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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos, em 16/3/1999.
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/07/00 14:09:45
MÚSICA
MP3 não é tão perfeito como dizem 

Alexandre Peres contesta - e prova, com seus instrumentos - os argumentos usados pelos adeptos da compressão de som MP3. Ao contrário do que vem sendo afirmado, mesmo as freqüências consideradas inaudíveis pelo ser humano podem ser percebidas. O que o sistema MP3 faz é, basicamente, retirar as freqüências mais baixas e mais altas do som, o que permite reduzir sensivelmente o tamanho do arquivo sonoro, permitindo transmiti-lo pela Internet. 

Normalmente, esses arquivos são depois executados em equipamentos de qualidade no máximo média, que não reproduziriam mesmo todas as freqüências sonoras, daí parecer que não existe diferença. Porém, se for feita a comparação num estúdio (com alto-falantes de bom nível e acústica adequada) do som original com o do registro comprimido pelo padrão MP3, mesmo usando a menor taxa de compressão, já será possível perceber a perda de qualidade.

Na verdade, Alexandre observa que a necessidade de se adaptar as gravações à média dos equipamentos existentes no mercado leva a uma redução do nível de qualidade. Uma captura perfeita de áudio de um instrumento apenas pode registrar tantos harmônicos (as diversas modulações que enriquecem o efeito sonoro) que torne bem mais agradável ouvir esse instrumento que uma orquestra inteira gravada com baixa qualidade. 

Porém, essa riqueza sonora se perde numa aparelhagem comum, e ocorre até de ser reproduzida com distorções desagradáveis nesses aparelhos - situação piorada geralmente pela falta de condições acústicas ideais nos locais onde o som é reproduzido. Então, nos produtos destinados ao grande mercado consumidor, parte dessa riqueza sonora é eliminada das gravações. Ao mesmo tempo, como a moda atual é mostrar potência sonora, as gravadoras tendem a alterar o som, concentrando-o na parte central do espectro de freqüências, o que acaba também por eliminar o refinamento que se obteria numa gravação bem balanceada com sons altos e baixos, por exemplo.

Tudo isso, mais a poluição sonora crescente nas grandes cidades, está levando as pessoas a uma crescente incapacidade de perceber toda a riqueza sonora de uma gravação, os diferentes timbres de voz que um cantor de alto nível consegue obter, ou a plenitude dos efeitos que um grande músico consegue tirar de seu instrumento. Por falta de treino dos ouvidos para perceber as nuances musicais e por falta de referenciais, as pessoas acostumadas ao tum-tum-tum acabam considerando essas músicas como boas enquanto que, por falta de aparelhagem adequada, as melhores gravações acabam sendo mal reproduzidas e não caem no gosto do público, já que justamente o diferencial de qualidade - "aquilo que até arrepia, quando nos deixa maravilhados" - é perdido na má reprodução.

Ensino – Como a tendência mundial é para a colocação de efeitos multimídia em todos os programas, Alexandre considera que seria importante as escolas começarem a se preocupar com a educação musical dos alunos, permitindo que eles tenham esses referenciais e possam desenvolver um refinamento auditivo que lhes permita distinguir a boa música daqueles sucessos de venda rápida e esquecimento mais rápido ainda. Compreendendo que seria muito oneroso para uma escola montar um estúdio próprio para as aulas, ele sugere que as escolas façam parcerias com os estúdios, para que os alunos possam ter as noções básicas de acústica, freqüências sonoras, software e hardware para tratamento de som etc.

Pioneiro no uso dos recursos da informática em estúdio de gravação sonora, na Baixada Santista, ele mesmo está programando para o dia 24/3/1999 um curso de Tecnologia de Áudio, em seu estúdio, destinado inclusive a leigos: "Não é preciso ter conhecimentos anteriores, é uma oportunidade de obter informações sobre novas técnicas de tratamento de som, para pessoas que pretendam manipular equipamentos de áudio e obter com eles os melhores recursos disponíveis, ou até para as que pretendam futuramente trabalhar em estúdios de gravação", explica.

Alexandre lembra que, embora existam soluções de computação custando cerca de US$ 100 mil (como as workstations Pro Tools e Sonic Soluctions completas, com todos os hardwares e seus milhares de plug-ins), pode-se obter resultados excepcionais mesmo com equipamentos simples, bem manipulados e com um pouco de criatividade. Os interessados podem manter contato com ele por e-mail ou pelo telefone 221.2360 e fax 221.6678.

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