ESPETÁCULO
Veja pela Internet se o mundo vai
acabar amanhã
Webcams vão mostrar
o último (e temido) eclipse do Sol deste milênio
Carlos Pimentel Mendes
Editor
Mais
de cinco mil anos de cultura (contados desde o surgimento da escrita) não
bastaram para que o simples ocultamento do Sol pela Lua por alguns momentos
- o eclipse solar - deixasse de ser um espetáculo da Natureza, a
ser apreciado em toda a sua magnitude, e se transformasse numa razão
de temor de catástrofes inimagináveis. Amanhã, das
6h30 às 9h30 da manhã pelo nosso horário, milhares
de pessoas em todo o mundo estarão aguardando o fim do mundo. Dois
minutos depois, quando o Sol reaparecer e o mundo continuar a existir normalmente,
a luz ainda não terá retornado a essas mentes. Para essas
pessoas, que ainda vivem nas trevas das superstições, o Armagedon
terá sido apenas adiado um pouco mais.
As zonas de penumbra e escuridão
do eclipse atravessarão a Europa, passando pela Turquia e pela Índia,
não sendo visíveis no Brasil. O Sol desaparecerá por
trás da Lua durante um máximo de dois minutos e 23 segundos,
projetando um cone de sombra e escuridão nessas áreas. Para
nós, restarão as diversas câmeras que transmitirão
o evento pela Internet e talvez pela televisão.
Por aqui, o Sol brilhará normalmente
(a não ser que chova...). Ou seja: se não fossem os meios
de comunicação informando o fato, a maioria dos brasileiros
nem lembraria que amanhã é um dia especial, em que a Terra
estará num alinhamento incomum com a Lua, o Sol e mais os planetas
Mercúrio, Venus, Urano e Netuno.
Especial também porque esse
alinhamento inclui o último eclipse solar total deste milênio
(o próximo está marcado para 21 de junho de 2001, quando
regiões da África do Sul e Madagascar ficarão na zona
de escuridão por três minutos. O seguinte, com um minuto apenas,
escurecerá os céus da África do Sul, Oceano Índico
e Austrália em 4 de dezembro de 2002. Em 23/11/2003 haverá
um eclipse total visível somente no continente antártico
e só em 29/3/2006 os sulamericanos terão uma oportunidade
de observar o fenômeno sobre suas terras. No litoral paulista, tal
fenômeno só ocorrerá em 13/6/2113).
Temor – Para os místicos,
prato cheio: um observador, colocado em posição precisamente
ideal fora do sistema solar (grifo nosso, pois de qualquer outro lugar,
inclusive da Terra, tal alinhamento não pode ser observado),
poderia ver amanhã uma cruz, com o Sol no topo do eixo principal,
seguindo-se a Lua, a Terra (no cruzamento dos dois eixos) e Urano no pé
do eixo principal. No eixo correspondente aos braços da cruz, opõem-se
Marte e Saturno.
Para os astrólogos, Urano,
Marte e Saturno são planetas relacionados com crises, mudanças
e conflitos. Os numerologistas também forçam a barra: 1999
representaria a união do número 1 (a Unidade, Deus) com a
inversão do número 666, representativo das forças
demoníacas. Fanáticos religiosos atacam com o livro do Apocalipse,
já os místicos preferem citar Nostradamus.
O fato de que o ano em que estamos
é calculado pelo calendário gregoriano criado em 1584, mas
existem muitas outras contagens do tempo, não importa para essas
pessoas. Nem mesmo o fato de que uma diferença de seis anos na datação
do nascimento de Cristo, se corrigida, nos levaria de imediato para o ano
2005 (bem, há quem prediga que em 2005 um planeta desconhecido acabaria
com o sistema solar, mas já é outra história, sem
qualquer fundamento científico).
Enquanto o estilista francês
Paco Rabane fechou sua maison em Paris por um mês, profetizando
que a estação espacial Mir cairá sobre a cidade amanhã
- matando 20 milhões de pessoas e destruindo a região do
Gers (onde é produzido o famoso paté de foie-gras) -, cerca
de 300 mil franceses adeptos de seitas estarão esperando nesta quarta-feira
o final do mundo. Com eles, alguns milhões de pessoas estarão
tremendo de medo amanhã em outros lugares do mundo, inclusive no
Brasil. Afinal, persiste na mente de muitos o dito popular: "...a mil chegarás,
de dois mil não passarás"...
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