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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos, em 18/5/1999.
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/07/00 14:13:44
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Primeiro mundo – A leitora Maria Hilda de Jesus Alão enviou mensagem a propósito da recente ampliação das facilidades de acesso à rede mundial de computadores, noticiada no dia 2: "Quero parabenizar a A Tribuna Internet pelo seu empenho em bem servir seus assinantes, procurando melhorar, mais e mais, os seus serviços. Usuária que sou da Internet, fiquei muito feliz com a notícia estampada na primeira página do jornal. Vamos em frente, vamos mostrar que Santos é uma cidade de primeiro mundo, pelo menos no acesso à Internet. Parabéns a todos".

O temor da Microsoft – Nos últimos dias, a corporação criada por Bill Gates confessou indiretamente o verdadeiro terror que sente, ante a franca expansão dos programas de codificação aberta, particularmente o Linux, antes restrito a aficcionados e agora largamente encontrado até no mundo corporativo. A confissão veio na forma de um teste comparativo dirigido entre o Windows NT e o Linux, mostrando as vantagens do programa da Microsoft. Foi imediatamente desmascarado via Internet: o Linux não foi configurado adequadamente nas máquinas do teste, mas apenas instalado com opções-padrão, enquanto o NT foi milimetricamente preparado para obter o máximo de rendimento.

Na verdade, o que as empresas querem não é tanto o rendimento, mas a garantia de estabilidade da plataforma usada. Enquanto o Linux é reconhecidamente um ambiente operacional de grande estabilidade, a Microsoft é famosa pela astronômica quantidade de falhas existentes em seus programas. Algo que, se acontecesse em veículos vendidos por uma montadora, faria a empresa falir logo após o lançamento do carro e amargar processos até a quinta geração de seus proprietários. Para pensar: como os usuários de informática são bonzinhos, não? Aceitam qualquer coisa, até pagar por uma atualização que apenas corrige os erros do produto original e ainda acrescenta uma nova safra de falhas...

Depois de quase perder a batalha da Internet por sua miopia em perceber a importância que a "rede das redes" teria no mundo, a Microsoft ainda teima em subestimá-la. Quando tentou iludir os consumidores com o teste NT/Linux, estava usando o método ensinado por Goebbels na Alemanha nazista: uma mentira repetida mil vezes vira verdade. Até que os consumidores percebessem a inconsistência do teste e fosse necessário fazer alguma nova demonstração, imaginava Bill Gates que decorreria um bom tempo. Em tempos de Internet, a farsa foi desmontada quase instantaneamente, com a veiculação pela rede mundial de uma resposta apontando todas as falhas do teste.

Índio também – Mas, a empresa vai perdendo terreno em outras frentes de batalha. Um estudo publicado na revista Info Exame de 5/1999 mostra que um servidor Web gratuito, o Apache (veja nos principais sites uma peninha multicolorida indicando sua presença), domina 55% do mercado mundial (60,09 no Brasil), enquanto o Internet Information da Microsoft tem apenas a metade desses percentuais (29,59% no Brasil e 23,09% no mundo). Nesse mercado, o terceiro lugar cabe ao Enterprise Server da Netscape, com pouco mais de 5% no Brasil e no mundo.

Detalhe: o que conta não é exatamente o preço, pois o MS Internet Information pode ser obtido gratuitamente na compra do Windows NT, único ambiente em que ele roda. Possivelmente, nem mesmo contam qualidade ou desempenho, segundo a revista. Seu forte é a modularidade, que permite expansões conforme a necessidade do usuário. E não depende das problemáticas plataformas da Microsoft.

Não é hora da empresa de Bill Gates repensar sua atuação? Muitos impérios caíram quando o chamado inconsciente coletivo decidiu que os abusos passaram da conta, ou simplesmente por falta de um bom timoneiro que soubesse manter o rumo certo. No caso da Microsoft, atualmente, as duas situações parecem convergir para um mesmo desfecho...

Dieta – Ainda no capítulo Microsoft, está mais do que na hora de a empresa colocar todos os seus programas numa clínica de emagrecimento e lipoaspiração. A concorrência tem demonstrado que programas mais enxutos, com muito menos linhas de código, conseguem performance bem melhor e mais estável/confiável. Quem lembra dos tempos do MSX e do TK-95, quando existiam concursos para premiar quem conseguisse fazer o programa mais completo em uma única linha de código? Agora, compare com um programa atual, que literalmente esbanja espaço ao espraiar por dezenas de linhas algo que caberia numa só. Ou ao repetir funções, abusar das variáveis sem controle (causa de muitos bugs), deixar funções dependuradas e incompletas (os tais itens não documentados que estão lá ocupando espaço, mas oficialmente não têm funcionalidade por não terem sido suficientemente testados)...

Veja o exemplo: o Word permite voltar até 100 passos no ítem Desfazer Digitação. Mais que dez passos, já compensa refazer o texto, duvido que algum leitor tenha alguma vez usado mais que isso. Mas os tais 100 passos estão lá, e isto significa que um documento Word embute todas as 100 versões anteriores do texto. Duvida? Depois de mexer um pouco no texto, grave-o e em seguida salve com outro nome. Compare o tamanho dos arquivos resultantes para o mesmo texto... Aliás, quando é que vai ser incluída no Word a função de automatizar a limpeza do texto final, criando um arquivo enxuto?

Calendas – Um calendário erroneamente consultado levou à ocorrência de um bug na edição anterior, no material sobre o Linux: o seminário de Maceió, que ainda iria ocorrer nos dias 13 e 14, foi citado como tendo ocorrido na semana anterior. Sorry, leitores...