CHIPS
Estudantes santistas retornam de
Toulouse
Seu projeto se destacou entre
mais de dois mil grupos de estagiários
A perfeita
execução do projeto de um microprocessador, na fase prática
de transferência dos moldes desenhados em computador para uma placa
de silício a ser gravada, foi o motivo pelo qual um grupo de estudantes
santistas da Universidade Santa Cecília (Unisanta) se destacasse
entre cerca de dois mil grupos de universidades particulares que estagiaram
durante os últimos doze anos em Toulouse, na França. Seu
trabalho está classificado em quinto melhor lugar entre os realizados
durante o estágio de dez dias realizado em 7/1999 no Atelier Interuniversitário
de Microeletrônica (Aime) do Institut National des Sciences Appliquées
(INSA), naquela cidade francesa.
O grupo de 13 estudantes do 6º
ciclo de Engenharia de Computação e dois professores que
saiu de Santos foi dividido em vários subgrupos, cada qual desenvolvendo
um projeto. Os estudantes Washington Silva, Gustavo Bonesso (também
professor, no Centro Federal de Tecnologia de São Paulo, em Cubatão)
e Roberto de Paula Genofe produziram um chip controlador de passo,
para uso em robótica, e devido ao cuidado nas várias etapas
manuais da elaboração física do chip na chamada
sala limpa (ambiente com pressão um pouco maior que o normal e em
que são adotados cuidados especiais para impedir completamente a
entrada de partículas de poeira, que prejudicariam o trabalho),
conseguiram rendimento de 100% na pastilha de silício, que permite
produzir 256 chips com tecnologia de 0.9 micra.
Embora parte do trabalho seja realizada
por equipamentos computadorizados, a intervenção humana é
necessária para controlar precisamente o processo. A pastilha de
silício passa por quatro etapas de corrosão, em que é
submetida a um banho com agentes químicos foto-sensíveis,
recebe uma máscara para proteger determinados pontos da luz que
vai provocar a queima das áreas descobertas, em processo semelhante
ao da revelação fotográfica. O ajuste micrométrico
das máscaras, o tempo de corrosão e a homogeneidade na retirada
da resina em cada uma das etapas é que determinam o sucesso do trabalho.
Como a ligação entre os transistores do chip é
feita por caminhos condutores de eletricidade entre as camadas, um pequeno
desajuste inutiliza o chip.
O processo é artesanal, para
a produção apenas de algumas unidades, mas na avaliação
conta pontos a homogeneidade entre os chips produzidos, pois num
processo industrial quanto maior a margem de erro, maior o número
de peças descartadas nos testes de lote produzido. Para a avaliação
dos trabalhos dos estagiários do Aime,
não importa a complexidade do projeto, mas a capacidade de produzir
chips que correspondam efetivamente ao projeto apresentado, explica
o professor Djalmir Correa Mendes.
Gate Array – No estágio
deste ano, ele conheceu também o projeto que está sendo desenvolvido
pelos pesquisadores franceses, conhecido como gate array (nome técnico:
"le prédiffusé Aime DTC4R"). Trata-se de um chip com
três camadas padronizadas contendo todos os circuitos necessários
para qualquer função desejada, de forma que a última
camada, fazendo as conexões desejadas, é que determina para
que servirá o processador.
Atualmente, os projetos dos alunos
da Unisanta são enviados para a França algum tempo antes
da viagem, e assim ganham tempo no estágio, pois já encontram
preparadas as máscaras a serem aplicadas no processo de queima.
Ainda assim, precisam supervisionar as quatro etapas. Com o novo gate
array, o trabalho se reduz a controlar apenas a gravação
da última camada do chip, com significativo ganho de tempo
no estágio.
Uma das novas possibilidades é
levar maior número de projetos de processadores a cada ano, e passar
a utilizar os protótipos assim obtidos como base para o desenvolvimento
de outros trabalhos (a produção do chip era um fim
em si mesma, sem posterior uso desse protótipo em projetos educacionais
da universidade, o que pode mudar a partir de agora).
Única universidade sulamericana
a manter convênio de estágio com a instituição
francesa, a Unisanta já tem período reservado na sala limpa
para o próximo grupo de estagiários, de 10 a 14 de julho
de 2000. Centro de excelência na tecnologia de microprocessadores,
o Aime/INSA está inclusive desenvolvendo o projeto de um micromotor
que funcionaria dentro de um chip, base para a construção
de sofisticados micromecanismos aplicáveis em Robótica, Medicina
etc.
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