telefônicos deixam de ser usados: o tráfego de dados na ligação com o usuário final passa a ser totalmente feito via cabo de televisão.

Com o desenvolvimento das tecnologias de telefonia sobre protocolo Internet (voice IP), estaria aberto o caminho para as operadoras de televisão a cabo passarem a concorrer em condição mais vantajosa com as operadoras de telefonia convencional, daí a grande preocupação da Anatel quanto à liberação do sistema no Brasil. E essa deve ser uma preocupação para os futuros engenheiros, que devem assim ficar atentos a essas novas tecnologias, pois elas podem a qualquer momento abalar totalmente o futuro das redes baseadas no padrão ATM.

Veja mais:
Empresas firmam acordo para Internet a cabo e aguardam autorização da Anatel