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*Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos, em 27/10/1998.
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/10/00 10:40:48
INFORMÁTICA FÁCIL (3)
Vírus: desmistificando uma ameaça eletrônica

História mostra até caso de empresa falida por esse problema

Alexandre Sobrino (*)
Colaborador

A origem mais provável dos vírus de computador é Lahore, uma pequena cidade do Paquistão. Lá, em 1987, dois irmãos (Amjad Faoorq e Basi Faraoqui Alvi), proprietários de uma pequena loja de informática, ficaram conhecidos por oferecerem a clientes estrangeiros cópias ilegais do até então cobiçado software de planilha eletrônica Lotus 1-2-3  por míseros US$ 1,50.

Excelente programador, formado pela Universidade de Panjab, Amjad estudou a arquitetura do programa e criou dentro dele um pequeno programa que se instalava na área de boot e apagava arquivos, com grande eficiência. Diz a lenda que especialistas estudaram a versão do Lotus 1-2-3 alterada por Amjad e lá encontraram uma pequena obra de arte. O mais curioso de tudo é que, para seus compatriotas, Amjad vendia somente cópias não infectadas do programa...

Mas, no campo das suposições, tudo é possível. Muita gente acredita que os vírus de computador são uma invenção da própria indústria de software, criados única e exclusivamente para conter a onda de pirataria. Mas são apenas suposições...

Casos memoráveis – Relatarei a seguir, a título de curiosidade, alguns dos casos mais famosos de ataques de vírus. Alguns são clássicos, outros apenas extra-oficiais. Confira:

1. Há cerca de 8 anos, uma empresa americana foi à falência após ter sido contaminada por um vírus de computador, que apagou toda a sua base de dados em um piscar de olhos. Descobriu-se posteriormente que a exclusão do registro de um funcionário da empresa (por motivo de demissão) acabou ativando o maldoso programa;

2. Um tal de Robert T. Morris Jr., aluno da Universidade Cornell, espalhou na Internet, em 3 de fevereiro de 1988, um vírus chamado Internet Worm, que seguiu se reproduzindo indefinidamente, ocupando todo o espaço livre nos servidores que encontrava pela frente. Em poucas horas, graças ao brilhante trabalho das linhas telefônicas, que propagaram rapidamente o vírus, 6 mil servidores entraram em colapso;

3. No final dos anos 80, nos Estados Unidos, a rede interna da poderosa IBM foi derrubada por um vírus desconhecido, que estampou na tela dos monitores a sarcástica frase "Feliz Ano Novo";

4. Ainda no final daquela década, diz-se (extra-oficialmente) que o presidente da mesma IBM ficou surpreso quando sua estação, estranhamente, começou a exibir imagens da cantora pop Madonna, progressivamente eróticas. Assistiu pacientemente ao strip-tease eletrônico, até que, quando a última peça de roupa estava para ser retirada, foi informado que os dados de seu disco rígido estavam sendo apagados.

6 passos de prevenção – Veja agora algumas dicas importantes para auxiliá-lo na prevenção contra os vírus de computador. Embora pareçam repetitivas, elas traduzem a imensa maioria de situações que culminam com uma infecção e possuem diferenças sutis entre elas. Se você tem problemas constantemente com estes bichinhos, seguindo-as à risca, garanto que não mais as terá:

1. A primeira delas é muito simples e também uma das mais eficazes: quando levar seus discos na casa de amigos, leve-os protegidos (com a janelinha presente na jaqueta rígida aberta). Ao contrário do que muitos usuários espalham aos quatro ventos, um vírus não tem como contaminar um disquete que esteja protegido - isso é uma tremenda bobagem. Se precisar efetuar gravações, desproteja-o, mas a lógica indica que você passe o antivírus antes, tanto em seus discos quanto no HD do seu colega;

2. Mesmo que você esteja louco para testar aquele novo joguinho que seu amigo acaba de lhe emprestar, tenha calma: pare por um instante e... passe antes o antivírus no disquete dele. E não fique constrangido de fazê-lo em sua frente, pois vírus de computador não é questão de confiança e amizade: seu colega pode simplesmente não saber que o próprio disco está contaminado. Preserve o seu trabalho;

3. Se o disquete que você está prestes a inserir em seu computador passou na mão (e naturalmente nos computadores) de muita gente, ele faz parte do "grupo de risco": portanto... antivírus nele! Afinal, quanto mais um disco circula, mais chances ele tem de estar contaminado. Isso também vale para aquele disco com um programa novinho que você acabou de emprestar a um amigo. Na volta, consulte o antivírus;

4. Faça cópias de segurança de seus arquivos mais importantes regularmente;

5. Cuidado com os programas de procedência duvidosa ou absurdamente chamativos e mirabolantes. Há tempos atrás, milhares de usuários da Internet foram literalmente ludibriados por um programa que prometia transformar um leitor de CD-ROM comum em uma unidade também capaz de efetuar gravações (o que é tecnicamente impossível de ser resolvido por software). Quando resolveram instalar o milagroso utilitário, descobriram que haviam participado de uma típica pegadinha e um vírus literalmente armou o circo no computador da turma;

6. Esta última dica não visa efetivamente uma prevenção contra os vírus, mas sim, contra os que tentam se aproveitar desta situação para ganhar dinheiro. Assim sendo, desconfie daquele técnico que quer trocar a memória do seu computador "porque ela está com vírus" (acredite, eu já tomei conhecimento de casos assim!). Logo, caso a conversa lhe pareça estranha, consulte alguém de confiança para confirmar a informação.

Cura certa – Nem mesmo o mais cuidadoso dos usuários está livre de ter seu computador contaminado por estes minúsculos e maldosos programas. Eu mesmo, que chego a ser chato com os amigos, obrigando-os a aguardar pacientemente enquanto verifico dezenas de disquetes, já adquiri alguns vírus. Graças a esse meu comportamento, digamos, disciplinado, nenhum invasor conseguiu passar desapercebido e destruir uma única letra de informação. Os poucos que conseguiram invadir a máquina, logo foram detectados e eliminados.

É uma pena que os programadores de vírus, notadamente profundos conhecedores da estrutura de um computador, utilizem seus vastos conhecimentos para estorvar a paciência do outros, obrigando o coitado do usuário a se cercar de cuidados para não ter seu trabalho perdido. Porém, o que se pode fazer? Epidemias de vírus são uma conseqüência natural da pirataria... 

Logo, nestes tempos de pouca inocência, não dispense o antivírus - como alguém já disse certa vez: "um pouco de paranóia não faz mal à ninguém".

Enfim, o remédio é ruim... mas a cura é certa.

(*) Alexandre Sobrino é bacharel em Ciências da Computação e pós-graduado em Computação e Sistemas Digitais pela Universidade Santa Cecília (Unisanta), além de consultor de informática, web-designer e professor das faculdades de Ciências e Tecnologia e Artes e Comunicação da Unisanta e do Curso Técnico em Processamento de Dados da Escola Técnica Treinasse.

Veja mais:
Vírus: desmistificando uma ameaça eletrônica (1)
Vírus: desmistificando uma ameaça eletrônica (2)