HISTÓRIA DO COMPUTADOR - 25 - O futuro que vem aí
Quando uma imagem vale por mil... imagens
Na face do bebê, o futuro das tecnologias de computação gráfica e de tv
Repare na abertura da novela Por Amor, ora [N.E.: até dezembro de
1997] exibida pela Rede Globo de Televisão: a câmara se aproxima de uma foto, revelando que um ponto, ampliado, contém outra imagem. Um ponto dessa
outra imagem, continuando nesse mergulho, revela uma terceira imagem. Repare também no videowall - aquela parede de televisores, cada um
mostrando uma imagem, e todas elas se completando para formar uma só cena, como em outro programa dessa emissora, o Domingão do Faustão.
Projeto Vida Digital (The Baby Face)
No primeiro caso, o que parecia ser um pixel (ou seja, o menor conjunto de pontos
controlável pelo computador numa imagem) se revela uma imagem completa, quando ampliado, e isso se repete com o que parece ser um pixel dessa nova
imagem, ao ser por sua vez aumentado.
Agora, vá à Internet, procure a imagem The Baby Face, na página
Vida Digital, e verá a que ponto os pesquisadores já chegaram: um ponto qualquer do rosto de um bebê pode ser
clicado com o mouse e se transforma numa imagem, que por sua vez contém muitas outras. Você clica no rosto do bebê, aparece uma savana africana. Clica
na savana, aparece o jipe. Clica no carro, aparece o espelho retrovisor. Clica no espelho, você vê a imagem de quem está atrás do carro.
Mas, se você clica um pixel acima no rosto do bebê, poderá encontrar uma paisagem gelada. Clica
sobre o gelo, lá está o esquimó. Clica no esquimó, vai ver o enfeite que ele tem no braço. Volta ao rosto do bebê, clica um ponto abaixo, e poderá parar
na Austrália, talvez conheça o bumerangue do aborígene ou o filhote na bolsa do canguru.
O projeto Digital Life (o do rosto do bebê) fazia parte do Consórcio Televisão do Amanhã,
agora denominado Consórcio Vida Digital, com apoio do Instituto de Tecnologia de Massachussets (EUA). A imagem apresentada é um foto-mosaico composto
por muitas pequenas imagens, de resolução extremamente alta.
Pesquisa séria – Pode parecer passatempo de estudante, mas há muitas implicações
nessas pesquisas. Por exemplo, imagine que o televisor da família Jetson pudesse apresentar ao mesmo tempo os quinhentos canais hoje comuns numa rede de
TV a cabo norte-americana. Em vez de cansar o dedo apertando o botão de mudança de canal, para buscar algo interessante, você atentaria para a cena mais
interessante e clicaria nela, fazendo com que se tornasse maior.
Talvez seja uma partida de futebol, e entre os espectadores no
estádio, você pode pensar que um deles é aquele seu funcionário que pediu dispensa do trabalho, por estar com febre alta. Você dá um clique naquele
setor do estádio, depois sobre a imagem do torcedor e... de fato, o funcionário faltoso está febril, só que não pela doença alegada...
Agora, imagine que você é que foi ao estádio. Determinado lance, só um bom tira-teimas
pode revelar o que aconteceu. O telão do estádio precisa reproduzir essa cena, para que todos os torcedores vejam. Inverte-se o processo: nessa imagem,
a bola talvez tenha um metro de altura, o dedo que nela encosta indevidamente talvez tenha o tamanho de uma laranja. E isso precisa ser mostrado com
alta qualidade de imagem, alta definição.
O que parece simples esconde algumas armadilhas. Por mais veloz que seja a transmissão,
quanto maior a qualidade da imagem, mais dados precisarão ser transmitidos. Caímos no problema da chamada largura de banda. Não adianta querer escoar
rapidamente toda a água da represa Billings por um ralo de pia: ele não deixa passar mais que certa quantidade do líquido em cada instante, o resto vai
ter de esperar.
Com a imagem, a mesma coisa, só que neste caso existem alguns recursos. Numa cena em que o
fundo é de uma só cor, não precisamos transmitir cada ponto desse fundo, basta enviarmos ao destino a informação de que todos os pontos referentes ao
fundo devem ter essa cor. Assim, transmitimos a mesma imagem, só que muito mais rapidamente. Se a imagem seguinte tiver apenas uma pequena mudança em
relação à anterior, transmitimos só a alteração, conseguindo nova economia. Esse é outro campo de estudos dos cientistas da computação: a chamada
compressão de imagens.
ALGUNS DOS MILHARES EXEMPLOS DE APROXIMAÇÃO POSSÍVEIS NA IMAGEM:
Projeto Vida Digital (The Baby Face)
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