HISTÓRIA DO COMPUTADOR
- 46 - O futuro que vem aí
DNA é pesquisado como substituto
dos chips
nos computadores
Ligações
genéticas são mais rápidas, mas falta ainda praticidade
para uso desse processo
No
verão setentrional de 1993, Leonard Adleman lia em sua cama o livro
“Biologia Molecular do Gene”, de James Watson, quando comentou com sua
esposa: “Gee, isto é realmente um material incrível”. E uma
idéia o atingiu... Inspirado, ele se levantou da cama e começou
a construir o primeiro computador-DNA.
Desta forma, Thomas
A. Bass conta, na revista Wired de agosto de 1995 (artigo “Gene Gênio”),
o surgimento da idéia de se usar o ácido desoxiribonucléico
(DNA) como processador central nos computadores, em lugar dos chips de
silício. O texto foi arquivado pela Universidade de Princeton e
pode ser visto
na Internet.
Matemático
bastante conhecido por seu trabalho em segurança de computação
e criptografia (foi ele que inventou o termo “vírus de computador”),
Adleman havia percebido a similaridade entre o elemento básico da
vida, o DNA, e os computadores. Usando o equivalente a um alfabeto de quatro
letras - A (adenina), T (timina), G (guanina), e C (citosina) - , o DNA
armazena informação que é manipulada por organismos
vivos exatamente da mesma forma que os computadores fazem seu trabalho
usando seqüências de uns e zeros.
Adleman ficou
numa situação privilegiada para suas pesquisas porque, nos
anos 80, participou de pesquisas ligadas à AIDS, auxiliando nos
testes biológicos. Assim, possuía o conhecimento e a habilidade
para sintetizar seqüências de DNA e analisá-las. Seis
meses de intensas pesquisas depois de ter a idéia, no Natal de 1993,
ele já tinha um desenho para o primeiro computador molecular, e
um primeiro problema para ser resolvido por esse processo: o chamado Caminho
Hamiltoniano. A resposta para esse enigma demorou apenas um segundo.
Seminários
– Pode o DNA ser usado para funcionar como computador? Com a resposta positiva,
surgem novos caminhos para a criação de computadores totalmente
diferentes – tão rápidos que poderiam resolver os problemas
insolúveis de hoje, e tão pequenos que poderiam existir no
nível molecular. O tema vem sendo pesquisado em todo o mundo.
Ainda na semana
passada [N.E.: em 6/1/1998], o Centre for Discrete Mathematics and Theoretical
Computer Science, das universidade de Auckland, na Nova Zelândia,
promoveu junto com o Instituto Santa Fé (dos Estados Unidos) a conferência
internacional Modelos Não-convencionais de Computação
(UMC-98),
que teve o computador-DNA como um dos temas centrais.
No ano passado,
a universidade Stanford, da Califórnia (EUA) promoveu nova edição
da Genetic Programming Conference (GP-97),
tendo como tema especial a computação com o uso do DNA. |