ENSINO
Embratel faz palestra na Unisanta
para futuros engenheiros de Telecomunicações
Garantia do emprego é
sempre estar um passo adiante
Vai ter
muito espaço para novos empregos na área de Telecomunicações,
mas a tecnologia muda de forma extremamente rápida, se o profissional
não souber se colocar no tempo e lugar certos, a oportunidade passa
e vai embora. Esse é, em síntese, o recado que representantes
da Embratel e da Unisanta passaram aos alunos de Engenharia de Telecomunicações,
durante palestra no consistório daquela universidade, no dia 18/8/1999.
O engenheiro Sivonei Aparecido Pereira,
diretor regional/SP de Engenharia da Embratel, secundou o professor Djalmir
Correa Mendes, da Unisanta, nesse recado incisivo: "o engenheiro do ano
2001 é um engenheiro de hora e lugar, precisa se reciclar constantemente".
Lembrou Sivonei que há algum tempo fez um curso de software
da Compaq. O programa tinha sido instalado na Embratel há três
meses, o curso durou um mês. Quando Sivonei terminou o curso, a rede
que usava aquele programa foi desativada e ele sequer teve a oportunidade
de empregar esses conhecimentos específicos (mas o curso, mesmo
assim, valeu indiretamente por lhe permitir vislumbrar novas situações
e oportunidades).
A palestra, em sala lotada pelos
estudantes, contou com a participação do diretor comercial
regional/SP da Embratel, Ricardo Sampaio, e dos gerentes de contas da empresa,
Gustavo Gentile Mendes e Walter Liza Diegues.
Tendência – Depois de
enfocar os serviços prestados pela Embratel ao público em
geral, ao mercado corporativo e às próprias empresas de telecomunicações,
Sivonei lembrou que, entre as metas da Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) está a duplicação da capacidade instalada
de telefonia fixa e móvel, bem como da televisão a cabo,
em apenas dois anos mais.
O palestrante explicou a evolução
do setor: há dez anos, cada serviço (telefonia, telex, dados,
redes privadas para enlace de microondas) demandava uma rede específica
para a transmissão, com estruturas em paralelo que exigiam técnicos
e equipamentos específicos para cada uma.
No início da década
passada, surgiu a Rede Digital de Serviços Integrados (RDSI, também
conhecida pela sigla inglesa ISDN), em faixa estreita, para até
2 megabytes por segundo, o que parecia uma capacidade extraordinária
na época (o computador pessoal era praticamente desconhecido então).
Na mesma rede, seria possível
unir todos os serviços então utilizados, mas a RDSI (logo
conhecida como de "faixa estreita") logo foi superada: os serviços
de transmissão multimídia, videoconferência, Internet
passaram a exigir maior largura de banda para a passagem dos dados. Surgiu
assim a RDSI de faixa larga, que já começava em 2 Mbps.
Em termos de estrutura física,
o ano de 1982 foi marcado pelo uso de redes locais (LAN), Ethernet (até
10 Mbps, mas apenas em curtas distâncias), Token Ring e X25 (64 Kbps),
atingindo no máximo 128 Kbps. Em 1987, surge a RDSI de faixa estreita,
para 256 Kbps em média, máximo de 2 Mbps, e a rede local
FDDI, com duplo barramento de fibra ótica, para até 100 Mbps.
Em 1992, aparece o frame-relay, para 5 Mbps, e o Fast Ethernet,
para 100 Mbps. Só em 1995 surgiu a tecnologia Assyncronous Transfer
Mode (ATM), então para 1 Gbps (um gigabyte por segundo), capaz de
substituir e unificar todas as tecnologias anteriores de transmissão
de dados, tanto em redes locais como de longa distância.
A ATM é considerada atualmente
como capaz de dominar as telecomunicações nos próximos
anos: a Embratel, por exemplo, está testando redes ATM para 12 Gbps,
a serem colocadas em operação em 2002, e na semana passada
começou a testar a tecnologia ATM em redes para 24 Gbps.
União – Graças
ao padrão ATM, está desaparecendo a divisão geográfica
entre os sistemas de rede, pois o mesmo sistema pode ser usado tanto em
redes locais, dentro do prédio de uma empresa, como nas telecomunicações
intercontinentais. Sivonei explicou detalhadamente as tecnologias usadas
em redes de comunicação à distância, comparando-as
aos transportes usados numa cidade. A multiplexação por divisão
de tempo (TDM) é como o carro particular, sempre disponível
para o usuário, mas muito tempo inativa, desperdiçando os
recursos investidos.
Sistemas como o frame-relay
compartilham um mesmo canal de transmissão entre vários usuários,
como se fosse um ônibus, que aproveita melhor a capacidade de transporte
disponível (mas nem sempre está disponível no momento
em que o usuário deseja). O ATM funciona alocando banda em termos
de espaço e tempo, nessa comparação, como um veículo
de lotação, que reúne um grupo de usuários
com o mesmo itinerário e horário.
O Brasil segue o padrão ITU-T
de transmissão de bits da União Internacional de Telecomunicações
(sigla inglesa ITU), que define rede E1 como a capaz de transmitir até
2 Mbps; E2 para 8 Mbps; E3 para 34 Mbps, E4 para 144 Mbps, E5 para 565
Mbps e E6 para 2,5 Gbps. Uma rede E2 engloba 4 redes E1, e cada rede E3
engloba quatro redes E2, assim por diante. Os Estados Unidos seguem padrão
próprio em que T1 é uma rede para 1,5 Mbps, daí a
necessidade de conversão de sistemas nas ligações
Brasil/EUA.
Um canal de voz de 4 Khz é
transformado em um canal digital de 64 Kbps. Uma rede padrão E1
comporta 30 circuitos de voz, mais um canal de sincronização
e outro para sinalização de voz, trafegando num par de cabos
coaxiais (como os usados em televisão a cabo). Quando um canal não
é utilizado para telefonia, fica disponível para transmissão
de dados, daí a possibilidade de se ter uma rede única que
substitua todas as outras, simplificando a manutenção e aproveitando
melhor os equipamentos usados. Essa é a razão do sucesso
do padrão ATM, que em princípio lhe garante longo futuro,
explicou Sivonei.
ATM ou cable-modem? – Porém,
neste momento mesmo, está sendo discutida a implantação
no Brasil do sistema de comunicações por cabo, que pode levar
à unificação de todos os meios de transmisão
de voz e dados no sistema já usado pelas operadoras de televisão
a cabo.
Enquanto a TV A já está
implantando o sistema em que, no uso da Internet por exemplo, a solicitação
de uma página Web e o tráfego de e-mail são
feitos pelo telefone, retornando pelo cabo apenas a informação
solicitada (ou seja, o cabo não é usado de forma bidirecional),
a Net pleiteia junto à Anatel autorização para um
sistema em que os cabos telefônicos deixam de ser usados: o tráfego
de dados na ligação com o usuário final passa a ser
totalmente feito via cabo de televisão.
Com o desenvolvimento das tecnologias
de telefonia sobre protocolo Internet (voice IP), estaria
aberto o caminho para as operadoras de televisão a cabo passarem
a concorrer em condição mais vantajosa com as operadoras
de telefonia convencional, daí a grande preocupação
da Anatel quanto à liberação do sistema no Brasil.
E essa deve ser uma preocupação para os futuros engenheiros,
que devem assim ficar atentos a essas novas tecnologias, pois elas podem
a qualquer momento abalar totalmente o futuro das redes baseadas no padrão
ATM.
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