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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática
do jornal A Tribuna de Santos/SP, em 16 de dezembro de 1997
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/04/00 04:40:36

HISTÓRIA DO COMPUTADOR - 32 - O futuro que vem aí
Sensores até em brincos, jaquetas e sapatos

Um brinco que informa a pressão sangüínea, uma pulseira ou uma sandália que registram a corrente elétrica da pele, são algumas das novidades preparadas pelos cientistas do MIT Media Labs dos Estados Unidos. O objetivo da "joalheria afetiva" é utilizar bio-sensores não-invasivos de baixo custo para registrar mudanças biofisiológicas que reflitam mudanças no estado emocional. Sensores confortáveis, esteticamente aceitáveis e que possam ser usados como parte do vestuário. 

Uma vestimenta musical está sendo desenvolvida no MIT

Para os regentes de orquestra também há uma novidade: The Condutor’s Jacket. Segundo a pesquisadora Teresa Marrin, do Grupo de Computação Afetiva, da mesma forma como a batuta amplia o alcance do braço, essa jaqueta tem a capacidade de ampliar o potencial de expressão corporal do maestro que a vista.  Através de amostragem e correlação dos dados de uma rede de sensores instalados na jaqueta, os pesquisadores podem não só representar graficamente os movimentos associados, mas também registrar efeitos como emoção e intenção. Assim, pode criar música personalizada para cada usuário... 

Uma sandália muito especial...

Objetos – Um mouse com um sensor para registrar estados emocionais como atração e repulsa é a base do projeto Sentic Mouse. O mouse adaptado (inclui um sensor de pressão dos dedos) tem condições de captar emoções positivas (associadas com prazer, atração) ou negativas (desprazer, antipatia), a partir do nível de pressão dos dedos. 

Projeto SmartSHELL foi testado numa competição de remo nos EUA

Outro trabalho – SmartSHELL -  analisa a atividade dos remadores numa corrida de barcos, em que um condutor é encarregado de sincronizar através de estímulos de voz a ação dos remadores. Sensores de pressão colocados nos assentos, nos apoios dos pés e dos remos, sensores de fadiga dos remadores (entre outros) são conectados a um assistente digital PDA no barco, que tem igualmente sua posição controlada por satélite de posicionamento global (GPS). Os dados são transmitidos para terra, onde são processados em tempo real e até transmitidos via Internet, como aconteceu na regata Head of The Charles, realizada em outubro em Cambridge, estado norte-americano de Massachusetts.

Sentic Mouse, o dispositivo apontador com sensibilidade para emoções

Segundo os autores do projeto, neste esporte o condutor ("patrão") tem que conhecer cada remador, sua técnica e disposição, de forma a sincronizá-los e animá-los para vencerem a disputa. Com este sistema, o patrão teria no monitor do PDA os dados de cada atleta, em tempo real, permitindo otimizar a performance da equipe. Ao mesmo tempo, os pesquisadores têm a oportunidade perfeita para estudos em várias áreas, desde Engenharia Mecânica até fisiologia para computação motivacional. 

TurnStyles é um agente-interface de fala desenvolvido por Jonathan Klein, que utiliza a comunicação afetiva para responder a usuários que experimental reações emocionais negativas - como os que ficam frustrados e se aborrecem ao não conseguirem encontrar uma informação num sistema de ajuda. O sistema computacional teria a habilidade de interagir com o usuário, e canalizar essa frustração, caso não seja possível resolver o problema. 

Uma das formas mais naturais de interagir com um usuário transtornado seria através da fala sintetizada. Como entretanto ela não evoluiu muito desde os anos 60, o pesquisador desenvolveu o protótipo TurnStyles, que adapta sua voz sintética para refletir os desejos do usuário, dentro da idéia de "falar como ele está falando". A teoria considera os aspectos paralingüísticos, do estilo conversacional, e na prática é como se fosse adicionada uma "textura de fundo" ao áudio. Ou seja, o computador "falaria" de forma rápida a um usuário apressado, ou de modo mais relaxado com um usuário também calmo.

Óculos de expressão captam expressões faciais,

permitindo que elas sejam expressadas de forma livre e anônima

Os "óculos de expressão" da pesquisadora Jocelyn Riseberg, por sua vez, se destinam a captar o estado de interesse, surpresa ou confusão/perplexidade de quem os usa. Dotados de sensores eletromiográficos, captam o movimento do músculo que enruga a testa.

Ao mesmo tempo, esses óculos cobrem as rugas de expressão, de forma que no caso de um grupo de alunos que os usasse transmitiria uma sensação coletiva ao professor, por exemplo, de forma natural, já que não haveria identificação individual.

No exemplo citado, o professor teria apenas uma representação gráfica na tela do nível de atenção da classe, como numa espécie de barômetro da expressão emocional coletiva. O sistema é demonstrado inclusive com vídeo MPEG.