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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos/SP, em 13 de janeiro de 1998
Publicado em Novo Milênio em (mês/dia/ano/horário): 12/04/00 04:43:54
HISTÓRIA DO COMPUTADOR - 46 - O futuro que vem aí
DNA é pesquisado como substituto dos chips 
nos computadores

Ligações genéticas são mais rápidas, mas falta ainda praticidade para uso desse processo

No verão setentrional de 1993, Leonard Adleman lia em sua cama o livro “Biologia Molecular do Gene”, de James Watson, quando comentou com sua esposa: “Gee, isto é realmente um material incrível”. E uma idéia o atingiu... Inspirado, ele se levantou da cama e começou a construir o primeiro computador-DNA. 

Representação da hélice do DNA
Desta forma, Thomas A. Bass conta, na revista Wired de agosto de 1995 (artigo “Gene Gênio”), o surgimento da idéia de se usar o ácido desoxiribonucléico (DNA) como processador central nos computadores, em lugar dos chips de silício. O texto foi arquivado pela Universidade de Princeton e pode ser visto na Internet

Matemático bastante conhecido por seu trabalho em segurança de computação e criptografia (foi ele que inventou o termo “vírus de computador”), Adleman havia percebido a similaridade entre o elemento básico da vida, o DNA, e os computadores. Usando o equivalente a um alfabeto de quatro letras - A (adenina), T (timina), G (guanina), e C (citosina) - , o DNA armazena informação que é manipulada por organismos vivos exatamente da mesma forma que os computadores fazem seu trabalho usando seqüências de uns e zeros. 

Adleman ficou numa situação privilegiada para suas pesquisas porque, nos anos 80, participou de pesquisas ligadas à AIDS, auxiliando nos testes biológicos. Assim, possuía o conhecimento e a habilidade para sintetizar seqüências de DNA e analisá-las. Seis meses de intensas pesquisas depois de ter a idéia, no Natal de 1993, ele já tinha um desenho para o primeiro computador molecular, e um primeiro problema para ser resolvido por esse processo: o chamado Caminho Hamiltoniano. A resposta para esse enigma demorou apenas um segundo. 

Logo da conferência UMC-98
Seminários – Pode o DNA ser usado para funcionar como computador? Com a resposta positiva, surgem novos caminhos para a criação de computadores totalmente diferentes – tão rápidos que poderiam resolver os problemas insolúveis de hoje, e tão pequenos que poderiam existir no nível molecular. O tema vem sendo pesquisado em todo o mundo. 

Ainda na semana passada [N.E.: em 6/1/1998], o Centre for Discrete Mathematics and Theoretical Computer Science, das universidade de Auckland, na Nova Zelândia, promoveu junto com o Instituto Santa Fé (dos Estados Unidos) a conferência internacional Modelos Não-convencionais de Computação (UMC-98), que teve o computador-DNA como um dos temas centrais. 

No ano passado, a universidade Stanford, da Califórnia (EUA) promoveu nova edição da Genetic Programming Conference (GP-97), tendo como tema especial a computação com o uso do DNA.