Alan Turing

O computador pode pensar? A derrota em 1997 de um mestre humano do xadrez por um computador reacende uma polêmica que foi proposta no início do século pelo matemático tcheco Alan Turing: se um ser humano, comparando respostas escritas fornecidas por outro ser humano e por uma máquina, não soubesse identificar qual resposta fora dada pelo computador ou pelo interlocutor humano, então o computador poderia ser considerado inteligente.

Turing havia percebido em 1931 que numerosos teoremas matemáticos não poderiam ser provados, e imaginou uma máquina que fizesse automaticamente os cálculos. Na verdade, um grupo de máquinas: uma que somasse, outra que dividisse, assim por diante.

Sala Tunny em Bletchley Park, em 1945

Raciocinando sobre o funcionamento dessas máquinas imaginárias, concluiu que em vez de se fazer uma máquina específica para cada processo matemático, poderia ser feita uma máquina universal, controlada por programas, que fizesse o mesmo que as máquinas especializadas. Criou assim a teoria dos computadores programáveis.

Na guerra - Quando começou a Segunda Guerra Mundial, Turing foi recrutado para a Escola de Códigos e Criptogramas do Governo Inglês situada em Bletchley Park, encarregada de decifrar rapidamente os códigos secretos usados pelos militares alemães em suas comunicações. Se há um padrão para codificar uma mensagem, sempre há também a possibilidade de ele ser descoberto pelo inimigo. Daí a importância do tempo, não adiantaria decifrar a mensagem com a hora de um ataque depois que ele já tivesse ocorrido.

Computador Eniac começou a operar em 1946 nos EUA, com apoio de Neumann

Surgiu a idéia de se fazer uma máquina que executasse milhares de cálculos, a partir de uma mensagem inimiga interceptada, até descobrir o código que tinha sido usado e conseguir ler a mensagem. O Projeto Colossus foi desenvolvido na cidade inglesa de Manchester, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos desenvolviam o Electronic Numeric Integrator And Calculator (Eniac), com a participação do cientista alemão refugiado John von Neumann.

Apareceram assim (em 1946) os primeiros computadores eletrônicos, com milhares de válvulas e quilômetros de fios, ocupando salas inteiras e esquentando muito o ambiente, e com mil problemas (as válvulas queimavam após pouco tempo de uso - a média era superior a uma avaria por hora - e precisavam ser substituídas para que o trabalho continuasse).

Equipe encarregada de criar o computador Mark I

Casa de chá - Curiosamente, foi uma casa de chá (a J.Lyons, na Inglaterra) que decidiu tentar a construção de um computador que pudesse automatizar o trabalho de escritório. A empresa (que já usava máquinas de calcular nas lojas em 1896 e experimentava o registro em microfilme em 1930) apoiou a universidade de Manchester na construção do Electronic Delay Storage Automatic Computer (Edsac), que em 1949 completou com sucesso seu primeiro cálculo, uma tabela de números primos.

Edsac foi encomendado por uma casa de chá inglesa	Em 1954, seu sucessor, Leo, entrou em funcionamento

Seu sucessor, o Lyons Electronic Office (Leo) se tornou operacional em 9 de fevereiro de 1954, calculando a folha de pagamento dos 1.700 membros da equipe... Os primeiros computadores fabricados em série surgiram em 1951: foram os Univac I e IBM 701.

Univac I surgiu em 1951	Oito anos depois, a IBM apresentou o 7030, de segunda geração

Começava então outra revolução na eletrônica: a dos transistores, pequenos circuitos elétricos que substituíam as enormes válvulas. Pela primeira vez (em 1954), a turma podia ir ao jogo de futebol com seu radinho no bolso, acompanhando as transmissões dos locutores. Ou passear ouvindo música no rádio. Mais que isso, o transistor permitiu o surgimento da segunda geração dos computadores.

O circuito integrado foi inventado em 1958	Três anos depois, a Fairchild criou o microprocessador

Em 1958, o engenheiro Jack Kilby, da Texas Instruments, inventou o circuito integrado. Em 1961, surgiram os microprocessadores que, mesmo sendo menores que uma unha, podiam obter o mesmo resultado que milhares de transistores reunidos. Eles permitiram, na década de 70, o aparecimento da terceira geração de computadores, que já podiam executar vários programas simultaneamente.

E a evolução passou a ser cada vez mais rápida. Hoje, uma calculadora de bolso que custa R$ 1 em qualquer camelô consegue fazer mais do que aqueles equipamentos enormes de 50 anos atrás. No final da década de 70, foram lançados comercialmente os primeiros microcomputadores para uso pessoal.

Mas, esta é uma outra história...