Que tal um político que você possa manipular: um presidente ao qual você possa dizer se deve beber mais ou menos vodca? Ou um presidente praticante de golfe, de conhecido país sulamericano, com curiosos hábitos alimentares? Talvez um cantor pop-star, com preferências sexuais que já lhe valeram ameaças de processos, e aparentemente acobertadas por curiosos casamentos? Ou uma cantora pop-star, também com acentuadas preferências sexuais (embora ultimamente um tanto mais calma)? Melhor: que tal você manipular Bill Gates?

Com a nova onda de "bichinhos" virtuais na Internet, sucessora dos Tamagotchis no campo socio-político, tudo isso é possível. A idéia central é a mesma: como se torna difícil ter um mascote e cuidar dele da forma como gostaríamos, e muita gente gostaria de ter alguma coisa viva para cuidar, sem os inconvenientes da sujeira, do cheiro, e da impossibilidade de encostar num canto quando cansar, os tamagotchis surgiram em 1996 no Japão (a palavra significa "ovo lindo e pequeno" em japonês) e logo tomaram conta do mundo. 

No Brasil, a moda chegou ao auge no ano passado (como Informática registrou em 21/10/1997), diminuindo depois como costuma acontecer aos modismos, mas no exterior há grandes clubes de aficionados, cemitérios onde o internauta pode virtualmente sepultar os bichinhos "falecidos" e até novas gerações de Tamagotchis, com mais recursos (a última novidade é o aparelhinho no formato de relógio de pulso).

Crítica social – Na Argentina, alguém ligado à oposição política ao regime do presidente Carlos Menen criou uma página de humor, com versões latinas dos Tamagotchis. Nem é preciso dizer a figura que aparece no Tamagotchi-Corrupt... Internacionalizando a idéia, nosso vizinho do Sul criou o Tamagotchi-Gay (requer a companhia de homens e crianças...), com a cara de Michael Jackson; o Tamagotchi-Madonna (para viver precisa ter sexo...); o Tamagotchi-Tyson (com dieta à base de orelhas...). 

Para completar, afirma que a Microsoft lançou no mercado sua versão, o Tamagates, para que os usuários lhe dêem de comer, levem a passear na Comdex-98 (referência à versão argentina da mostra, realizada recentemente em Buenos Aires), lhe dêem um banho de dólares, e ainda comprem empresas para distraí-lo. Confira.

Já outra página mostra o TamaPresident, de evidente inspiração estadunidense, com seis botões. O primeiro faz com que o "bichinho" realize sua campanha presidencial, fazendo todo tipo de promessa de corte de impostos. O segundo botão se relaciona com o escândalo Whitewater. Há botões para fazer com que a esposa ajude o presidente a manter sua carreira política, para negar qualquer relacionamento com "aquela mulher", e até para renunciar ao cargo. O brinquedo virtual tem ainda cabos para ligação com dois outros, o TamaPaula e o TamaMonica. E vem aí o TamaHillary!

Russos – Mas, a coqueluche do momento é a Operação Boris Yeltsin, em que o internauta pode interagir com um presidente virtual da Rússia, através da rede mundial de computadores. Vodka no fígado, um míssil nuclear no braço, um problema relacionado com a radioatividade no... aparelho reprodutor..., um dedo indicador que pode ser retirado para que não seja apertado o botão do Juízo Final... está tudo em ComedyCentral...

Existem informações também sobre a criação pelos russos de um outro jogo do gênero, batizado como "Hospital On Line", porém não localizado pelos principais mecanismos de busca na Web. Nesse game, o hospital tem um único paciente internado, o próprio Yeltsin, que os internautas podem medicar, de forma pouco ortodoxa. Por exemplo, se o excesso de vodka elevar a pressão do líder russo, existem duas soluções: aplicar uma dose de nitroglicerina ou destituí-lo do cargo.

Yeltsin pode ler jornais, ver televisão e até se encontrar com Bill Clinton, mas está sujeito a entrar em coma se ingerir vodka enquanto é medicado com penicilina. O primeiro-ministro virtual da Rússia reage bem a um tratamento que inclua nitroglicerina, máscara de oxigênio, crédito do Fundo Monetário Internacional e principalmente uma nova destituição de seu gabinete...